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4a Aula

Matrizes invertíveis
De…nição: Seja A uma matriz n n. Dizemos que A é uma matriz invertível se existir uma
matriz B (também n n) tal que
AB = BA = In ,
onde In designa a matriz identidade n n.
Exercício 1: Sejam A; B e C matrizes n n. Mostre que se AB = CA = In , então B = C.
Seja A uma matriz n n. Pelo exercício anterior podemos concluir que, quando A é invertível,
existe uma única matriz B que satisfaz
AB = BA = In .
À matriz B (que se representa por A 1 ) chamamos matriz inversa de A.

1
Exercício 2: Mostre que se a matriz A é invertível, então também A é invertível e
(A 1 ) 1
= A:
Exercício 3: Mostre que se a matriz A é invertível, então também AT é invertível e
1 T
(AT ) 1
= A :

Primeiros exemplos de matrizes invertíveis


A matriz identidade Im surge naturalmente como primeiro exemplo de matriz invertível: as
igualdades
Im Im = Im Im = Im
mostram que Im é invertível e Im1 = Im :
Como segundo e importante exemplo de matrizes invertíveis temos as matrizes elementares.
Notemos ainda que a inversa de uma matriz elementar é também ela elementar. Eis alguns
exemplos: 2 3 1 2 3
1 0 0 1 0 0
4 0 0 1 5 = 4 0 0 1 5;
0 1 0 0 1 0
2 3 1 2 3
1 0 0 1 0 0
4 0 3 0 5 = 4 0 1 0 5;
3
0 0 1 0 0 1
2 3 1 2 3
1 0 0 1 0 0
4 0 1 0 5 = 4 0 1 0 5.
2 0 1 2 0 1

Primeiros exemplos de matrizes não invertíveis


A matriz nula m m, 0m , é trivialmente não invertível.
Mais geralmente, qualquer matriz m m com uma linha (ou coluna) nula também não é
invertível.

Exercício 4: Demonstre a a…rmação anterior.

1
Alguns exercícios importantes
Exercício 5: Mostre que se as matrizes A e B (ambas m m) são invertíveis, então também
AB é invertível e
(AB) 1 = B 1 A 1 :
1
Note que em geral (AB) 6= A 1 B 1 .
Exercício 6: Mais geralmente, mostre que se as matrizes m m, A1 ; A2 ; :::; Ak , são in-
vertíveis, então também o produto A1 A2 Ak é invertível e

(A1 A2 Ak ) 1
= Ak 1 Ak 1 1 A1 1 .

Exercício 7: Seja A uma matriz m m. Mostre que se existir uma matriz invertível B tal
que AB = Im ou BA = Im , então A é invertível e
1
A = B:

O Algoritmo de Gauss-Jordan
Os exercícios anteriores permitem demonstrar facilmente as seguintes proposições:
Proposição 1: Seja A uma matriz m m. Se existirem matrizes elementares E1 ; :::; Ek e
uma matriz L em escada de linhas com menos de m pivôs tais que

Ek E2 E1 A = L,

então A não é invertível.


Proposição 2: Seja A uma matriz m m. Se existirem matrizes elementares E1 ; :::; Ek tais
que
Ek E2 E1 A = Im ,
então A é invertível e
1
A = Ek E2 E1 :
As proposições anteriores, e o facto de qualquer matriz poder ser transformada por eliminação
de Gauss numa matriz em escada de linhas, resumem o algoritmo de Gauss-Jordan para
a inversão de uma matriz. Dois exemplos ilustram a implementação deste algorítmo.
Exemplo 1: Para a matriz 2 3
1 2 0
A = 4 1 4 1 5,
2 4 0
obtemos sucessivamente:
2 3 2 3 2 3
1 2 0 1 0 0 1 2 0 1 0 0 1 2 0 1 0 0
4 1 4 1 0 1 0 5 L2 L1 4 0 2 1 1 1 0 5 L3 2L1 4 0 2 1 1 1 0 5
! !
2 4 0 0 0 1 2 4 0 0 0 1 0 0 0 2 0 1

A jI E1 A jE1 E2 E1 A jE2 E1

Como a matriz em escada de linhas E2 E1 A não tem 3 pivôs, podemos concluir (pela
Proposição 1) que A não é invertível.

2
Exemplo 2: Para a matriz 2 3
1 1 0
A=4 0 1 0 5,
1 2 2
obtemos sucessivamente:
A jI E1 A jE1 E2 E1 A jE2 E1
2 3 2 3 2 3
1 1 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0
4 0 1 0 0 1 0 5 L3 + L1 4 0 1 0 0 1 0 5 L 3 + L2 4 0 1 0 0 1 0 5 21 L3
! ! !
1 2 2 0 0 1 0 1 2 1 0 1 0 0 2 1 1 1

2 3 2 3
1 1 0 1 0 0 1 0 0 1 1 0
4 0 1 0 0 1 0 5 L1 L 4 0 1 0 0 1 0 5
1 1 1 !2 1 1 1
0 0 1 2 2 2
0 0 1 2 2 2

E3 E2 E1 A jE3 E2 E1 E4 E3 E2 E1 A jE4 E3 E2 E1

donde se conclui (pela Proposição 2) que A é invertível e


2 3
1 1 0
A 1 = 4 0 1 0 5.
1 1 1
2 2 2

Nota importante
As observações anteriores mostram que qualquer matriz invertível é o produto de
matrizes elementares.
Com efeito, vimos que uma matriz A, m m, é invertível se e só se existirem matrizes
elementares E1 ; :::; Ek tais que

Ek Ek 1 E2 E1 A = Im .

Logo

A = (Ek Ek 1 E2 E1 ) 1
= E1 1 E2 1 Ek 11 Ek 1
1
e como sabemos cada matriz Ei é elementar.

Matrizes semelhantes
Duas matrizes A; B 2 Mm m (R) dizem-se semelhantes, A B, se existir uma matriz
invertível P 2 Mm m (R) tal que
B = P 1 AP .

3
Exercício 8: Mostre que:
a) A A, para qualquer A 2 Mm m (R);
b) Se A B, então B A, para quaisquer A; B 2 Mm m (R);
c) Se A BeB C, então A C para quaisquer A; B; C 2 Mm m (R).

Exercício 9: Mostre que se duas matrizes A; B 2 Mm m (R) são semelhantes, então tr(A) =
tr(B).
Sugestão: Tenha em conta o Exercício 6 da aula anterior.

Exercício 10: Mostre que as matrizes


2 3 2 3
1 3 0 1 3 0
A=4 2 0 4 5 eB=4 3 2 3 5
3 1 2 3 1 2

não são semelhantes.

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