Você está na página 1de 4

12a Aula

Dimensão de um espaço vectorial

Estamos …nalmente em condições de de…nir dimensão de um espaço vectorial. Note-se que


como qualquer base de Rm é formada por m vectores, podemos utilizar a proposição anterior
para obter o seguinte teorema fundamental.

Teorema 1: Se um espaço vectorial V admite uma base, B = fv1 ; v2 ; :::; vm g, formada por
m vectores, então qualquer outra base de V também é formada por m vectores.

Podemos portanto de…nir dimensão de V da forma que se segue:

De…nição fundamental: Diz-se que um espaço vectorial V é de dimensão …nita (escreve-se


dim(V ) = m 2 N) quando existe uma base de V constituída por m vectores. Caso contrário
diz-se que V tem dimensão in…nita e escreve-se dim(V ) = 1.

Eis alguns exemplos importantes: dim (Rm ) = m, dim (Mm n (R)) = m n e dim (Pn ) = n+1.

Exercício 1 : Qual será a dimensão do espaço das matrizes 2 2, reais e simétricas?

Teorema 2: Em qualquer espaço vectorial V com dim(V ) = m 2 N valem as seguintes


a…rmações:
1) Qualquer conjunto gerador de V tem pelo menos m vectores;
2) Quaisquer vectores u1 ; u2 ; :::; un 2 V , com n > m, são linearmente dependentes;
3) Um conjunto formado por m vectores, fu1 ; u2 ; :::; um g V , é uma base de V se e só se é
um conjunto gerador de V ;
4) Um conjunto formado por m vectores, fu1 ; u2 ; :::; um g V , é uma base de V se e só se os
vectores u1 ; u2 ; :::; um são linearmente independentes.

Exercício 2: Seja V um espaço vectorial de dimensão …nita e S um subespaço de V .


1) Mostre que S é um espaço de dimensão …nita e dim(S) dim(V ).
2) Mostre que S = V se e só se dim(S) = dim(V ).

Exercício 3: Sejam S1 e S2 dois subespaços de um espaço vectorial V com dimensão


…nita. Admita-se que: fu1 ; :::; up g é base de S1 \ S2 ; fu1 ; :::; up ; v1 ; :::; vq g é base de S1 ;
fu1 ; :::; up ; w1 ; :::; wr g é base de S2 .
1) Mostre que fu1 ; u2 ; :::; up ; v1 ; :::; vq ; w1 ; :::; wr g é base de S1 + S2 .
2) Mostre que dim(S1 + S2 ) = dim(S1 ) + dim(S2 ) dim(S1 \ S2 ).

Exercício 4: Recorra ao teorema anterior para dar um exemplo de um espaço vectorial com
dimensão in…nita.

1
Matrizes de mudança de base
Proposição 1: Se B1 = fv1 ; v2 ; :::; vm g e B2 = fu1 ; u2 ; :::; um g são bases de um espaço
vectorial V sobre K, então existe uma única matriz MB2 B1 2 Mm m (K) que satisfaz

[w]B2 = MB2 B1 [w]B1 , para qualquer w 2 V .

À matriz MB2 B1 chamamos matriz de mudança de base de B1 para B2 :


A matriz MB2 B1 permite portanto calcular as coordenadas de um vector w 2 V na base B2
desde que sejam conhecidas as coordenadas de w na base B1 .
Note-se ainda que, como
2 3 2 3 2 3
1 0 0
6 0 7 6 1 7 6 0 7
6 7 6 7 6 7
[v1 ]B1 =6 .. 7 ; [v2 ]B1 = 6 .. 7 ; :::; [vm ]B1 = 6 .. 7,
4 . 5 4 . 5 4 . 5
0 0 1

podemos sempre recorrer às igualdades

Coluna j de MB2 B1 = MB2 B1 [vj ]B1 = [vj ]B2 ,

para determinar a matriz MB2 B1 .

Exercício 5: Mostre que se B é uma base de um espaço V com dimensão m, então

MB B = Im m.

Exercício 6: Mostre que se B1 , B2 e B3 são bases de um espaço V com dimensão m, então

MB3 B1 = MB3 B2 MB2 B1 .

Exercício 7: Mostre, recorrendo aos exercícios aneriores, que se B1 e B2 são bases de um


espaço V com dimensão m, então a matriz MB2 B1 é invertível e
1
MB1 B2 = (MB2 B1 ) :

Exercício 8: Seja B = fv1 ; v2 ; v3 g a base de R3 constituída pelos vectores

v1 = (1; 1; 1); v2 = (1; 1; 0) e v3 = (1; 0; 0).

Determinar as coordenadas na base B de um qualquer vector x = (x1 ; x2 ; x3 ) 2 R3 .


Resolução: Consideremos a base canónica de R3 , E = fe1 = (1; 0; 0) ; e2 = (0; 1; 0); e3 = (0; 0; 1)g.
Como 2 3 2 3 2 3
1 1 1
[v1 ]E = 1 ; [v2 ]E = 1 ; [v3 ]E = 0 5 ;
4 5 4 5 4
1 0 0
teremos 2 3
1 1 1
ME B = 4 1 1 0 5,
1 0 0

2
pelo que
2 3 1 2 3
1 1 1 0 0 1
MB E = (ME B)
1
=4 1 1 0 5 4
= 0 1 1 5.
1 0 0 1 1 0
Logo
2 32 3 2 3
0 0 1 x1 x3
[x]B = MB E [x]E =
4 0 1 1 5 4 x2 5 = 4 x2 x3 5 .
1 1 0 x3 x1 x2

Exercício 9: Considere as bases de P2 , B1 = fq1 (t) ; q2 (t) ; q3 (t)g, com

q1 (t) = 2 + t + t2 ; q2 (t) = t; q3 (t) = 3 t + t2 ,

e B2 = fr1 (t) ; r2 (t) ; r3 (t)g, com

r1 (t) = 1 + 3t + 3t2 ; r2 (t) = 1 + 2t + 2t2 ; r3 (t) = t2 .

Determine as matrizes de mudança de base MB2 B1 e MB1 B2 .

Resolução: Consideremos a base canónica de P2 , B = fp1 (t) = 1; p2 (t) = t; p3 (t) = t2 g.


Como 2 3 2 3 2 3
2 0 3
[q1 (t)]B = 4 1 5 ; [q2 (t)]B = 4 1 5 ; [q3 (t)]B = 4 1 5 ,
1 0 1
e 2
3 2 3 2 3
1 1 0
4 5 4 5 4
[r1 (t)]B = 3 ; [r2 (t)]B = 2 ; [r3 (t)]B = 0 5 ,
3 2 1
teremos 2 3 2 3
2 0 3 1 1 0
MB B1 =4 1 1 1 5 e MB B2 = 4 3 2 0 5.
1 0 1 3 2 1
Logo

MB2 B1 = MB2 B MB B1
= (MB B2 ) 1 MB B1
2 3 12 3
1 1 0 2 0 3
= 4 3 2 0 5 4 1 1 1 5
3 2 1 1 0 1
2 32 3
2 1 0 2 0 3
= 4 3 1 0 54 1 1 1 5
0 1 1 1 0 1
2 3
3 1 7
= 4 5 1 10 5
0 1 2

3
e

MB1 B2 = (MB2 B1 ) 1
2 3 1
3 1 7
= 4 5 1 10 5
0 1 2
2 3
8 5 3
= 4 10 6 5 5.
5 3 2

Você também pode gostar