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SHEILA KATIA COZIN

Idosos e Florais de Bach: em busca


do restabelecimento da auto-estima

Dissertação apresentada ao
Programa de Saúde do Adulto da
Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre

Orientadora: Profa. Dra. Ruth


Natalia Teresa Turrini

SÃO PAULO
2009
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL
DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU
ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE
CITADA A FONTE.

Assinatura: _________________________________

Data:___/____/___

Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca “Wanda de Aguiar Horta”
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

Cozin, Sheila Katia


Idosos e florais de Bach: em busca do restabelecimento da
auto-estima. / Sheila Kátia Cozin. – São Paulo, 2009.
108 p.

Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem da


Universidade de São Paulo.

1. Saúde do idoso 2. Autoconceito 3. Florais de Bach


(Medicamentos) I. Título
Dedico este trabalho aos idosos que
sentem que a vida é muito curta ou infeliz para
perceberem-se como os anciões da tribo...
E àqueles que sentem que o mundo é
muito maior do que é e que os humanos são
muito mais sensíveis do que são!
Agradecimentos

Agradeço antes de tudo a Alguém lá de cima, que ampara todos nós


aqui em baixo, não esquecendo de mim também, mesmo quando não me
achava merecedora ou quando duvidava da minha competência.

Pela certeza de que foram imprescindíveis à conclusão deste


trabalho e de muitos outros, agradeço:
Aos meus pais, irmãos e apêndices, que este ano, para minha
felicidade, se multiplicaram, formatando a Família mais desejada da
Terra!
Às minhas novas amigas, Aline e Paola, por terem me agüentado e
auxiliado durante a coleta de dados.
Ao Marcel, pela ajuda, disponibilidade, favores, resoluções,
quebras-galhos... e, principalmente, por ter me instigado a procurar
respostas alternativas às minhas dúvidas sobre o mundo!
Aos meus filhotes, Lipe e Luky, por terem feito dos momentos mais
difíceis os mais engraçados!
Ao Centro de Saúde Geraldo de Paula Souza e ao Hospital do
Servidor Público Estadual, por acreditarem neste trabalho e pelo carinho
e acolhimento que eu e todos que realizaram esta pesquisa comigo
recebemos da equipe de saúde.
Aos idosos participantes, que não acreditavam em si como anciãos,
mas que se mostraram como grandes mestres quando se vislumbraram.
À FAPESP, pelo financiamento do projeto, que permitiu a realização
operacional do mesmo (processo n° 08/50477-0).
À CAPES, pela bolsa de estudo, que possibilitou minha dedicação
integral à este trabalho.

Em especial, agradeço à Ruth Natalia Teresa Turrini, que me atrevo


a não citá-la com a titulação (mais do que merecida), pois neste momento
já a considero como uma das minhas melhores amigas.
E ao meu grande amor... que não somente neste, mas em todas as
realizações da minha vida, me acompanhará e me incentivará... Amo você
Vitor!

Agradeço ao meu destino, por ter me providenciado tudo isso!!


Cozin SK. Idosos e Florais de Bach: em busca do restabelecimento da auto-
estima [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São
Paulo; 2009.

Resumo

A preocupação em compreender o indivíduo de forma holística está


gradativamente aumentando na área da saúde. Neste cenário os Florais de Bach
consolidam-se, buscando suprir as necessidades emocionais dos indivíduos, incluindo a
auto-estima, degradada em muitos idosos pela falta de auto-confiança e auto-respeito
que vivenciam. Acreditando que as essências florais são capazes de estimular
comportamentos e atitudes positivas e aumentar a percepção e compreensão dos
sentimentos, optou-se por avaliar a efetividade dos Florais de Bach na melhora da auto-
estima de idosos. Desenvolveu-se um estudo experimental, tipo ensaio clínico, triplo-
cego, com idosos atendidos em dois ambulatórios de geriatria de São Paulo. Para
avaliação da auto-estima utilizou-se o instrumento de Dela Coleta e para caracterização
dos idosos uma anamnese de dados sócio-culturais-demográficos. De Abril/2008 a
Julho/2009 abordou-se para avaliação da auto-estima 665 idosos. Desses, 15,9% (106)
apresentou escore de auto-estima referente à baixa/média auto-estima, porém
somente 80 preencheram também os outros critérios de inclusão do estudo. Ao fim,
com as desistências, obteve-se 67 idosos, 35 alocados no Grupo Experimental e 32 no
Grupo Placebo. Estes idosos participaram de três atendimentos em Terapia Floral, um a
cada 45 dias nos quais se avaliou a auto-estima e se registrou os relatos de evolução
dos problemas e sentimentos relacionados à auto-estima. Em todos os atendimentos os
idosos escolheram seis Florais de Bach através da técnica de escolha das fotos das
flores correspondentes. A cada idoso forneceu-se dois frascos com solução base, sendo
que aos do Grupo Experimental acrescentou-se as essência florais escolhidas. Somente
no último atendimento os idosos souberam dos significados das flores escolhidas
durante o estudo, e todos os participantes receberam mais dois frascos, agora com os
Florais escolhidos, permitindo o contato de todos os participantes ao tratamento. Para
a verificação estatística da efetividade dos Florais sobre a auto-estima realizou-se o
Teste de Tukey-HSD, observando-se que não houve diferença estatística entre os
Grupos Experimental e Placebo. Houve melhora da auto-estima em ambos os grupos de
estudo, porém no Grupo Experimental observou-se tendência progressiva de melhora
enquanto que no Grupo Controle a auto-estima sofreu melhora imediata e manteve-se
inalterada. Acredita-se que o relacionamento terapêutico estabelecido durante os
atendimentos foi capaz de melhorar a auto-estima dos idosos do Grupo Placebo, porém
somente os Florais forneceram subsídios ao individuo trabalhar sua auto-estima
efetivamente. Reforçando isto, somente no Grupo Experimental observou-se evolução
positiva do bem-estar geral relatado pelos idosos. Sugere-se que o tempo de exposição
ao tratamento foi muito curto para observação da uma melhora maior no Grupo
Experimental e o instrumento utilizado não foi o mais adequado para esta população,
visto que não abrangia questões especificas da auto-estima em idosos. Percebeu-se que
a Flor de Bach mais relevante foi a Red Chestnut, a única Flor que nos três atendimentos
esteve entre as preferidas dos idosos de ambos os grupos. Esta flor evidencia duas das
principais queixas dos idosos: o excesso de preocupação, principalmente com os filhos,
netos e com a condição financeira.

Descritores: Saúde do idoso; Auto-imagem; Medicamentos Florais.


Cozin SK. Elderly and Bach Flowers Remedies: in search of restoring self-esteem
[essay]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2009.

Abstract

The concern in understanding the individual in a holistic way is gradually


increasing in the health field. In this scenario, the Bach Flower Remedies consolidate in
an attempt to supply the emotional needs of individuals, including the self-esteem,
degraded in many older people due to the lack of self-confidence and self-respect that
they experience. Believing that flower essences are able to stimulate positive behaviors
and attitudes and increase awareness and comprehension of feelings, we decided to
evaluate the effectiveness of the Bach Flower Remedies in the improvement of the self-
esteem of older people. We developed an experimental study, clinical trial, triple-blind,
elderly assisted by two geriatric clinics in Sao Paulo. To assess self-esteem it was used
the instrument of Dela Coleta and the characterization of an old history of socio-
cultural and demographic. From April/2008 to July/2009 addressed to assessing self-
esteem 665 people. Of these, 15.9% (106) had scores of self-esteem on the low /
medium self-esteem, but only 80 also met the other criteria for inclusion in the study.
The end, with the dropouts, we got 67 seniors, 35 allocated in the experimental group
and 32 in the placebo group. These seniors participated in three appointments to
Flower Therapy, one every 45 days during which we evaluated the self-esteem and
registered reports of developments on issues related to feelings and self-esteem. At
every appointment the elderly chose six Bach Flowers using the technique of choice of
photos matching flowers. For every elderly were provided two bottles of base solution,
and to the experimental group was added to the flower essence chosen. Only at the last
treatment, the elderly had known the meaning of the flowers chosen for the study and
all participants received two more bottles, now with the flowers chosen, allowing
contact of all participants to treatment. For statistical verification of the effectiveness of
Flowers on self-esteem was held to the Tukey-HSD, resulting in that there was no
statistical difference between the Experimental and Placebo Groups. There was
improvement in self-esteem in both study groups, but in the experimental group there
was a trend of gradual improvement while in the placebo group self-esteem has
improved immediately and remained unchanged. It is believed that the therapeutic
relationship established during the sessions was able to improve self-esteem of older
people in the placebo group, but only Bach flowers provided subsidies to improve
individual’s self-esteem effectively. Reinforcing this, only in the experimental group it
showed positive development of well-being reported by the elderly. It is suggested that
the exposure time to treatment was too short for the observation of a greater
improvement in the experimental group and the instrument used was not the most
appropriate for this population, as they did not cover specific issues of self-esteem in
the elderly. It was noticed that the more relevant Bach flower was Red Chestnut, the
only one that in all appointments was among the favorite flowers of the elderly in both
groups. This flower shows the principal complaints of the elderly: over-concern,
especially with the children, grandchildren and the financial condition.

Keywords: Aging health; Self-image; Floral Drugs.


Lista de Figuras

Figura 1. Representação esquemática do conceito de auto-estima dado por


Nathaniel Branden (2003). ...................................................................................................... 17

Figura 2. Representação esquemática dos 6 pilares da auto-estima dado por


Nathaniel Branden (1994) ....................................................................................................... 19

Figura 3. Freqüência relativa do sexo dos idosos avaliados inicialmente,


segundo local de atendimento. São Paulo, 2009. ............................................................ 50

Figura 4. Freqüência relativa da faixa etária dos idosos avaliados inicialmente,


segundo local de atendimento. São Paulo, 2009. ............................................................ 50

Figura 5. Freqüência relativa do escore de auto-estima dos idosos avaliados


inicialmente, segundo local de atendimento. São Paulo, 2009. ................................. 51

Figura 6. Freqüência relativa da condição de auto-estima, segundo classificação


de Dela Coleta, segundo grupo de estudo em cada atendimento realizado. São
Paulo, 2009. ................................................................................................................................... 65

Figura 7. Escores médios de auto-estima segundo grupo de intervenção,


obtidos em cada um dos três atendimentos. São Paulo, 2009. .................................. 67

Figura 8. Freqüência de melhora observada no histórico relatado pelos idosos


entre o primeiro e último atendimento segundo intensidade da melhora e grupo
de estudo. São Paulo, 2009. ..................................................................................................... 73
Lista de Tabelas

Tabela 1. Florais de Bach segundo grupo de atuação e significado particular.


São Paulo, 2009. ........................................................................................................................... 27

Tabela 2. Distribuição de idosos segundo sexo e grupo de intervenção. São


Paulo, 2009. ................................................................................................................................... 52

Tabela 3. Distribuição de idosos segundo faixa etária e grupo de intervenção.


São Paulo, 2009. ........................................................................................................................... 53

Tabela 4. Distribuição de idosos segundo escolaridade e grupo de intervenção.


São Paulo, 2009. ........................................................................................................................... 53

Tabela 5. Distribuição de idosos segundo estado civil e grupo de intervenção.


São Paulo, 2009. ........................................................................................................................... 54

Tabela 6. Distribuição de idosos segundo religião e grupo de intervenção. São


Paulo, 2009. ................................................................................................................................... 54

Tabela 7. Distribuição de idosos segundo número de filhos e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009. ................................................................................................. 55

Tabela 8. Distribuição de idosos de acordo com quem reside e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009. ................................................................................................. 55

Tabela 9. Distribuição de idosos segundo condição de trabalho e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009. ................................................................................................. 56

Tabela 10. Distribuição de idosos segundo tipo de atividade e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009. ................................................................................................. 56

Tabela 11. Distribuição de idosos segundo renda e grupo de intervenção. São


Paulo, 2009. ................................................................................................................................... 57

Tabela 12. Distribuição de idosos segundo problemas de saúde e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009. ................................................................................................. 58

Tabela 13. Distribuição de idosos segundo número de medicamentos e grupo


de intervenção. São Paulo, 2009. ........................................................................................... 59

Tabela 14. Distribuição de idosos segundo atividade de lazer e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009. ................................................................................................. 59

Tabela 15. Distribuição de idosos segundo atividade física e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009. ................................................................................................. 60

Tabela 16. Distribuição de idosos segundo atividade da terceira idade e grupo


de intervenção. São Paulo, 2009. ........................................................................................... 60
Tabela 17. Distribuição de idosos segundo atividade realizada para distração e
grupo de intervenção. São Paulo, 2009............................................................................... 61

Tabela 18. Distribuição de idosos segundo menção de acontecimento marcante


nos 45 dias que antecederam a consulta e grupo de intervenção. São Paulo,
2009. ................................................................................................................................................. 62

Tabela 19. Comparação entre as varáveis qualitativas segundo grupo de


intervenção. São Paulo, 2009. ................................................................................................. 63

Tabela 20. Comparação dos grupos com relação à média das variáveis
quantitativas. São Paulo, 2009. .............................................................................................. 64

Tabela 21. Comparações múltiplas pelo teste de Tukey para avaliação da


diferença entre os grupos segundo a média da auto-estima obtida para cada
momento do estudo. São Paulo, 2009.................................................................................. 68

Tabela 22. Distribuição das Flores de Bach escolhidas pelos idosos do Grupo
Placebo. São Paulo, 2009. ......................................................................................................... 69

Tabela 23. Distribuição das Flores de Bach escolhidas pelos idosos do Grupo
Experimental. São Paulo, 2009............................................................................................... 70

Tabela 24. Algumas sensações e sentimentos que sofreram alteração durante o


estudo. São Paulo, 2009. ........................................................................................................... 74
Sumário

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 12

O QUE É SER IDOSO? ................................................................................................................ 13


O REPERTÓRIO DA AUTO-ESTIMA ............................................................................................ 16
UMA SAÍDA HARMÔNICA: OS FLORAIS DE BACH ....................................................................... 24
2. OBJETIVO ..................................................................................................................................................... 35

3. METODOLOGIA .......................................................................................................................................... 37

3.1 ASPECTOS ÉTICOS............................................................................................................... 37


3.2 LOCAL DE ESTUDO.............................................................................................................. 38
3.3. POPULAÇÃO ...................................................................................................................... 38
3.3.1. GRUPOS DE ESTUDO ...................................................................................................... 39
3.3.2. AMOSTRA ....................................................................................................................... 40
3.4. COLETA DE DADOS ............................................................................................................. 41
3.4.1. INSTRUMENTOS UTILIZADOS ............................................................................................ 41
3.4.2. PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS ......................................................................... 42
3.5. ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................................ 46
4. RESULTADOS .............................................................................................................................................. 49

4.1. CARACTERÍSTICAS DE AUTO-ESTIMA DOS IDOSOS AVALIADOS ........................................... 49


4.2. CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS DOS GRUPOS DE ESTUDO .................................. 52
4.2. CONDIÇÕES DE SAÚDE NOS GRUPOS DE ESTUDO ................................................................ 57
4.3. COMPARAÇÃO ENTRE OS GRUPOS DE ESTUDO ................................................................... 62
4.4. A AUTO-ESTIMA DOS IDOSOS PARTICIPANTES .................................................................. 64
4.5. OS FLORAIS DE BACH ESCOLHIDOS ................................................................................... 68
4.6. SENTIMENTOS RELATADOS ............................................................................................... 72
5. DISCUSSÃO .................................................................................................................................................. 76

6. CONCLUSÃO................................................................................................................................................. 89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................................. 91

REFERÊNCIAS CONSULTADAS................................................................................................................... 98

ANEXO 1 – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DA EEUSP ..........................................................101

ANEXO 2 – DECLARAÇÃO DE CONCORDÂNCIA DO CENTRO DE SAÚDE ESCOLHIDO PARA COLETA DE


DADOS...................................................................................................................................................................................102

ANEXO 3 – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DO HOSPITAL ESCOLHIDO PARA COLETA


DE DADOS............................................................................................................................................................................103

ANEXO 4 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..................................................................104

ANEXO 5 – INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA AUTO-ESTIMA DE DELA COLETA ....................................106

ANEXO 6 - TESTE MINI-MENTAL .................................................................................................................................107

ANEXO 7 – QUESTIONÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS PESSOAIS .................................................108


Introdução | 11

INTRODUÇÃO
“A maioria de nós prefere olhar para fora do que para dentro de
si mesmos.”
(Albert Einstein)
Introdução | 12

1. Introdução
Atualmente, a preocupação em compreender o indivíduo de forma
completa, holística, está gradativamente aumentando na área da saúde. É
nesse cenário que as terapias complementares, como os florais de Bach,
crescem e consolidam-se, buscando suprir, as necessidades emocionais
dos indivíduos, melhorando a qualidade de vida dos mesmos. Para os
idosos, essa busca é ainda mais necessária e difícil, pois são muito
vulneráveis à degradação da auto-estima, sentimento que determina
principalmente a capacidade do indivíduo de enfrentar e superar os
desafios da vida, inclusive a própria idade e suas conseqüentes limitações
físicas, psicológicas e sociais.
Trabalhando em serviços de atendimento e orientação a crônicos,
obtive duas experiências com a indicação dos florais de Bach para idosos.
Em uma das experiências, o Floral foi indicado para um idoso, do sexo
masculino, com Hipertensão Arterial Sistêmica e sintomas depressivos,
que após 30 dias de utilização iniciou atividades de lazer e atividade física
junto a um grupo de terceira idade, não apresentou mais sintomas
depressivos, melhorou o padrão de sono e passou a apresentar níveis
pressóricos normais e estáveis. Na segunda experiência, o Floral foi
indicado para um idoso também do sexo masculino, com Diabetes
Mellitus, vasculite em membros inferiores e dificuldade para dormir pelo
medo de traumatizar ainda mais os membros feridos, apresentando
melhora progressiva do padrão de sono após 60 dias, sentindo-se
encorajado a voltar a andar com mais vigor.
Motivada por este resultado, este trabalho propõe o uso dos Florais
de Bach no processo de recuperação da auto-estima de idosos que
apresentem este sentimento degradado, na tentativa de reaver uma vida
com qualidade, onde haja equilíbrio entre as potencialidades e as
limitações do idoso.
Introdução | 13

O que é ser idoso?

Desde a década de 50, as populações idosas dos países de terceiro


mundo apresentam um crescimento expressivo. No Brasil, os idosos, que
representavam 3,2% da população total em 1990, poderão atingir 13,8%
no ano de 2025, estabelecendo um crescimento de 430%.1
São muitos os motivos para que o homem esteja vivendo cada vez
mais anos: as tecnologias diagnósticas e terapêuticas, a melhor condição
financeira, o aperfeiçoamento das relações sociais e de trabalho e o maior
acesso a serviços essenciais (hospitais e serviços médicos, saneamento
básico, água tratada). Contudo, a longevidade não terá sentido se vier
desprovida de qualidade de vida, e esta só será alcançada se as
necessidades dos idosos forem supridas. Há, então, uma grande lacuna
entre simplesmente envelhecer e ser idoso.
O envelhecimento é um processo inerente à condição humana,
inevitável, natural2,3,4,5,6,7,8 e irreversível, que ocorre do nascimento à
morte9, sendo caracterizado pelo declínio das funções biofisiológicas,
contribuindo para a instalação de várias doenças crônicas não-
transmissíveis10,11, como a Hipertensão Arterial, o Diabetes e as doenças
degenerativas do Sistema Nervoso Central.
Envelhecer também pode ser definido como um processo dinâmico
de modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que
determinam progressivamente a perda da capacidade de adaptação do
individuo ao ambiente, propiciando a maior vulnerabilidade e a maior
incidência de processos patológicos, findando na morte.12
De forma mais didática, há autores que submetem o
envelhecimento a três padrões: o envelhecimento primário ou fisiológico,
o envelhecimento secundário ou patológico e o envelhecimento terciário
ou terminal. O envelhecimento primário ou fisiológico, sendo um
fenômeno progressivo, comum a todos os seres vivos (aparecimento de
Introdução | 14

cabelos brancos, rugas, flacidez muscular e déficits sensoriais),


influenciado por múltiplos fatores, como educação, estilo de vida,
estresse, alimentação e exercícios físicos. Já o envelhecimento secundário
ou patológico, é o envelhecimento associado a doenças orgânicas que
apresentam probabilidade de ocorrência com o aumento da idade, como a
esclerose múltipla, as doenças cardiovasculares, as demências, o câncer e
outras patologias. E, finalmente, o envelhecimento terciário ou terminal,
caracterizado por um aumento de perdas físicas e cognitivas num período
de tempo relativamente curto.13
Porém, ser idoso não se reduz a envelhecer, assim como uma
viagem não se restringe a uma etapa. Ser idoso é vivenciar um processo
caracterizado por uma sucessão de perdas e aquisições14,
experimentando diariamente desafios e oportunidades de crescimento.15
As perdas acontecem velozmente para o idoso e de forma
ininterrupta. A aposentadoria, o isolamento da sociedade, a viuvez, a
morte de amigos e de parentes, as dificuldades financeiras, enfim, as
perdas acontecem em um curto espaço de tempo e são acompanhadas
pela conscientização do idoso de suas limitações físicas e mentais,
causando ansiedade e insegurança, que, somadas à falta de outra
atividade em casa, estabelecem no idoso o sentimento de fragilidade,
tristeza e depressão.16,17,18
Além de lidar com as perdas externas, o idoso experimenta durante
o passar do tempo uma problemática narcisico-depressiva, tendo de
encarar o luto do seu próprio EU e do seu corpo, suportando diariamente
a perda de si mesmo.19
Ser velho significa ser excluído, ainda mais quando o idoso está
inserido em uma sociedade que exibe explicitamente a preferência pelo
corpo bonito e jovem3,5,8,20, e que marginaliza o idoso por considerá-lo
incapaz e improdutivo, impedindo-o, paralelamente, que ele volte a ser
capaz e produtivo.21
Introdução | 15

São evidentes os estereótipos lançados pela sociedade sobre o


significado de 'ser velho' e sobre o comportamento do idoso, praticando a
nociva crença de que o envelhecimento é um processo degenerativo e
antagônico a qualquer progresso ou desenvolvimento22. A sociedade
considera o idoso pouco importante, dependente, de insignificante status
social, uma pessoa que incomoda e atrapalha as outras.2,17,21, Perante esta
imagem tão negativa ditada pela sociedade, o idoso só poderia mesmo
renegar o seu próprio envelhecimento, deixando de planejar e encarar a
velhice como mais uma etapa da vida, cuja saúde física ou mental é
passível de ser alcançada e mantida.17
A imagem que fazem de si mesmos e a rejeição ao próprio
envelhecimento, desenvolvem nos idosos sentimentos de baixa auto-
estima e auto-desvalorização, que se consolidam até como depressão,
levando-os a ignorar suas limitações e a arriscar-se com atitudes
autodestrutivas, como comer alimentos restritos a uma situação
patológica específica, como hipertensão arterial ou diabetes, e, em alguns
casos, até tentar o suicídio.23
Todas essas atitudes traduzam talvez o último esforço inconsciente
do indivíduo para sobreviver à espoliação de sua autonomia e de seu
relacionamento com a sociedade (peso morto), e tentar proteger o EU,
evitando a dor e o medo, mesmo em casos extremos, como no suicídio.24
Todo indivíduo necessita de autonomia, independência e liberdade
de decisão para ter uma vida social e emocional saudável. Se o individuo
não mantiver esses requisitos durante a velhice, passa a sentir-se
improdutivo, inútil, descrente de si mesmo, colocando-se numa situação
de dependência, que obviamente não o satisfaz, apresentando diminuição
progressiva da auto-estima e, conseqüentemente, deterioração da sua
condição de vida, que anteriormente mantinha-se satisfatória.17
Há autores25,26,27 que referem que naturalmente, com o processo de
envelhecimento, há uma diminuição da auto-imagem e da auto-estima. O
Introdução | 16

ser humano é dependente do seu corpo, das habilidades, roupas, cabelos,


bem como da integração e harmonia com relação ao “eu”, e sentir que
qualquer uma dessas vertentes está sendo ameaçada justifica a
degradação da auto-estima.
Se o idoso apresentasse elevada auto-estima, ele se auto-aceitaria,
se conscientizando de sua realidade e limitações; modificaria sua atitude
de passiva para ativa, passando a gostar mais de si mesmo e a confiar
mais em si mesmo, resgatando seu sentimento de competência,
autonomia, dignidade e felicidade24, que podem garantir sua qualidade de
vida, mesmo que ainda se perpetuem algumas limitações inerentes a esta
fase da vida e as restrições ditadas pela sociedade.
Logo, a auto-estima é um sentimento importante para o idoso, pois
lhe garante a primeira condição para alcançar a satisfação com sua vida
ou perceber que sua vida tem qualidade: a sensação de ser capaz22. Ser
capaz de ajustar-se às suas realidades, ser capaz de desenvolver novos
papéis sociais, ser capaz de se auto-conhecer e se aceitar e poder ter um
propósito de vida. Mas o que é auto-estima? Como ela se estabelece? Qual
sua repercussão sobre o individuo? E como é possível restabelecê-la
quando se apresentar mortificada?

O repertório da auto-estima
A auto-estima pode ser definida como a avaliação que o indivíduo
sustenta sobre si mesmo, indicando a intensidade que acredita ser capaz,
valioso e importante para si.28 É o grau de valor, respeito e amor que os
indivíduos prestam a si mesmos, como se fossem seres humanos únicos
no mundo.29
A auto-estima é o que pensamos e sentimos sobre nós mesmos, e
não o que o outro pensa e sente sobre nós. É a soma da autoconfiança com
o auto-respeito (Fig.1), formatando na esfera do consciente a avaliação
Introdução | 17

que o individuo apresentará sobre sua própria capacidade de lidar com os


desafios de vida (entender e dominar os problemas) e de se sentir
merecedor da felicidade (respeitar e defender os próprios interesses e
necessidades).30 Ter a auto-estima elevada, então, é sentir-se
confiantemente adequado à vida, reagindo ativa e positivamente as suas
oportunidades – no trabalho, no amor, no lazer e no envelhecer.31

Auto-respeito Auto-estima Auto-confiança

Nossa
Nossa
integralidade
racionalidade

Nossas Reputação sobre


escolhas
quem somos

Figura 1. Representação esquemática do conceito de auto-estima dado por


Nathaniel Branden (2003).

De acordo com Branden, a auto-estima é alicerçada em seis grandes


pilares que também formatam partes integrantes da vida do indivíduo.
Quando um ou mais pilares está comprometido, a auto-estima diminui;
quando estão sendo corretamente utilizados e desenvolvidos, a auto-
estima se fortalece.30 Esses pilares podem ser descritos da seguinte
maneira:

1. A Prática de Viver Conscientemente: é a necessidade de vivenciar


conscientemente o presente, os fatos e a vida. Para manter seu senso
de merecimento, o indivíduo necessita tomar contato com as situações
Introdução | 18

da vida e não somente vivenciá-las de forma impensada e evasiva,


como um mero observador;

2. A Prática da Auto-aceitação: é uma forma de auto-valorização. É a


expressão do indivíduo, mesmo que uma representação que ele não
goste ou admire. Aceitar a si próprio, seus defeitos e virtudes é uma
pré-condição para a mudança e o crescimento;

3. A Prática da Auto-responsabilidade: é senso de controle sobre sua


própria existência. É necessária para o indivíduo adquirir
responsabilidade por alcançar seus objetivos e pelos próprios atos;

4. A Prática da Auto-afirmação: é o oposto da timidez e da submissão.


Sem este pilar o indivíduo não valoriza e não prioriza as suas
necessidades e vontades, não consegue argumentar e defender seu
ponto de vista;

5. A Prática da Vida com Propósitos: através dos propósitos o


indivíduo organiza seus comportamentos, dando a eles foco e
direcionamento. Isso é necessário para vivenciar controle sobre a
própria existência;

6. A Prática da Integridade: a integração de idéias, convicções, padrões,


crenças e comportamentos é chamada integridade. É a conjunção das
ações com os valores do indivíduo. Quando um comportamento não
condiz com um valor, ocorre uma brecha na integridade que agride a
auto-estima. Por mais que tente usar a racionalização para justificar a
manutenção de um comportamento com o qual não concorde, o
indivíduo não consegue enganar a si próprio. Esta agressão abala a
auto-estima.
Introdução | 19

A Figura 2 representa esquematicamente os seis pilares da auto-


estima.

Auto-Estima

Figura 2. Representação esquemática dos 6 pilares da auto-estima dado por Nathaniel


Branden (1994)

Além dos seis pilares, sugerem-se quatro fontes de auto-estima a


partir de teorias em personalidade e psicologia social: poder, como a
capacidade de controlar os fatos, a vida e o próprio corpo, sabendo
influenciar o outro; significado, compreendendo a percepção de ser
aceito, amado, respeitado, valorizado e assistido; virtude, como o eixo
condutor das percepções, de acordo com valores pessoais, morais e
éticos; e competência, dado pela habilidade em operar com sucesso ou
atingir expectativas próprias e dos outros32.
Essas quatro fontes internas de auto-estima ainda serão
influenciadas positiva ou negativamente durante toda a vida do individuo
através das experiências proporcionadas pelas pessoas significantes de
seu meio de convívio. Dentre os fatores que podem interferir na auto-
estima de um indivíduo ao longo do tempo estão: o valor que o individuo
recebe dos outros em direção a si, expresso em afeto, elogios e atenção; a
experiência do individuo com sucessos ou fracassos, bem como as
aspirações e exigências que a pessoa coloca a si mesmo a partir de
exemplos para determinar o que constitui o seu sucesso; e, a forma com
Introdução | 20

que o individuo é ensinado a reagir a críticas ou comentários


negativos.28,33
A auto-estima, portanto, é fundamentada na opinião acerca de si
mesmo, incluindo as emitidas pelas interações e avaliações sociais
apresentadas ao individuo desde a infância. Nossa autoconfiança e nosso
auto-respeito são alimentados ou destruídos conforme somos
respeitados, amados, valorizados e encorajados a confiar em nós
mesmos.24,31
Por meio de avaliação psicológica, particularmente a observação
controlada das condições e experiências concretas, dois pesquisadores
determinaram algumas condições que contribuem para melhorar a auto-
estima de um indivíduo, tais como experimentar uma total aceitação de
seus pensamentos, sentimentos e valores pessoais, estar inserido num
contexto com limites justos (e não opressores) claramente definidos, não
ser tratado ou manipulado com autoritarismo e violência, não ser vitima
de humilhação, ridicularização ou alvo de altos padrões e altas
expectativas em termos de comportamentos e desempenhos e conviver
com outros indivíduos que apresentem elevada auto-estima.28
No Brasil, os idosos normalmente estão sujeitos, em seu meio
familiar e social, à rejeição e à punição, experimentando menos amor e
sucesso, que, com o passar do tempo, podem se consolidar em uma auto-
estima diminuída. Além disso, os idosos tendem a conviver com as
decorrências previstas para a velhice, como as doenças crônicas não-
degenerativas e a perda de entes queridos e amigos.
Um estudo realizado em 2005 numa instituição asilar privada de
São Paulo que avaliou a auto-estima de 30 idosos com e sem doenças
crônicas não-degenerativas, de ambos os sexos, apontou que as mulheres
apresentam menor auto-estima quando comparadas aos homens da
mesma idade; que os idosos com menos doenças crônicas apresentam
Introdução | 21

melhor auto-estima do que os com mais doenças; e que os homens


casados apresentam maior auto-estima que as mulheres casadas.34
Observa-se também que muitas vezes os idosos apresentam
submissão e atitudes passivas ou, seu extremo inverso, agressão e
dominação.28 Sob tais circunstâncias, os idosos têm menor probabilidade
de serem realistas e efetivos no seu dia-a-dia, sendo cada vez mais
tolhidos de seus afazeres por não serem mais alvo da confiança das
pessoas de sua convivência.
Quando o individuo desrespeita os meios de sobrevivência,
existindo sem pensar e sem executar suas vontades, seu senso de valor
será proporcionalmente denegrido, independente da opinião ou
aprovação de outras pessoas ou de sua própria desaprovação. A visão
negativa que terá de si mesmo influenciará todas as futuras decisões,
criando um tipo de vida dependente e infeliz. Desse modo, a auto-
aceitação, que não necessariamente está ligada a uma imagem de
perfeição, e sim à auto-estima, e que se consolida como pré-condição para
a mudança, não estará instigada, posicionando o individuo fora da
realidade. Ou seja, se o idoso ou outro indivíduo sentir que não é
merecedor de determinado nível de sucesso, provavelmente se
processará uma auto-sabotagem consciente, impedindo-o de expressar a
vontade de vivenciar e encarar as diversas situações da vida.24
Assim, se a auto-estima formada for suficiente e saudável, a
capacidade de lidar com as adversidades da vida será maior, e essa maior
flexibilidade garantirá maior resistência à pressão de sucumbir ao
desespero ou à derrota.35
Uma pessoa com auto-estima alta mantém uma imagem constante
das suas capacidades e da sua distinção como pessoa, além de apresentar
grande criatividade e ter maior probabilidade para assumir papéis ativos
em grupos sociais por expressar efetivamente sua opinião. Por não
apresentarem medos e ambivalências, indivíduos com a auto-estima
Introdução | 22

elevada aparentemente se orientam de forma mais direta e realista às


suas metas pessoais.28
Em seu estado positivo, a auto-estima pode induzir a regeneração
do sistema imunológico, ativando nosso sistema de alerta e,
conseqüentemente, nos prevenindo contra riscos, perigos e até acidentes.
Já no seu estado negativo, a auto-estima pode agir inversamente, não
operando satisfatoriamente em momentos críticos da vida, beneficiando,
desse modo, a materialização de desajustes, ações e/ou estados mórbidos,
como reflexo das visões e desejos mais íntimos que temos de nós mesmos.
Ou seja, a auto-estima, alta ou baixa, tem a capacidade de arquitetar as
nossas próprias profecias.37
Há autores que afirmam que a falta de auto-estima pode até
encurtar a vida de uma pessoa. Um estudo realizado em 2001, a partir da
análise da relação entre a saúde mental dos indivíduos e suas
enfermidades, clarificou que a baixa auto-estima pode influenciar o
comportamento dos indivíduos, como no caso de pacientes obesos e com
problemas cardiovasculares, que demonstram desinteresse em fazer
exercícios ou mudar a dieta alimentar, fatores imprescindíveis na
convalescença desses distúrbios.37 Além desses problemas biológicos, há
indícios de que todas dificuldades psicológicas, desde a ansiedade e
depressão ao medo da intimidade e sucesso, estão relacionadas com uma
auto-estima negativa.24
Em outro estudo recente,38 os resultados indicaram que o
reconhecimento dos atores através da premiação do Oscar lhe
proporcionaram, em média, quatro anos a mais de vida do que aqueles
que não ganharam o prêmio.
Com tantos indicativos dos benefícios de instigar nos indivíduos a
elevação de sua auto-estima, torna-se indispensável aos tratamentos de
saúde a vertente que se concentre em melhorar a auto-estima dos
indivíduos, já que o resultado de tal esforço se consolidará no bem-estar e
Introdução | 23

na qualidade de vida dos mesmos, objetivo maior do restabelecimento da


saúde pelos profissionais da área.
Infelizmente, a medicina atual está afastada dessa aspiração devido
ao forte direcionamento estabelecido pela tecnologia e pelo avanço do
micro-universo, que gradativamente fraciona o corpo humano,
desconsiderando que o mesmo está intimamente ligado à mente e às
emoções, capazes de desencadear reações fisiológicas positivas e
negativas.40
Em contraposição a essa tendência, há o crescimento do uso das
terapias alternativas/complementares, que, visam, além do tratamento da
doença, um indivíduo integral, amparado psico-emocionalmente com
métodos naturais menos agressivos, particularidades que impulsionam a
metamorfose ideológica de muitos agentes de saúde na busca do
atendimento dessas necessidades, reavendo o verdadeiro valor cultivado
por esse tipo de profissão, a saúde e a qualidade de vida.
Essa transformação não é diferente na enfermagem e a busca por
uma assistência qualificada que garanta o bem-estar do ser humano por
toda sua vida, inclusive na velhice, deve ser instigada, com a possibilidade
do uso de tecnologias e de métodos naturais, acessíveis e menos invasivos
de promoção, proteção e recuperação da saúde, restituindo a
independência e responsabilidade do indivíduo no auto-cuidado.40
À luz dessa busca e de experiências pessoais, neste trabalho optou-
se pela Terapia dos Florais de Bach por atuar na esfera da consciência,
aquela a que está vinculada a auto-estima.
As essências florais são capazes de estimular o desenvolvimento de
comportamentos e atitudes positivas, que podem predominar aos
comportamentos autodestrutivos característicos de uma auto-estima
desvalorizada, facilmente encontrada nos idosos. Outro aspecto relevante
da terapia pelos Florais de Bach no apoio à auto-estima é a influência que
esta terapia exerce na percepção e compreensão dos sentimentos,
Introdução | 24

permitindo que o indivíduo conquiste com a evolução da consciência o


desenvolvimento de uma auto-estima favorável a um processo de vida de
satisfação, já que o indivíduo não subestimará seu poder de efetuar
mudanças para ser feliz.34

Uma saída harmônica: Os Florais de Bach

Reconhecidos e recomendados desde 1974 como Terapia


Complementar pela Organização Mundial da Saúde e estabelecida sua
indicação como especialidade e/ou qualificação do profissional de
enfermagem a partir da regulamentação da Resolução COFEN 197 de
1997, os Florais de Bach concretizam a árdua busca de seu criador, Dr.
Edward Bach (1886-1936), médico clínico e homeopata nascido em Gales,
por um método terapêutico mais simples e natural, que visasse à cura das
causas e não dos sintomas, que trataria o indivíduo e não a doença,
contrapondo-se a uma medicina que o próprio Dr. Bach desacreditava,
cujos tratamentos propostos, em sua maioria agressivos, voltavam-se
somente a erradicar os sintomas das doenças.41
Dr. Bach entendeu, após muita observação e reflexão, que dentro de
cada ser humano deveria existir uma força vital, inata, única, responsável
por conduzir a vida, tornando-se claro para ele que o caráter e a condição
emocional do paciente eram mais importantes que seu corpo físico no
tratamento de uma doença ou de um estado desequilibrado de saúde. Por
volta de 1917, após sofrer com hemorragias e muita dor desencadeados
pelo câncer instalado em seu corpo, compreendeu que a experiência da
doença direciona os indivíduos a entenderem a necessidade de um
propósito definido de vida e de um grande amor para manterem a saúde e
a felicidade.42 Logo, a deterioração da saúde ocorre quando nos falta uma
percepção consciente da nossa identidade como alma-espírito, e quando
Introdução | 25

nos alienamos dos outros ou perdemos a conexão com nosso propósito na


vida.43
Também nessa direção, Dr. Bach percebeu que os indivíduos se
enquadravam em diversos grupos de “tipos”*, sendo que cada um desses
grupos reagia à doença de forma peculiar,44 ou seja, a atitude mental, a
personalidade e as atitudes das pessoas, exercem forte influência no
estado de saúde e na recuperação das doenças.
Conciliando a sua experiência no preparo de vacinas orais usadas
na homeopatia e seu desejo de descobrir um tratamento mais puro,
preparou “remédios” a partir de algumas plantas do mesmo modo que as
vacinas e ministrou-as de acordo com os tipos de personalidade, obtendo
resultados satisfatórios imediatos. Dessa forma, Dr. Bach estava próximo
de achar a inovação que tanto procurava, mas foi de 1930 a 1934 que seus
trabalhos se intensificaram. Aos 43 anos, mudou-se para o País de Gales
em busca de mais plantas que atendessem seu ideal, deixando para trás
seu consultório e todas as suas atividades como médico e passou a
explorar montanhas, vales, pântanos e costas em busca das flores. Em
meio a essa procura, Dr. Bach percebeu aos poucos que nas preparações
com flores deveria usar apenas plantas superiores (fanerógamas), não
venenosas, de sementes perfeitas, representativamente comparadas ao
homem em equilíbrio. Preferiu preparar, então, os “remédios” com flores
frescas, colhidas no auge da florada, nas primeiras horas do dia, período
que o sol alcança o auge de sua força no Hemisfério Norte. Paralelamente
à procura e às descobertas, Dr. Bach ainda associava idéias, anotava
características botânicas de cor, forma, número de pétalas, estames e
outras peculiaridades da fisiogênia vegetal.
Numa manhã de maio, com o sol intenso incidindo nas gotas de
orvalho que se debruçavam nos cálices das flores, concluiu que os raios de

*
Nomenclatura usada por Bach para designar estados emocionais, que são determinados pela
personalidade e atitudes do individuo em um determinado momento.
Introdução | 26

sol deviam transferir para a água a marca energética vibracional das


flores, assim como fora no orvalho.45 Assim, estava definido o método de
obtenção das essências florais, unindo em tal procedimento os quatro
elementos: a terra que sustenta a planta, o ar que nutre, o fogo que
transfere força e a água que absorve os poderes curativos e os
armazena.43
Em meio a essas descobertas Dr. Bach foi mais longe: colocou flores
na água e as expôs ao sol, tomou o elixir e gotas de orvalho presentes na
mesma planta, experimentando em seu próprio corpo sintomas físicos e
emocionais. Observou que tomando essa solução os sintomas diminuíam
e que a mesma desencadeava alivio em padrões similares de seus
pacientes. Descreveu existir um elo real entre emoções, somatização e
enfermidades, caminho pelo qual também se poderia estabelecer a cura.41
Nesse contexto, Dr. Bach concluiu que determinadas flores têm um
padrão vibratório que corresponde a um mesmo padrão na psiquê ou
alma humana e, surpreendentemente, as características botânicas da flor
(cor, forma, tamanho, habitat, padrões de crescimento) eram comparáveis
às características e gestos da personalidade humana a que correspondia.46
Através desse entendimento da relação entre as emoções humanas
e a energia das flores, construiu o que chamou de um “novo sistema de
cura”, onde aqueles que não são médicos ou enfermeiros poderiam cuidar
de seus semelhantes exercendo prática simples, por meio do uso das
essências florais.41
Nesses quatro anos de procura e pesquisa, após testar diversas
espécies de plantas e observar como seu próprio comportamento e
emoções se estabeleciam como causadores de doença, descreveu as 38
essências florais, obtidas a partir de 34 espécies de planta silvestres, três
espécies cultivadas (não nativas da Inglaterra) e uma delas obtida da água
de uma nascente. Além dos 38 florais, achou necessário estabelecer um
floral direcionado a situações de emergência, o Rescue Remedy, que
Introdução | 27

obteve de uma mistura de cinco dos 38 florais que achara. Aprimorando e


padronizando o método de obtenção dos florais, Bach estipulou que a
maioria das essências florais seria obtida a partir da imersão das flores
frescas em água de mananciais, colocadas em um recipiente transparente,
posteriormente exposto ao sol durante as primeiras horas do dia, período
em que o sol apresenta maior incidência de luz na Terra (método “solar”).
No caso dos florais obtidos a partir de folhas e ramos da planta, a
obtenção dos florais se daria através do método de ebulição (método
boiling), também com água de manancial. E, por último, o floral
proveniente da própria água de nascente, sofre somente tratamento para
que possa ser utilizado sem riscos.45 Após essas descrições, escreveu,
assim, os fundamentos da sua nova medicina.
Dr. Bach, após entender que tinha achado todas as essências
necessárias para o seu novo método de tratamento, agrupou as 38
essências descritas de acordo com o estado mental de cada paciente,
dividindo-as em sete emoções básicas ramificadas no psiquismo humano,
que seriam os sete grupos de atuação dos florais, dispondo-as como
esquematizado na tabela Tabela 1. 41,42,43

Tabela 1. Florais de Bach segundo grupo de atuação e significado particular. São Paulo,
2009.

Para os que sentem medo


Essências de flores que despertam encorajamento para realizar as ações mais
simples do cotidiano e enfrentar aquelas mais desafiantes
Rock Rose Pânico generalizado
Medo de certas situações bem definidas, tais como cães,
Mimulus
elevadores etc.
Está sob imensa tensão; não consegue se desapegar;
Cherry Plum
receia um colapso
Aspen Medos vagos; não sabe dizer de quê; capta atmosferas
Vive medos relacionados com outras pessoas, com as quais
Red Chestnut está muito ligado ou de que ainda não cortou o cordão
umbilical
(Cont).
Introdução | 28

(Continuação)

Para os que sofrem de indecisão


Essências de flores que conduzem à assertividade, clareza de propósito, vigor,
esperança, otimismo e fé
Porque ele não confia em sua própria opinião; precisa da
Cerato
aprovação dos outros
Porque, interiormente, ele está sempre indeciso entre uma
Scleranthus
coisa e outra; em geral, entre duas possibilidades
Porque se tornou cético e pessimista devido às decepções
Gentian
sofridas
Porque não tem objetivos claros para sua vida e, por isso,
Wild Oat
está descontente
Gorse Porque já se resignou intimamente
Porque acredita que lhe falta energia interior, acha que,
Hornbeam
sem estímulo, não consegue lidar com o cotidiano

Para a falta de interesse pelas circunstâncias atuais


Essências de flores que evocam presença desperta e focada no momento
presente, vigorada pela alegria
Clematis Porque seus pensamentos estão em outro lugar; sonhador
Porque se volta demais para o passado; ou
Honeysuckle supervalorizando e idealizando o passado; ou porque ainda
não assimilou certos acontecimentos
Porque não exige nada da vida e se resignou ao destino;
Wild Rose muitas vezes, apenas no nível subliminar em certas áreas
da vida
Olive Porque se exauriu e sobrecarregou-se física e mentalmente
Porque pensamentos giram constantemente em sua
White Chestnut
cabeça, dos quais não consegue se livrar
Por excesso de ingenuidade e pouca atenção às conexões
Chestnut Bud mais profundas da vida; assimilação estagnada das
experiências; problemas de aprendizado
Porque é dominado por uma sombria tristeza que aparece
Mustard
e desaparece sem razões perceptíveis

Para a solidão, reserva interior, isolamento


Essências de flores que ensinam a compartilhar os próprios dons, moldando
os ritmos pessoais para favorecer os relacionamentos
Porque acredita que é melhor enfrentar sozinho os
Water Violet
problemas; não precisa dos outros
Porque tem outro ritmo interior; para ele, nada é
Impatiens
suficientemente rápido
Não suporta a solidão; por isso tem forte necessidade de
Heather
participar, geralmente, parece egocêntrico
(Cont.)
Introdução | 29

(Continuação)

Para os que têm sensibilidade excessiva a influências e opiniões


Essências de flores que auxiliam nas transições, estimulando a transparência
e permitindo seguir livre de influências limitadoras
Sensível a tudo que possa perturbar a harmonia, como
Agrimony preocupações ou brigas; freqüente fuga na distração
(álcool, cigarros etc.)
Vulnerável a personalidades com maior força de vontade; o
Centaury paciente parece afável; não consegue dizer “não”; com
freqüência, personalidade sensível
Instável nas fases de transição física e psíquica, tais como
Walnut dentição, climatério, mudança de casa ou emprego; o novo
ainda não pôde ser assimilado
Porque ele é facilmente irritável no nível emocional;
Holly
desconfiança, ciúme, sentimento de ódio

Para o desalento e o desespero, sentimentos de deficiência e


limitação
Essências de flores que nos ajudam a estabelecer vínculos através da
profunda coragem da aceitação do outro e de nós mesmos
Larch Porque lhe falta autoconfiança; sentimento de inferioridade
Porque tem um falso sentimento de culpa, faz demasiadas
Pine
censuras a si mesmo e se apega a elas
Porque no momento ele acredita, contra seu próprio
Elm
julgamento, que não está à altura de suas tarefas
Porque ele não vê nenhuma saída e acredita que chegou
Sweet Chestnut
ao limite de suas forças
Porque ainda está atordoado por um acontecimento
Star of
desagradável ou não conseguiu superar um choque; “o
Bethlehem
confortador da alma”
Porque está amargurado, ressentido e se sente tratado de
Willow
modo injusto pelo destino
Porque luta com perseverança contra todas as dificuldades
Oak
e sempre surgem novas dificuldades
Porque acredita ter impurezas interna ou externamente;
porque o princípio da ordem interior está perturbado e ele
Crab Apple
quer reconstruí-lo o mais depressa possível; a “essência da
purificação”
(Cont.)
Introdução | 30

(Continuação)

Para a excessiva preocupação com o bem-estar dos outros


Essências de flores que nos ajudam a amar com compaixão, fluindo com
tolerância pelo “caminho do meio”
Atitude manipuladora; acredita que precisa exercer
Chicory influência e se decepciona quando esta influência não é
aceita
Na ânsia de advogar uma idéia, exaure suas energias; não
Vervain
consegue parar; ímpeto missionário
Quer impor sua vontade a qualquer preço, pouca
Vine
consideração pelos outros
Reconhece de imediato pontos fracos de uma situação,
Beech
mas não consegue aceitá-los, reagindo com críticas
Estabelece altos padrões teóricos para si e é rígido consigo
Rock Water
mesmo; reprime necessidades vitais
Fonte: SCHEFFER, M. A terapia original com as essências Florais de Bach: um guia para médicos e
terapeutas, dentro dos conceitos originais do Dr. Bach. São Paulo: Pensamento. (1995)46

Além de estarem agrupados de acordo com os tipos a que


correspondem, cada floral tem uma ação particular, como colocado na
Tabela acima. 41,42,43
Assim como uma música suave ou uma bela obra de arte evocam
sentimentos profundos em nossa alma, alterando desde o padrão
respiratório até a freqüência cardíaca, as forças vitais transmitidas por
cada essência floral desperta qualidades particulares na alma humana
através do fenômeno de ressonância. Podemos, então, designar a água
que contém as flores como a receptora de uma espécie de impressão
holográfica† das qualidades essenciais da planta, onde cada gota guardará
a configuração completa do arquétipo da mesma. Após a diluição da
essência floral, a substância química da infusão é atenuada, de modo que
ela deixa de ser bioquimicamente significativa, e as poucas gotas
altamente diluídas que são administradas aos indivíduos estão
impregnadas com toda a informação vibracional da flor utilizada.43


Fotografia especial em três dimensões criada por padrões de interferência de energia e demonstram
que cada parte pode conter a essência do todo, concepção semelhante ao principio da homeopatia,
onde os remédios homeopáticos produzem um efeito nos campos energéticos humanos através da
chamada “Lei dos semelhantes” (Kaminski; Katz, 1996)
Introdução | 31

As essências florais possuem uma conformação eletromagnética


harmônica de suas partículas, característica das plantas, que ao entrar em
contato com o campo eletromagnético em discordância, desarmônico,
apresentado pelo individuo que a ingeriu, é capaz de harmonizá-lo,
atuando através de ondas de energia sutil em níveis subatômicos,
equilibrando os fluxos de energia desses campos a que são
designadas.47,48
Os princípios que regem esse fenômeno são ditados pela Física
Elementar, que, no caso, pode ser esclarecido pelo princípio da
ressonância, definido como a transferência de energia de um sistema
oscilante para outro com freqüência similar, até que a freqüência de
ambos coincida. A harmonização proporcionada pelo floral em uma
característica específica apresentada pelo individuo pode ser comparada
à afinação de um piano, por exemplo, onde uma determinada corda é
esticada e tocada até que o diapasão vibre, dizendo-se, então, que aquela
corda está em ressonância com o diapasão, o qual, como se sabe, possui
uma freqüência única de vibração pré-estabelecida para uma nota
específica.45
As essências atuam através da ressonância vibracional e não por
reações bioquímicas, e sua ação no corpo humano incita um diálogo
interior com os aspectos ocultos do nosso Eu (consciente x inconsciente),
despertando profundos arquétipos psicológicos e dando-nos acesso às
suas mensagens, proporcionando, desse modo, mudanças emocionais e
mentais profundas que poderão também produzir ou corrigir alterações
fisiológicas. Elas agem como catalisadores que estimulam e energizam o
processo de transformação interior, ao mesmo tempo em que nos deixam
livres para desenvolvermos as nossas capacidades inatas. Neste trabalho,
espera-se que o uso dos Florais de Bach torne possível tal diálogo entre o
consciente e o inconsciente, possibilitando ao idoso a compreensão do seu
sentimento de baixa auto-estima, tornando-o capaz de modificá-lo através
Introdução | 32

de uma nova leitura dos fatores que influenciam na formatação desse


sentimento, esperando-se que reaja positivamente a esses fatores ou
evite-os, aumentando assim a sensação de bem-estar.43
Logo, as essências florais encorajam a mudança ao invés de forçá-
las, dispondo-se como instrumentos para a manutenção da qualidade de
vida, pois mantêm a ligação entre o corpo, a mente e a alma, colocando os
conflitos dessa tríade evidentes para nós mesmos, possibilitando assim a
resolução dos mesmos antes que se consolidem como uma situação
desagradável ou uma doença.
Na tentativa de demonstrar o efeito do floral sobre os conflitos
mentais, há um estudo de coorte, transversal, realizado em 2004 na
Nicarágua, que acompanhou 60 pacientes com diagnóstico de estresse,
tratados no Centro médico Club de Alérgicos y Asmáticos Dr. Wilse Varona,
dos quais 50 indivíduos utilizavam Florais de Bach como parte do
tratamento e dez não utilizavam os Florais. O estudo demonstrou a
eficiência da terapia floral para a maioria dos pacientes, sendo que 25 dos
50 pacientes que utilizavam florais apresentaram diminuição da fadiga e
da sensação de cansaço, seis apresentaram aumento do estado de ânimo e
oito eliminaram a ansiedade ou a diminuíram até níveis não
prejudiciais.49
Um estudo experimental do tipo ensaio clínico realizado em Cuba,
entre setembro de 2004 e março de 2005, avaliou a eficácia dos Florais da
Califórnia sobre o estresse de 25 pacientes, sendo que outros 25, também
com diagnóstico de estresse, foram submetidos ao uso de placebo para
comparação. Os resultados obtidos apontaram que 100% dos pacientes
que utilizaram a terapia floral apresentaram evolução satisfatória,
voltando rapidamente a suas atividades diárias. Destes, 80% não
apresentaram mais ao fim do estudo os sintomas referidos no início e
outros 20% apresentaram melhora desses sintomas.50
Introdução | 33

Pela Teoria do Imaginário de Gilbert Durant e do teste AT.9 foi


possível evidenciar a terapia floral como meio de diagnóstico e
coadjuvante em terapia psicológica. Os florais de Bach mostraram a
redução no número de indivíduos que apresentaram perfis
desestruturados de oito para somente um, ajudando o terapeuta a
visualizar e compreender o processo de cada sujeito e o movimento
interno das elaborações e, assim, poder direcioná-lo de forma focada e
eficiente.51
Tem-se por hipótese, então, que as essências Florais de Bach
elevarão a auto-estima do idoso e que tal sentimento contribuirá para que
o indivíduo modifique os significados de sua vida nas dimensões física,
psicológica e social, percebendo sua vida, sua saúde e si mesmo com mais
otimismo.
Objetivo | 34

OBJETIVO
"Quando duas pessoas trocam seus pães, cada uma volta com
um pão. Quando trocam idéias, voltam com duas idéias"
(Budha)
Objetivo | 35

2. Objetivo

Avaliar a efetividade dos Florais de Bach sobre a auto-estima de


idosos com mais de 60 anos‡.


A ONU adota a idade de 60 anos como a idade de transição das pessoas para o segmento idoso da
população. Esse critério é válido apenas para os países em desenvolvimento, adotando-se 65 anos
para os países desenvolvidos, pelo fato da expectativa de vida ser maior11.
Metodologia | 36

METODOLOGIA
“O otimismo é a fé que leva à realização. Nada pode ser feito
sem esperança ou confiança.”
(Helen Keller)
Metodologia | 37

3. Metodologia

Tratou-se de um estudo experimental do tipo ensaio clínico, triplo-


cego, pelo fato de o pesquisador que aplicou a intervenção, o sujeito de
estudo e o estatístico desconheciam em qual dos grupos cada sujeito de
estudo estava alocado.
É assim classificado por consistir em uma intervenção intencional que
parte da “causa” em direção ao “efeito”, cujo objetivo é avaliar a eficácia
de um dado tratamento ou intervenção através da comparação dos
resultados entre os grupos de intervenção e de controle, sendo
necessária, então, a alocação aleatória dos sujeitos de pesquisa nos dois
grupos previstos para tal estudo: o de intervenção, o qual receberá o
tratamento proposto, e o de controle, que receberá o tratamento não-
experimental - placebo (substância inerte).52,53

3.1 Aspectos éticos

O projeto foi submetido à aprovação pelo Comitê de Ética em


Pesquisa da EEUSP (Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo), recebendo parecer favorável (ANEXO 1).
Além disso, foi solicitada autorização por escrito aos responsáveis
da Unidade Básica de Saúde (ANEXO 2) e do Hospital escolhidos para a
pesquisa, sendo que no último houve a necessidade do projeto ser
submetido ao Comitê de Ética local, recebendo também parecer favorável
(ANEXO 3).
A cada participante do estudo apresentou-se o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 4) após explicação individual
sobre o funcionamento e utilização dos Florais de Bach e cronograma e
logística da pesquisa.
Metodologia | 38

3.2 Local de Estudo

A coleta de dados iniciou-se em um Centro de Saúde referência para


atendimento de idosos, o Centro de Saúde Escola Paula Souza (CSE). Após
seis meses de coleta de dados observou-se que os pacientes que
compareciam ao atendimento eram em sua maioria idosos que já haviam
preenchido o instrumento de auto-estima, sendo necessária a busca por
outro local de coleta de dados para completar a amostra do estudo. Após
tentativas em diversos serviços, obteve-se autorização para coleta de
dados no ambulatório de geriatria do Hospital do Servidor Público
Estadual (IAMSP), posterior à submissão ao Comitê de Ética local. Neste
local, a coleta de dados estendeu-se por oito meses.

3.3. População

A população de estudo foi constituída de indivíduos idosos de


ambos os sexos atendidos regularmente em ambulatórios de atendimento
geriátrico alocados em dois ambulatórios da cidade de São Paulo
escolhidos para a coleta de dados.
Foram incluídos no estudo, idosos com as seguintes características:
• mais de 60 anos de idade;
• alfabetizados§;
• escore inicial de auto-estima menor ou igual a 8** identificado pelo
instrumento de Dela Coleta54 (ANEXO 5);
• capacidade de verbalização;

§
A alfabetização e cognição mínimas dos participantes são necessárias para possibilitar-lhes
responder o questionário sem interferência de outros indivíduos ou erros de interpretação.

** O valor do escore de auto-estima limite para inclusão no estudo foi elevado de 5 para 8 após o
inicio da coleta de dados devido ao baixo número de idosos que preenchiam o menor escore,
impossibilitando o alcance da quantidade de indivíduos estipulados para a amostra.
Metodologia | 39

• interesse em participar da pesquisa.

Foram excluídos do estudo, idosos com as seguintes características:


• em uso de medicamento para ansiedade ou depressão;
• alteração cognitiva avaliada pelo teste Mini-mental55(ANEXO 6);
• em uso de alguma prática complementar energética em saúde como
Essências Florais, Cromoterapia, Aromaterapia, Acupuntura, Reiki,
Toque Terapêutico, entre outros.

3.3.1. Grupos de estudo


Grupo Experimental: constituído por idosos que receberam os
frascos identificados como “Essência floral”, contendo uma solução de
conhaque a 30%, de vinagre de maçã ou glicerinada e as essências florais
do repertório Florais de Bach identificadas no atendimento.
Grupo Placebo: constituído por idosos que receberam os frascos
identificados como “Essência floral”, contendo apenas uma solução de
conhaque a 30% %, de vinagre de maçã ou glicerinada.
A alocação dos sujeitos em cada grupo foi feita pela técnica
probabilística sistemática. Realizou-se um sorteio para identificar
numericamente o grupo placebo e o grupo experimental. Após esta
definição sorteou-se em qual dos grupos se alocaria o indivíduo do
primeiro atendimento. A partir desta definição, os indivíduos foram
alocados intercaladamente nos grupos segundo a ordem do primeiro
atendimento.
Um enfermeiro treinado foi responsável pelo preparo dos frascos. O
idoso, após o atendimento em terapia floral, apresentava a prescrição das
essências ao enfermeiro que preparava a fórmula de florais de acordo
com o grupo onde o idoso seria alocado, conforme seqüência do sorteio
realizado previamente. Foram elaboradas duas listas de idosos segundo o
grupo a que pertenciam, placebo ou experimental que ficaram de posse do
Metodologia | 40

enfermeiro responsável pelo preparo das soluções. Ao final de cada


atendimento, o pesquisador fazia o agendamento da próxima consulta
com o idoso de acordo com a disponibilidade do cliente. No terceiro
atendimento, os idosos de ambos os grupos receberam novos frascos
contendo as essências florais escolhidas, permitindo, desta forma, que
todos tivessem acesso ao tratamento.
Ao término da coleta de dados, as listas com a identificação dos
idosos segundo o grupo a que pertenciam foi lacrada num envelope e
aberta ao término da análise dos dados para a elaboração do relatório de
resultados.

3.3.2. Amostra
Não foi possível o cálculo do tamanho da amostra inicialmente, pois
não havia na literatura estudo experimental do tipo ensaio clínico que
tivesse utilizado a escala de auto-estima de Dela Coleta para avaliação
desse sentimento em idosos, que oferecesse referência de prevalência de
tal sentimento na faixa etária indicada.
Desta forma, decidiu-se juntamente ao estatístico por uma amostra
inicial de 30 idosos em cada um dos dois grupos de estudo (experimental
e placebo). Para efeitos de perda do seguimento, optou-se por uma
amostra de 40 indivíduos em cada grupo.
Ao longo da coleta de dados abordou-se para avaliação da auto-
estima 237 (39,0%) idosos no CSE e 370 (61,0%) no hospital, para que se
alcançasse a amostra de 80 idosos que preenchessem os requisitos de
inclusão no estudo e com interesse em participar da pesquisa.
Ao longo da coleta de dados 16,2% dos idosos participantes da
pesquisa foram excluídos. Todas eram mulheres, sendo que oito eram
atendidas do CSE e cinco no IAMSP, e nove (22,0%) eram do Grupo
Placebo e quatro (10,0%) do Experimental. Não houve diferença
Metodologia | 41

significativa entre os grupos (p=0,265; Teste de Qui-Quadrado com


correção de Yates).
Considerando o tempo que permaneceram na pesquisa, dez foram
excluídas antes do segundo encontro e três antes do terceiro encontro. DE
acordo com o motivo de exclusão, no Grupo Placebo: três referiram
sentir-se mal após iniciar uso do floral, duas desistiram de tomar o floral
por motivos pessoais, três desistiram por esquecer muitas vezes de tomá-
lo, uma iniciou uso de antidepressivo e em uma1 a história do paciente foi
extraviada; no Grupo Experimental: uma sentiu-se mal após iniciar uso do
floral, duas desistiram de tomar o floral por motivos pessoais e uma
iniciou uso de antidepressivo.

3.4. Coleta de dados

3.4.1. Instrumentos utilizados

Mini-Mental: Para avaliar a capacidade cognitiva dos idosos


sujeitos da pesquisa e certificar sua competência para responder aos
questionários, fornecendo dados reais e fidedignos, foi utilizado o teste
Mini-Mental, constituído de 19 itens direcionados a avaliar a capacidade
cognitiva e a orientação em tempo e espaço.55
Tal instrumento, já validado para utilização no Brasil, foi aplicado
pelo pesquisador, na ordem em que são dadas as questões. O escore total
foi calculado pela soma da pontuação atribuída em cada questão
respondida corretamente.
Os indivíduos que apresentaram no teste mini-mental escore
correspondente à possível demência, ou seja, escore menor que 24,
quando eram altamente escolarizados, menor que 18, quando tinham
escolaridade até o ginásio, e menor que 14, quando eram analfabetos,
foram excluídos do estudo por não apresentarem capacidade cognitiva
necessária para responderem os questionários com autenticidade.
Metodologia | 42

Escala de auto-estima de Dela Coleta: Para a classificação da


auto-estima dos sujeitos da amostra utilizou-se um questionário
elaborado e validado por Dela Coleta, constituído de quinze afirmações
sobre as avaliações que o sujeito faz sobre si mesmo. Para cada afirmação,
o sujeito escolheu uma dentre duas opções: concordo (C) ou discordo (D).
O grau de auto-estima foi fornecido através de um gabarito, que atribuiu
um ponto para cada resposta em acordo e zero ponto para cada resposta
em desacordo nas questões 5, 6, 7 e 8 e vice-versa para as questões
restantes. A pontuação máxima é de quinze pontos e a mínima é de zero
ponto, considerando-se baixa auto-estima o escore entre 0 e 5, média
auto-estima o escore entre 6 e 10 e alta auto-estima o escore entre 11 e
15. 54
Essa escala foi escolhida para este estudo por ser mais abrangente,
com boa confiabilidade (alfa de Cronbach) e por ter sido construída na
língua portuguesa (não tendo, então, erros de tradução ou inadequação
cultural). Ela foi construída a partir dos itens de outras escalas utilizadas
na literatura da área. A qualidade discriminativa dos itens da escala foi
considerada adequada, pois a maioria apresentou altos coeficientes de
correlação com os escores obtidos na escala como um todo. Os quinze
itens com maiores escores de correlação foram selecionados para compor
o instrumento de medida.54

3.4.2. Procedimento para coleta de dados


Os sujeitos foram abordados de acordo com o fluxo combinado
com a instituição escolhida para coleta de dados (após o pré-atendimento
de enfermagem, enquanto aguardavam a consulta). Após apresentar a
finalidade da pesquisa, aqueles que concordaram em participar da
pesquisa foram submetidos à avaliação do seu estado mental cognitivo
(teste mini-mental). Os que apresentaram capacidade cognitiva aceitável
Metodologia | 43

responderam, então, ao questionário de avaliação da auto-estima


(instrumento de avaliação da auto-estima de Dela Coleta).
Primeiro atendimento: os sujeitos que apresentaram escore igual
ou menor que oito pelo instrumento de auto-estima participaram de um
atendimento em terapia floral com a pesquisadora que tem formação para
esse tipo de atendimento. Neste atendimento foi realizada uma entrevista
com o idoso de acordo com o instrumento elaborado (ANEXO 7) para
colher informações referentes aos dados sócio-culturais-demográficos
(sexo, idade, estado civil, número de filhos, com quem reside, se exerce
alguma atividade profissional e que trabalho desenvolve, renda e
religião), dados de morbidade (problemas de saúde, uso de
medicamentos) e alguns hábitos de vida (atividade de lazer e ocupação
diária). Após a entrevista, o pesquisador identificou as essências
escolhidas pelos idosos para a fórmula e fez a prescrição.
O idoso após o atendimento foi encaminhado ao enfermeiro
responsável pelo preparo da fórmula. O enfermeiro após o preparo da
solução reteve a prescrição porque de posse da prescrição o idoso poderia
comprar uma fórmula nas farmácias de manipulação, gerando um viés
nos resultados.
Foram realizados três encontros no atendimento em terapia floral,
um a cada 45 dias aproximadamente, tempo normalmente praticado por
terapeutas florais, sendo necessários dois frascos de solução para cada
um dos atendimentos.
Segundo atendimento: foi avaliada novamente a auto-estima, o
cliente apresentou sua percepção sobre a utilização da solução, teceu
comentários sobre sua vida após o último atendimento e foi feita nova
escolha dos Florais de Bach dando continuidade ao tratamento.
Terceiro atendimento: repetiu-se o processo do segundo
atendimento. Neste encontro, além de todos os idosos receberem dois
frascos com a fórmula de essências florais escolhidas, a prescrição foi
Metodologia | 44

liberada a eles para que pudessem, de acordo com seu interesse, comprar
novos frascos posteriormente em farmácias de manipulação. Além disso
foi participado ao idoso o significado das flores escolhidas.

Escolha do buquê de essências: Não foi estipulado um único floral


para todos os pacientes, pois a auto-estima é influenciada por muitos
fatores (auto-imagem, solidão, memórias e ensinamentos da infância,
situação financeira e social) que são compreendidos e superados (ou não)
de diferentes formas por cada indivíduo, como descrito anteriormente.
Para a escolha dos Florais de Bach que compuseram o tratamento
de cada participante foi utilizado o método da escolha por afinidade das
flores utilizando-se uma adaptação da técnica descrita por Barnao e
Barnao. A pessoa separa as flores que mais gosta, as neutras e as que
menos gosta ou detesta. A flor que gostamos traz o sentimento de ajuda
nos processos de mudança ou uma sensação de positivismo, serenidade e
despreocupação nas situações que conscientemente lutamos para
solucionar, indicando que estamos abertos à cura desta flor, resultando
assim, numa atração positiva. A reação neutra manifesta que os temas que
esta flor aborda não tem ressonância importante para nós no momento, e
desta forma, a flor não interage fortemente com nosso estado mental. Já a
flor que não gostamos revela em seus temas pensamentos que a pessoa
gostaria de silenciá-los dentro de si, por causa de uma memória dolorosa
ou pela repulsão de encarar um estado negativo dentro de nós mesmos, a
nossa “sombra”.56
Cartões com as fotos das flores do Dr. Bach foram entregues ao
cliente para que ele escolhesse as imagens das flores uma a uma olhando-
as num ritmo firme e razoavelmente rápido para que a escolha não fosse
influenciada pelo intelecto. O cliente separou as flores que lhe agradaram
(reação positiva) e as que lhe desagradaram (reação negativa) das
neutras (que foram descartadas). As fotos das flores selecionadas pelo
Metodologia | 45

cliente foram re-selecionadas até que se reduzissem a dez pela


intensidade do efeito que a imagem lhe trouxesse quando foram
mescladas e abertas sobre a mesa para que o cliente selecionasse as seis
imagens que mais lhe causaram impacto, não importando se trouxessem
uma sensação de agrado ou desagrado. As flores finais foram anotadas na
mesma folha do roteiro de entrevista e um uma folha a parte para que o
enfermeiro preparasse o frasco.
Neste método o sujeito escolhe intuitivamente as flores que
necessita para superar sentimentos negativos, como a baixa auto-estima.
Essa escolha intuitiva é possível, pois, como Bach descreveu quando
formatou este tratamento, cada flor tem um gestual (forma, estrutura,
formação da raiz, cor, numero de pétalas, delineamento das flores entre
outros) que corresponde a um estado de espírito ou tipo de
temperamento humano††.
Este método diminui possíveis vícios de seleção provenientes da
influência da pesquisadora sobre a escolha dos florais. Além disso, o
significado do buquê de flores escolhido não foi comentado para evitar
que o idoso se sugestionasse ou fizesse alguma relação das flores com seu
estado emocional. A efetividade das essências florais é questionada por
alguns profissionais que atribuem o efeito das essências à discussão do
significado das flores que compõem o buquê da fórmula com o cliente e
não às essências em si. Por isso, optou-se para utilizar apenas o método
de escolha das flores pelas fotografias nos dois primeiros encontros para
que não houvesse uma influência decorrente de um relacionamento
terapêutico, embora a própria imagem da flor possa iniciar um processo
de ressonância vibracional. No último encontro, o pesquisador realizou o

††
Como exemplo dessa correlação: Larch (recomendado para quem não tem confiança em si
mesmo) – é uma conífera, cujos galhos projetam-se para o chão, tendendo a ponteira da árvore a se
curvar, dando a impressão de que a árvore quer se pendurar, cheia de desânimo. A formação da
folhas dá a árvore uma aparência de inacabada, empacada entre estágios. Quando as folhas caem,
tem-se a impressão de que a árvore está morta. Larch é uma árvore muito mais forte do que
aparenta ser, que se adapta e se recupera com rapidez das temperaturas extremas e da falta de
água; resistente a avalanches, já que os galhos desnudos (folhas em forma de agulha) não são
arrastados pelo peso da neve. As pessoas Larch têm muito mais força do que acreditam ter.
Metodologia | 46

mesmo método de escolha, mas apresentou ao idoso o significado das


essências escolhidas correlacionando-o com os dados obtidos na
entrevista e nos atendimentos anteriores.

3.5. Análise dos dados

Os resultados obtidos no estudo foram expressos por freqüências


absolutas e relativas ou por médias e desvios padrão e ilustrados por
gráficos e tabelas.
Os grupos foram comparados em relação às características sócio-
econômico-culturais e clínicas utilizando-se o teste de associação pelo
qui-quadrado (variáveis qualitativas) e Mann-Whitney (variáveis
quantitativas).
Foram comparadas as médias dos escores obtidos pelo instrumento
de avaliação da auto-estima entre os dois momentos – do 1° para o 2°
atendimento e do 2° para o 3° atendimento, segundo o grupo de
intervenção, utilizando-se a análise de variância com dois fatores, sendo
um fator a medida independente (grupo de intervenção) e o outro a
medida repetida (momento antes e depois). As comparações múltiplas
forem realizadas pelo Teste de Tukey-HSD.
Para os testes estatísticos adotou-se um nível de significância de
5% (p≤0,005).
Aplicou-se o teste de confiabilidade Alfa de Cronbach para avaliar a
consistência interna do instrumento de auto-estima obtendo-se um valor
de 0,780.
Utilizou-se o software SPSS (Statistical Package for Social Sciences)
para a maior parte da análise dos dados e o software ESTATÍSTICA para
realização do Teste de Tukey-HSD.
Metodologia | 47

Para avaliação dos dados históricos relatados pelos idosos durante


cada atendimento optou-se pela categorização dos sentimentos e
problemas apresentados e análise da freqüência e intensidade que
apareceram entre os idosos de cada grupo de estudo, em cada
atendimento. A partir das freqüências e intensidades dos sentimentos e
problemas relatados pelos idosos entre o primeiro e o último
atendimento, classificou-se de forma global, para cada idoso, a ocorrência
de melhora ou não dessas condições em uma escala de quatro estágios, a
saber: nenhuma melhora, utilizada quando não se observou nenhuma
alteração dos sentimentos e problemas relatados ou piora dos mesmos;
pouca melhora, quando houve alguma alteração positiva dos sentimentos
e problemas; média melhora, quando se observou a alteração positiva de
aproximadamente metade dos problemas e sentimentos relatados; e
muita melhora, quando o idoso apresentou alteração positiva da maioria
ou totalidade dos sentimentos e problemas apresentados inicialmente.
Resultados | 48

RESULTADOS
“Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu
faço com o que fizeram de mim.”
(Jean-Paul Sartre)
Resultados | 49

4. Resultados

4.1. Características de auto-estima dos idosos avaliados

De Abril/2008 a Julho/2009 foram aplicados 665 instrumentos


para avaliação da auto-estima em idosos que concordaram com a
avaliação para identificar seu escore de auto-estima - 237 (35,6%)
estavam inscritos no ambulatório de geriatria do CSE e 428 (64,4%) no
ambulatório de geriatria do IAMSP. Os idosos que apresentaram escore
menor ou igual a oito foram convidados a participar do estudo.
Entre os idosos avaliados no CSE, 70,0% era do sexo feminino e
30,0% do sexo masculino, e no IAMSP 69,4% era do sexo feminino e
30,6% do sexo masculino (Fig.3); de uma forma geral 82,3% apresentava
idade entre 65 e 84 anos (Fig.4), com mediana em 74 anos, sendo que no
CSE a média de idade dos idosos abordados foi menor que a encontrada
entre os idosos do IAMSP (73,3 e 75,3 anos, respectivamente); dos 665
idosos abordados, 6,3% apresentou pelo instrumento de avaliação de
auto-estima escore referente à baixa auto-estima (escore de 0 a 5), 23,9%
escore referente à média auto-estima (escore de 6 a 10) e 69,8% escore
referente à alta auto-estima (escore de 11 a 15), sendo que a média de
auto-estima apresentada pelos idosos em ambos locais de estudo foi
muito próxima (11,2 no CSE e 11,5 no IAMSP) (Fig.5).
Resultados | 50

Figura 3. Freqüência relativa do sexo dos idosos avaliados inicialmente,


segundo local de atendimento. São Paulo, 2009.

Figura 4. Freqüência relativa da faixa etária dos idosos avaliados inicialmente,


segundo local de atendimento. São Paulo, 2009.
Resultados | 51

Figura 5. Freqüência relativa do escore de auto-estima dos idosos avaliados


inicialmente, segundo local de atendimento. São Paulo, 2009.

Entre os 665 idosos avaliados, 15,9% (106) apresentou escore de


auto-estima menor ou igual a 8, porém somente 80 (12,0%) idosos
preencheram também os outros critérios de inclusão do estudo e
concordaram em participar da pesquisa de intervenção. Os idosos que não
concordaram em participar da pesquisa, em sua maioria, utilizavam
medicação antidepressiva ou ansiolítica ou não dispunham de tempo para
participar da intervenção.
Resultados | 52

4.2. Características sócio-demográficas dos grupos de estudo

Dentre os participantes da intervenção observou-se o predomínio


de mulheres em ambos os grupos (Tabela 2). Essa desproporção ocorreu,
porque o número de idosos do sexo masculino atendidos pelos serviços
escolhidos para coleta de dados era menor que o de idosas, além de que
dentre os 21 homens elegíveis pelo valor de auto-estima, apenas 52,4%
(11) aceitou participar da intervenção contra 63,3% (56) dentre as 88
idosas avaliadas elegíveis. Também, uma parte dos homens abordados
para avaliação da auto-estima recusava-se a realizar tal avaliação,
diminuindo o número total de homens avaliados e, provavelmente, o
número de homens elegíveis.

Tabela 2. Distribuição de idosos segundo sexo e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.
Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Sexo N % N % N %
Feminino 26 81,3 30 85,7 56 83,6
Masculino 6 18,8 5 14,3 11 16,4
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

Metade dos participantes tinha até 74 anos de idade (Tabela 3). No


Grupo Placebo houve maior concentração de idosos de 75 a 84 anos e
menor concentração de idosos entre 70 e 74 anos de idade quando
comparado ao Grupo Experimental.
Resultados | 53

Tabela 3. Distribuição de idosos segundo faixa etária e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Faixa Etária N % N % N %
60 a 64 anos 6 18,8 5 14,3 11 16,4
65 a 69 anos 9 28,1 11 31,4 20 29,9
70 a 74 anos 6 18,8 11 31,4 17 25,4
75 a 79 anos 7 21,9 6 17,1 13 19,4
80 a 84 anos 4 12,5 1 2,9 5 7,5
85 a 90 anos - - 1 2,9 1 1,5
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

Metade dos idosos apresentava até o primeiro grau completo de


escolaridade, apesar da maior parte não ter completado o primeiro grau
(Tabela 4). No Grupo Placebo encontrou-se idosos analfabetos, mas em
pequeno número. A freqüência de idosos que apresentavam o ensino
superior completo ou incompleto foi baixa, principalmente entre os
idosos do Grupo Experimental.

Tabela 4. Distribuição de idosos segundo escolaridade e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Escolaridade N % N % N %
Analfabeto 2 6,3 - - 2 3,0
1º grau incompleto 12 37,5 12 34,3 24 35,8
1º grau completo 6 18,8 10 28,6 16 23,9
2º grau incompleto 1 3,1 2 5,7 3 4,5
2º grau completo 4 12,5 9 25,7 13 19,4
Superior incompleto 1 3,1 - - 1 1,5
Superior completo 6 18,8 2 5,7 8 11,9
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0
Resultados | 54

A proporção de idosos sem companheiro foi elevada (58,2%) e


muito próxima entre os grupos, no entanto no Placebo houve predomínio
de idosos viúvos (50,0%), enquanto no Grupo Experimental houve maior
número de solteiros (20,0%) quando comparado ao Grupo Placebo
(Tabela 5).

Tabela 5. Distribuição de idosos segundo estado civil e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Estado Civil N % N % N %
Solteiro 1 3,1 7 20,0 8 11,9
Casado 14 43,8 14 40,0 28 41,8
Viúvo 16 50,0 13 37,1 29 43,3
Desquitado 1 3,1 1 2,9 2 3,0
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

Todos os participantes referiram ter uma religião, sendo que a


maioria dos idosos era da religião católica (Tabela 6). Entre as demais, a
religião que se sobressaiu foi a protestante.

Tabela 6. Distribuição de idosos segundo religião e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Religião N % N % N %
Católica 21 65,6 19 54,3 40 59,7
Protestante 9 28,1 9 25,7 18 26,9
Outras 2 6,3 7 20,0 9 13,4
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

A proporção de idosos com prática religiosa foi elevada em ambos


os grupos, tal que 81,3% dos idosos do Grupo Placebo e 71,4% dos idosos
do Grupo Experimental afirmaram exercer a religião de alguma forma.
Resultados | 55

Em ambos os grupos de intervenção, a maioria dos idosos tinha até


dois filhos, sendo que no Grupo Experimental houve maior porcentagem
de idosos sem filhos (20,0%) (Tabela 7). O número de filhos observado
entre os participantes variou entre nenhum e 10 filhos.

Tabela 7. Distribuição de idosos segundo número de filhos e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Número de Filhos N % N % N %
Nenhum 1 3,1 7 20,0 8 11,9
1 4 12,5 3 8,6 7 10,5
2 13 40,7 11 31,4 24 35,9
3 4 12,5 8 22,8 12 17,9
4 5 15,6 3 8,6 8 11,9
5 a 10 5 15,6 3 8,6 8 11,9
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

De modo geral, a maioria dos idosos reside com familiares de


primeiro grau (Tabela 8), embora haja considerável proporção de idosos
que vivam com pessoas de outros vínculos afetivos. Observou-se também
que o número de idosos que vivem sozinhos foi maior no Grupo Placebo.

Tabela 8. Distribuição de idosos de acordo com quem reside e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Com quem Reside N % N % N %
Cônjuge 7 21,9 8 22,9 15 22,4
Filhos 4 12,5 6 17,1 10 14,9
Cônjuge e filhos 4 12,5 5 14,3 9 13,4
Sozinho 6 18,8 4 11,4 10 14,9
Irmãos - - 3 8,6 3 4,5
Outros 11 34,4 9 25,7 20 29,9
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0
Resultados | 56

A maioria dos idosos era aposentada (73,1%). Ao comparar os


grupos, a proporção de idosos aposentados foi maior no Grupo Placebo,
78,1% contra 68,6% dentre os idosos do Grupo Experimental.
Cerca de um terço dos idosos ainda trabalhava (31,3%) (Tabela 9).
No Grupo Placebo, 66,6% (6) dos que trabalham eram aposentados e no
Grupo Experimental, 58,3% (7).

Tabela 9. Distribuição de idosos segundo condição de trabalho e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Estar Trabalhando N % N % N %
Sim 9 28,1 12 34,3 21 31,3
Não 23 71,9 23 65,7 46 68,7
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

Entre os idosos do Grupo Placebo que ainda trabalhavam, a


principal atividade de trabalho era o emprego doméstico (66,6%),
enquanto que no Grupo Experimental houve maior diversidade de
atividades exercidas (Tabela 10).

Tabela 10. Distribuição de idosos segundo tipo de atividade e grupo de intervenção.


São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Tipo de Atividade N % N % N %
Atividades domésticas* 3 66,6 2 16,6 5 23,7
Auxiliar escritório/consultório 1 11,1 2 16,6 3 14,3
Costureira 1 11,1 2 16,6 3 14,3
Técnico de laboratório 2 22,2 - - 2 9,5
Vendedora de roupas - - 2 16,6 2 9,5
Atividade de nível superior** - - 2 16,6 2 9,5
Topógrafo - - 1 8,5 1 4,8
Manicure 1 11,1 - - 1 4,8
Secretário de esporte - - 1 8,5 1 4,8
Zelador 1 11,1 - - 1 4,8
TOTAL 9 100,0 12 100,0 21 100,0
*Empregada, cozinheira, passadeira ** Psicóloga, professora
Resultados | 57

Quando se observa a distribuição da renda entre os idosos


participantes da pesquisa (Tabela 11), verifica-se que a metade dos idosos
em ambos os grupos tinha uma renda de até R$1.000,00, sendo que no
Grupo Placebo houve maior concentração de idosos que recebiam até
R$500,00, enquanto que no Grupo Experimental 40,0% dos idosos
apresentaram uma renda de R$501,00 a R$1.000,00. A proporção de
idosos com renda superior a R$2.000,00 em ambos os grupos foi
semelhante. Ressalta-se ainda que 6,3% dos idosos do Grupo Placebo e
8,6% do Grupo Experimental não apresentavam renda alguma,
dependendo financeiramente de outras pessoas.

Tabela 11. Distribuição de idosos segundo renda e grupo de intervenção. São


Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Renda N % N % N %
Sem renda 2 6,3 3 8,6 5 7,4
Até R$ 500,00 12 37,5 5 14,3 17 25,4
R$ 501,00 a R$ 1.000,00 5 15,6 14 40,0 19 28,4
R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00 9 28,1 9 25,7 18 26,9
Acima de R$ 2.000,00 4 12,5 4 11,4 8 11,9
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

4.2. Condições de saúde nos grupos de estudo

Entre os participantes, 98,5% (66) referiram possuir pelo menos


um problema de saúde, todos do Grupo Placebo (32) e 97,1% do Grupo
Experimental (34).
O principal problema de saúde referido em ambos os grupos foi a
Hipertensão Arterial, 62,5% e 71,4%, respectivamente nos grupos
Placebo e Experimental (Tabela 12), seguida pela Dislipidemia. Ansiedade
Resultados | 58

e Depressão foram pouco mencionadas, provavelmente porque os idosos


com auto-estima menor que oito que faziam uso de antidepressivos e
ansiolíticos foram excluídos do estudo. Dentre as outras doenças
apresentadas destaca-se a Artrite/Artrose, dado que, na maioria dos
casos, interferia muito na vida diária do idoso pela dor que causava,
segundo relato dos clientes.

Tabela 12. Distribuição de idosos segundo problemas de saúde e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Placebo Experimental Total
Problemas de Saúde N % N % N %
Hipertensão Arterial 20 62,5 25 71,4 45 67,2
Dislipidemia 14 43,8 16 45,7 30 44,8
Artrite/artrose 6 18,8 8 22,9 14 20,9
Alterações de tireóide 5 15,6 8 22,9 13 19,4
Osteoporose 6 18,8 6 17,1 12 17,9
Diabetes 6 18,8 5 14,3 11 16,4
Ansiedade 1 3,1 4 11,4 5 7,5
Depressão 3 9,4 3 8,6 6 9,0
Asma 2 6,2 2 5,7 4 6,0
Câncer - - 1 2,9 1 1,5
Outras 23 81,2 20 57,1 43 64,2

Quase todos os participantes do estudo (95,5%) faziam uso de


medicamentos para alguns dos problemas de saúde (Tabela 13). O
número médio de medicamentos no Grupo Placebo foi de 2,9 (±2,5) com
variação de 0 e 8 medicamentos diferentes, enquanto que no Grupo
Experimental a média foi de 3,5 (± 2,6) com variação de 0 e 12
medicamentos, diferença estatisticamente não significativa (p=0,415).
Entre os participantes que usavam alguma medicação, 89,6% (60)
referiram utilizá-los regularmente, sendo 81,3% (26) naqueles do Grupo
Placebo e 97,1% (34) naqueles do Grupo Experimental. Entre os que não
Resultados | 59

utilizavam o medicamento regularmente, 85,7% (6) esqueciam de tomá-


los e 14,3% (1) proferiram que, às vezes, não tinham o medicamento em
casa (falta de condição financeira ou esqueciam de comprar).

Tabela 13. Distribuição de idosos segundo número de medicamentos e


grupo de intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Nº de Medicamentos N % N % N %
0 1 3,1 2 5,7 3 4,5
1 6 18,8 7 20,0 13 19,4
2 9 28,1 5 14,4 14 20,9
3 7 21,9 7 20,0 14 20,9
4 4 12,5 2 5,7 6 9,0
5 2 6,3 6 17,1 8 11,9
6 a 12 3 9,3 6 17,1 9 13,4
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0
Média (DP) 2,9 (±1,9) 3,5 (±2,6) 3,2 (± 2,3)
Mediana 2,5 3 3
Variação 0-8 0 - 12 0 - 12

Mais da metade dos idosos (59,7%) não desenvolvia atividades de


lazer, observando-se uma proporção maior no Grupo Experimental
(62,9%) (Tabela 14).

Tabela 14. Distribuição de idosos segundo atividade de lazer e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Atividades de Lazer N % N % N %
Sim 14 43,8 13 37,1 27 40,3
Não 18 56,3 22 62,9 40 59,7
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

A proporção de quem não praticava qualquer atividade física foi


ainda maior do que a observada na não-prática de atividade de lazer
(70,1%), com certa homogeneidade comparando os dois grupos (Tabela
15).
Resultados | 60

Tabela 15. Distribuição de idosos segundo atividade física e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Atividade Física N % N % N %
Sim 9 28,1 11 31,4 20 29,9
Não 23 71,9 24 68,6 47 70,1
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

Apenas 29,9% dos idosos mencionaram participar de atividades


direcionadas à terceira idade, com uma proporção maior no Grupo
Experimental (34,3%) (Tabela 16). A atividade física é uma prática
habitual no conjunto de atividades da terceira idade, como observado no
CSE onde se realizou a coleta de dados, no qual o grupo de terceira idade
contava com atividades físicas e trabalhos manuais na programação. Dos
idosos que desenvolviam atividades direcionadas à terceira idade, 55,0%
(11) desenvolviam atividades físicas, 37,5% (3) no Grupo Placebo e
66,6% (8) no Grupo Experimental.

Tabela 16. Distribuição de idosos segundo atividade da terceira idade e grupo de


intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Atividade Terceira Idade N % N % N %
Sim 8 25,0 12 34,3 20 29,9
Não 24 75,0 23 65,7 47 70,1
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

Com relação às atividades realizadas para distração, 21,3% dos


idosos participantes da intervenção realizavam trabalhos manuais, 19,4%
assistiam televisão e 13,9% realizam atividades intelectuais, como ler,
escrever, fazer palavras cruzadas. O restante dos idosos realizava outras
atividades para se distrair, como relacionado na Tabela 17, destacando-se
uma prática realizada como distração inesperada: “dormir”, realizada por
Resultados | 61

5,6% dos participantes com essa finalidade. Atividades de socialização em


grupo como passear, visitas as amigas, ir à igreja foram mencionadas por
poucos idosos em ambos os grupos.

Tabela 17. Distribuição de idosos segundo atividade realizada para distração e


grupo de intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Distração N % N % N %
Trabalhos manuais/artesanato 10 31,3 13 37,1 23 21,3
Assistir TV 11 34,4 10 28,6 21 19,4
Atividade intelectual1 8 25,0 7 20,0 15 13,9
Passear/visitar amigas 8 25,0 3 8,8 11 10,2
Cuidar da casa 3 9,4 3 8,8 7 6,5
Dormir 2 6,3 4 11,4 6 5,6
Caminhar em casa/na rua 3 9,4 3 8,8 5 4,6
Nada - - 5 14,3 5 4,6
Fazer compras 3 9,4 1 2,9 4 3,7
Ir a igreja 2 6,3 1 2,9 3 2,8
Cuidar das plantas 3 9,4 - - 3 2,8
Cantar 2 6,3 - - 2 1,9
Cuidar dos netos - - 1 2,9 1 0,9
Cuidar do cão - - 1 2,9 1 0,9
Navegar na internet 1 3,1 - - 1 0,9
1 ler, escrever, fazer palavras cruzadas ou sudoku.

Para verificar possíveis causas de flutuação da condição da auto-


estima dos participantes, foi perguntado a eles sobre a incidência de
algum acontecimento nos 45 dias anteriores ao dia de cada um dos três
atendimentos, dado que experiências do cotidiano também podem
influenciar a auto-estima, e em torno de 62,0% dos casos, distribuídos de
forma semelhante entre os dois grupos, houve a incidência de algum
acontecimento marcante (Tabela 18), positivo ou negativo.
Resultados | 62

Tabela 18. Distribuição de idosos segundo menção de acontecimento marcante nos


45 dias que antecederam a consulta e grupo de intervenção. São Paulo, 2009.

Grupo Grupo
Total
Placebo Experimental
Acontecimento extraordinário N % N % N %
Sim 20 62,5 22 62,9 42 62,7
Não 12 37,5 13 37,1 25 37,3
TOTAL 32 100,0 35 100,0 67 100,0

4.3. Comparação entre os grupos de estudo

Os grupos de estudo foram submetidos à comparação de suas


variáveis para verificação da homogeneidade entre eles, garantindo,
assim, uma análise estatística consistente dos resultados.
A comparação entre os grupos de estudo segundo local de
realização da coleta de dados não mostrou diferença estatística (p=0,134).
Houve também homogeneidade entre os grupos quanto às
variáveis qualitativas, como observado na Tabela 19 (p>0,05 em todos os
casos).
Resultados | 63

Tabela 19. Comparação entre as varáveis qualitativas segundo grupo de intervenção. São
Paulo, 2009.
Grupos
Grupo Grupo
Categoria P*
Variável Placebo Experimental
n % n %
Sexo Feminino 26 81,3 30 85,7
0,622
Masculino 6 18,8 5 14,3
Escolaridade Até o Ensino Fund. Comp. 20 62,5 22 62,9
0,976
Além do Ensino Fund. Comp. 12 37,5 13 37,1
Estado Cívil Não-Casados 18 56,3 21 60,0
0,756
Casados 14 43,8 14 40,0
Com quem reside Sozinho 6 18,8 4 11,4
0,401f
Acompanhado 26 81,3 31 88,6
Religião Católicos 21 65,6 19 54,3
0,345
Não-Católicos 11 34,4 16 45,7
Renda Até R$1000,00 19 59,4 22 62,9
0,770
Mais que R$1000,00 13 40,6 13 37,1
Presença de Sim 32 100,0 34 97,1
problemas de saúde 0,335f
Não 1 2,9
Aposentadoria Sim 25 78,1 24 68,6
0,378
Não 7 21,9 11 31,4
Execução de trabalho Sim 9 28,1 12 34,3
formal 0,587
Não 23 71,9 23 65,7
Aposentadoria Sim 23 76,7 24 70,6
0,583
Não 7 23,3 10 29,4
Uso de medicações Sim 31 96,9 33 94,3
0,609f
Não 1 3,1 2 3,7
Pratica lazer Sim 14 43,8 13 37,1
0,582
Não 18 56,2 22 62,9
Pratica Atividade Sim 8 25,0 12 34,3
Terceira Idade 0,407
Não 24 75,0 23 65,7
Pratica Atividade Sim 9 28,1 11 31,4
esportiva 0,768
Não 23 71,9 24 68,6
Sentiu melhora Sim 20 62,5 19 54,3
segundo atendimento 0,496
Não 12 37,5 16 45,7
Sentiu melhora Sim 21 65,6 19 54,3
terceiro atendimento 0,345
Não 11 34,4 16 45,7
TOTAL 32 100,0 35 100,0
p*= teste de qui-quadrado f = Variável que sofreu teste de Fisher - n < 5
Resultados | 64

Da mesma forma, a comparação das médias de idade, número de


filhos e número de medicamentos utilizados mostrou que ambos os
grupos eram semelhantes (Tabela 20). Observou-se que no Grupo
Experimental havia idosos de idade mais avançada (0 – 90), assim como
aqueles com maior número de medicações em uso (0 – 12). Por outro
lado, no Grupo Placebo havia idosos com maior número de filhos (até 10
filhos). A partir dessas análises verificou-se que os grupos são
comparáveis quanto às características sócio-econômicas-culturais.

Tabela 20. Comparação dos grupos com relação à média das variáveis quantitativas. São
Paulo, 2009.
Grupos
Variável Grupo Placebo Grupo Experimental p*
Idade
Média (DP) 71,2anos (±6,6) 70,7anos (±6,4) 0,855
Variação 60 – 84 60 – 90
Mediana 70 anos 70 anos
Nº de filhos
Média (DP) 2,9 (±2,0) 2,3 (±1,7) 0,203
Variação 0 – 10 0–7
Mediana 2 2
Nº de medicamentos
Média (DP) 2,9 (±1,9) 3,5 (±2,6) 0,415
Variação 0–8 0 – 12
Mediana 2 3
* Teste Mann-Whitney bi-caudal

4.4. A Auto-Estima dos idosos participantes

Dentre os idosos que foram incluídos no estudo, 31 (46,3%)


apresentaram inicialmente escore de auto-estima entre 0 e 5 referente à
baixa auto-estima, e 36 (53,7%) apresentaram escore entre 6 e 8 dentro
da faixa de média auto-estima, considerando ainda que no Grupo
Experimental a proporção de idosos com média auto-estima foi maior que
no Grupo Placebo (60,0% e 46,9%, respectivamente).
Resultados | 65

No segundo atendimento realizado, os escores obtidos pelo


instrumento de Dela Coleta indicaram melhora da auto-estima em ambos
os grupos, sendo que no Grupo Placebo observou-se que a proporção de
idosos com média e alta auto-estima foi muito próxima, enquanto que no
Grupo Experimental a proporção de idosos com média auto-estima
superou a de idosos com alta auto-estima (51,5% e 28,6%,
respectivamente) (Figura 6).

Figura 6. Freqüência relativa da condição de auto-estima, segundo


classificação de Dela Coleta, segundo grupo de estudo em cada
atendimento realizado. São Paulo, 2009.
Resultados | 66

No Grupo Experimental observou-se no terceiro atendimento que


22,9% dos idosos apresentavam baixa auto-estima, 34,3% apresentavam
média auto-estima e 42,9% dos idosos apresentavam auto-estima
elevada. Desta forma, efetivamente 2,9% dos participantes desse grupo
apresentaram piora da auto-estima e 14,3% apresentou melhora da auto-
estima.
Também neste momento referido observa-se que os idosos do
Grupo Placebo quase não apresentaram nenhuma alteração na auto-
estima, já que somente 3,1% dos participantes apresentaram elevação da
auto-estima do nível baixo para o médio.
A imagem gráfica dos dados observados na figura 6 mostra que no
Grupo Experimental houve uma redução na proporção de sujeitos com
média auto-estima ao longo do acompanhamento, bem como uma
tendência ao aumento de indivíduos com elevada auto-estima. Por outro
lado, visualmente a distribuição de idosos por grau de auto-estima no
Grupo Placebo não aponta qualquer tendência de melhora gradativa para
a elevação da auto-estima.
Ao se observar graficamente (figura 7) os escores médios de auto-
estima para cada grupo de estudo em cada atendimento nota-se uma
semelhança entre os grupos, com valores médios um pouco superiores no
segundo e terceiro atendimento para o Grupo Placebo.
Resultados | 67

Figura 7. Escores médios de auto-estima segundo grupo de intervenção, obtidos em


cada um dos três atendimentos. São Paulo, 2009.

Mesmo com essa diferença gráfica entre os grupos, apontando para


a efetiva melhora da auto-estima com o uso dos Florais de Bach, quando
foi realizada a comparação múltipla para avaliação da diferença entre os
grupos com relação às médias de auto-estima obtidas em cada
atendimento pelo teste de Tukey, cujo poder de análise é maior que os
outros testes possíveis, obteve-se diferença estatisticamente significante
somente do primeiro para o segundo atendimento, porém em ambos os
grupos, equiparando estatisticamente o uso ou não do Floral para a
melhora da auto-estima, ainda que o valor de p tenha sido menor no
Grupo Experimental entre o segundo e o terceiro atendimento (Tabela
21).
Resultados | 68

Tabela 21. Comparações múltiplas pelo teste de Tukey para avaliação da


diferença entre os grupos segundo a média da auto-estima obtida para cada
momento do estudo. São Paulo, 2009.

Grupo
Momento Placebo Experimental P*
média (dp) média (dp)
1⁰ atendimento 5,3 5,6 0,988
2⁰ atendimento 9,1 8,2 0,707
p <0,001 <0,001

2⁰ atendimento 9,1 8,2 0,880


3⁰ atendimento 9,7 9,2 0,954
p 0,373 0,117

P*= Teste de Tukey

Ao analisar as repostas obtidas separadamente em cada uma das 15


questões do instrumento de auto-estima, obteve-se que as questões
"Gostaria de encontrar uma pessoa que pudesse resolver meus
problemas" e "No todo, eu estou inclinado a sentir que sou um fracasso"
obtiveram uma melhora diferenciada no Grupo Experimental entre o
primeiro e o terceiro atendimento, comparada ao obtido no Grupo
Placebo.
Já as questões "Eu costumo ter a sensação de que não há nada que
eu possa fazer direito", "Eu desisto muito fácil das coisas que estou
fazendo" e "Geralmente estou satisfeito comigo mesmo" foram as
questões que obtiveram no Grupo Placebo uma melhora diferente da
encontrada no Grupo Experimental entre o primeiro e o terceiro
atendimento.

4.5. Os Florais de Bach escolhidos

Para melhor elucidação e discussão agruparam-se as Flores de Bach


escolhidas pelos idosos, segundo as categorias de estado emocional
definidas pelo Dr. Eduard Bach e o grupo de estudo (Tabela 22 e 23).
Resultados | 69

Tabela 22. Distribuição das Flores de Bach escolhidas pelos idosos do Grupo Placebo.
São Paulo, 2009.
Grupo Placebo
Estado Floral 1° 2° 3°
% % %
atend atend atend
Medo Aspen 8 4,2 3 1,6 8 4,2
Cherry Plum 2 1,0 6 3,1 3 1,6
Mimulus 0 0,0 1 0,5 1 0,5
Red Chestnut 11 5,7 13 6,8 13 6,8
Rock Rose 4 2,1 7 3,6 7 3,6
Indecisão/ Cerato 15 7,8 12 6,3 12 6,3
Insegurança Gentian 0 0,0 3 1,6 1 0,5
Gorse 13 6,8 7 3,6 7 3,6
Hornbeam 1 0,5 1 0,5 1 0,5
Scleranthus 2 1,0 0 0,0 0 0,0
Wild Oat 0 0,0 2 1,0 0 0,0
Desinteresse Chestnut Bud 2 1,0 2 1,0 1 0,5
Clematis 3 1,6 2 1,0 4 2,1
Honeysuckle 10 5,2 7 3,6 6 3,1
Mustard 7 3,6 8 4,2 7 3,6
Olive 0 0,0 3 1,6 1 0,5
White Chestnut 7 3,6 5 2,6 12 6,3
Wild Rose 13 6,8 13 6,8 9 4,7
Solidão/ Heather 9 4,7 7 3,6 10 5,2
Isolamento Impatiens 3 1,6 3 1,6 4 2,1
Water Violet 5 2,6 4 2,1 7 3,6
Hipersensibilidade Agrimony 4 2,1 10 5,2 2 1,0
a influências e Centaury 1 0,5 3 1,6 0 0,0
opiniões Holly 8 4,2 8 4,2 10 5,2
Walnut 2 1,0 0 0,0 2 1,0
Desespero Crab Apple 14 7,3 8 4,2 12 6,3
Elm 6 3,1 7 3,6 4 2,1
Larch 5 2,6 6 3,1 8 4,2
Oak 7 3,6 9 4,7 10 5,2
Pine 2 1,0 4 2,1 3 1,6
Star of Bethlehem 5 2,6 6 3,1 7 3,6
Sweet Chestnut 0 0,0 0 0,0 1 0,5
Willow 1 0,5 3 1,6 1 0,5
Preocupação Beech 4 2,1 4 2,1 2 1,0
excessiva com os Chicory 7 3,6 4 2,1 6 3,1
outros Rock Water 5 2,6 6 3,1 3 1,6
Vervain 4 2,1 3 1,6 5 2,6
Vine 2 1,0 2 1,0 2 1,0
Resultados | 70

Tabela 23. Distribuição das Flores de Bach escolhidas pelos idosos do Grupo
Experimental. São Paulo, 2009.
Grupo Experimental
Estado Floral 1° 2° 3°
% % %
atend atend atend
Medo Aspen 6 2,9 5 2,4 3 1,4
Cherry Plum 10 4,8 7 3,3 4 1,9
Mimulus 4 1,9 3 1,4 2 1,0
Red Chestnut 12 5,7 15 7,1 16 7,6
Rock Rose 7 3,3 6 2,9 8 3,8
Indecisão/ Cerato 11 5,2 7 3,3 10 4,8
Insegurança Gentian 2 1,0 1 0,5 1 0,5
Gorse 12 5,7 13 6,2 11 5,2
Hornbeam 0 0,0 3 1,4 3 1,4
Scleranthus 1 0,5 1 0,5 2 1,0
Wild Oat 1 0,5 3 1,4 2 1,0
Desinteresse Chestnut Bud 1 0,5 2 1,0 2 1,0
Clematis 3 1,4 4 1,9 2 1,0
Honeysuckle 15 7,1 17 8,1 14 6,7
Mustard 9 4,3 5 2,4 8 3,8
Olive 1 0,5 3 1,4 2 1,0
White Chestnut 5 2,4 13 6,2 14 6,7
Wild Rose 9 4,3 6 2,9 10 4,8
Solidão/ Heather 11 5,2 7 3,3 8 3,8
Isolamento Impatiens 3 1,4 3 1,4 6 2,9
Water Violet 4 1,9 5 2,4 1 0,5
Hipersensibilidade Agrimony 2 1,0 8 3,8 5 2,4
a influências e Centaury 2 1,0 3 1,4 1 0,5
opiniões Holly 8 3,8 6 2,9 5 2,4
Walnut 1 0,5 2 1,0 3 1,4
Desespero Crab Apple 9 4,3 7 3,3 11 5,2
Elm 3 1,4 3 1,4 4 1,9
Larch 6 2,9 8 3,8 3 1,4
Oak 10 4,8 13 6,2 11 5,2
Pine 5 2,4 3 1,4 3 1,4
Star of Bethlehem 4 1,9 2 1,0 7 3,3
Sweet Chestnut 0 0,0 0 0,0 1 0,5
Willow 3 1,4 2 1,0 3 1,4
Preocupação Beech 4 1,9 3 1,4 5 2,4
excessiva com os Chicory 11 5,2 8 3,8 6 2,9
outros Rock Water 7 3,3 5 2,4 5 2,4
Vervain 4 1,9 3 1,4 2 1,0
Vine 4 1,9 5 2,4 6 2,9
Resultados | 71

A partir daí observou-se que as essências mais escolhidas no


primeiro atendimento pelos idosos do Grupo Placebo foram Cerato, Crab
Apple, Gorse, Wild Rose, Red Chestnut, Honeysuckle e Heather e no Grupo
Experimental, Honeysuckle, Gorse, Red Chestnut, Cerato, Chicory e Heather.
No segundo atendimento, as Flores de Bach mais escolhidas pelo
Grupo Placebo foram Agrimony, Oak e, novamente, Red Chestnut, Wild
Rose, Cerato e Crab Apple. Para o Grupo Experimental, as Flores com
maior freqüência neste atendimento foram Oak, White Chestnut, Agrimony
e, novamente, Honeysuckle, Red Chestnut e Gorse.
E finalmente, no terceiro atendimento, as Flores de Bach mais
escolhidas pelos idosos do Grupo Placebo foram, de forma repetida, Red
Chestnut, Cerato, Crab Apple, White Chestnut, Oak e Heather. Para o Grupo
Experimental, as Flores com maior freqüência neste último atendimento
foram Crab Apple e, igualmente aos atendimentos anteriores, Red
Chestnut, Honeysuckle, White Chestnut, Oak e Gorse.
Percebe-se por esta análise que as Flores de Bach Honeysuckle,
Gorse, Red Chestnut e Cerato foram as mais escolhidas no primeiro
atendimento por ambos os grupos. No segundo atendimento, seguindo
essa mesma observação, destacam-se Red Chestnut, Oak e Agrimony e, por
fim, no terceiro atendimento, Red Chestnut, White Chestnut, Oak e Crab
Apple. A Flor de Bach que mais se destaca nesta observação é o Red
Chestnut, que foi a única Flor que esteve entre as mais escolhidas por
ambos os grupos nos três atendimentos.
Ainda avaliando a Tabela 23, observou-se no grupo experimental
redução de escolha das essências Aspen, Cherry Plum, Mimulus, Heather,
Water Violet, Holly, Larch, Pine, Chicory, Rock Water e Vervain no terceiro
atendimento.
No Grupo Placebo, as essências que tiveram sua escolha reduzida
foram Gorse, Scleranthus, Honeysuckle, Wild Rose, Agrimony, Elm, Beech e
Rock Water (Tabela 22).
Resultados | 72

Além disso, percebe-se pela freqüência das flores escolhidas que no


Grupo Experimental as flores tendem a serem trocadas por outras pelos
idosos, observando-se composições florais diversificadas a cada
atendimento neste grupo. Diferentemente, no Grupo Placebo, os idosos
compunham suas fórmulas com menos alterações a cada atendimento.

4.6. Sentimentos relatados

Além do sentimento de auto-estima, os idosos que participaram da


pesquisa expuseram durante os atendimentos realizados várias questões
e sentimentos vivenciados no período que estavam sendo acompanhados
e em períodos remotos que ainda interferiam diretamente e
indiretamente em suas vidas e, conseqüentemente, no sentimento de
auto-estima. Desta forma, estes sentimentos não poderiam excluir-se da
análise dos dados obtidos.
Através da categorização das histórias dos pacientes colhidas
durante os atendimentos, foi possível verificar se houve melhora da
condição geral do idoso entre o primeiro e o último atendimento. Assim,
observou-se que no Grupo Experimental os idosos, já no segundo
atendimento, apresentaram resolução de questões que os incomodavam e
prejudicavam e no terceiro atendimento a melhora foi ainda maior
(Figura 8). Já no Grupo Placebo, mais da metade (53,1%) dos idosos não
apresentaram melhora relatada e observada das questões percebidas
como negativas para si no segundo atendimento e a auto-estima
permaneceu negativamente elevada no terceiro atendimento (43,8%),
observando-se melhora pouca expressiva dentre esses idosos ao longo do
estudo do ponto de vista de sua própria percepção, apesar do escore de
auto-estima mensurado pelo instrumento de Dela Coleta indicar melhora
desse sentimento tanto do Grupo Experimental quanto do Grupo Placebo
no segundo e terceiro atendimento.
Resultados | 73

Figura 8. Freqüência de melhora observada no histórico relatado pelos idosos


entre o primeiro e último atendimento segundo intensidade da melhora e
grupo de estudo. São Paulo, 2009.

Ao categorizar as questões apresentadas nos históricos também foi


possível elencar as sensações e sentimentos mais freqüentes entre os
idosos de ambos os grupos e quantificar a melhora observada e percebida
pelo próprio idoso ao fim do estudo (Tabela 24). Dentre essas sensações e
sentimentos observados, a “satisfação consigo mesmo” e a “satisfação com
o sono” foram as que obtiveram maior melhora (43,8% e 42,9%,
respectivamente) entre os idosos do Grupo Placebo que apresentaram
Resultados | 74

tais questões desajustadas no início do estudo. No Grupo Experimental, a


“sensação de respeito por parte dos parentes e amigos” e a “satisfação
com a saúde” foram as questões com maior melhora (58,3% e 46,7%,
respectivamente).

Tabela 24. Algumas sensações e sentimentos que sofreram alteração durante o estudo. São
Paulo, 2009.

N° melhoras no
N° melhoras
Grupo
Sensações e sentimentos no Grupo % %
Experimental
Placebo (n)*
(n)*
Satisfação com a sua saúde 8 (24) 33,3 14 (30) 46,7
Aproveitamento/desfrute da vida 3 (24) 12,5 5 (24) 20,8
Valorização da própria vida 1 (8) 12,5 3 (13) 23,1
Disposição no dia-a-dia 6 (15) 40,0 4 (23) 17,4
Aceitação da aparência física 6 (17) 35,3 2 (20) 10,0
Satisfação com o sono 9 (21) 42,9 1 (17) 5,9
Satisfação consigo mesmo 7 (16) 43,8 9 (21) 42,9
Satisfação com suas relações com
6 (15) 40,0 6 (15) 40,0
parentes e amigos
Sensação de respeito por parte dos
- (11) - 7 (12) 58,3
parentes e amigos
*n= número de idosos que apresentaram no primeiro atendimento queixa das sensações e sentimentos citados.

Percebeu-se dentre as questões expostas nos históricos colhidos


dos idosos durante os atendimentos que a preocupação excessiva com os
familiares e parentes estava presente na maior parte dos casos, porém
não foi observada até o terceiro encontro a resolução desse sentimento
por parte da maioria dos idosos que apresentaram tal desajuste no início
do estudo.
Discussão | 75

DISCUSSÃO
“Nenhuma soma de experiência pode provar que se tem razão,
mas basta uma só experiência para mostrar que se está errado.”
(Albert Einstein)
Discussão | 76

5. Discussão
Ao contrário do que a literatura aponta sobre a auto-estima em
idosos,21,25,26,27,28 observou-se neste estudo, através da avaliação da auto-
estima de 665 idosos realizada pelo instrumento de Dela Coleta, que,
apesar da idade avançada e das condições sociais e de saúde
insatisfatórias, somente 6,3% apresentou baixa auto-estima pelo
instrumento utilizado.
Mesmo considerando que alguns dos idosos aparentemente não
responderam sinceramente as questões do instrumento de avaliação da
auto-estima, segundo a percepção do pesquisador sobre os comentários
feitos pelos idosos, na tentativa de mostrarem-se melhor do que
realmente encontravam-se (esforço na tentativa de proteger o seu EU24),
este dado também pode apontar para uma condição de vida distinta
vivenciada pelos idosos de São Paulo, que dispõem de instrumentos
públicos e privados de saúde, transporte e lazer diferenciados aos de
outras cidades, com adaptações específicas, que de certa forma garantem,
ainda que minimamente, a diminuição de algumas insatisfações e
obstáculos colocados pelos idosos como degradantes de seu bem-estar, a
saber: dificuldade de deslocamento, falta de opções de lazer, inclusão em
eventos culturais, ineficiência ou ausência de atendimento médico
especializado, entre outros.
Em um estudo publicado em 2007, realizado com 501 idosos, entre
60 e 93 anos de idade, participantes do projeto “Processo do
Envelhecimento Saudável (PENSA)” em Juiz de Fora/MG, obteve-se dos
próprios participantes que a saúde social, a presença de uma estrutura
familiar coerente e a estabilidade financeira contribuem para o
envelhecimento saudável,57 e, logo, garantem uma auto-estima positiva.
O ser humano precisa ter suas necessidades básicas de
sobrevivência, como alimentar-se, descansar, divertir-se, passear e cuidar
de sua saúde satisfeitas, para sentir-se incitado a procurar saciar as outras
Discussão | 77

necessidades – segurança, afetos sociais, auto-estima e auto-realização,


que, junto à primeira, mantém o ciclo de motivação da existência.58 A
satisfação dessas necessidades incentiva o individuo a ter iniciativas mais
ousadas no sentido de seu bem-estar.59
Por outro lado, entre os idosos que participaram efetivamente da
intervenção proposta, encontraram-se condições que provavelmente
contribuíram para a diminuição da auto-estima e que induzem à auto-
desvalorização, sentimento prejudicial para a manutenção de uma boa
auto-estima, como: o baixo nível de instrução, que foi apontado por
muitos como uma das decepções pessoais; sentir-se só pela ausência de
uma companhia matrimonial; ser aposentado e já não exercer nenhuma
ocupação; apresentar uma renda baixa, tendo que se expor a uma
dependência indesejada; além de não praticarem atividades físicas,
ocupacionais ou de lazer e ainda apresentarem problemas de saúde
crônicos, que exigem atendimento médico freqüente e envolvem gastos
monetários por vezes maiores do que a própria condição financeira.
Estas condições sócio-econômicas podem ter contribuído para a
forma de evolução do sentimento de auto-estima incidente nos grupos de
estudo, nos quais se observou melhora da auto-estima, mas sem atingir,
na maioria dos casos, a auto-estima plena. A compreensão e superação de
muitos fatores degradantes da auto-estima, principalmente os originários
de questões externas ao idoso, é dificultada, por não dependerem
exclusivamente de um movimento interno do indivíduo.16,17,18
No Grupo Experimental observou-se uma melhora relativamente
lenta da auto-estima, mas com uma tendência progressiva de melhora. Tal
comportamento pode ser atribuído à intervenção utilizada. Os Florais
agem sobre o inconsciente, estimulando o indivíduo a acessar seus
problemas e sentimentos negativos, promovendo o enfrentamento dos
mesmos, porém de forma organizada e tranqüila, uma vez que a
Discussão | 78

freqüência vibracional proveniente do Floral que atua no individuo é


harmônica.43,44,47
Dessa forma, acredita-se que os idosos do Grupo Experimental
vivenciaram por cerca de 90 dias o enfrentamento de seus problemas e
sentimentos negativos, do passado e do presente, internos e externos a
ele, passando a avaliar estes aspectos no seu dia-a-dia. Em um primeiro
momento pode ter ocorrido uma situação de desconforto (impedindo uma
maior e imediata melhora da auto-estima), mas que com o passar dos dias
foi capaz de incitar nos idosos atitudes mais autônomas, pensamentos e
escolhas próprias e confiantes. Isto pode ser observado nas respostas
obtidas em cada questão do instrumento de avaliação da auto-estima, no
qual os idosos demonstraram que não necessariamente passaram a gostar
de sua situação, mas passaram de expectadores para atores de sua
própria vida, retomando a resolução de seus problemas para si, não se
sentindo mais como indivíduos fracassados.
Esta conscientização dos problemas e sentimentos que lhe
prejudicavam por si só é capaz de atuar sobre a melhora da auto-estima.
Este sentimento é estabelecido de forma positiva a partir do momento
que o individuo percebe como reais suas condições, aceitando as
qualidades boas com a finalidade de poder cultivá-las ou criticando-se
realisticamente sobre suas limitações e defeitos, tentando superá-los.60 A
partir disso, sabe-se que o individuo passa a estabelecer para si os pilares
mantenedores de uma auto-estima positiva,30 como a prática do viver
consciente, elucidando para si seus sentimentos e limitações, a auto-
aceitação, acolhendo essas condições, mesmo que elas não o agradem, a
auto-responsabilidade e a vida com propósito, a partir do momento
que o individuo passa a guiar sua própria vida do jeito que acredita e não
para agradar os outros, a auto-afirmação, quando o individuo liberta-se
da submissão e acredita em seu potencial para resolver seus problemas e
Discussão | 79

a prática da integridade, já que o individuo conduz suas ações por


acreditar ser capaz.
Esta nova percepção de auto-respeito e auto-confiança adquirida
pelo idoso do Grupo Experimental garantiu pelo menos o início do
processo de melhora de sua auto-estima no período avaliado e foi
responsável pelo estabelecimento da sensação de bem-estar geral na
maioria dos casos, evidente nos relatos feitos por eles mesmos durante os
atendimentos, em que 82,8% dos idosos apresentaram média ou muita
melhora da satisfação com a vida e consigo. Estar satisfeito com a vida
atual e ter expectativas positivas em relação ao futuro, já expressam a
melhora da auto-estima, significando um ajustamento pessoal e social que
proporcionam uma “boa vida” na velhice.13
Confere-se ainda para este grupo que, pelo estímulo de
conscientização das questões antes prejudiciais aos idosos provocado
pelo Floral, estabeleceram-se condições mais estáveis para a manutenção
de uma boa auto-estima mesmo após o fim do tratamento. A intervenção
modificou o entendimento do indivíduo sobre o que pensava de si mesmo
com relação à sua capacidade e a auto-estima positiva, neste caso, foi
adquirida aos poucos, de forma realista e sustentável. Dessa forma, é
garantido ao idoso maior resistência à tendência de ceder ao desespero e
a desvalorização após o fim do tratamento, já que a auto-estima
estabelecida é saudável e suficiente para o bem-estar do mesmo.35
Diferentemente, no Grupo Placebo observou-se uma melhora do
escore de auto-estima mais rápida e imediata do que no Grupo
Experimental, em que 40,6% dos idosos deste grupo apresentaram
elevada auto-estima no segundo atendimento, porém não houve do
segundo para o terceiro atendimento um movimento continuado de
melhora da auto-estima, Tal ocorrido pode ser atribuído ao
relacionamento terapêutico que se estabelece normalmente em qualquer
Discussão | 80

relação terapeuta-cliente, mas que no Grupo Placebo, estabeleceu-se


como única intervenção sofrida durante o estudo.
O relacionamento terapêutico, previsto para todos os atendimentos
em saúde quando se pretende uma intervenção holística no ser humano,61
é um instrumento capaz de habilitar o terapeuta a entender o ser humano
na sua totalidade, permitindo ao paciente a reflexão, o acolhimento e até o
desenvolvimento de habilidades para lidar com o sofrimento.62 Desta
forma, os idosos do Grupo Placebo podem ter sido capazes de melhorar
sua percepção sobre sua auto-estima por experimentarem o acolhimento,
a atenção, o respeito e a aceitação de seus limites durante os
atendimentos, sentimentos socialmente pouco vivenciados por idosos
brasileiros,2,17,21 mas que se estabelecem como experiências concretas
contribuintes à melhora da auto-estima.28
Apesar disso, o idoso do Grupo Placebo não experimentou
necessariamente a conscientização dos problemas e sentimentos que
comprometeram sua auto-estima, podendo isso ter ocorrido para os
problemas mais superficiais, já que 65,7% dos idosos ao fim do estudo
relataram perceber pouca ou nenhuma melhora ou satisfação com a vida
e consigo.
Neste caso, os idosos, apesar de apresentarem melhora do escore
de auto-estima durante o acompanhamento, não apresentarão
necessariamente subsídios internos para superarem ou modificarem os
problemas e sentimentos envolvidos na degradação de sua auto-estima,
tanto que estas condições permaneceram imutáveis para a maioria dos
idosos no terceiro atendimento. Por isso, provavelmente, os idosos do
Grupo Placebo não serão capazes de manter seu nível de auto-estima
positivo após o fim do estudo, já que o único estímulo que tinham para
manterem sua auto-estima alta era externo a eles e limitou-se ao fim do
acompanhamento.
Discussão | 81

Todavia, mesmo observando-se qualitativamente no fim do estudo


diferenças emocionais e comportamentais positivas nos idosos do Grupo
Experimental e uma tendência de melhora do escore de auto-estima,
diverso do apresentado pelos idosos do Grupo Placebo, não se obteve pela
análise estatística diferença significante entre o uso ou não do Floral de
Bach na melhora do escore de auto-estima tido pelo instrumento de Dela
Coleta.
Em um estudo realizado na Universidade de Freiburg, Alemanha,
com o objetivo de controlar a ansiedade dos estudantes prévia aos
exames e testes através do uso dos Florais de Bach, concluiu-se sua
eficácia como um placebo, sem efeito específico. Ao analisar o artigo,
observa-se a realização de crossing over após 15 dias e delimitação de dez
essências para tratar a ansiedade, não considerando a variabilidade
individual. Considera-se que o tempo do estudo para o desenvolvimento
de crossing over foi pequeno para mudanças, já que nesta pesquisa em
discussão vislumbrou-se a interferência progressiva do Floral sobre o
sentimento de auto-estima ao longo de 90 dias. Além do que, se o Floral
age sobre o inconsciente e promove mudanças internas nos sujeitos,
inviabiliza-se a realização deste tipo de metodologia, pois mesmo após o
fim do tratamento experimental, as alterações no individuo
permanecem.63
Apesar dos resultados obtidos no presente ensaio clínico, outros
estudos obtiveram dados favoráveis à utilização dos Florais de Bach em
diversas situações psicoemocionais.
Um estudo realizado em Cuba com Florais da Califórnia, no qual 25
pacientes com diagnóstico de estresse foram submetidos por 60 dias ao
tratamento com floral e outros 25 ao tratamento alopático recomendado,
obteve para o grupo que utilizou o floral 80% de cura do estresse e 20%
de melhora, contra 40% de cura e 60% de melhora apresentado pelos
participantes que utilizaram o tratamento medicamentoso.50
Discussão | 82

Algumas suposições poderiam explicar este resultado:


 o tempo de exposição dos idosos do Grupo Experimental ao
Floral para melhora da auto-estima pode ter sido muito
pequeno, dado que o valor de p obtido na diferença de média do
escore se auto-estima do segundo para o terceiro atendimento no
Grupo Experimental foi baixo, apesar de estatisticamente não
significante, e menor do que o encontrado para o mesmo momento
no Grupo Placebo. Supõe-se, então, que se o tempo de exposição
fosse maior e a tendência de melhora verificada no Grupo
Experimental se mantivesse, obter-se-ia provavelmente um valor de
p<0,05 para a comparação do escore de auto-estima entre os grupos.
Outro argumento relevante para esta justificativa é o resultado
alcançado em um estudo realizado com 13 idosas que apresentavam
diagnóstico de depressão severa assistidas em um centro de
reabilitação de idosos em João Pessoa/PB no período de julho de
2002 a fevereiro de 2003. A fim de investigar a relevância do
cuidado de Enfermagem com visão holográfica na melhora da
depressão severa utilizando-se o Floral de Bach, obteve-se após
cinco atendimentos realizados mensalmente a melhora total da
depressão de 12 participantes e a diminuição ao estado de depressão
leve da 13ª idosa. Observa-se ainda neste estudo que a melhora da
depressão com o passar dos atendimentos também seguiu uma
tendência progressiva positiva, visualizando-se que no terceiro
atendimento ainda havia idosas com depressão média e severa, no
quarto atendimento somente 50% das idosas tinham obtido melhora
total da depressão e no quinto e último atendimento somente uma
idosa não havia melhorado totalmente da depressão.64
 o instrumento de auto-estima utilizado não foi adequado,
visto que alguns idosos avaliados para identificação daqueles com
escore menor ou igual a oito para a intervenção não responderam
Discussão | 83

sinceramente as questões do instrumento, dificultando a obtenção


do número de indivíduos estipulados para a amostra. Esta percepção
decorreu de comentários do tipo “não posso dizer que não gosto de
mim”, bem como risadas tensas na leitura de determinadas
afirmações ou no preenchimento do questionário com ajuda dos
filhos. Além disso, apesar do teste de confiabilidade Alfa de Cronbach
ter indicado consistência interna para o instrumento utilizado, os
resultados obtidos na avaliação quantitativa da auto-estima nos
atendimentos de seguimento foram diferentes dos obtidos na
avaliação qualitativa obtida na interação com o terapeuta. Relatos de
melhora do bem-estar geral e superação de problemas e sentimentos
negativos relacionados com a degradação da auto-estima foram
diferentes nos dois grupos de estudo, evidenciando o efeito positivo
da utilização do Floral na melhora do bem-estar do idoso.
Ainda neste sentido, o autor de outra escala de avaliação de auto-
estima menciona que a mensuração de qualquer impacto sobre tal
sentimento, causado ou não por alguma intervenção, será muito
difícil, uma vez que o individuo ao responder o instrumento avaliará
não somente o momento, mas todos os aspectos que construíram sua
auto-estima ao longo da vida.65
Sobre os Florais escolhidos, destaca-se primeiramente que no Grupo
Experimental os idosos compuseram fórmulas mais diversificadas a cada
atendimento, enquanto que no Grupo Placebo observou-se maior
repetição de flores. Isto sugere que os idosos do Grupo Placebo podem
não ter tido contato com os sentimentos e questões internas presentes no
período que os incomodavam, não se sentindo instigados a vivenciar o
processo de superação dos mesmos, posto que mantinham a afinidade
pela maioria das flores que já haviam escolhido na atendimento anterior.
Ao contrário, para os idosos do Grupo Experimental acredita-se que os
Florais agiram como esperado, sendo eficazes na indução do individuo a
Discussão | 84

superação dos sentimentos apresentados inicialmente, já que a


identificação com outras flores indica, mesmo que implícita e
inconscientemente, a evidenciação de outros sentimentos – o contato com
sentimentos e conflitos antes guardados ou ignorados pelo individuo.
De acordo com as conclusões do Dr. Bach sobre os sentimentos e
personalidades humanas, somos como uma cebola, formada por muitas
camadas, sendo cada camada a representação de um sentimento diferente
formatado cronologicamente pelo individuo do nascimento ao momento
atual, de acordo com as experiências vivenciadas em seus diversos papéis
sociais.44 As camadas/sentimentos mais recentes são os mais externos e
por isso os que incitam a identificação com as flores escolhidas pelo
método de escolha dos florais utilizado neste estudo.56 Tal método prevê
que ao olhar as fotos das flores utilizadas na obtenção dos florais o
individuo será atraído visualmente por uma ou algumas em especial,
como se inconscientemente notasse na planta a expressão de seus
sentimentos. 56
Há descrições de Paracelso sobre este processo em seus tratados
sobre medicina, quando se referia à escolha das plantas adequadas ao
tratamento de cada doença. Dizia ele que assim como a casa reflete os
gostos e personalidade de quem a habita ou como os gestos de um
indivíduo expressam seus sentimentos por si só, cada planta expõe em
suas qualidades botânicas externas (cor, forma, tamanho, tipo de raiz) –
que nomeou “signatura” - suas virtudes curativas, como se demonstrasse
através de sua “signatura” aspectos similares à doença que trataria.66
Observou-se também sobre as flores escolhidas pelos participantes
do estudo que no primeiro atendimento realizado as Flores de Bach
Cerato, Gorse, Red Chestnut, Honeysuckle e Heather estiveram entre as
preferidas em ambos os grupos, flores cujo significado indicam a auto-
estima desvalorizada sob vários aspectos.
Discussão | 85

A elevada freqüência de Gorse indica a desesperança e o


desinteresse pelo presente e futuro46, sentimentos presentes entre os
idosos, que muitas vezes consideram que o tempo que ainda
permaneceram vivos é muito curto para realizarem desejos e sonhos.
Quando o individuo não se sente merecedor de felicidade e realizações,
desrespeitando e ignorando suas vontades e interesses, estabelece-se o
sentimento a baixa auto-estima.30
A essência Red Chestnut, assinala os idosos participantes deste
estudo, que apesar da idade avançada, ainda temem a liberdade dos filhos
e outros familiares, talvez pela insegurança agregada à baixa auto-estima
e à situação de violência presente em São Paulo, e preocupam-se com as
limitações dadas pelas dificuldades financeiras próprias e dos filhos (que
em muitos casos ainda moravam e eram sustentados pelos pais idosos e,
por vezes, mantinham, suas famílias ou somente filhos, sob a mesma
situação de dependência).
Em muitos casos observou-se a indecisão dos idosos sob muitos
aspectos, o que poderia explicar a elevada escolha de Cerato: dúvida em
continuar a residir com os filhos ou a servi-los como se ainda fossem
passíveis de dependência; dúvida sobre sua capacidade em ainda
conseguir realizar alguma atividade ou ocupação (grupo de terceira idade,
trabalho remunerado, trabalhos artesanais/manuais). Este Floral
direciona-se a indivíduos com pouca força de convicção, que mesmo
possuindo uma opinião própria sobre algo, não confia nela.46 Nos casos
relatados pelos idosos acima observou-se a insatisfação com as situações
de dúvida, como se aspirassem que elas não fossem como são, mas não
demonstravam a convicção de efetivamente modificar tais situações para
o que desejava, talvez pelo medo de fazer a escolha que lhe agradaria e se
arrepender.
A preocupação impede o idoso de tomar atitudes positivas em
beneficio próprio e a dúvida pode diminuir sua auto-confiança,
Discussão | 86

elucidando em ambos os casos a percepção de fragilizada e a tristeza pelo


idoso que mantém uma baixa auto-estima.16,17,18
Saudades do passado expresso pela escolha do Honeysuckle
também se fez bastante presente em ambos os grupos. Esse estado
emocional conduz à perda de interesse pelas coisas presentes, como se
não houvesse nada mais que trouxesse alegria ou que fosse tão bom
quanto o passado jovem dos idosos, onde eram valorizados pelas suas
capacidades e habilidades.
E, finalmente, o Heather, exprimindo o sentimento de solidão por
não ser capaz de compartilhar o que sente verdadeiramente com ninguém
ou simplesmente por ser ignorado pelos que lhe rodeiam, que o declinam
pelos valores estabelecidos pela sociedade brasileira.46
No segundo atendimento realizado destacam-se as Flores de Bach
Agrimony, Oak e Red Chestnut, que coincidiram dentre as mais escolhidas
por ambos os grupos. A Agrimony indicando a necessidade dos idosos de
se esconder sob máscaras ideais ao ponto de vista dos outros, na tentativa
de protegerem seu EU, evitando a dor e o medo.24,46 O Oak caracterizando
o esforço demasiado que o idoso mantém em continuar a tentar executar
atividades e responsabilizar-se por tudo mesmo sem condições físicas e
mentais para tal para não sentir-se improdutivo ou inútil. E o Red
Chestnut demonstrando, mais uma vez, o excesso de preocupação do
idoso com a condição financeira restrita e com a organização familiar
(ainda sustentar os filhos ou residir com eles). 17,46
Por outro lado, também no segundo atendimento, observa-se
novamente a ocorrência elevada das Flores Honeysuckle, Red Chestnut e
Gorse no Grupo Experimental, indicando a necessidade dos idosos,
incitados a resolver seus conflitos internos, a se desvincularem do
passado e dos outros, para centrar-se no futuro e em si mesmo –
vislumbrando uma auto-estima mais positiva.
Discussão | 87

Já no terceiro atendimento, as Flores de Bach Crab Apple e White


Chestnut, destacam-se como novidades entre as preferidas pelos idosos de
ambos os grupos. Crab Apple escolhida pelos que sentem o princípio da
ordem interior perturbado, e querem reconstruí-lo o mais depressa
possível,46 indicando a conscientização de muitos idosos sobre suas
limitações e conflitos, impostos, antes de qualquer um, por eles mesmos. E
o White Chestnut pela perturbação mental experimentada pelo excesso de
pensamentos dos quais não é possível se livrar46, como, por exemplo, a
referência de vários idosos sobre as preocupações do dia-a-dia que, em
muitos casos, causavam-lhe até insônia.
Conclusão | 88

CONCLUSÃO
“Aquele que conhece os outros é sábio, aquele que se conhece a
si próprio é iluminado.”
(Lao-Tsé)
Conclusão | 89

6. Conclusão

Novas investigações da condição de auto-estima dos idosos do


Brasil se fazem necessárias, uma vez que os dados encontrados no estudo
apontam para uma tendência diferente da observada em outros estudos
que avaliaram a auto-estima na mesma população. Acredita-se que esta
avaliação seja mais efetiva se realizada com instrumento de perguntas
abertas, na tentativa de evitar o direcionamento dos dados a somente
alguns aspectos da auto-estima, sendo, portanto, mais fidedigno a
condição total desse sentimento nos sujeitos avaliados, e driblar a
indução do idoso em distorcer os dados como último esforço de proteger-
se de sua própria avaliação negativa.
A melhora da auto-estima observada em ambos os grupos foi
positiva mesmo que não confirmada estatisticamente a atuação
diferenciada dos Florais de Bach sobre tal sentimento, considerando que
o relacionamento terapêutico, provavelmente responsável pela melhora
do Grupo Placebo, é parte integrante da Terapia Floral, sendo, portanto,
muito importante a constatação de sua contribuição ao tratamento
holístico do ser humano proposto por esta vertente da medicina. Além
disso, os Florais, aparentemente, foram capazes de instigar nos idosos a
construção de uma autonomia funcional que garante, não somente a
melhora da auto-estima, mas a manutenção deste sentimento em seu
nível mais saudável.
Verificou-se também que os idosos participantes deste estudo
apresentavam condições sócio-econômicas e ocupacionais aquém do que
é necessário para a manutenção da auto-estima, dificultando o alcance da
plenitude deste sentimento, mesmo quando se forneceu subsídios para
isso, haja vista que tais condições dificilmente serão controladas pelos
idosos ao ponto de serem irrelevantes.
Conclusão | 90

As características sócio-economicas destes idosos também


determinaram a afinidade dos mesmos por certas Flores de Bach,
destacando-se a Red Chestnut, atribuída a indivíduos que vivenciam a
preocupação excessiva e a insegurança com relação a pessoas queridas,
sentimentos muito comuns a indivíduos que residem em locais violentos e
apresentam muitas restrições financeiras.
Acredita-se que para a observação efetiva da influência dos Florais
de Bach sobre a auto-estima seja necessária a extensão do tempo de
exposição dos indivíduos da pesquisa ao tratamento. Isto também
permitiria constatar se a interferência do relacionamento terapêutico é
momentânea ou duradoura, sendo, portanto tão efetiva quanto os Florais
na melhora da auto-estima.
Conclui-se, então, que este estudo foi relevante para a busca do
restabelecimento da auto-estima pelos idosos, oferecendo-lhes uma
alternativa de tratamento capaz de proporcionar o contato com sua
realidade de limitações por um ângulo que o instiga à mobilização,
estando apto a resgatar seu sentimento de competência, autonomia,
dignidade e felicidade, que garantirão o bem-estar, mesmo que ainda
perpetuem algumas limitações inerentes a esta fase da vida e as ditadas
pela sociedade.
Referências consultadas | 91

REFERÊNCIAS
“A parte mais importante do progresso é o desejo de progredir.”
(Séneca)
Referências consultadas | 92

Referências Bibliográficas

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Anexos | 101

ANEXO 1 – Carta de aprovação do Comitê de Ética da EEUSP


Anexos | 102

ANEXO 2 – Declaração de Concordância do Centro de Saúde


escolhido para coleta de dados
Anexos | 103

ANEXO 3 – Carta de aprovação do Comitê de Ética do Hospital


escolhido para coleta de dados
Anexos | 104

ANEXO 4 – Termo de consentimento livre e esclarecido

Projeto: “Idosos e Florais de Bach: a busca pela qualidade de vida através do


restabelecimento da auto-estima”.

Os Florais de Bach são líquidos obtidos pela imersão de flores específicas em


água mineral e expostas ao sol, que posteriormente são conservados em soluções de
conhaque. As essências ao serem ingeridas, entram em contato com nosso padrão
vibracional restabelecendo a harmonia de nossas emoções pela consciência, no caso
da baixa auto-estima melhoraria esse sentimento.
Assim, por meio desta carta, venho esclarecer e requisitar sua participação na
pesquisa “Idosos e Florais de Bach: a busca pela qualidade de vida através do
restabelecimento da auto-estima”, para analisar a efetividade das essências florais na
melhora da baixa auto-estima. Trata-se de uma pesquisa experimental, onde dois
grupos de participantes serão formados (um que receberá o frasco com o líquido e as
essências florais e outro que receberá o frasco com o líquido sem as essências florais)
e em que a pesquisadora e os participantes não terão conhecimento de quem integra
cada um dos grupos.
Esta pesquisa envolverá 3 encontros, um a cada 45 dias. No primeiro encontro
será aplicado o teste de avaliação cognitiva, será avaliada a sua auto-estima e
percepção de qualidade de vida, será feita uma entrevista e um atendimento em terapia
floral para a prescrição da fórmula de essências florais. No segundo encontro serão
reaplicados os questionários de auto-estima e de qualidade de vida, além do
atendimento em terapia floral. No terceiro encontro repetir-se-á a avaliação da sua auto-
estima e da percepção da qualidade de vida e atendimento em terapia floral.
Após cada atendimento, um enfermeiro preparará a fórmula e no primeiro
encontro sorteará quem receberá as essências e quem receberá o frasco sem as
essências. No primeiro e segundo encontros você receberá frascos identificados
genericamente como “Essência floral”, contendo uma solução de conhaque a 30% ou
glicerinada, acompanhada ou não das essências escolhidas (dependendo do grupo de
estudo que você estará). No terceiro encontro todos receberão a fórmula com as
essências florais, a prescrição da fórmula e conhecerá o significado das flores
escolhidas.
Informamos que todo o atendimento em terapia floral e os frascos contendo as
essências florais serão gratuitos. Os dados obtidos serão utilizados apenas para fins
científicos, não sendo veiculados nomes ou dados que possam identificá-lo
publicamente, mantendo, assim, o anonimato dos participantes. A sua participação
nessa pesquisa é voluntária, podendo recusar-se a participar da mesma e interromper
sua participação em qualquer momento da pesquisa. A participação na pesquisa
também não interferirá no atendimento já recebido neste Centro de Saúde/Hospital.
Anexos | 105

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,___________________________________________, recebi informações


sobre o projeto e a minha participação na pesquisa. Estou ciente de que nenhuma
remuneração ou compensação será oferecida por essa participação, bem como não
será cobrado de mim nenhum valor, e que minha assinatura nesse termo, por livre e
espontânea vontade, manifesta minha concordância em participar desse estudo,
estando-me assegurado o direito de sigilo da minha identidade, o direito de liberdade
para interromper a participação em qualquer fase que eu julgar necessário e o de
conhecer os resultados obtidos. Declaro ainda estar informado que os resultados serão
utilizados exclusivamente para os relatórios de divulgação da pesquisa e que o
atendimento que recebo neste serviço não será prejudicado.

São Paulo, ___/___/______ - ____________________________________________


Assinatura do participante

Contato: Autora do projeto: Sheila Katia Cozin


Orientadora: Profª Drª Ruth Turrini
____________________________
Tel. 3061-7558 / 3061-8842
Sheila Katia Cozin
Dúvidas: Entre em contato com o Comitê de Ética
RG: 33.912.452-0
da EEUSP – Tel. 3061-7548
Anexos | 106

ANEXO 5 – Instrumento de avaliação da auto-estima de Dela


Coleta

A seguir encontra-se uma série de afirmações referentes a


acontecimentos da vida diária. Leia cada item e, seguindo sua opinião,
decida se você CONCORDA ou DISCORDA da afirmativa. Escreva dentro
dos parênteses á frente de cada item a letra (C) no caso de concordar
com a afirmação e (D) no caso de discordar da afirmativa.

→ Não existem respostas certas nem erradas. É a sua opinião


que nos interessa.
→ Responda a todos os itens, mesmo aqueles onde você tem
dúvidas.

( ) Eu costumo ter a sensação de que não há nada que eu possa fazer


direito.
( ) Freqüentemente eu penso que sou um sujeito sem valor.
( ) Eu constantemente desejaria ser outra pessoa.
( ) Eu desisto muito facilmente das coisas que estou fazendo.
( ) Sinto-me feliz como sou.
( ) Minha família me compreende.
( ) Eu sou capaz de fazer coisas tão bem quanto a maioria das outras
pessoas.
( ) Geralmente, eu estou satisfeito comigo mesmo.
( ) Gostaria de encontrar uma pessoa que pudesse resolver meus
problemas para mim.
( ) Até hoje pouco consegui realizar do que havia planejado para mim.
( ) Há coisas em mim que eu gostaria de mudar se fosse possível.
( ) Sinto necessidade de reconhecimento e aprovação dos meus atos.
( ) No todo, eu estou inclinado a sentir que sou um fracasso.
( ) Eu, certamente, me sinto inútil às vezes.
( ) Gostaria de ser uma pessoa diferente.
Anexos | 107

ANEXO 6 - Teste Mini-mental

1. Dia da Semana 1 ponto


2. Dia do Mês 1 ponto
3. Mês 1 ponto
4. Ano 1 ponto
5. Hora aproximada 1 ponto
Orientação
6. Local específico (sala, quarto) 1 ponto
7. Instituição (residência, hospital, clínica) 1 ponto
8. Bairro ou rua próxima 1 ponto
9. Cidade 1 ponto
10. Estado 1 ponto
Fale três palavras não relacionadas. 1 ponto/
Posteriormente pergunte ao paciente pelas 3 palavras. palavra
Memória
Repita as palavras e certifique-se de que o paciente as
Imediata
aprendeu, pois mais adiante você irá perguntá-las
novamente.
Atenção e Pedir para falar a palavra MUNDO ao contrário ou 1 ponto/
Cálculo calcular (100-7) sucessivos, 5 vezes (93,86,79,72,65) letra ou n°
1 ponto/
Evocação Pergunte pelas três palavras ditas anteriormente
palavra
1. Nomear um relógio e uma caneta 2 pontos
2. Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá” 1 ponto
3. Comando:”pegue este papel com a mão direita,
Linguagem 3 pontos
dobre ao meio e coloque no chão”
4. Ler e obedecer:”feche os olhos” 1 ponto
5. Escrever uma frase 1 ponto
6. Copiar um desenho 1 ponto

COPIE O DESENHO ESCREVA UMA FRASE

Escore total‡‡

‡‡
INTERPRETAÇÃO DO MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MMSE)
Pontuação Escolaridade Diagnóstico
< 24 Altamente escolarizado Possível demência
< 18 Ginásio Possível demência
< 14 Analfabeto Possível demência
Anexos | 108

ANEXO 7 – Questionário para levantamento de dados pessoais

Dados demográficos
Nome
Sexo F M Idade Solteiro(a)
Escolaridade Analfabeto 2° grau com. Estado Casado(a)
1° grau inc. Superior inc. civil Viúvo(a)
1° grau com. Superior com. Companheiro(a)
2° grau inc. Desquitado(a)
Com quem Não N° filhos
Reside? Religião/ Sim Qual?
crença
Aposentado? Não Sim Praticante? Não Sim
Trabalha? Não Sim Atividade?
Até R$500- R$1000- R$2000- Acima Nenhuma
Renda
R$500 R$1000 R$2000 R$3000 R$3000
Tel. contato

Dados de morbidade
HAS Dislipidemia Hipotonia
Você apresenta algum Não Sim DM Ansiedade Artrite/Artrose
problema de saúde? Asma Depressão Osteoporose
Câncer ___________ Outras
Medicamento em uso? Não Sim Quantos?
Utiliza os medicamentos Se NÃO,
prescritos corretamente? Não Sim por quê?

Hábitos de vida
Pratica atividades de lazer? Não Sim
Pratica atividades esportivas? Não Sim
Pratica atividades p/ 3ª idade? Não Sim
O que você faz quando não está
trabalhando ou em lazer?
Nos últimos 45 dias houve algum
acontecimento extraordinário?

Florais escolhidos

Como você avalia sua auto-estima?

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pior Melhor
possível 1°enc_____/ 2°enc:_____/ 3°enc:_____ possível

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