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ACORDAM os integrantes da Primeira Turma Julgadora da 1ª Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado de Goiás, por unanimidade, EM CONHECER DO AGRAVO DE INSTRUMENTO E DAR-LHE
PROVIMENTO, nos termos do voto do Relator.
VOTARAM, além do RELATOR, a Desª. AMÉLIA MARTINS DE ARAÚJO e a Desª. MARIA DAS GRAÇAS
CARNEIRO REQUI.
Custas de lei.
VOTO
O recurso objetiva a reforma da decisão que, considerando que o agravado comprovou a existência
de nova prole após a fixação dos alimentos à agravante, sua filha, e a diminuição dos seus rendimentos
provocados pela situação de desemprego, reduziu a verba alimentar originariamente arbitrada em 30% do
salário-mínimo para a quantia equivalente a 24% do salário-mínimo.
De início, importa destacar que a apreciação desta instância, em sede de agravo de instrumento,
deve se limitar ao exame do acerto ou desacerto do que restou decidido pelo juízo a quo, não podendo
extrapolar o seu âmbito para matéria estranha ao ato judicial guerreado, não sendo lícito à instância revisora
antecipar-se ao julgamento do mérito da demanda, sob pena de suprimir um grau de jurisdição.
Com efeito, os alimentos constituem obrigação de trato sucessivo, de forma que sobrevindo
mudança na situação financeira ou necessidade de quem supre ou de que recebe alimentos é possível a
revisão, a exoneração, a redução ou majoração do encargo (CC, art.1.699).1
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, in Curso de Direito Civil, sobre o tema lecionam:
Sendo assim, sob essas premissas normativas será analisada a pretensão recursal apresentada no
agravo de instrumento.
No caso, dentro do exame que é permitido neste momento, ao que parece, vislumbra-se a
aparência do direito invocado pela parte agravante, notadamente considerando que os documentos
trazidos pelo recorrido somados a alegação de nova prole, não são suficientes para evidenciarem, com
segurança, a real capacidade econômica do alimentante e a apontada redução de seus possíveis
rendimentos. (evento 01, do processo originário).
Outrossim, o perigo de dano encontra-se presente na redução abrupta e considerável dos alimento,
a priori, sem motivação idônea, o que certamente causará prejuízos ao sustento e manutenção das despesas
da recorrente, hoje com 10 (dez) anos de idade.
De resto, sabe-se que a existência de outra prole não é motivo suficiente para permitir a redução
alimentar, de imediato, necessitando de ampla cognição probatória para tanto. Observe-se julgado desta Corte
de Justiça:
É o voto.
1. Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de
quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou
majoração do encargo.
3. AGI. 153571-48.2012.8.09.0000, Rel. Des. Walter Carlos Lemes, 3ª Câmara Cível, DJe 1122 de 13/08/2012.