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Módulo de Ergonomia

Áreas de abordagem

1. Introdução à ergonomia do trabalho


2. Carga de trabalho
3. Fisiologia do trabalho
4. Lesões por esforço repetitivo e doenças
osteomusculares relacionadas com o trabalho
5. Antropometria
6. Interface Homem – Máquina
7. Ritmos biológicos e o trabalho por turnos
8. Concepção de postos de trabalho
9. Ambiente luminoso e visão
10. Ambiente térmico
11. Ambiente sonoro
12. Movimentação manual de cargas
Introdução à Ergonomia

Trabalho - verbo “Trabalhar” advém do latim tripaliare,


que significa torturar com o tripalium.

Etilmológicamente, a palavra Ergonomia deriva do grego


Ergon, que significa trabalho e Nomos que significa leis
ou regras.

Ergonomia - Domínio científico multidisciplinar,


interdisciplinar e transdisciplinar que se ocupa da
optimização das condições de trabalho, visando de forma
integrada a segurança e a saúde dos trabalhadores e a
eficiência do sistema de trabalho, traduzida na qualidade
e produtividade.
Fases fundamentais da evolução da Ergonomia

1.ª Os estudos centravam-se sobre a máquina. O


trabalhador era seleccionado e formado de acordo com
as exigências da máquina. Adaptação do homem à
máquina.

2.ª Os estudos passaram a centrar-se no Homem devido


à ocorrência do erro humano. Adaptação da máquina
tendo em conta os limites do Homem.

3.ª Na actualidade, a ergonomia considera a análise


global do sistema Homem-Máquina.
Correntes da Ergonomia

Anglo-saxónica - mais antiga e hoje essencialmente


americana, centra-se nos factores humanos
(antropométricos, fisiológicos, cognitivos) para a
concepção e transformação dos sistemas. Considera o
Homem como um componente do sistema de trabalho.
Ergonomia dos dispositivos técnicos.

Europeia - mais recente e essencialmente francófona,


centra-se na actividade do Homem no trabalho. Apoia-se
na análise ergonómica do trabalho real. Considera a
ergonomia como o estudo específico do trabalho humano
com vista essencialmente à organização do trabalho.
Considera o Homem como o actor principal do sistema de
trabalho. Ergonomia dos sistemas de trabalho.
Objecto e objectivo de intervenção
Ergonomia do produto: centra-se no estudo e pesquisa de factores
de produção como sejam design de produtos, custos de produção,
controlo de qualidade, etc..

Ergonomia de produção: centra-se na procura das condições


óptimas de trabalho, em termos de organização, posto e ambiente de
trabalho em função das características e capacidades dos
trabalhadores.

Ergonomia da concepção: permite agir desde a fase inicial sobre


um produto ou situação de trabalho, criando condições de trabalho
adaptadas e perspectivadas no sentido da segurança, conforto e
eficácia.

Ergonomia da correcção: dá resposta a situações de trabalho que


se traduzem por problemas na segurança, conforto e eficácia dos
trabalhadores ou na qualidade e quantidade da produção.
Técnicas de análise ergonómica

Técnicas objectivas ou directas: - Registo das


actividades ao longo de um período, por
exemplo, através de um registo em vídeo. Essas
técnicas impõem uma etapa importante de
tratamento de dados.

Técnicas subjectivas ou indirectas Técnicas


que tratam do discurso do operador, são os
questionários, os check-lists e as entrevistas.
Esse tipo de colecta de dados pode levar a
distorções da situação real de trabalho, se
considerada uma apreciação subjectiva.
Carga de trabalho
Conceito

“ O conjunto das exigências do trabalho relativo a


um posto, realizado em determinadas condições.”

“O conjunto das consequências do trabalho sobre


o operador, dependente da actividade de trabalho
e das características do trabalhador.”

Designa o custo psico-fisiológico de um


determinado trabalho, para um dado
indivíduo, num dado momento e em
determinadas condições.
Carga de trabalho

Todo o trabalho provoca uma carga física e


mental.

Podemos definir, em função das actividades


desenvolvidas, o trabalho como
predominantemente físico ou
predominantemente mental.

No entanto, não é possível estabelecer um corte


entre o físico e o mental dado que, em qualquer
tipo de trabalho, existem exigências nos dois
níveis.
Carga de trabalho

Trabalho prescrito - aquilo que é apresentado pela


organização ao trabalhador no sentido de organizar,
realizar e regular o seu trabalho. Corresponde ao aspecto
formal do trabalho, isto é, o que deve ser feito e quais os
meios a utilizar.

Trabalho real - o que realmente acontece na


organização, fábrica ou serviço, tendo em conta os
imprevistos e as condicionantes do trabalho. Estes
imprevistos (avarias, condições climatéricas, lesões,
acidentes, motivação, etc.), muitas vezes aleatórios,
acabam por introduzir diferenças relevantes entre o
trabalho prescrito e o que realmente é executado.
Carga de trabalho

Tarefa - aquilo que é dado ao trabalhador


para ser feito, ou seja, o objectivo a
alcançar em determinadas condições.

Actividade - o que realmente é feito por


um trabalhador para executar uma tarefa.
Compreende múltiplas dimensões: física,
cognitiva, afectiva etc..
Carga de trabalho

Carga física

•Características mecânicas do trabalho, medidas


em kg, kgm, kg/min.
•Músculos e a proporção da massa muscular
utilizada.
•Fenómenos fisiológicos como frequência
cardíaca, ciclos respiratórios, consumo de
oxigénio.
•Fadiga normal, fadiga crónica e esgotamento.
Carga de trabalho
Carga mental

•Natureza e complexidade da informação


(significado).
•Diversidade da informação.
•O código ou não da informação.
•Frequência da informação por unidade de tempo
•Prazo para o desenvolvimento da acção,
consequências da ausência de acção ou erros.
•Riscos e perigos inerentes à actividade
(objectivos previstos, deterioração dos
equipamentos, risco de acidente).
Efeitos da carga de trabalho mal prescrita

•Redução da performance (produtividade,


qualidade).
•Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com
o trabalho.
•Aparecimento de sintomas de fadiga física.
•Stresse.
•Burnout (estado de exaustão total).
•Desmotivação, insatisfação, frustração.
•Aumento do risco de acidentes ou de erros
graves, etc..
Fisiologia do trabalho
Trabalho muscular

•Conjunto de fenómenos biomecânicos,


bioquímicos, eléctricos e térmicos.

•Transformação da energia química em energia


mecânica.

•Apresenta um rendimento de 20% em relação à


energia química consumida.

•Produz movimentos voluntários e reflexos.

•Sistema de controlo – SNC

•Trabalho localizado: mobilização muscular


localizada, baixo dispêndio de energia e risco de
fadiga precoce.

•Trabalho geral: mobilização muscular geral, alto


dispêndio de energia e risco de exaustão.
Avaliação do custo energético do trabalho
a.Observação das actividades realizadas pelo trabalhador e
estimação dos gastos energéticos a partir de tabelas com valores de
referência já existentes. Este método é particularmente falível, pois
considera os valores pré-existentes não tendo em conta o indivíduo
no caso concreto.

b.Através da medição do consumo de oxigénio (VO2) que nos permite


converter para Watts os gastos energéticos do trabalho. Este método
exige a utilização de equipamentos individuais de medição pouco
ajustados ao conforto do trabalhador e à normal execução das suas
tarefas.

c.O terceiro método consiste em estimar o gasto energético a partir


da frequência cardíaca, utilizando para o efeito um frequencímetro
(de pulso, por exemplo). Muitos autores descrevem uma relação
linear entre este parâmetro e o gasto energético. Apresenta como
principal vantagem o facto de ser um método bastante confortável
para o trabalhador e como desvantagem o facto de ser um método
indirecto de avaliação do VO2.
Avaliação do custo energético do trabalho
A frequência cardíaca é um método que nos permite estudar as reacções
derivadas:

Das condições de trabalho:


Carga física de trabalho tanto dinâmica como estática.
Carga térmica de trabalho.
Carga emocional de trabalho: reacções ao ruído, ao stresse, temperatura…
Do próprio indivíduo:
Digestão.
Estado emocional particular.
Ritmo biológico próprio.
Estado de saúde: integridade cardíaca, condição física…

O estudo do perfil da frequência cardíaca ao longo do dia, durante as horas


de trabalho, permite-nos detectar as operações com maior exigência
cardíaca e, também, compará-las tendo em conta o período do turno (manhã,
tarde, noite).
Nutrição e trabalho

Uma correcta alimentação é fundamental, quer ao nível


do rendimento e bem-estar no trabalho, quer ao nível da
promoção da saúde.

Para se atingir os objectivos de promoção da saúde e de


boa performance laboral, a alimentação deve ser:

a) Diversificada
b) Equilibrada
c) Energéticamente adequada
d) Correctamente repartida
Nutrição e trabalho

Grupo Alimentos Principais nutrientes fornecidos


Amidos Pão, cereais, massas, Hidratos de carbono (glícidos) e
arroz, etc. fibras.
Horto frutícolas Fruta, legumes (verdes e Hidratos de carbono (glícidos)
corados como cenoura, complexos, vitaminas, minerais,
tomate, rabanetes, etc.) e fibras e outros elementos
leguminosas (ervilhas, protectores e regulares.
feijão, grão, etc.)
Derivados do Leite, iogurte, queijo, Proteínas e lípidos.
leite, carne, peixe carne, peixe, ovos.
e ovos
Gorduras, óleos e Manteiga, óleos, Lípidos e açúcares complexos.
pastelarias margarinas, banha, bolos,
etc.
Nutrição e trabalho

% na dieta Substrato Observações


diária
60% Glícidos Sobretudo complexos
1/3 Gordura animal, leites, pastelaria
25% Lípidos (gorduras) (saturada)
1/3 Gordura do peixe (monoinsaturada)
1/3 Gordura vegetal (polinsaturada)

15% Proteínas Animais, do peixe e vegetais


Nutrição e trabalho

A quantidade energética a ser reposta pela alimentação deverá ser


exactamente aquela que é utilizada pelo indivíduo nas suas
actividades diárias, incluindo as metabólicas basais, ou seja, devemos
ingerir a mesma quantidade de calorias que consumimos.

Exemplo:

Individuo A: Peso óptimo Dieta normal


Metabolismo basal: 1800 kcal/dia
Consumo energético do trabalho (8h) 600 kcal
Calorias de lazer 300 kcal

Total de dispêndio energético diário 2700 kcal

Valor energético recomendado para dieta diária: 2700 kcal


Nutrição e trabalho
Índice de Massa Corporal
Relação entre o peso e altura do indivíduo, que permite apreender o grau
de obesidade ou magreza. A classificação, segundo a OMS é a seguinte:

IMC = Peso (Kg) / Altura (metros)2

Classificação IMC
Magreza < 18.5
Peso normal 18.5 – 24.9
Pré-obesidade 25 – 29.9
Obesidade grau I 30 – 34.9
Obesidade grau II 35 – 39.9
Obesidade grau III > 40
Nutrição e trabalho
Magreza  peso insuficiente para a altura do indivíduo.
Seja que tipo de obesidade for, acima de 25 de IMC, o indivíduo é sempre considerado
como tendo excesso de peso.

Pré-obesidade  indivíduo com excesso de peso com predisposição (tendência nos seus
hábitos alimentares ou metabolismo) a tornar-se num obeso. Deve procurar ter cuidado na
sua alimentação de forma a contrariar a tendência para a obesidade.

Obesidade grau I  primeiro grau de obesidade. O Indivíduo deve procurar apoio


nutricional/dietético de forma a prevenir que a sua obesidade avance. Encontra-se
relacionada com risco de hipertensão, cardiopatias, alterações lipídicas e diabetes tipo II.

Obesidade grau II  segundo grau de obesidade. É fundamental o apoio


nutricional/dietético, pois à medida que se avança nos níveis de obesidade mais difícil se
torna a perda de peso. Encontra-se muito aumentado o risco para as doenças antes
referidas, bem como o risco de mortalidade (aumento de 50%).

Obesidade grau III  (dá-se também o nome de obesidade mórbida. Não é possível
efectuar o retrocesso apenas com apoio nutricional/dietético, sendo necessário acoplar
outras formas de terapia como cirurgia ou outra. O risco para as doenças antes referidas e
respectiva mortalidade é de 90% mais.
Nutrição e trabalho

Repartição calórica recomendada por refeição


Pequeno-almoço 25%
Lanche a meio da manhã 10%
Almoço 30%
Lanche a meio da tarde 10%
Jantar 25%
Ceia (quando aplicável) 5 a 8% a retirar aos conteúdos
das outras refeições
Trabalho estático
Em linhas gerais, pode-se falar em trabalho estático significativo nas seguintes
condições:

·Quando em gasto elevado de força muscular exige uma contracção muscular por
10 segundos ou mais.
·Quando em gasto médio de força muscular a contracção muscular durar 1min ou
mais.
·Quando em esforço leve (cerca de 1/3 da força máxima) a contracção muscular
durar 4 min ou mais.

A carga de trabalho estático ocorre em praticamente todo o tipo de trabalho. Os


exemplos a seguir são algumas das situações mais comuns:

Trabalhos nos quais existe uma movimentação do tronco para frente ou para os
lados.
Trabalho estático com os braços.
Manipulação que exige braços esticados na horizontal (consertos, manutenção).
Colocar o peso do corpo numa perna, enquanto a outra está accionando um
pedal.
Ficar de pé no mesmo local por um longo período.
Ficar sentado por um longo período.
Efeitos do trabalho estático

No trabalho muscular estático a irrigação sanguínea é tão mais diminuída quanto


maior for a produção de força. Se a força representa 60% da força total, a
irrigação sanguínea fica quase que totalmente interrompida.

Em esforços menores, uma pequena circulação é possível, devido ao estado


menos contraído do músculo. No uso de 15 a 20% da força máxima, a circulação
sanguínea da musculatura trabalhando estaticamente será praticamente normal.

Um trabalho estático com aplicação de 50% da força máxima possível pode durar
no máximo 1min, enquanto que aplicações de menos de 20% da força máxima
permitem contracções musculares estáticas mais prolongadas.

Estudos mais recentes e a experiência geral mostram que a carga estática que
corresponde a 15 a 20% da força máxima que é executada por dias e semanas a
fio leva ao surgimento de dolorosos sinais de fadiga.

Muitos especialistas são, por isso, de opinião que um trabalho estático, que
diariamente dura várias horas, só pode ser executado sem aparecer sinais de
fadiga se a carga estática não superar os 8% da força máxima.
Trabalho dinâmico

Caracteriza-se por requerer uma mobilização muscular mais


geral – contracções isotónicas, com alto dispêndio de
energia e risco de exaustão.

Embora este tipo de trabalho estimule a irrigação sanguínea


dos tecidos e, normalmente, não origine sintomas de fadiga
localizada, quando não é prescrito correctamente encerra em
si mesmo um conjunto de riscos para a saúde dos
trabalhadores por dois motivos principais:

•Alto dispêndio energético que pode levar à exaustão.

•Está normalmente associado a tarefas de movimentação de


cargas com os riscos de LER e DORT .
Força máxima

Força máxima voluntária

•É a máxima força que um indivíduo consegue desenvolver em


determinado grupo muscular de forma voluntária.
•Difícil de avaliar em contexto de trabalho (para a sua medição utiliza-se,
normalmente halteres e outros equipamentos de medida específicos).
•Curta duração – poucos segundos.
•Varia em função dos ângulos de trabalho.
•Máximo 3 a 4 repetições, em intervalos curtos e frequentes.

Força crítica – 20% da FMV


•Abaixo da força crítica, a capacidade de trabalho estático é infinita,
podendo no entanto surgir a fadiga localizada.
•Varia de homem para homem.
•A força crítica deve ser o limite do trabalho, devendo este ser
programado para 50% desta tendo sempre em conta o dispêndio
energético.
DORT e LER

As lesões músculo-esqueléticas
relacionadas com o trabalho são
lesões não acidentais, de etiologia
multifactorial, decorrentes de factores
presentes no desempenho habitual
das tarefas profissionais.

Constituem um problema de
reconhecido impacto pessoal, social e
económico - sofrimento, perda de dias
de trabalho e de rendimentos,
cuidados médicos, sequelas e
incapacidade.
DORT e LER

Estudos de campo e a experiência acumulada permitem


concluir que excessivos esforços estáticos estão
associados com o aumento do risco de:

Inflamações nas articulações


Inflamações nas bainhas dos tendões
Inflamações nas extremidades dos tendões
Processos crónicos degenerativos, do tipo de artroses nas
articulações
Doenças dos discos intervertebrais (hérnias discais)
Cãibras musculares
Causas de DORT e LER
Factores de natureza ergonómica como força excessiva,
alta repetitividade de um mesmo padrão de movimento,
posturas incorrectas dos membros superiores, compressão
das delicadas estruturas dos membros superiores, frio,
vibração, postura estática, entre outros;

Factores de natureza organizacional como a concentração


de movimentos e tarefas numa mesma pessoa, horas
extraordinárias, duplicação de turno, ritmo apertado de
trabalho, ausência das pausas necessárias, entre outros;

Factores de natureza psicossocial nomeadamente pressão


excessiva para os resultados, ambiente excessivamente
tenso, problemas de relacionamento interpessoal, rigidez
excessiva no sistema de trabalho, entre outros.
Prevenção de DORT e LER
® Introdução de pausas para descanso, redução do
horário diário de trabalho ou do tempo em actividades
dotadas de écrans de visualização reduzindo assim o tempo
de exposição;

® Alteração no processo e organização do trabalho quer


pela mecanização ou automatização do processo, reduzindo
o ritmo de trabalho, a movimentação manual de cargas e as
exigências de tempo, quer diversificando as tarefas, etc.

® Uma pausa de poucos segundos no escritório, ou até


para o chamado "espreguiçar", fará com que, além da
redução de hipótese de uma "LER", haja, também, a
possibilidade de um aumento de produtividade, pois
quebra-se a chamada fadiga postural.
Classificação das DORT e LER

Lombalgias - conjunto de patologias


produtoras de síndromas dolorosos a
nível lombo-sagrado.

LER do membro superior - conjunto de


patologias geradoras de síndromas
dolorosos e/ou perturbações sensitivas
nos segmentos cervical, ombro e
membro superior.
Lombalgias

•São a principal causa de incapacidade profissional em adultos com menos


de 45 anos.

•Podem apresentar-se na forma aguda ou sub-aguda (duração até 3 meses


e cura em 4 semanas) ou sob a forma crónica (superior a 3 meses,
períodos de melhoria e agravamento).

•São as lesões relacionadas com o trabalho mais frequentes, atingindo 70%


dos trabalhadores.

•Destes, 60% têm recaída em um ano.

•Não se verifica relação com o sexo.

•Nos homens, não se verifica relação com a idade.

•Nas mulheres, há relação com a idade, com pico de incidência entre os 40


e os 50 anos.
Lombalgias - factores de risco profissionais

•Trabalhos pesados com levantamento de cargas.

•Trabalhos sedentários e prolongados em posição


sentada.

•Posturas incorrectas.

•Vibrações.

•Stresse.
Lombalgias - factores de risco pessoais

Factores de risco pessoais

Elevados: Episódios anteriores de lombalgia.


Robustez física diminuída (IMC<18).
Fumadores (mais 20% de risco/10 cigarros).
Maternidade recente.

Médios: Deformidades da coluna.


Atrofia muscular dorso-lombar e abdominal.

Baixos: Altura superior a 1,80 metros.


Peso ou excesso de peso (IMC>30).

Nota: IMC = Peso (Kg) / Altura (metros)2


LER do membro superior

Podem ser específicas ou não específicas.


Específicas mais comuns:
•Queixas com origem na coluna cervical
•Epicondilite
•Síndroma do canal cubital do cotovelo
•Síndroma do canal radial
•Doença de Quervain
•Síndroma do túnel cárpico
•Compressão do cubital do punho
•Fenómeno de Raynoud
•Osteoarterose
Antropometria

Antropometria Estática - estudo das dimensões lineares


do corpo humano (comprimentos, larguras e
profundidades);

Antropometria Dinâmica - estudo das dimensões do


homem e do espaço envolvente onde este executa
inúmeros movimentos;

Antropometria Ergonómica - para além dos estudos


acima referido, engloba o estudo do posto de trabalho
(plano de trabalho, cadeiras, instrumentos, dispositivos de
comando, etc.);
Espaço de trabalho - Antropometria e Equipamentos

Na sua grande maioria, os equipamentos de trabalho são


projectados e concebidos no estrangeiro ou com medidas
antropométricas internacionais, ou seja, desajustados da
realidade antropométrica portuguesa.

Este facto tem consequências graves como:

•Aumento do absentismo por doença;

•Diminuição da capacidade de resposta a emergências;

•Maior probabilidade de erro e acidente;

•Diminuição do rendimento;
Antropometria - postura e movimento

Recomendações para uma boa postura de pé

1. Pés orientados para o exterior com um angulo de 30º e


calcanhares distantes cerca de 20cm.

2. Membros superiores caídos naturalmente ao longo do


corpo.

3. Fixar um ponto no infinito, o qual determina a posição


da cabeça.

4. Obter apoio igual nos dois pés.

5. Relaxar os músculos o mais possível.


Antropometria - postura e movimento

Recomendações para uma boa postura de sentado

1. Alternância de várias posturas durante o trabalho.

2. Manutenção de uma curva lombar intermédia.

3. Inclinação ligeira da cabeça para a frente (20-25º).

4. Apoio dos antebraços.

5. Não elevação prolongada dos ombros.

6. Aquisição e manutenção de bons hábitos posturais.


Interface Homem - Máquina

Podemos considerar o sistema homem – máquina como uma


combinação de um ou mais seres humanos e um ou mais
componentes físicos, que actuam reciprocamente para efectuar, a
partir de entradas de energia e informação determinadas, uma tarefa
ou produção desejada.
Interface Homem - Máquina
Interface Homem - Máquina
Interface Homem - Máquina

A acção requerida e a função do controlo determinarão o tipo de


controlo a utilizar, assim como o tamanho e dimensões do mesmo,
que evidentemente deverão corresponder com os dados
antropométricos dos membros do corpo a utilizar.

No momento da concepção ou escolha de controlos, e tendo em


conta o seu tamanho, há que considerar se o operador utiliza ou não
EPI’s, principalmente luvas ou botas, e caso se verifique deverá
prever-se uma maior largura que facilite a manipulação. Também
deverá ser tido em conta que as luvas influenciam a habilidade do
operário e a percepção da textura do controlo.

Outra situação a ter em conta é a existência de trabalhadores


“canhotos”, o que se traduz numa dificuldade acrescida na
manipulação dos controlos que são programados à partida, para
operadores dextros.
CONCEITO DE TRABALHO POR TURNOS

• O TRABALHO POR TURNOS CARACTERIZA-SE


PELA EXISTÊNCIA DE HORÁRIOS
DIVERSIFICADOS PARA O MESMO POSTO DE
TRABALHO EM FUNCIONAMENTO QUE
ULTRAPASSA OS LIMITES MÁXIMOS DOS
PERÍODOS NORMAIS DE TRABALHO. PODEM
SER FIXOS OU ROTATIVOS .
Ritmos biológicos e trabalho por turnos

Ritmos circadianos - ritmos cuja frequência é de um


ciclo de 24h (sono - vigília).

Ritmos ultradianos - ritmos cuja frequência é superior a


28h (menstruação).

Ritmos infradianos - ritmos cuja frequência é inferior a


20h (frequência cardíaca e respiratória).

Sincronizadores - factores ambientais cíclicos capazes


de influenciar os parâmetros do bio-ritmo (passagem dia-
noite e vice-versa, contactos sociais, horário de trabalho,
conhecimento da hora).
Ritmos biológicos e trabalho por turnos

O nosso próprio corpo tem o seu próprio relógio interno, baseado num ciclo de 24
horas, ou circadiano, que é regulado por hormonas, em especial pela melatonina,
segregada pela glândula pineal no cérebro. A sua produção é inibida pela luz e é
estimulada pela escuridão.
Níveis insuficientes de melatonina podem conduzir:
•À depressão e letargia, problemas muito comuns nas pessoas que trabalham à noite.
•Risco de doença cardiovascular, já que a frequência cardíaca e a tensão arterial estão
relacionadas com o ritmo diário do organismo.

As pessoas que trabalham de noite têm problemas para dormir e sentem dificuldade
em regressar a padrões normais de sono quando voltam a trabalhar de dia.

Em geral, as pessoas que trabalham por turnos comem apenas um terço da


alimentação diária. Este tipo de hábitos alimentares pode conduzir à letargia e perda
de concentração e afectar a segurança no local de trabalho.
Os acidentes e os erros aumentam no turno da noite. Esta afirmação aplica-se
sobretudo no caso das profissões que trabalham muitas horas seguidas sem dormir.
Consequências do trabalho nocturno e por turnos

O trabalho por turnos e trabalho nocturno, ao


interferirem nos ritmos biológicos, implicam
problemas de saúde e sociais, tais como:
•Perda de apetite
•Problemas de sono e insónias
•Problemas digestivos
•Problemas nervosos
•Problemas cardíacos e aumento da TA
•Obesidade e alterações do metabolismo
•Isolamento social
•Problemas familiares
Estratégias de Adaptação ao Trabalho por Turnos
DORMIR ANTES ou DEPOIS do TRABALHO?

O horário que o trabalhador se sente melhor para dormir é aquele que deve adoptar.

Dormir de manhã imediatamente a seguir ao Dormir à tarde antes de ir para o trabalho


trabalho
VANTAGENS DESVANTAGENS VANTAGENS DESVANTAGENS
-Probabilidade de -Luz do sol (esta luz -Dormir antes de ir -O início da noite é
dormir mais tempo envia um sinal forte para o trabalho pode uma hora em que o
- Estar acordado ao para o corpo e mantém- ajudar o trabalhador a relógio corporal está
final da tarde e princípio no acordado) sentir-se fresco no em alerta máximo, isto
da noite que é quando -Tarefas a serem trabalho faz com que seja mais
a família e os amigos realizadas durante a -É mais fácil fazer a difícil dormir a esta
têm tempo livre. manhã (levar os filhos à transição para dormir à hora
escola) noite nos dias de folga -As exigências sociais
-Evitar a luz da manhã -É mais fácil tornar e familiares são
pode não ser fácil de este um padrão de maiores a estas horas
realizar sono tanto para os
dias de trabalho como
para os dias de folga
Concepção de postos de trabalho
Para que um posto de trabalho permita o conforto, a segurança, a qualidade
e a eficácia nas actividades de trabalho é necessário estabelecer uma inter-
relação correcta entre os diferentes factores que se apresentam. Podemos
considerar três tipos de relações numa interface "homem – posto de
trabalho":

Relações dimensionais – compatibilidade entre as características


antropométricas e biomecânicas da população e as dimensões, formas e
estruturas das diferentes componentes do posto de trabalho;

Relações informativas – compatibilidade entre a capacidade de percepção de


informação dos trabalhadores (antes e durante o trabalho), a informação
recebida (tipo, quantidade, etc.) e os dispositivos informativos (visuais,
sonoros, tácteis);

Relações de controlo – compatibilidade entre as necessidades dos


trabalhadores para regular as máquinas e/ou os processos com segurança,
conforto, rapidez e eficácia, de acordo com os objectivos definidos.
Concepção de postos de trabalho
A Portaria 989/93, de 6 de Outubro, refere que, o posto de trabalho deve:

Ter uma dimensão que permita mudanças de posição e de movimentos de


trabalho;

Ter uma iluminação correcta, contraste adequado entre o écran e o


ambiente, atendendo às características do trabalho e às necessidades
visuais do utilizador;

Estar instalado para que as fontes de luz não provoquem reflexos


encadeantes directos, nem reflexos no visor;

Respeitar os limites fixados para os valores de ruído, calor, radiações e


humidade;

As janelas devem estar equipadas com um dispositivo ajustável que atenue a


luz do dia;
Concepção de postos de trabalho
•A área útil por trabalhador deve ser de 2 m2.

•O volume mínimo por trabalhador não deve ser inferior a 10 m3.

•A distância mínima entre postos de trabalho deverá ser de 0,85 m.

•O pé direito dos locais de trabalho não deve ser inferior a 3 m,


admitindo-se nos edifícios adaptados uma tolerância até 2,70 m.

•O posto de trabalho não deverá estar implantado a mais de 6 m da fonte


de luz natural.

•Em relação aos postos de trabalho bastante afastados das janelas (a mais
de 6 m) deverá garantir-se que os níveis de iluminação artificial sejam
suficientes para o tipo de tarefas aí desempenhadas;
Concepção de postos de trabalho

•Em relação às fachadas do edifício deverá respeitar-se uma distância


mínima de 1,5 m, em particular quando existam aparelhos de ar
condicionado que produzem correntes de ar, montados na parede ou
janelas. Na implementação de postos de trabalho junto às janelas deverá
atender-se à incidência de luz natural e à possibilidade de controlar os
excessos de luminosidade nessa zona, normalmente através de cortinas e
de estores.

•Em espaço aberto, a distância entre postos de trabalho distintos deverá


garantir um isolamento acústico mínimo de modo a que o ruído ambiente
não interfira com as necessidades de comunicação e concentração
exigidas para determinadas tarefas. Poder-se-á usar biombos ou painéis
de separação que garantam maior privacidade entre os postos de trabalho.

•Não se deve colocar pastas ou livros nos locais de passagem,


nomeadamente nos corredores e espaços entre secretárias.
Ambiente luminoso e visão

A visão é uma função fundamental à vida de relação e


actividades humanas.
80% dos “inputs” sensoriais são visuais.
Fadiga Visual

•Fenómeno psicofisiológico

•Ocorre em actividades com forte solicitação visual, mal


iluminadas, monótonas e repetitivas.

•Tipo muscular - fadiga dos músculos oculares.

•Tipo nervoso - esgotamento dos neurotransmissores.

•Sintomas subjectivos: dor, ardor, cefaleias, tensão peri-


ocular, da nuca e pescoço.

•Sinais objectivos: olhos vermelhos, lacrimejo, contracturas.


Ambiente luminoso e visão
Iluminação correcta:
•Natural
•Intensidade suficiente
•Cromaticidade - boa restituição de cor
•Abranger todo o campo visual
•Distribuída evitando o encadeamento
•Boa relação custo - eficiência

Iluminação incorrecta:
•Desconforto
•Fadiga e dano visual
•Perdas de produtividade
•Acidentes

Visão - função complexa assegurada por três níveis:


•Função óptica - captação de luz
•Função sensorial - recepção e integração
•Função motora - dirigir e fixar o olhar
Ambiente visual confortável
•Nível de iluminação adequado de forma a concentrar a atenção na
zona de trabalho.

•Níveis de iluminação muito elevados (+ de 1000 lux) aumentam o risco


de encandeamento, contraste excessivo e sombras muito carregadas.

•Distribuição uniforme da luz, melhorando o contraste e evitando o


encandeamento.

•O brilho deverá estar centrado, escurecendo para a periferia.

•Boa restituição de cor, permitindo sensação de satisfação visual (efeito


psicodinâmico das cores).

•Respeitar coeficientes de reflexão das superfícies.


Iluminação natural

•Sempre recomendada.
•Ajusta os ritmos cronobiológicos
•Janelas altas (vertical) e em posição elevada mais
eficazes que as baixas (horizontal)
•Área de janela / área de pavimento = 1:5
•Evitar incidência directa do sol
•Distância entre edifícios = dobro da altura dos
edifícios
Iluminação natural

Como a maior parte dos problemas de iluminação são relativos a situações em


interiores, a iluminação natural deverá ser complementada com iluminação
artificial.

Regra para testar a iluminação natural num espaço confinado:

-Numa determinada divisão, calcular a área do respectivo pavimento a iluminar


A1;
-Calcular a área das janelas, clarabóias e afins (fontes de iluminação natural)
A2;
-Subtrair a área referente às persianas e cortinas opacas;
-Estabelecer a relação X = A1 / A2

Exemplo: Se 0,33 < X < 0,50 o sistema de iluminação está adequado


Se X < 0,33 é necessário aumentar a área das janelas
Se X > 0,50 é necessário diminuir a área das janelas
Iluminação artificial

Equilíbrio adequado entre as luminâncias de modo a obter os


contrastes adequados – dentro do próprio posto de trabalho, ou seja
das várias fontes de informação utilizadas como écran, teclado,
eventuais documentos e superfície de trabalho, bem como o ambiente
físico envolvente.

Uso das luminâncias de acordo com a actividade a ser desenvolvida –


as necessidades visuais das actividades são diferenciadas, num posto
de trabalho informatizado, como uma sala de controlo, são necessários
entre 200 e 400 lux, mas em actividades como na leitura de mapas,
onde a discrição de detalhes pode ser importante, necessitam cerca de
750 lux.

Evitar reflexos em superfícies polidas – os reflexos mais comuns


ocorrem nos monitores por serem levemente côncavos, visualizam-se
nos monitores os reflexos da iluminação do tecto, de janelas totalmente
expostas ou semi-abertas, etc.
Nível de iluminação adequado

Mínimo desejável: 200 lux

Classe I Tarefas simples 200 a 500 lux

Classe II Detalhes 500 a 1000 lux


médios a finos
Classe III Tarefas 1000 a 2000 lux
contínuas e
precisas
Classe IV Tarefas + de 2000 lux
especiais
Coeficientes de reflexão

•Medir com luxímetro em posição invertida.


•É igual à luminância das superfícies sobre a iluminância
vezes 100

Tecto 80 a 90 %

Paredes 40 a 60 %

Mobiliário 25 a 45 %

Equipamentos 30 a 50 %

Pavimento 20 a 40 %
Efeito cromático

•Efeito psicodinâmico - ambiente visual confortável.


•Contraste cromático - aumento da visibilidade.

Efeito de Efeito de Efeito


Cor
Distância Temperatura Psíquico
Azul Afastamento Frio Calmante
Muito
Verde Afastamento Frio a neutro
calmante
Estimulante,
Vermelho Aproximação Quente
cansativo
Muita
Laranja Muito quente Excitante
aproximação
Amarelo Aproximação Muito quente Excitante
Castanho Claustrofobia Neutro Excitante
Agressivo,
Muita
Violeta Frio cansativo,
aproximação
deprimente
Ambiente térmico

O problema colocado pelos ambientes térmicos é o da homeotermia


(manutenção da temperatura interna do corpo), a qual garante um
funcionamento óptimo das principais funções do organismo e em
particular do sistema nervoso central.

A homeotermia é assegurada quando o fluxo de calor produzido pelo


corpo é igual ao fluxo de calor cedido ao ambiente. Por outras palavras,
o calor gerado no corpo tem de ser cedido, em cada instante, ao
ambiente, de modo a que a temperatura do corpo permaneça
constante.

O clima de trabalho deve satisfazer diversas condições, para ser


considerado confortável. Existem vários factores que contribuem para
isso como a temperatura do ar, temperatura radiante, velocidade do ar
e humidade relativa. Para que o clima seja considerado agradável,
depende-se também do tipo de actividade física exigida e do vestuário.
Stress térmico

À medida que o esforço despendido com o


trabalho aumenta, é necessário baixar a
temperatura para manter um equilíbrio corporal.
Devido à produção de calor pelos músculos em
actividade durante o trabalho pesado, esse
conforto só é mantido a uma temperatura
ambiental abaixo dos 20ºC.

Paralelamente, a exposição prolongada a


temperaturas inferiores a 10ºC pode reduzir o
conforto e o desempenho.
Riscos associados ao stress térmico

·Perda de sal e consequentes cãibras. A perda de sal e a diminuição de


transpiração por falta de ingestão de líquidos é perigosa. É necessário
ingerir líquidos suficientes para compensar.

·Tonturas, vertigens e quebra de tensão arterial devido à diminuição de


fornecimento de sangue ao cérebro. É necessário deitar a pessoa em
local fresco, para aumentar o fluxo sanguíneo no cérebro.

·Insolações devido a um mau funcionamento são mecanismo de


transpiração. A pele fica quente e seca e a pessoa pode parar de
transpirar. A temperatura corporal pode ultrapassar os 40 ºC. A pessoa
que apresente sinais de insolação deve ser refreada com esponjas
húmidas e deve der tratada urgentemente por serviços médicos.
Avaliação das condições térmicas

São quatro as principais variáveis que influenciam o grau


de stress térmico:

·Temperatura do ar: medida por meio de termómetros

·Humidade relativa: quantidade de água no ar

·Calor radiante: quantidade de calor radiado por corpos


vizinhos

·Velocidade do ar: medida por meio do anemómetro


Conforto térmico
Variáveis Individuais: tipo de actividade; vestuário; aclimatação.

Variáveis Ambientais: temperatura do ar; humidade relativa do ar;


temperatura média radiante das superfícies vizinhas; velocidade do ar.

Temperatura Ambiente (º C)

TIPO DE ACTIVIDADE Mínimo Óptimo Máximo

Administrativa 18 21 24

Trabalho manual ligeiro,


18 20 24
sentado
Trabalho manual ligeiro, de pé 17 18 22

Trabalho pesado 15 17 21

Trabalho muito pesado 14 16 20


Conforto térmico

Humidade Relativa (%)

TIPO DE ACTIVIDADE Mínimo Ó p t i m o M á x i m o

A d m i n i s t r a t i v a 4 0 5 0 7 0

T r a b a l h o m a n u a l l i g e i r o ,

4 0 5 0 7 0

s e n t a d o

T r a b a l h o m a n u a l l i g e i r o , d e p é 4 0 5 0 7 0

T r a b a l h o p e s a d o 3 0 5 0 7 0

T r a b a l h o m u i t o p e s a d o 3 0 5 0 7 0
Ambiente sonoro

Ouvido externo: é a parte visível, composta pelo pavilhão auricular e canal


auditivo externo. As ondas penetram no pavilhão auricular cuja função é
orientá-las ao longo do canal auditivo em direcção ao tímpano.

Ouvido médio: composto pelo tímpano, trompa de Eustáquio e, ainda, por 3


ossículos auditivos interligados – martelo, bigorna e estribo – fundamentais
para a transmissão mecânica das ondas sonoras. Tem como principais
funções a transmissão do som para o ouvido interno e a sua amplificação ou
redução, consoante a sua intensidade.

Ouvido interno: composto pela cóclea e estruturas responsáveis pelo


equilíbrio. A sua cavidade é preenchida pelo fluído auditivo.

Cóclea: mecanismo central do processo auditivo, onde as ondas sonoras são


convertidas em impulsos nervosos pelas células ciliadas e enviados ao
cérebro pelo nervo auditivo, onde são ouvidos com um som definido.
Ambiente sonoro

Som - propagação das ondas sonoras que corresponde a


uma variação de pressão relativamente à pressão de
equilíbrio.

As ondas de pressão apenas constituem som perceptível


quando são detectadas pelo tímpano e enviadas ao
cérebro para análise.

O som propaga-se no ar à velocidade de 340 m/s. A


velocidade de propagação é maior nos líquidos e nos
sólidos, nomeadamente 1500 m/s na água e 5000 m/s no
aço.
Características Principais do Ruído

Frequência - número de vibrações por segundo. Exprime-


se em n.º de ciclos por segundo ou Hertz (Hz).

Sons graves - sons de baixa frequência.


Sons agudos - sons de alta frequência.

Infra - sons Zona audível Ultra – sons

Até 20 Hz Entre 20 e 20 000 Hz Mais de 20 000 Hz


Características Principais do Ruído

Intensidade ou pressão sonora - intensidade das


variações de pressão. Exprime-se em unidades de pressão:
Newtons/m2 (N.m-2) ou Pascal (Pa).

Como a sensibilidade do ouvido aos sons não é linear, mas


sim logarítmica, utiliza-se o decibel (dB) como unidade de
medida.

Limiar da audição: 0 decibeis;

Limiar da dor: 140 decibeis;


Medição do Ruído

Sonómetro: instrumento que mede a variação de pressão


sonora no ar. Incorpora malhas de ponderação (filtros de
atenuação) A, B, C e D. A malha de ponderação A introduz
uma atenuação similar à do ouvido humano.

Dosímetro: espécie de sonómetro especial de uso


individual.
Valores limite de exposição

Lep,d - Limite máximo de exposição diária ao ruído: 90 dB(A)


MaxLpico - Limite máximo de pico: 140 dB(A)
Nível de Acção para 8h: 85 dB(A)

•Inferiores a 80 dB(A): Não são necessários procedimentos


específicos.

•Entre 80 e 85 dB(A): Facultativa a avaliação da exposição


individual. Determinação obrigatória do pico máximo de
pressão sonora e medidas técnicas de protecção.

•Entre 85 e 90 dB(A): Avaliação anual obrigatória de Lep,d e


MaxLpico. Vigilância médica e audiométrica trienal. EPI´s e
conservação dos registos das medições efectuadas.
Valores limite de exposição

Valores de exposição com Lep,d igual ou superior a 90 dB(A)


e/ou MaxLpico igual ou superior a 140 dB(A):

1. Identificação das causas e medidas técnicas e


organizativas para diminuição da exposição.

2. Delimitação e sinalização dos locais ruidosos.

3. Uso obrigatório de protectores auriculares.

4. Avaliações periódicas do ruído.

5. Vigilância médica e audiométrica anual.


Efeitos do ruído

Perturbações fisiológicas – Contracção dos vasos


sanguíneos, tensão muscular, lesões auditivas etc.

Sistema nervoso central – Alterações da memória e do sono;

Psíquicos – Irritabilidade, agravamento da ansiedade e da


depressão;

Perturbações da actividade – Gerando a fadiga, que é um dos


factores de acidentes de trabalho, contribuem para uma
diminuição de rendimento no trabalho, influenciando
negativamente a produtividade e a qualidade do produto.
Efeitos do ruído

Efeito no corpo Nível sonoro Origem do som


humano DB(A)
ALTAMENTE LESIVO 140 Avião a jacto
130 Maquinaria pesada
LIMIAR DA DOR
120
LESIVO 110 Avião a hélice
100 Martelo pneumático ou
moto serra
90 Oficina de metalomecânica
RISCO 80 Rua com muito trânsito
INTERFERÊNCIA 70 Automóvel de passageiros
INCOMODATIVO 60 Conversa normal
50 Conversa em tom baixo
40 Música suave
30 Murmúrio
20 Casa silenciosa
10 Folha de árvore a cair
Medidas de atenuação do ruído

Algumas medidas de redução na fonte:


·Substituir máquinas antigas por outras menos ruidosas;
·Actuar a nível de manutenção, no aperto das peças soltas, evitando o choque entre os
componentes das máquinas;
·Blindagem de partes ruidosas de máquinas, utilizando nas paredes internas material
absorvente;
·Montar silenciadores nas aberturas de entradas e saídas de ar de refrigeração.

Algumas medidas de redução na transmissão:


·Tratamento de superfícies, como tectos, paredes e pavimentos com materiais
absorventes acústicos;
·Afastamento das fontes sonoras das superfícies reflectoras;
·Paredes espessas e porosas;
·Painéis absorventes no tecto.

Algumas medidas de redução na recepção:


·Utilização de protecções individuais;
·Organização do trabalho com a rotação dos trabalhadores entre tarefas ruidosas e
tarefas não ruidosas.
Movimentação Manual de Cargas
Conceito

Qualquer operação de transporte e sustentação de uma


carga, por um ou mais trabalhadores, que, devido às suas
características ergonómicas desfavoráveis, comporte
riscos para os mesmos, nomeadamente na região dorso-
lombar.

A movimentação manual de cargas submete o corpo


humano a um grande desgaste físico. Este desgaste
físico, resultante do esforço muscular, comporta um
elevado grau de fadiga tendo consequências graves, não
só porque reduz a eficiência do trabalho, como pode
conduzir a acidentes. A sua frequência é, geralmente,
elevada e aumenta para o fim do dia de trabalho.
Métodos de Elevação Manual de Cargas

1- carga ; 2- vértebras; 3- discos intervertebrais


Cargas Máximas Permitidas

Valores - limites em kg para a elevação e transporte manual de cargas para indivíduos entre 20 e 45 anos

Os valores-limite para elevação e transporte manual de cargas


dependem dos seguintes parâmetros:
• idade
• sexo
• duração da tarefa
• frequência do movimento de elevação e transporte
• capacidade física do trabalhador.
Cargas Máximas Permitidas

Perante a possibilidade de movimentação manual de cargas deve ser


feita uma avaliação de referência de risco, de acordo com o
Decreto-lei n.º 330 / 93.
Esta avaliação considera, nomeadamente:

a) Características da carga:
• Carga demasiado pesada - superior a 30 Kg em operações
ocasionais e superior a 20 Kg em operações frequentes;
• Carga muito volumosa ou difícil de agarrar;
• Carga em equilíbrio instável ou com conteúdo sujeito a
deslocações;
• Carga colocada de tal modo que deve ser mantida ou manipulada
à distância do tronco, ou com flexão ou torção do tronco;
• Carga susceptível, devido ao seu aspecto exterior e à sua
consistência, de provocar lesões no trabalhador, nomeadamente
em caso de choque;
Cargas Máximas Permitidas

b) Esforço físico exigido:


• Quando seja excessivo para o trabalhador;
• Quando apenas possa ser realizado mediante um
movimento de torção do tronco;
• Quando possa implicar um movimento brusco da carga;
• Quando seja efectuado com o corpo em posição instável.

Também se deverão ter em conta factores individuais de risco,


tais como: a inaptidão física, a inadequação do vestuário,
calçado ou outro objecto de uso pessoal e a insuficiência
de formação.

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