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Apego em adolescentes institucionalizadas: processos de resiliência na


formação de novos vínculos afetivos

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Débora Dalbosco Dell'Aglio Juliana Xavier Dalbem


Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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PSICO Ψ
v. 39, n. 1, pp. 33-40, jan./mar. 2008

Apego em adolescentes institucionalizadas: processos de


resiliência na formação de novos vínculos afetivos
Juliana Xavier Dalbem
Débora Dalbosco Dell’Aglio
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

RESUMO
Este estudo investigou a representação do apego em adolescentes institucionalizadas por medidas de prote-
ção, através de três estudos de caso, de meninas entre 12 e 14 anos, que experienciaram separações da figura
materna na infância. Os dados foram coletados nas instituições, através da inserção ecológica, análise dos
prontuários, entrevistas com profissionais da equipe técnica e entrevistas individuais com as adolescentes.
As entrevistas semidiretivas, elaboradas a partir de instrumentos de avaliação do apego, examinaram as
percepções das participantes sobre relações com cuidadores na infância, relação atual com essas figuras,
vivências de separações ou perdas, qualidades e percepções atribuídas às relações e experiências da infân-
cia. Os dados foram discutidos identificando-se os aspectos atribuídos aos padrões de apego, tendo sido
observados os padrões preocupado/ansioso e evitativo/desapegado, nos casos investigados. Os resultados
apontaram presença de processos de resiliência na construção de novas relações afetivas estabelecidas após
a institucionalização, tanto com pares como com adultos.
Palavras-chave: Apego; resiliência; institucionalização; adolescência.

ABSTRACT
Attachment in institutionalized adolescents: resilient process in the formation of new affective relationships
This study investigated characteristics of attachment representation of institutionalized adolescents, through
three case studies, about girls between 12 to 15 years old, which were separated from their mothers since
early childhood. The data were collected in the institutions, through the ecological insertion, the analyses of
their files, interviews with the staff members and semi-directed interviews with the adolescents. The
interviews, elaborated from questions adapted from current instruments of measurement and assessment of
attachment, aimed to examine the participant’s perception of the care keepers during their childhood, as well
investigated the current relationships with these figures, experiences of loss or separations during childhood,
the attributed evaluation of their relationships and the perception of the experiences lived during childhood.
The data were discussed, considering all the information collected, trying to identify the aspects that were
related to the patterns of attachment anxious-preoccupied, avoided-dismissing, in the investigated cases.
Keywords: Attachment; adolescence; resilience; institutionalization.

Este estudo investigou a representação do apego Em situações de desenvolvimento de risco, a bus-


em adolescentes institucionalizadas por medidas de ca de contato com figuras de apego que forneçam pro-
proteção, considerando que o sistema de apego passa teção, segundo Howard e Johnson (2004), constitui um
a ter um papel integrador para os desafios do período fator protetivo frente à vulnerabilidade. Em situações
da adolescência. Wekerle, Waechter, Leung e Leonard de maltrato e predominância de relações negativas an-
(2007) apontam que a adolescência representa um pe- teriores, pesquisas sobre resiliência e tratamentos psi-
ríodo de mudanças em que a habilidade de examinar cológicos em instituições têm mostrado que a conexão
padrões de comportamento passados é desenvolvida. caracterizada por uma relação suportiva e de confian-
Neste sentido, esta oportunidade é especialmente im- ça com um membro da equipe da instituição é um
portante entre adolescentes institucionalizadas que preditor de melhores resultados (Wekerle et al., 2007).
possuem histórias de maltrato e/ou negligência, geral- De acordo com a Teoria do Apego, desde o nasci-
mente caracterizadas por desordens nas suas relações mento e ao longo do ciclo vital, o ser humano tem um
de apego iniciais. sistema de apego que é continuamente ativado e é re-
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gulado pelo apego desenvolvido com os cuidadores, presença de desconfiança, desconforto e ansie-
os quais possibilitam uma base segura para a explora- dade em interações íntimas, auto-percepção
ção e refúgio em momentos de estresse e medo positiva e percepção, geralmente, negativa dos
(Zegers, 2007). Waters, Kondo-Ikemura, Posada e outros.
Richters (1991) enfatizam que a organização do apego – Padrão Preocupado/Ansioso: envolve relatos
tem importância direta no desenvolvimento da cons- de experiências vagas e/ou conflitantes da in-
ciência pessoal, na auto-observação, na consistência fância; autopercepção negativa e sentimentos de
do self nas relações de apego, assim como nos resulta- não serem queridos ao passo que a percepção
dos sociais. dos outros é, geralmente, positiva; relaciona-
De acordo com a Teoria do Apego, uma repre- mentos insatisfatórios com confusão e hesitação
sentação mental do self e dos outros emerge das pri- acerca de suas interações; e sinais de depressão,
meiras relações estabelecidas entre o bebê e o seu passividade e introversão.
cuidador, e, ao longo do ciclo vital, agirá como um – Padrão Desorganizado/Desorientado: apresen-
guia para relacionamentos próximos ou íntimos, ca- ta sinais de desorientação e desorganização, pre-
racterizada por determinados estilos ou padrões de domínio de relatos de vivências negativas, si-
apego (Tanaka et al., 2008). Essa representação men- nais de incongruência afetiva, sendo que os cui-
tal é também conhecida como working model e, de dadores da infância são descritos como ameaça-
acordo com Fonagy e Target (1997), o processo ligado dores e/ou amedrontadores.
à sua construção capacita a habilidade de men- O apego também tem sido investigado em situa-
talização, ou seja, de representar o comportamento em ções de adolescentes que foram expostos a situações
termos de estado mental, o qual é determinante da or- de risco, durante a infância. A situação de adolescen-
ganização do self e é adquirido no contexto das pri- tes em instituições é complexa, pois frente à necessi-
meiras relações sociais da criança. dade de lidar com o estresse eles podem vir a utilizar
Inúmeras investigações sobre os padrões de apego métodos mal-adaptativos como o uso de drogas e abu-
nas diversas fases do ciclo vital vêm sendo desenvol- so de álcool, atuações ou fugas (Zegers, 2007). Toda-
vidas, utilizando-se métodos variados de auto-relatos via, estudos têm apontado a ocorrência de processos
retrospectivos sobre as relações de apego que levam à de resiliência, que podem ser observados na medida
identificação de características destes padrões (Hazan em que eles usufruem efetivamente da rede de apoio
e Shaver, 1990; Kobak, 1993). Estudos com adoles- que os cerca, junto a fatores de proteção que lhes for-
centes têm utilizado instrumentos, baseados nas entre- necem segurança para a consolidação de laços afetivos
vistas desenvolvidas para adultos, nos quais são positivos, tanto com os membros da equipe como com
investigadas as diferenças individuais do estado men- outras crianças e adolescentes abrigados (Tomazoni e
tal com respeito à história global do apego, focando a Vieira, 2004; Yunes, Miranda e Cuello, 2004). Um dos
fluidez dos relatos sobre as experiências primárias e a maiores fatores protetivos e desencadeantes de resi-
coerência e plausibilidade das narrativas (Ammaniti, liência, sob essas condições, é o fato de existirem
Van-Ijzendoorn, Speranza e Tambelli, 2000; Tanaka et oportunidades para a formação de novos apegos que
al., 2008). A seguir serão expostos aspectos relaciona- possam servir de recursos de apoio e de novas identi-
dos aos padrões de apego de adolescentes, segundo ficações para a reintegração das disrupções nas
diversos pesquisadores (Harvey, 2000; Kobak e interações precoces (Hardy, 2007; Howard e Johnson,
Sceery, 1988; Ryan e Linch, 1989; Sroufe, Carlson, 2004; Zegers, 2007). Estratégias de enfrentamento,
Levy e Egland, 1999; Tanaka, 2008): frente às situações de estresse, assim como a busca por
– Padrão Seguro/Autônomo: os adolescentes uma pessoa que assegure conforto e proteção, apon-
apresentam um relato espontâneo e equilibrado, tam para processos de resiliência (Simpson, Rholes,
com baixos sinais de depressão e ansiedade, ex- Oriña e Grich, 2002; Wekerle et al., 2007).
pressões de confiança em buscar apoio emocio- Na perspectiva da TA a resiliência é vista como
nal e interagir socialmente, auto-eficácia e ego- uma construção desenvolvimental, pois indivíduos que
resiliência, com autoconceito e autopercepção são resilientes, em momentos de estresse, demonstram
positivos, percepção positiva dos outros. maior tendência a buscarem apoio em figuras com as
– Padrão Evitativo/Desapegado: apresentam quais podem contar, sendo que as experiências para a
idealizações da infância, falhas de memória so- construção de apegos seguros, nestes momentos, parte
bre as experiências infantis, negação ou mini- do processo de resiliência (Sroufe, 1997). No caso de
mização de experiências negativas, autocrítica experiências de apegos inseguros a vulnerabilidade
acentuada, distância emocional, hostilidade e recai sobre o fato de que os indivíduos podem ter limi-
solidão, desqualificação de relacionamentos, tado o uso do apoio social, reduzindo as chances de
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utilização de um importante recurso frente ao estresse, Participantes


em decorrência das vivências negativas de apegos in-
Participaram deste estudo três meninas adolescen-
seguros (Wekerle et al., 2007).
tes com idades entre 12 e 14 anos, período da adoles-
Hardy (2007) salienta que crianças que sofreram
cência inicial (Steinberg, 1989), que residiam em ins-
maltrato ou negligência, em suas relações primárias,
tituições de abrigo governamental da cidade de Porto
tendem a apresentar com maior freqüência distúrbios
Alegre, e que tiveram ruptura com a figura materna
em suas interações de apego, mas que ocorrendo o de-
biológica nos primeiros cinco anos de vida. Outros cri-
senvolvimento de um relacionamento mais saudável e
térios de seleção foram não apresentar atraso cognitivo
suportivo com um adulto (não necessariamente um
ou transtorno mental. Os abrigos, onde foram coleta-
cuidador) os efeitos negativos do apego inseguro se-
dos os dados, fazem parte da Fundação de Proteção
rão minimizados. Neste sentido, no contexto das insti-
Especial do Estado do Rio Grande do Sul – FPERGS,
tuições, a rede de apoio oferecida é fundamental, pois
que atende crianças e adolescentes de ambos os sexos,
pode servir como fator protetivo e desencadeante de
em unidades residenciais com até 15 integrantes, que
processos de resiliência, dado que as novas relações
procuram oferecer um ambiente de acolhimento e in-
experimentadas e os tratamentos oferecidos servem
centivo a convivência familiar, através da manutenção
como treinamento para um novo estilo de abordagem
de grupos de irmãos num mesmo abrigo.
social (Zegers, 2007).
Assim, considerando que as primeiras relações Instrumentos
estabelecidas na infância afetam o padrão de apego do
indivíduo, ao longo de sua vida (Bowlby, 1989), e que Para avaliar as características da organização do
processos de rompimento de vínculos de apego tanto apego das adolescentes, foi utilizada uma entrevista
na infância, adolescência e vida adulta, acarretam semidiretiva – Entrevista do Apego para Adolescentes
transformações nas imagens do self (Baker, 2001), o – elaborada a partir de questões adaptadas de instru-
objetivo principal deste estudo foi investigar e com- mentos contemporâneos de medida e avaliação dos as-
preender as características da representação do apego pectos ligados ao apego (Ammaniti et al., 2000; Main,
em adolescentes institucionalizadas, que tiveram rup- Kaplan e Cassidy, 1985; West, Rose, Spreng, Sheldon-
turas com a figura materna durante os primeiros anos Keller e Adam, 1998). As questões investigaram, ba-
de vida. Buscou-se fazer uma análise profunda das re- sicamente, as relações com os cuidadores na infância
presentações mentais das experiências de apego dos e como essas interações eram percebidas no presente.
casos em estudo para se compreender o impacto das
Procedimentos
relações primárias de apego em adolescentes insti-
tucionalizadas. Para isto, observou-se a influência das O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da
experiências precoces nas representações atuais de UFRGS e seguiu os procedimentos éticos para estu-
apego, as percepções sobre os relacionamentos presen- dos com seres humanos. Os dados foram coletados no
tes e os processos de resiliência na construção de no- ambiente natural das participantes. Dessa forma, a in-
vas relações afetivas estabelecidas após a institu- serção nos abrigos se deu através de várias visitas, ob-
cionalização, discutindo-se o papel do contexto institu- servações e contatos informais com a equipe técnica,
cional no desenvolvimento de suas capacidades so- crianças e adolescentes abrigados. Após esse procedi-
ciais e emocionais. mento, foram realizadas duas entrevistas com cada
participante, em salas adequadas, nas próprias insti-
MÉTODO tuições em que residiam. Também foram obtidas in-
formações dos prontuários das adolescentes e foram
Delineamento realizadas entrevistas informais com a equipe técnica
Trata-se de um estudo exploratório, a partir de es- de profissionais dos abrigos participantes.
tudos de casos múltiplos (Yin, 1994), com análise qua-
litativa dos dados. A pesquisa foi desenvolvida a par- RESULTADOS
tir de uma diversidade de fontes de dados, como entre-
vistas, observações e informações coletadas junto a As entrevistas foram analisadas através da análise
prontuários e técnicos das instituições, possibilitando de conteúdo (Bardin, 1977) dos relatos das adolescen-
um entrecruzamento de dados. Além disso, foi utiliza- tes, procurando-se classificar as respostas em catego-
da a metodologia de inserção ecológica, que se consti- rias descritivas, relativas aos pressupostos teóricos so-
tui em um referencial teórico-metodológico apropria- bre as características dos padrões de apego na adoles-
do para a realização de pesquisas sobre o desenvolvi- cência. As categorias de agrupamento das unidades de
mento-no-contexto (Cecconello e Koller, 2003). significado foram: relação com cuidador principal; re-
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lacionamento com familiares na infância; separações ção de abrigo um espaço para reconstruir suas rela-
e perdas; memórias de situação de estresse e reação ções de apego, pois ela aponta diversas pessoas com
ativada; cuidados recebidos na infância; sentimentos as quais mantém vínculos afetivos atualmente. Assim,
de rejeição vividos na infância; repercussões das entende-se que o abrigo pode ser considerado um es-
vivências da infância; relações com pares e com paço que foi benéfico para o seu desenvolvimento, por
irmãos; atitudes pessoais e autopercepção; relações favorecer o estabelecimento de novos relacionamen-
atuais com figura(s) de apego; e expectativas para tos e possibilitar uma estrutura organizada, capaz de
parentalidade. A discussão dos dados considerou o inseri-la de uma forma mais positiva na sociedade, no
grau de elaboração do discurso da adolescente em re- grupo de pares e na escola.
lação às suas experiências com as figuras de apego, a
demonstração de diferenciação pessoal na construção CASO 2 – BRUNA
de sua identidade pessoal e a capacidade de formar re- Trata-se de uma adolescente de 14 anos, abrigada
lações íntimas, além de aspectos relativos à coerência aos três anos de idade, junto com seus irmãos, por
do discurso. motivo de negligência e exposição a fatores de risco e
prática de mendicância. As informações apontam que
CASO 1 – ANA a mãe é usuária de drogas, envolvida com prostituição
Ana é uma adolescente de 12 anos, abrigada aos e apresenta problemas mentais. O pai é alcoolista e
cinco anos por motivo de negligência e exposição a apresenta comportamento violento. Bruna tem 10 ir-
fatores de risco, com experiências de vida marcadas mãos, sendo que vários já foram adotados ou abriga-
por uma qualidade de cuidados primários precária. A dos e ela é a única que ainda permanece abrigada. Du-
mãe é doente mental, o pai é desconhecido e um dos rante as entrevistas, a adolescente demonstrou sinais
irmãos é deficiente mental. Após o seu abrigamento de que as vivências de separações abalaram sua
não houve assistência pelos membros da família. No autoconfiança e desencadearam sintomas depressivos,
primeiro contato com sua mãe, após ter sido abrigada, tais como inibição de sua expressão, ressentimentos,
soube que tinha dois irmãos no mesmo abrigo. Teve apatia, receios de abandono e rejeição, falta de moti-
uma reação de negação, desconfiando de que aqueles vação nas interações e falta de relatos positivos sobre
não eram realmente seus familiares. suas experiências e interações. Nas entrevistas trans-
Observou-se que os relacionamentos atuais desta mitia desânimo e falta de disposição para se expressar,
adolescente são marcados pela ambivalência e pela embora essas características não tenham impedido que
agressividade, mesmo considerando-se os aspectos de ela fosse cooperativa em dar suas declarações.
instabilidade da adolescência. De maneira geral, pode- Foi constatado que a equipe de profissionais da
se perceber sinais de que a organização de apego atual instituição apresenta uma preocupação real com o
de Ana tem uma orientação característica do padrão bem-estar de Bruna e está disponibilizando recursos,
evitativo/desapegado. Sua forma de interagir com ou- como o tratamento psicoterápico e o acompanhamen-
tras pessoas é defensiva, com tendência à negação, to da psicóloga responsável, tendo em vista que a re-
evidências de processos dissociativos na integração de cente adoção de dois de seus irmãos provocou uma
suas experiências de apego, e utiliza uma estratégia de reativação dos sentimentos de abandono e rejeição. A
ocultar suas necessidades de proteção e atenção. A disponibilidade e o envolvimento dos adultos respon-
adoção destas estratégias defensivas, pela dissociação sáveis pelo cuidado e proteção dos abrigados são im-
e negação, pode ser entendida também como uma ma- portantes para a identificação das necessidades da cri-
neira de amenizar suas vivências de separação prolon- ança/adolescente em desenvolvimento, caracterizando
gadas ou repetidas e de maltrato pelas figuras de ape- sua principal rede de apoio e de recursos (Hardy, 2007;
go primárias (Cortina e Marrone, 2003). Ryan e Adams, 1999; Wekerle et al., 2007; Zegers,
Constatou-se que esta adolescente está tentando 2007).
apropriar-se beneficamente de suas interações no novo Bruna indicou múltiplos cuidadores – as(os) mo-
contexto dos abrigos, mas apresenta resistências ca- nitoras(res) – com os quais esteve vinculada no abri-
racterísticas dos efeitos traumáticos nas relações de go. Além disso, apresentou uma percepção positiva de
apego primárias, em suas interações atuais (Wekerle suas amizades, sendo que busca nos amigos citados
et al., 2007). A forma como ela se referiu às suas rela- apoio e cumplicidade em momentos em que isso se faz
ções de amizade, caracterizadas pela desconfiança e necessário. Em relação ao estilo de apego de Bruna, a
ambivalência, reforça um tipo de internalização carac- expressão de sentimentos de abandono ou de rejeição,
terístico do padrão de apego evitativo/desapegado que podem ser considerados como resultantes de ex-
(Furmam, Simon, Shaffer e Bouchey, 2002). No en- periências de negligência na infância (Perry, 2004),
tanto, pode-se perceber que Ana encontrou na institui- pode ser observada num comportamento ambivalente
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em relação às inter-relações pessoais, característico 2001). Esta observação pode indicar processos de
do padrão preocupado/ansioso. reformulação de seus modelos internos de apego, de
forma a lhe propiciar maior segurança em seus rela-
CASO 3 – LINA cionamentos e a melhorar a sua autopercepção. Ela de-
É uma adolescente de 14 anos de idade, que monstra buscar relações em que se sente identificada e
vivenciou e estava exposta a diversas situações de ris- valorizada, encontrando nas relações de amizade opor-
co antes de ser abrigada aos seis anos, tendo sofrido tunidades para usar suas qualidades e ser necessária às
mais de uma situação de violência física e de abuso outras pessoas de forma equilibrada.
psicológico. A mãe e o padrasto estavam envolvidos Apesar de Lina ter sido exposta a fatores de risco
em tráfico de drogas e o pai biológico é HIV positivo importantes em momentos delicados do seu cresci-
e apresenta transtornos mentais. Tem quatro irmãos e mento, ela demonstra possuir características pessoais
todos já foram abrigados. De acordo com os achados que denotam capacidade de resiliência. Mesmo que
de Doyle e Moretti (2000), o padrão do apego que víti- esta adolescente cite a ocorrência de atritos com pes-
mas de maus-tratos desenvolvem, em relação a seus soas do abrigo e de fugas, ela parece ter construído
pais, pode contribuir para o surgimento de sintomas boas relações na instituição. Também, o fato de seus
de depressão, ansiedade, condutas anti-sociais e de irmãos estarem no mesmo abrigo é positivo para o seu
agressividade. Esses aspectos puderam ser observados desenvolvimento e, pelo que se constatou, ela está bem
no caso de Lina, pois ela cometeu um número signifi- integrada a eles, assumindo um papel de proteção dos
cativo de fugas do abrigo, apresenta características mesmos. Estes dados indicam capacidade para mo-
mais depressivas e atitudes agressivas quando é con- dificar ou ressignificar os padrões de apego mais
trariada, além do fato de ter se apropriado de objetos invasivos e destrutivos, que teve como exemplo, po-
que não eram seus, em alguns momentos. Seu relato dendo-se atribuir às relações vividas no abrigo o for-
sobre os cuidadores citados como principais foi mar- necimento de modelos mais integrados.
cado por contradições e por descrições de situações De maneira geral, a maior parte dos dados aponta
extremamente estressantes. que a organização de apego atual desta adolescente
Lyons-Ruth, Yellin, Melnick e Atwood (2003) apresenta mais características do padrão de apego
apontam que a representação de apego que denota um evitativo/desapegado. Contudo, aspectos observados,
estado hostil às figuras de apego, equivalente ao pa- como transformações nas relações e auto-imagem po-
drão evitativo/desapegado, é marcada por relatos de sitiva, indicam que ela se encontra em um processo de
experiências negativas com a figura de apego princi- transformação e elaboração das experiências relacio-
pal. Nesses relatos, o entrevistador percebe que não é nais que viveu e está experienciando. Esta considera-
possível concluir que existe uma figura a qual o entre- ção relembra que a organização do apego não é uma
vistado sentiu-se positivamente apegado em seu desen- representação estática e sem flexibilidade, mas sim um
volvimento (Zegers, 2007). Neste caso, Lina descre- complexo dinâmico, influenciado e incrementado pe-
veu sua figura de apego principal em termos mais ne- las relações que se dão ao longo do desenvolvimento
gativos do que positivos. Além disso, demonstrou e pelo contexto em que estas relações acontecem
ambivalência em relação à figura de apego principal (Richters e Waters, 1991).
ao identificar um primo como a pessoa a quem se sen-
tia mais apegada na infância e que a cuidava, sendo
DISCUSSÃO
que ele morreu quando ela tinha apenas dois anos. As-
sim, ela não parece ter uma formulação coerente sobre Pode-se observar, através dos dados das partici-
quem a cuidou, pois ora mencionava o padrasto como pantes deste estudo, que, mesmo que as primeiras ex-
figura de apego principal, ora dizia se sentir mais pró- periências de apego tenham sido caracterizadas por
xima do primo, com o qual, na verdade, teve pouco falta de responsividade e proteção, vivências de situa-
contato. ções abusivas, de exposição a riscos e negligência, es-
Ao mesmo tempo, observou-se que ela demonstrou sas situações não impediram a formação de novos ape-
sinais integrativos e elaborados sobre as suas relações gos significativos. A análise das histórias anteriores
atuais, tanto de amizades como com adultos (moni- ao abrigamento das participantes e dos registros de
tores). Apesar de suas vivências com as figuras de ape- seus prontuários forneceu informações que sugerem a
go primário parecerem não ter propiciado a formação existência de um contexto de desenvolvimento per-
de uma representação mental de apego seguro, ela en- meado por fatores de risco, que podem ter desfa-
contra em suas relações de amizade uma base de apoio vorecido a representação de um apego primário com
que pode ser relacionada a características do padrão uma base segura. Após o abrigamento nenhuma delas
de apego seguro/autônomo na adolescência (Furman, manteve um vínculo estável com os familiares devido
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à falta de compromisso ou às condições dos mesmos cação, demonstram, também, que as habilidades so-
para isso. ciais da fase da adolescência vêm sendo ampliadas.
No entanto, dada a transição ecológica das adoles- Tomazoni e Vieira (2004) observaram que as relações
centes de suas casas de origem para os abrigos, pode- entre pares, em instituições de abrigo, estabelecem-se
se constatar que a instituição foi e continua a ser um de forma semelhante às relações de apego primárias,
espaço para a construção de novos relacionamentos em que há uma busca por conforto e segurança na
afetivos significativos, com dimensões diferentes da- interação, entre as crianças mais novas e as mais ve-
queles experienciados anteriormente. Apesar de todas lhas, e de cumplicidade e reciprocidade entre os que
participantes apresentarem, atualmente, uma predomi- são maiores e de idades próximas, sendo que estes pas-
nância de características dos padrões de apego do gru- sam a se constituir como uma figura de apego. Dessa
po inseguro, as novas relações estabelecidas não apre- forma, as relações com pares evidenciadas nos casos
sentam tantas ameaças à integridade física e psíquica analisados, além da preservação do s grupos de irmãos
das adolescentes quanto aquelas vividas nas suas pri- na instituição, parecem ter colaborado nos processos
meiras relações. de adaptação das adolescentes, incrementando sua
Através dos estudos de caso apresentados, pode- resiliência.
se observar as características atribuídas aos padrões Também foi observado que todas as participantes
de apego predominantes em cada adolescente, ou seja, indicaram os monitores como cuidadores importantes
preocupado/ansioso (Caso 2) e evitativo/desapegado na sua infância. Neste sentido, torna-se necessária a
(Caso 1 e 3). Embora esses padrões tenham se apre- qualificação da equipe técnica dos profissionais dos
sentado de forma predominante em cada um dos ca- abrigos, como é sugerido nas pesquisas desenvolvidas
sos, ressalta-se que não determinam uma classificação por Hardy (2007) e Zegers (2007), pois eles represen-
rígida das adolescentes, tendo-se em vista que outras tam o microssistema dos abrigados. Assim, as inter-
características, ligadas a outros padrões de apego, fo- venções realizadas pela equipe devem focar no apri-
ram também observadas em uma mesma adolescente. moramento das relações atuais e no favorecimento de
Acrescenta-se a isso o fato de serem adolescentes formação de novas relações de apego (Hardy, 2007).
institucionalizadas e estarem em um período de transi-
ção para a idade adulta, caracterizado por transfor-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
mações na auto-imagem e nas interações pessoais,
havendo, portanto, possibilidade de modificações nos A identificação de características da representação
padrões de apego predominantes. do apego em adolescentes, através da metodologia uti-
Howes (1999) destacou que crianças abusadas ou lizada neste estudo, sugere a viabilidade do uso de en-
negligenciadas na infância são mais propensas a de- trevistas para avaliação da representação mental do
senvolverem relacionamentos de apego inseguro a apego na adolescência. Foi possível também relacio-
seus pais ou cuidadores primários. Em contrapartida, nar as características apresentadas pelas adolescentes
Howes e Segal (1993) observaram que crianças que com os vínculos afetivos estabelecidos ao longo de seu
são retiradas de seus lares, por motivos de abuso ou desenvolvimento, tanto nas suas famílias como na ins-
negligência e colocadas em abrigos públicos que ofe- tituição. Dessa forma, a avaliação de características da
recem qualidade no cuidado, apresentam o desenvol- representação mental do apego pode contribuir para o
vimento de relações seguras de apego a cuidadores entendimento dos processos de resiliência na reinte-
substitutos já nos primeiros meses de abrigamento, o gração de experiências disruptivas anteriores, relacio-
que é confirmado no estudo desenvolvido por Zegers nadas às interações com as figuras de apego primárias,
(2007). assim como nas novas interações. Esta compreensão
Embora o ambiente institucional não seja compre- possibilita um planejamento mais adequado de inter-
endido como ideal para o desenvolvimento, observou- venções junto a adolescentes, no sentido de incre-
se, através da análise dos dados desta pesquisa, que a mentar ações que os tornem mais resilientes frente aos
institucionalização destas adolescentes pode ser con- desafios presentes em suas vidas, assim como o de-
siderada uma medida que contribuiu para o seu bem- senvolvimento de programas de prevenção e orienta-
estar. O fato das instituições de abrigo oferecerem um ção aos profissionais que lidam com essa população.
ambiente mais organizado, com possibilidades de Destaca-se, de forma mais específica, a importância
constituir novas relações afetivas, parece funcionar deste tipo de contribuição para adolescentes em situa-
como um fator de proteção, que possibilita um incre- ção de risco, especialmente para aqueles que vivem
mento no desenvolvimento global do abrigado. em instituições de abrigo, tendo-se em vista as pecu-
O estabelecimento de novas relações afetivas en- liaridades que estes experienciam em seu desenvolvi-
tre pares, referidas como fonte de apoio e de identifi- mento (Wekerle et al., 2007; Zegers, 2007).
PSICO, Porto Alegre, PUCRS, v. 39, n. 1, pp. 33-40, jan./mar. 2008
Apego em adolescentes institucionalizadas ... 39

Observou-se que, apesar das adolescentes investi- Bowlby, J. (1989). Uma base segura: Aplicações clínicas da teo-
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gadas apresentarem resquícios das adversidades que
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vivenciaram precocemente, os fatores protetivos dis- nidade: Uma proposta metodológica para o estudo de famí-
ponibilizados pelos abrigos podem ser considerados lias em situação de risco. Psicologia Reflexão e Crítica,
como reforçadores de características individuais para 16, 368-389.
a ativação de processos de superação e enfrentamento Collins, W., & Sroufe, L. A. (1999). Capacity for intimate
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é imprescindível que os profissionais das instituições
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busquem promover interações que visem ao bem in- Social and Personal Relationships, 18, 583-602.
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sentando capacidade para estabelecer relações de ape- Adolescent´s working models and styles for relationships with
go mútuo com comprometimento e disponibilidade parents, friends and romantic partners. Child Development, 73,
afetiva, constituindo relações de confiança e comuni- 241-255.
cação aberta. A atenção desloca-se para o cuidar, isto Hardy, L. (2007). Attachment theory and reactive attachment
disorder: Theoretical perspectives and treatment implications.
é, para a necessidade de que crianças e adolescentes Journal of Child and Adolescent Psychiatric Nursing, 20, 1,
sejam cuidados e acreditados como sujeitos em de- 27-39.
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Destaca-se, ainda, que são poucos os estudos que theoretical perspective. Journal of Personality and Social
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este tipo de investigação. Novos estudos, com amos- Howes, C., & Segal, J. (1993). Children’s relationships with
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