Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
IMPORTANTE
Policial, o tema Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) não se esgota em poucas linhas, nem em uma só
teoria. Há uma infinidade de pensamentos sobre essa questão que vale a pena você percorrer e fazer a
escolha daquela teoria que melhor lhe convém.
Investir na saúde e em melhores condições de trabalho
amenizam as variáveis patológicas (doenças físicas ou
mentais relacionadas ao trabalho) do policial militar.
PMMG •
•
Programa de recompensas
Garantias salariais e previdenciárias
• Ações institucionais de promoção da saúde e prevenção de
doenças
2. As condições de trabalho
6. O constitucionalismo
2. As condições de trabalho
6. O constitucionalismo
Instabilidade
afetiva
Descontrole
emocional
Imprevisibilidade
Vulnerabilidade
Estar consciente das possíveis falhas do sistema, dos erros cometidos no passado,
se sentir respeitado e integrado na equipe de trabalho são estratégias essenciais
para exercer atividades de risco.
LEMBRE-SE:
O estado de atenção (amarelo) pode ser mantido por um período mais prolongado sem sobrecarregar
as funções físicas e mentais. Contudo, o estado de alerta (laranja) e o estado de alarme (vermelho)
podem ser mantidos pelo organismo e pela mente apenas por períodos de tempo relativamente
curtos, pois exigem um dispêndio maior de energia.
Riscos Associados ao Estresse
Irritabilidade
ESTRESSE
Impulsividade
Desatenção
Características dos Diferentes Estados Mentais
CALMA ESTRESSE
- Acesso a todos os sentidos - Atenção fica estreita
- Foco mais aberto - Acesso a focos desnecessários
- Aumento do número de - Restrição na concentração
informações - Perda de detalhes importantes
- Percepção de maiores detalhes - Ambiente ameaçador
- Ambiente monitorado
Fonte: elaborado pelos autores a partir da prática clínica e estudos teóricos do Quadro de Oficias Psicólogos
dos Núcleos de Assistência Integrada à Saúde (NAIS).
A hiperestimulação do mundo atual sobrecarrega o cérebro com mais informações do
que ele é capaz de suportar. O desequilíbrio na atenção prejudica a capacidade de reter
as informações, de atualizar os conhecimentos e de buscar estímulos de forma
saudável. Manter a capacidade de dividir a atenção, ter boa concentração, assimilação,
acomodação da informação, flexibilidade mental, facilidade na adaptação e entusiasmo
com as tarefas são consequências de uma atenção moderada. Isto só é possível
quando a atenção não está nem baixa, nem alta demais.
Fonte: HANSON, 2011, p.197.
Policial militar, você que trabalha em turnos, pode ter alterações nos períodos de sono e
de vigília. Você sabia que isso pode trazer consequências para a atenção, a saúde, o
ritmo biológico e a qualidade de vida?
Os distúrbios do sono têm custo social alto, devido ao aumento de risco de acidentes de
trânsito, uso abusivo de medicamentos para dormir no caso de insônia, e de medicamentos
para não dormir, principalmente em trabalhadores noturnos, o que contribui sobremaneira
para uma má qualidade de vida no trabalho.
Minimizar os impactos nocivos do
exercício da profissão estimula a
construção das chamadas
ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO.
A violência impacta em todas as esferas de sua vida,
desde seu desempenho profissional, seu comportamento
social e sua saúde. Existe um grande desafio para toda a
sociedade, para si próprio e para a instituição no que se
refere ao desenvolvimento de políticas e ações
institucionais no combate à violência, à criminalidade e de
proteção ao policial militar.
Algumas Estratégias de Enfrentamento
4. Desenvolvimento da autonomia
7. Interiorização de valores democráticos, dos direitos do cidadão e respeito aos limites legais
1. Envolvimento das chefias com as atividades de gestão das pessoas
4. Desenvolvimento da autonomia
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não
damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que,
esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento
é opcional...
Martha Medeiros
Introdução
Durante séculos o suicídio foi considerado um grande “pecado”, talvez por razões
morais, culturais e religiosas. Outros obstáculos para a prevenção incluem a falta de
conhecimento sobre o assunto por parte da população geral e até por parte dos próprios
profissionais de saúde, que muitas vezes não dispensam a devida atenção ao indivíduo com
uma queixa relacionada ao tema. A ideia inconsistente de que o comportamento suicida é raro
e de que ‘quem fala não faz’, além da dificuldade comum em pedir ajuda, contribuem para a
marginalização dessa causa.
A repetição histórica de mitos e preconceitos (inclusive no ambiente militar) contribui para
formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento suicida. As
pessoas sentem-se excluídas e discriminadas, fortalecendo o estigma. Suicídio é um
problema complexo para o qual não existe uma única causa ou uma única razão. Ele
resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais,
culturais e ambientais.
O suicídio é hoje um problema de saúde pública. Pelos números oficiais, no Brasil a taxa
de óbitos por suicídio é superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Tem
sido um mal silencioso, pois as pessoas fogem do assunto e, por medo ou
desconhecimento, não veem os sinais de que uma pessoa próxima está com ideias
suicidas.
A esperança é o fato de que, segundo a Organização Mundial da Saúde, nove em cada dez casos
poderiam ser prevenidos. É necessário a pessoa buscar ajuda e atenção de quem está à sua volta.
Alguns mitos sobre o comportamento suicida.
MITOS VERDADES
O suicídio é uma decisão individual, já́ que cada FALSO. Os suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua
percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante
um tem pleno direito a exercitar o seu livre da prevenção do suicídio. Após o tratamento da doença mental o desejo de se matar desaparece.
arbítrio.
Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá́ FALSO. O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará́ mais em risco.
Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode FALSO. Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a
angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
aumentar o risco.
É proibido que a mídia aborde o tema suicídio. FALSO. A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma
adequada. Isto não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população
sobre o problema, onde buscar ajuda etc.
O autoextermínio é o resultado de uma complexa interação de fatores biológicos (inclusive
genéticos), psicodinâmicos, culturais e socioambientais, configurando, por vezes, o desfecho
trágico de uma série de fatores que se acumulam na vida do indivíduo, não podendo ser
avaliado de forma causal e simplista.
Não é um evento raro: no Brasil houve um aumento maior que 10% no número de
mortes por suicídio entre 2000 e 2012, com aumento de mais de 30% entre os jovens.
Esses dados ficam ainda mais alarmantes com a possibilidade de uma subnotificação
do número de suicídios e da grande variabilidade regional nas taxas. Uma pequena
proporção do comportamento suicida chega ao conhecimento da população.
Policiais estão expostos com frequência às situações de risco (confrontos físicos e armados) e
de perdas de colegas . Em uma política de prevenção do comportamento suicida devem ser
consideradas as situações de risco e traumáticas às quais o militar está exposto, oferecendo
acompanhamento psicológico voltado para policiais que tenham se envolvido em ocorrências de
risco (eventos traumáticos) ou que apresentem qualquer alteração comportamental.
Neste aspecto é de fundamental importância a atuação do psicólogo ou
médico do NAIS, ao conseguir identificar militares , que muitas vezes não
solicitam auxilio por conta própria ,mas que estão em grande sofrimento, e
necessitam de atendimento psicológico e/ ou psiquiátrico.
Metade das vítimas de suicídio passou por consulta médica seis meses antes
de sua morte, no entanto, 50 a 60% dessas pessoas nunca tinham se
consultado com um profissional de saúde mental ao longo de suas vidas.
Esses dados mostram a importância que os profissionais de saúde
generalistas (clínicos gerais) têm na identificação de pessoas que estão em
situação de vulnerabilidade.
No ambiente policial, é comum que os pares sejam os
primeiros a perceber e apontar e perceber os
comportamentos inabituais. Uma vez relatado um
problema, mesmo que isso aconteça durante uma
conversa descontraída, o colega policial e o profissional de
saúde não devem desconsiderar a informação que está
sendo dada.
Citamos abaixo os principais sinais de alerta para o risco de suicídio.
Risco – Primeiro Passo: é a própria suspeita de risco da pessoa vir a se matar. Parece óbvio o risco!
Neste momento é preciso ficar atento, pois mas muitas vezes não é tão óbvio assim. Com
sensibilidade deve-se perguntar à pessoa sobre suas ideias de morrer ou de se matar.
Ouvir– Segundo Passo: é ouvir com atenção e respeito a dor do sujeito , sem julgá-lo ou recriminá-lo.
Conduzir– Terceiro Passo: é conduzir a pessoa a um profissional de saúde . Não fique paralisado
diante da dor do outro, pois para quem se encontra fragilizado e perdeu a esperança , a iniciativa de
buscar ajuda não se dá espontaneamente. Ajude-o!
Considerando que o suicídio representa uma ruptura radical para eliminar uma
situação de dor psíquica insuportável, atitudes preventivas devem ser tomadas não
apenas para evitar a morte, mas para mostrar à pessoa outras formas de enfrentar o
sofrimento. A prevenção do suicídio não é um problema exclusivamente dos
profissionais de saúde, mas de toda a comunidade. À medida que uma maior
quantidade de pessoas saiba como acolher alguém com risco suicida, maior será a
possibilidade de evitar que ele ocorra. Leve a sério comentários ou ameaças
referentes ao suicídio e procure entender os sentimentos da pessoa (empatia).
Estimule a pessoa a buscar ajuda profissional e suporte na família ou comunidade
(como por exemplo na igreja ou com colegas de trabalho).
Para cada suicídio, cinco a dez
pessoas (familiares, amigos,
colegas de trabalho) são É importante destacar
afetadas social, emocional e que também eles são um
economicamente. grupo de risco para o
São os chamados comportamento suicida.
sobreviventes, pessoas Muitas vezes, o
significativamente impactadas sobrevivente pode
pelo suicídio. "Por que isso apresentar o desejo de
aconteceu? Como eu não tirar também a sua vida
percebi nada? Será que pode por causa da intensa dor
acontecer de novo?" são da perda, além de fatores
questionamentos comuns entre como sentimentos de
os sobreviventes. culpa, raiva, vergonha e
desamparo, que podem
ser intensos.
COMO AGIR
− Não publicar fotografias da pessoa ou cartas que tenha deixado;
− Não informar detalhes específicos sobre o método utilizado;
− Não fazer especulações de possíveis causas;
−Não glorificar o suicídio ou fazer sensacionalismo sobre o caso;
− Não atribuir culpas ou fazer julgamentos;
E lembre-se: divulgar fotos do corpo do suicida é crime contemplado
no artigo 212 do Código Penal, de vilipêndio a cadáver.
Rede de proteção à saúde
e apoio ao policial e à sua
família
Ao considerarmos as singularidades das diversas localidades no Estado de
Minas Gerais, o policial militar poderá recorrer a variadas formas de apoio
e assistência, a saber:
REDE ORGÂNICA
- Igrejas: a maior parte das igrejas, centros e templos contam com serviços de orientação e em alguns
casos, até mesmo de acompanhamento, geralmente há horários específicos destinados a este tipo
de acolhimento.
- Universidades: a maior parte das Faculdades de medicina e psicologia, contam com serviços de
atendimento gratuito realizado pelos alunos e supervisionados pelos professores.
- Centro de Valorização da Vida (CVV): funciona 24 horas, todos os dias da semana. O militar que
desejar poderá ligar através do número 188. Através site www.cvv.org.br, se preferir poderá
conversar através do chat e em algumas localidades poderá localizar locais de atendimentos.
Referências Bibliográficas
ABREU, Geraldo Magno Alves de; Inocente, Nancy Julieta. Sono tranquilo ou terror noturno: um entendimento para uma melhor qualidade de vida. IX Encontro Latino Americano de
Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação. Universidade do Vale do Paraíba. São Paulo: 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Comissão de Estudos e Prevenção do Suicídio (2014). Suicídio: informando para prevenir. Brasília: CBM/ABP.
ASTRAND, Per-Orlof et al. Tratado de Fisiologia do Trabalho. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
BALLONE G.J. Estresse e Trabalho. In. PsiqWeb, Internet. Disponível em: <www.psiqweb.med.br>. Acesso em: 22 jul. de 2019.
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria no. 1.271, de 24 de junho de 2014. Define a lista nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de
saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Diário Oficial da União;jun. 2014. 9(108): seção I, p. 67.
BOTEGA, NJ.- Prática psiquiátrica no Hospital Geral : interconsulta e emergência.-4 ed- Porto Alegre: Artmed, 2017 .
MINAS GERAIS, Polícia Militar de. Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso da Força. Manual Técnico-profissional n. 3.04.01-CG. Belo Horizonte: Minas Gerais: 2. Edição
Revisada, 2013.
DEJOURS, C. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas, 1994 apud HELOANI; CAPITÃO, Saúde mental e psicologia do trabalho. São Paulo Em Perspectiva, 17(2): 102-108, 2003.
CARMO, O. F. do. Fadiga e Pilotagem de Helicópteros de Segurança Pública e Defesa Civil. Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo. São Paulo, 2013.
CORREIA, H, BARRERO, SP. Suicídio: uma morte evitável. São Paulo: Atheneu, 2006.
FERNANDES, Eda Conte. Qualidade de Vida no Trabalho. Salvado, BA: Casa da Qualidade, 1996.
GANDER, P. et al. A gender-based analysis of work patterns, fatigue, and work/life balance among physicians in postgraduate training. Acad Med, Filadélfia, v. 85, n. 9, p. 1525-
1536, 2010.
GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA COMANDANTES DO EXÉRCITO BRASILEIRO – 2 ª edição.
INOCENTE, N.J.; REIMÃO, R. Distúrbios do sono em trabalhadores em turno e noturnos. In: REIMÃO, R. São Paulo: Associação Paulista de Medicina, 2002.
HANSON, R.. O cérebro de Buda: neurociência prática para a felicidade. São Paulo: Alaúde Editorial, 2012.
HELOANI; CAPITÃO, Saúde mental e psicologia do trabalho. São Paulo Em Perspectiva, 17(2): 102-108, 2003.
KNIERIM, K. Fatores determinantes da Qualidade de Vida no Trabalho: um estudo de caso. DissertaçãO. Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas. Universidade
Federal de Santa Catarina, 1999.
KUBE, L. C.. Fisiologia da fadiga, suas implicações na saúde do aviador e na segurança na aviação. Revista Conexão SIPAER, v. 2, n. 1, nov. 2010.
MORAES L. F.; PEREIRA, L. Z.; LOPES, H. E. G.; ROCHA, D. B., & FERREIRA, S. A. Estresse e qualidade de vida no trabalho na polícia militar do estado de Minas Gerais. (2001) ANAIS
do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, 24, 4-28. In: _________. Diagnóstico de qualidade vida e estresse no trabalho da Polícia Militar
do Estado de Minas Gerais [relatório de pesquisa]. Belo Horizonte: Núcleo de Estudos Avançados em Comportamento Organizacional/Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em
Administração/ Universidade Federal de Minas Gerais: 2000.
MINAYO, M.; SOUZA, E.; CONSTANTINO, P.; Missão prevenir e proteger codições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de janeiro. Rio de Janeiro, Editora
FIOCRUZ, 2008.
MIRANDA , D. Por que policiais se matam? – 1 ed- Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2016 .
PARAGINSKI, Ana Laura. Compasso que varia de pessoa para pessoa. In: Revistas UCS. Universidade de Caxias do Sul. nov. 2014. Ano 2 – n. 15. Disponível em:<
https://www.ucs.br/site/revista-ucs/revista-ucs-15a-edicao/no-ritmo-do-relogio-biologico/>. Acesso em: 23 jul 2019.
SANTOS, T. C. M. M. dos; INOCENTE, N. J. Trabalho em turnos e noturno: ciclo vigília sono e alterações na saúde do trabalhador. Mestrado em Gestão e Desenvolvimento da
Universidade de Taubaté. São José dos Campos, 2006.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Preventing suicide: a global imperative. Geneva: WHO, 2014