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M. VIEGAS GUERREIRO
(Recebido em 12-7-1973)
had already been notíced and described duríng the 16th century by the Spanish
míssíonaríes Bartolomeu De Las Casas and José d'Anchieta, and the Portuguese
farmer Gabriel Soares de Sousa, when living respectively with the locas ín Peru,
with the Brazís, ín general, and with the 'I'upínambás from the Brazilian coast. The
use of the Portuguese-Spanish references above would ·avoid such a mistake and
would give a better knowledge of the phenomenon. If these ethnographic refer-
ences from the literature of the Portuguese and Spanish overseas terrítoríes
had been known to people studying these cultures, they would have formulated
theír ídeas of the history of the ínstítutíons with greater conrídence, and
obtained greater consístency, which they lacked, in some of their ínterpretatíve
theories of those cultures.
Quando, em 1846, Lewis Henry Morgan, fun- adverte que Lafitau (5), no século xvm, já tinha
cionário federal americano, se aplicava ao estudo referido a existência desse tipo de parentesco
das instituições dos índios iroqueses, observou entre índios da América (6) - afinal os mesmos
que eles usavam uma terminologia de parentesco Iroqueses estudados por Morgan.
diferente da nossa (1). Agrupavam parentes em Francis Zimmermann, na colecção de textos
classes ou categorias nas quais parentes linea- comentados sobre Antropologia Social e Genética
res e colaterais eram designados pelo mesmo das populações, a que deu o titulo de La parentée
nome (2): chamavam, por exemplo, pai ao pai e (Paris, Presses Universitaires de France, 1972),
ao irmão do pai, e irmão ao irmão e ao filho do repete a mesma advertência, ao transcrever toda
irmão do pai. a doutrina do grande mestre inglês da Etnologia.
O processo era contrastante com o que de- E Jean Guiart, em livro que escreveu para a
signava cada um dos parentes consanguíneos, CoUection Olejs das Editions Seghers - Clets
lineares ou colaterais, de modo específico, usan- pour l'Ethnologie -, publicado em 1971 e, como
do-se, em regra, um termo primário para os linea- o anterior, destinado a ter grande audiência, re-
res e uma combinação de termos primários ou fere, ainda de modo mais explícito, na p. 56,
frases descritivas para a maior parte dos cola- a aludida prioridade de Lafitau: «Le sujet qui
terais. Designou Morgan o primeiro de classifi- nous préoccupe [o parentesco elassificatório] est
catório e o segundo de descritivo, e, de modo ge- encore plus anglo-saxon qu'on aurait pu le penser.
ral, praticado aquele pelos povos ditos primitivos Les découvreurs n'y sont pour rien, le premier en
date étant le jésuite français François Lafitau.s
e este pelos ditos civilizados (3).
O texto do padre jesuíta francês, que servi
Utilizamos ainda hoje esta classificação ter-
de base a tal asserção, foi por todos transcri
minológica, embora se não aceitem todas as im-
e aqui o deixo, extraído de sua opulenta obra, em
plicações que os termos tinham para Morgan. quatro tomos, Moeurs âes sauvages ameriquains
Kroeber alega que não faltam termos classifica- comparées aux moeurs des premiers temps. Paris.
tórios nas línguas indo-europeias e cita a palavra 1724, tomo II, pp. 243-244:
primo, Rivers assinala também que uma palavra « [ ... ] parmi les Iroquois et parmi les Hurons
como tio não descreve a relação de parentesco tous les enfans d'une cabane regardent comme
que indica (4). leurs meres toutes les soeurs de leurs meres e-
Radcliffe-Brown, ao ocupar-se, em 1950, de comme leurs oneles tous les freres de leurs meres:
parentesco classificatório na «Introdução» do par la même raison ils donnent le nom de pe -
livro African Systems of Kinship and Marriage,
que escreveu de colaboração com Daryll Forde,
(5) o padre jesuíta Joseph François Lafitau nasce
em Bordéus em 1670 e aí morreu em 1740. Pregou
Evangelho aos Índios do Canadâ durante cinco anos e
(1) Systems 01 Oonsanguinity and Aftinity 01 the estudo aturado de seus costumes saiu a monumental ob
Human Family.Oosterhout. N. B. - The Netherlands, adiante citada: Moet~r8 des sauvages ameriquams ... Es-
Anthropological Publications, 1970, p. 3. creveu também uma Histoire âes découvertes et conquu-
(2) lbidem, pp. 12, 143. tes des Portugais dans le Nouveau Monde. Paris, 1733-
(S) lbidem, p. 12. (6) Utilizámos a tradução francesa Systemes Fami-
(4) Robert Lowíe - Histoire de l'Ethnologie Olassi- liaux et MatTimoniaux en AlTique. Paris, Presses Uni-
que. Paris, Payot, 1971, pp. 62-63. versitaires de France, 1953, pp. 9-10.
freres de leurs peres. Tous les enfans culo XV'! tinham dado por ele os missionários
mere et de ses soeurs, du pere et de espanhóis Bartolomeu De Las Casas (8) e José
se regardent entre eux également d'Anchieta (9), este último educado em Portugal
et soeurs; mais par rapport aux e que em português escreveu, e o português Ga-
~=3de zeurs oncles et de leurs tantes, c'est-à- briel Soares de Sousa (lO).
:::reres de leurs meres et des soeurs de Escreveu frei Bartolomeu a respeito do casa-
- íls ne les traitent que sur le pied de mento dos Incas do Peru (11) :
_ oiqu'ils soient dans le même degré de «Guardaban grande orden cerca de sus casa-
e ceux qu'ils regardent comme leurs
mientos: nínguno se casaba con su hermana, ni
soeurs [ ... ]» (7)
con su prima hermana, ni con su tia, ni con su
~~r:..:unlente, o padre Lafitau surpreendeu sobrina, hija de su hermano o hermana de su pa-
e descreveu com perfeita exactidão a
dre. Teníase tal abuso por gran delicto, porque no
-' catória do parentesco dos índios
solamente llamaban hermanas, ni madres, ni hijos
hurões do Canadá. É difícil ser-se
a los que verdaderamente lo eran, pero a los pri-
: em uma categoria estão associadas
mos hermanos llamaban hermanos y a los tios
rrmãs das mães, todas chamadas mães;
padres y a los sobrinos hijos.»
e irmãos dos pais, todos chamados
ecnsequentemente, tratavam os referidos Estamos em presença de um perfeito sistema
os seus autênticos filhos e os filhos classificatório. Na classe de pais de Ego (homem)
-.;;....••
-•....
-..,-e as mães de filhos os seus filhos e (diagrama n) entram seus pais (3, 4) e tios (1, 2,
irmãs. Irmãos e primos paralelos 5, 6) e, na de irmãos, seus irmãos (11, 12) e pri-
.::II:~~E:i~ irmãos. mos (7, 8, 9, 10, 13, 14, 15, 16); e na classe de
a~:'3.Ina r repete e tornará mais clara a filhos incluem-se filhos e sobrinhos: Ego e seus
irmãos e primos (11, 12, 7, 8, 9, 10, 13, 14, 15, 16)
todos são chamados filhos por seus pais e tios
(1, 2, 3, 4, 5, 6). Entende-se, portanto, que Ego
não possa casar com as primas 8, 10, 14 e 16, a
quem chama irmãs, nem com as tias 1 e 5, a quem
chama mães, e fica dito que não casam as tias
1 e 5 com Bqo, a quem têm por filho.
Diagrama II
o segundo escrito de Anchieta lê-se: E por esta causa os padres as casam agora com
«Mas, na matéria de parentesco, nunca usam seus tios, irmãos das mães, se as partes são con-
e vocábulo etê [Iegítímo], porque chamando tentes, pelo poder que tem de dispensar com eles,
. aos irmãos de seus pais e filhos aos filhos o qual até agora se não fez com sobrinho [sobri-
c seus irmãos, e irmãos aos filhos dos tios, nha?] filho [filha?] de irmão, nem ainda em
irmãos dos pais, para declararem quem é seu pai, outros graus mais afastados que vem pela linha
filho verdadeiro, [ ... ] nunca dizem xerübetê, dos pais, porque entre os índios se tem isto por
eu pai verdadeiro, senão »eruõa xemonhangára muito estranho.»
meu pai qui me genuit, e ao filho xeraíra xeremi- Estamos diante de um desenvolvimento do
hanga, meu filho quem genui, e assim nunca texto anterior. Ê escusado dizer que também aqui
vi a índio chamar a sua mulher xeremirecô etê parentes lineares e colaterais são agrupados em
- não xeremirecô (simpliciter) ou xeraicig, mãe classes ou categorias e se aplica o mesmo termo
e meus filhos; nem a mulher ao marido xeme- a todos os membros de cada uma delas, e que,
ê, maritus verus, senão xemêna (simpliciter) portanto, o sistema é nisto classificatório.
ou xemembíra TUba, pai de meus filhos, do qual Assinala-se também o tipo de filiação patrili-
tanto usam para o marido como para o barregão; near: <I ... ] o parentesco verdadeiro vem pela
e se alguma hora o marido chamar alguma de parte dos pais [ ... ]» E a este respeito o autor
as mulheres xeremirecô etê, quer dizer minha acrescenta que os filhos de escravas e de índios
ulher mais estimada ou mais querida, a qual captores pertencem à linhagem dos pais, são
muitas vezes é a última que tomou, porque etê livres, tidos por filhos legítimos, usufruindo de
também quer dizer fino ou estimado, como caã todos os privilégios, como se não nascessem de
dê, mato fino, de boa madeira, igbíra eiê, pau escravas, mas os filhos de índias e de escravos
fino, rigo, etc. já não pertencem à linhagem das suas mães por-
Às filhas das irmãs não chamam temerioô etê, que as mulheres a não transmitem, são escravos
em por tais as têm, porque muitos índios com como os pais, pelo que podem ser vendidos e até
terem muitas sobrinhas, e muito gentis mulheres, comidos e pelos próprios avós, pais das mães.
ão usam delas; mas como os irmãos têm tanto A propósito vem dizer que isto mesmo acon-
er sobre as irmãs, têm para si que lhes per- teceu com os Macondes do Norte de Moçambique
- ncem as sobrinhas para as poderem ter por mu- até à dominação portuguesa. Em razias que fa-
eres e usar delas ad libitum, se quiserem, assim ziam por território de Macuas, Ajauas e Angonis,
como as mesmas irmãs dão a uns e tiram a aprisionavam homens e mulheres e incorpora-
tros. Taragoaj, índio muito principal da aldeia vam-nos na população maconde. Os filhos de mu-
e Jaribâtiba, que é no campo de S. Vicente, tinha lher cativa e de maconde, como a descendência
uas mulheres, e uma delas era sua sobrinha, é matrilinear, ficavam sem linhagem (likola),
filha de sua irmã; e, quando se baptizou, deixou marca social que os apoucava aos olhos do povo
sobrinha, ainda que era mais moça e casou com que os recebia; os filhos de mulher maconde e de
outra. escravo tinham a sua linhagem maconde e sobre
O terem respeito às filhas dos irmãos é porque eles não recaía o lábaro da escravatura (14).
es chamam filhas e nessa conta as tem; e assim Outras lições de Etnologia nos dá ainda An-
que fornicarie as conhecem, porque têm para chieta: o termo com que se dirigem a um parente
sí o parentesco verdadeiro vem pela parte dos tem aglutinado o pronome possessivo, o que é
~ is, que são os agentes, e que as mães não são comum à maior parte das terminologias de pa-
ais que uns sacos, em respeito dos pais, em que rentesco, e, como o parentesco é classificatório,
_v criam as crianças, e por esta causa os filhos não especificam os Brasis com outras palavras
pais, posto que sejam havidos de escravas e a exacta posição do parente a que se dirigem:
ntrárias cativas, são sempre livres e tão esti- dizem xeruba (meu pai), quer se trate do pai bio-
zaados como os outros, e os filhos das fêmeas, se lógico, quer do irmão do pai. Ê evidente que
são filhos de cativos, os têm por escravos e os conhecem a distinção entre um e outro e, se se
endem e às vezes matam e comem, ainda que lhes pergunta isso, logo dirão xeruba xemonhan-
jam seus netos, filhos de suas filhas, e por isso
bém usam das filhas das irmãs sem nenhum
jo ad copulam, mas não que haja obrigação (14) Cf. DIAS, Jorge-Os Macondes de Moçambi-
em costume universal de as terem por mulheres que - I -. Aspectos' Hist6ricos e Económicas. Junta de
rdadeiras, mais que as outras, como dito é. Investigações do Ultramar, 1964, p. 85.
gara (o meu pai que me gerou, qui me g gentio e o que mais parentes
e isto é igualmente facto geral. paren do e temido, e traba
E vem, finalmente, Gabriel Soares de Sousa. lha muito - i e fazer corpo cor
Conta ele dos índios tupinambás do Brasil: eles em qu em que vivem; e, quandi
«Costumam os Tupinambás que, quando algum qualquer ín '0 o tem agasalhado seu:
morre, é obrigado o irmão mais velho a casar com parentes e e lanço, quando há dI
sua mulher, e, quando não tem irmão, o parente comer, deita-se rede onde lhe põem o que
mais chegado pela parte masculina; e o irmão da há de comer e vasilha e assentam-se em
viúva é obrigado a casar com sua filha, se a tem; cócoras suas ere e filhos e todos seus
e, quando a mãe da moça não tem irmão, per- parentes, gran e pequenos; e todos comem
tence-lhe por marido o parente mais chegado da juntos do que em asilha, que está no meio
parte de sua mãe; e, se não quer casar com esta de todos.s (1~)
sua sobrinha, não tolherá a ninguém dormir com Resumindo a informação de Gabriel Soares,
ela, e depois lhe dá o marido que lhe vem à em conformidade com o diagrama IV, Ego, mu-
vontade. lher, chama pai ao pai (6) ao irmão do pai (5),
O tio, irmão do pai da moça, não casa com a ao primo do pai (4), ao irmão da mãe (8) e
sobrinha, nem lhe toca, quando fazem o que de- primo da mãe (7) e todos a tratam por filha;
vem, mas tem-na em lugar de filha, e ela como a chama avô ao avô (3), irmão do avô (2) e primo
pai lhe obedece, depois da morte do pai, e pai lhe do avô (1) e todos a designam por neta, bem
chama; e, quando estas moças não têm tio, irmão como a sua filha (9).
de seu pai, tomam em seu lugar o parente mais É uma nomenclatura classificatória sui g9-
chegado; e a todos os parentes da parte do pai neris.
Diagrama IV
em todo o grau chamam pai, e eles a ela filha; A descendência é patrilinear, o que se infere
mas ela obedece ao mais chegado parente, sem- de três factos: o tio, irmão do pai, não casa com
pre; e da mesma maneira chamam os netos ao a sobrinha filha do irmão, a quem chama filha;
irmão e primo de seu avô e eles a eles netos, e o irmão de uma viúva é obrigado a casar com a
aos filhos dos netos e netas de seus irmãos e pri- sobrinha (8 com Ego, por falecimento de 6), filha
mos; e da parte da mãe também os irmãos e pri- desta, que, por a descendência ser patrilinear, não
mos dela chamam aos sobrinhos filhos e eles aos
tios pais; mas não lhe têm tamanho acatamento (16) Tratado Descritivo do Brasil em 1587. S. Paulo,
como aos tios da parte do pai; e preza-se este Companhia Editora Nacional, 1971, 4.' edição, pp. 309-310.
pertence à sua linhagem. O estranho, no entanto, trocavam seus membros e do maior ou menor
é chamar-lhe filha, mas casando com ela não são número destes.
incestuosas as relações sexuais; a sobrinha é tão
sua que a dá a quem quiser. O terceiro facto é Em resumo e concluindo:
não terem «tamanho acatamento» aos tios da Reparou Lewis Morgan, em meados do sé-
parte da mãe «como aos tios da parte do pai». culo XIX, que os índios iroqueses agrupavam e
Confirma isto mesmo André Thevet, que viveu nomeavam seus parentes de modo singular e deu
algum tempo no Brasil e conviveu com os Tupi- a essa nomenclatura o nome de classificatória
nambás. Escreve aí por 1558 em Les singularitez para a opor à dos povos ditos civilizados, que de-
de la Erance Antarctique (Paris, 1878, p. 215) signou de descritiva.
que «[ ... ] le principal auteur de generation est le Não foi, porém, Morgan o primeiro a dar por
pere et la mere non». isso, igual argúcia teve o padre jesuíta francês
O chamarem pais aos irmãos da mãe é caso Lafitau, no começo do século XVliII; cita-o Rad-
relativamente raro - acontece isso com os Poli- cliffe-Brown e Jean Guiart confere-lhe mesmo o
nésios -, o que se explicará pelo forte acento título de primeiro descobridor. Creio ter ficado
patrilinear, pelo respeito que têm à mãe, enfim, desfeito tal erro: mais de 100 anos antes sur-
por se equivalerem na significação os parentes preenderam e descreveram o mesmo tipo de pa-
da mesma geração. rentesco os espanhóis Bartolomeu De Las Casas
Adverte Gabriel Soares que, embora a sobri- e José d'Anchieta e o português Gabriel Soares
nha chame pais a qualquer dos parentes da parte de Sousa.
do pai e estes a ela filha « [ ... ] ela obedece ao mais O conhecimento da documentação luso-espa-
chegado parente, sempre». Isto confirma o prin- nhola teria evitado o erro da referida prioridade,
cípio geral de que o dar-se o mesmo nome a pa- além de proporcionar aos etnólogos que nele
rentes diversos não significa que o comporta- caíram preciosa informação que os ajudaria a
mento para com eles seja idêntico. Há algo de compreender melhor a natureza dos fenómenos
comum no tratamento, de que é testemunho a estudados.
mesma designação, resultante de se aproximarem Mas este não é senão pequeníssimo exemplo
da prodigiosa riqueza etnográfica que exibe a
até quase à identificação os irmãos, mas ao pa-
literatura ultramarina portuguesa e castelhana.
rente mais próximo é que se tem mais respeito,
Observa-se com rigor e objectividade, descreve-se
são as suas ordens que se acatam.
com singeleza e não falta tão-pouco apurada re-
Nota etnológica de muito interesse é também flexão. Com esta base documental se entenderia
a que sugerem as últimas palavras do capítulo, melhor a história das instituições e seu funciona-
que põem em realce a importância dos laços de mento actual, com ela teriam ganho segurança
parentesco nas sociedades ditas primitivas. que não tiveram algumas teorias interpretativas
O grupo familiar tupinambá era uma pequena da cultura.
sociedade cuja força e prestígio resultavam do
mútuo auxílio material e espiritual que entre si Paço de Arcos, Maio de 1973.