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RESUMO - A distância das áreas de floresta natural, a proteção legal das espécies tropicais, o
alto custo do frete e a expansão das áreas plantadas com florestas de espécies exóticas, têm
sido razões do incremento do seu uso. Até há pouco, a madeira de Pinus esteve relegada a
uma utilização menos nobre. Várias são as normas que especificam a qualidade da madeira
para utilização em estruturas embora no Brasil, a única que trata de coníferas não aborda a
especificidade estrutural. As informações sobre o assunto estão disponíveis, porém o acesso é
restrito, seja pela barreira do idioma ou pela complexidade do texto. O objetivo deste trabalho
é a criação de um material de fácil leitura e manipulação para ser utilizado amplamente e que
reúna os requisitos de normas para a classificação visual estrutural da madeira Pinus spp. O
método foi aplicado em 2 cargas de 2,0m3 de pranchas e de tábuas de Pinus spp, totalizando
4,0 m3. Após a validação do método, foi possível a elaboração de um manual em forma de
folder, abordando classificação de aspecto, admissão de defeitos, densidade, classes de
resistência etc. A principal contribuição é a transferência deste conhecimento para setores da
madeira serrada e moveleiro.
Palavras-chave: madeira serrada de Pinus spp, método para classificação estrutural, folder de
classificação.
ABSTRACT - The great distances between natural forest areas and end-user regions, the
legal protection of tropical species, the high cost of transportation and the expansion of
forested areas of exotic species, have been recent reasons for the increasing of the latter. The
pine wood has been relegated to less noble uses. International standards specifies standards of
wood quality, but in Brazil there are no visual classification established procedures that
subsidies users and marketers on the use of wood in structures. worldwide available
information access is restricted either by the language barrier or the texts complexity. The
objective is to present an easy-to-read and handle manual, widely accessible and also meeting
the requirements of codes of timber structures design. The methodology was tested in two
loads 2,0 m3 of planks and boards of Pinus spp, totaling 4,0m3. After procedure validation, it
was possible to prepare a manual covering grading aspects, definition of allowable defects,
density, strength classes, etc. The results have been disseminated with the help of SENAI
among the industries of lumber and furniture.
Keywords: Pinus spp sawn timber, visual structural grading method, grading manual.
1
Professor Associado - Depto de Arquitetura e Urbanismo – UEL, jordan@uel.br
2
Professor Associado - Depto de Estruturas – UEL, pletz2000@yahoo.com
3
Estagiária de Iniciação científica - Depto de Arquitetura e Urbanismo – UEL, lugimenes_@hotmail.com
4
Estagiária de Iniciação científica - Depto de Arquitetura e Urbanismo – UEL, marisavino@gmail.com
5
Arquiteta- Bolsista DTI 2 - Depto de Arquitetura e Urbanismo – UEL, emanuellegracarecco@yahoo.com.br
UFES/Vitória – 23 a 25 de julho de 2012
INTRODUÇÃO
A distância das áreas de floresta natural, a proteção legal das espécies tropicais, o alto
custo do frete e a expansão das áreas plantadas com florestas de espécies exóticas nas regiões
sul e sudeste do Brasil, tem sido razões do incremento do uso destas últimas. Hoje, apenas na
região sul se calcula como 750 mil ha de florestas de Pinus spp. No Paraná atualmente, são
1,5% do território do Estado plantado com florestas e há um esforço conjugado para se
aumentar este número, nos próximos dez anos, para 3%. Até pouco tempo, a madeira de Pinus
esteve relegada a uma utilização menos nobre, pasta de papel e fôrmas para concreto, por
exemplo. No entanto pelas razões enunciadas, esta madeira tende a substituir a madeira
tropical em aplicações construtivas e estruturais.
A utilização de Pinus de reflorestamento na indústria madeireira brasileira vem
aumentando nos últimos anos. Particularmente para a madeira serrada desse gênero, a
produção nacional de madeira serrada de Pinus atingiu 9,46 milhões de m³ em 2008. O
crescimento da produção no período de 1999 a 2008 foi de 40,6%, porém devido à crise
financeira mundial, em 2009 ocorreu um decréscimo de 2,1% (ABRAF, 2009). Diante dos
números que apontam uma crescente oferta e demanda por produtos de madeira serrada de
Pinus, é de se esperar que a indústria busque formas mais eficientes de garantir a qualidade
dos produtos por ela gerados, portanto a atividade de inspeção e classificação passa a ter
crescente importância no processo produtivo.
Entre 2008 e 2011, uma seqüência de projetos de apoio aos APLs do setor madeireiro e
moveleiro, de Arapongas e Telêmaco Borba e de municípios com baixo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) do Sul e Sudoeste do Paraná foram idealizados e
desenvolvidos por docentes dos departamentos de Arquitetura e Urbanismo, de Estruturas e
de Construção Civil da UEL, em parceria com o SENAI-Arapongas, PR. Destes, destaca-se
um projeto de pesquisa - Procedimentos para o incremento da qualidade do mobiliário
fabricados à base de produtos de madeira para as indústrias dos APLs de Arapongas e
Francisco Beltrão, Paraná - e um projeto de extensão tecnológica empresarial - Melhoria da
qualidade da madeira para as micros e pequenas empresas moveleiras do Paraná. O objetivo
principal é desenvolver equipamentos e procedimentos que permitam agregar valor a madeira
serrada processada por pequenos produtores e ao mesmo tempo adicionem vantagens
competitivas aos responsáveis pela demanda deste insumo, como aumento de produtividade,
diminuição do tempo do ciclo de fabricação de produtos a base de madeira, redução de perdas
e menor comprometimento financeiro com estocagem de materiais.
Várias são as normas que especificam a qualidade da madeira para utilização em
estruturas embora no Brasil, a única que trata de coníferas não considera a especificidade
estrutural. Não existem no país normas de classificação visual estrutural que dão subsídios aos
usuários e comerciantes desta madeira objetivando o uso em estruturas. As normas de
classificação visual estrutural são internacionais. Embora as informações sobre o assunto
estejam disponíveis, o acesso a elas é restrito, seja pela barreira do idioma ou pela
complexidade do texto.
As normas de classificação visual estrutural são internacionais sendo que no Brasil, são
duas as normas que tratam da classificação do Pinus. Especificam a quantidade e tipologias de
defeitos aceitáveis por peça de madeira de coníferas de maneira geral. São elas a ABNT NBR
11700 (1991) (Madeira serrada de coníferas provenientes de reflorestamento, para uso geral -
classificação), e a ABNT NBR 12297 (1991) (Madeira serrada de coníferas provenientes de
reflorestamento, para uso geral – medição e quantificação de defeitos.
Nenhuma delas estabelece valores para utilização em estruturas. Assim para se obter
parâmetros de classes de resistência é necessário se recorrer a normas internacionais tais como
a D245-93 (ASTM, 2001) Standard Practice for Establishing Structural Grades and Related
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Allowable Properties for Visually Graded Lumber ou SPIB (1994): (Grading Rules for
Southern Pine Lumber Manual for Boards and 2”Dimension).
Estas normas propõem classes de resistência, de acordo com a quantificação e
dimensões dos defeitos das peças. A ABNT NBR 12297 e a ASTM D245-93 são as normas
que estabelecem como os defeitos devem ser medidos, enquanto a ABNT NBR 11700 e a
SPIB 1994 definem os valores aceitáveis de cada defeito para cada classe.
As normas diferem também na consideração dos defeitos. Em comum há os
empenamentos, com exceção da torção, que não é permitida em nenhuma classe pela ABNT
NBR11700, e permitida com valores baixos nas classes da norma americana. As rachaduras
são outro ponto em comum, assim como os nós de canto e de face, porém a norma americana
difere tanto no modo de medir como nos valores de classificação dos nós de face larga e face
estreita, enquanto a brasileira os classifica da mesma forma. O esmoado também é
considerado pelas duas, só não possui um padrão de medida estabelecido pela ASTM D245-
93. O mesmo acontece com o fendilhado, porém neste caso a ABNT NBR 12297 é que não
define um método de medição. Uma diferença importante de se mencionar é a consideração
da densidade pela norma americana. Ao colocar na norma o modo padrão de analisar a
densidade de uma peça, torna-se evidente a intenção de que se estabeleçam valores para essa
característica específica da madeira, que está diretamente relacionada às suas propriedades
mecânicas. O Quadro 1 relaciona os defeitos mencionados em cada norma.
MATERIAIS E MÉTODOS
Classificação do lote
Deformações
A classificação começou pela análise das deformações: encanoamento, arqueamento,
encurvamento, e torção (figura 1). Para a medição utilizaram-se régua e linha de nylon. De
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acordo com os desenhos ilustrados na norma brasileira, se procedeu à medição seguindo as
indicações mostradas na Figura 1.
(A) (B)
(C) (D)
Figura 1 - Medição de deformações de peças de madeira; (A) Encanoamento,
(B) Arqueamento, (C) Encurvamento e (D) Torção.
É importante salientar que essa medida deve ser feita quando a grã inclinada não se
localiza nas imediações de um nó onde há um desvio localizado das fibras em seu entorno.
Depois desses parâmetros, que são os mais freqüentes nas peças, era verificada a
presença de bolsas de resina, podridão e furos de inseto ativo. Em caso de presença de
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podridão, a peça é rejeitada, uma vez que esse defeito não é admitido em nenhuma classe.
Todos esses parâmetros eram anotados numa planilha eletrônica.
Nós
Na seqüência, procedeu-se à medição e contagem dos nós. Para medi-los, com exceção
do nó de quina que deve ser medido de maneira diferente. Depois disso, todos os valores eram
somados. A soma não pode exceder ⅓ da largura da face em que se encontram os nós com o
risco de rejeição da peça. Em cada peça são medidos os três maiores nós posicionados
respectivamente, no centro da face larga, na borda da face larga e na face estreita (Figura 3).
Medem-se os dois diâmetros, e somente o maior deve ser considerado.
Densidade
A densidade da madeira traduz o vigor de crescimento da árvore. No caso das
coníferas, quanto mais acelerado for o crescimento, maior será a porcentagem de madeira de
verão (de baixa densidade) produzida, reduzindo a densidade do conjunto. É a característica
física mais bem relacionada às propriedades mecânicas da madeira, em particular, sua rigidez,
traduzida por sua vez, pelo MOE. Assim, quanto mais alta a densidade, maiores serão os
valores das propriedades mecânicas. Define-se densidade (ou massa específica aparente, no
caso da madeira) como sendo a relação entre a massa da amostra e seu respectivo volume. No
entanto no caso da madeira e em particular as coníferas, tanto mais densa será a madeira
quanto mais anéis de crescimento por unidade de comprimento a amostra apresentar em seção
transversal. Desta forma, o método norte-americano de classificação visual também define
três classes de densidade (dense, medium, coarse), conforme a quantidade de madeira de
inverno presente na peça de madeira, e o número de anéis de crescimento existentes em uma
extensão de 2,5 cm (1”) medidos na direção radial (Tabela 1 e Figura 4).
Essas cinco vigas foram submetidas a ensaios mecânicos descritos na ABNT NBR
7190 (1997) (Figura 5). Primeiramente o ensaio de flexão de três pontos no eixo de maior
inércia. O ensaio foi realizado com três ciclos de carregamento de 2,0 kN (50% da carga de
ruptura) e 0,40 kN (10% carga de ruptura). Finalmente as peças foram levadas à ruptura.
Os ensaios de compressão paralela foram realizados através de quatro corpos de prova
com dimensões 4,0 cm 4,0 cm x 12,0 cm, retirados de cada viga antes da execução do
ensaio de flexão. Os testes foram realizados de acordo com o anexo B da ABNT NBR 7190
(1997).
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Após todos os ensaios realizados, os resultados de resistência foram comparados entre
si e confrontados com o resultado da classificação visual. A análise dos dados permite
estabelecer uma relação coerente entre a classe visual e os resultados obtidos nos ensaios
mecânicos, confirmando as conclusões de Carreira (2006).
Como resultado se tem uma ferramenta bastante clara e de fácil manipulação como se
havia pretendido. A disseminação está sendo feita com o auxílio do SENAI Arapongas com
boa aceitação geral do público alvo.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
Ao prof. Dr. Marcelo Rodrigo Carreira pelos seus inestimáveis conselhos e sugestões na
elaboração deste trabalho.
Ao Carlos Alberto Duarte e Luis Gustavo Patrocino pelo precioso apoio laboratorial.
Ao CNPq e À Fundação Araucária pelo apoio financeiro
Ao SENAI- Arapongas pela parceria e disseminação do trabalho
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS