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Parte 1: Funções Vetoriais

Assuntos
1) Funções Vetoriais: Definição e Interpretação Geométrica;
2) Limite e Continuidade;
3) Derivada;
4) Aplicações Físicas ;
5) Comprimento de Arco.

01. Funções Vetoriais


A Função Vetorial é uma ferramenta matemática muito utilizada em aplicações à Física.

Ao longo do primeiro capítulo, sempre que possível, as definições e resultados acerca das Funções
Vetoriais serão ilustrados por meio de interpretações Físicas.

A definição de Função Vetorial é a primeira definição deste capítulo.

Definição: Seja um intervalo da reta. Uma curva em é uma função que


associa a cada um vetor:

O objeto , definido acima, também é chamado de Função Vetorial e


são as funções são chamadas de Funções Coordenadas de . Quanto às
funções coordenadas, é importante salientar que cada é uma função em , isto
é,

Ainda que matematicamente bem definida, o conceito acima carece de uma interpretação
geométrica. O exemplo abaixo vai auxiliar a compreender a definição de Função Vetorial.

Exemplo: Seja e dada por . As funções


coordenadas são

Assim, para diferentes valores de percebe-se que assume diferentes


valores, conforme apresentado na tabela abaixo:
Percebe-se, claramente, que os valores encontrados na segunda coluna da tabela acima são as
extremidades de um vetor de . A tabela abaixo representa o valor das coordenadas

o que vai contribuir para a marcação dos vetores no plano, que estão representados abaixo:

Figura 1: Diferentes posições ocupadas pelo


extremidade do vetor posição.

Por fim, a curva é apresentada na figura a seguir:


Figura 2: Gráfico da Função Vetorial

Buscando apresentar uma conotação física para problema acima, é possível considerar que a curva
da Figura 1 é a trajetória descrita por um objeto cuja posição para diferentes valores de é dada
por .
As Funções Coordenadas, apresentadas na definição de Função Vetorial, são funções de em ,
fato que possibilita a análise de Limite, Continuidade e Derivada para essa classe de funções. A
seguir, serão apresentadas as definições de Limite e Continuidade para Funções Vetoriais.
Definição: Seja uma Função Vetorial e ou a uma das suas extremidades de (se
for o caso).
Diz-se que o limite de quando se aproxima de é igual a , se e somente se, dado é
possível obter tal que:

Efetivamente, é possível denotar o limite definido acima da seguinte forma:

O cálculo do limite, de acordo com a definição apresentada acima, deve ser feito para cada uma das
coordenadas que compõe a Função Vetorial. Assim, o limite

existe se existe o limite de cada uma das funções coordenadas.

Exemplo: A função assume valores próximos de

para valores de próximos de


De fato, o limite deve ser calculado da seguinte forma:
Aplicando as propriedades de limites de Funções de Uma Variável Real para cada uma das funções
coordenadas, é imediato que:

ou ainda,

Agora, seguindo a sequência natural das definições já conhecidas para Funções de Uma Variável
real, é necessário apresentar definição de Continuidade para Funções Vetoriais.
Definição: Diz-se que a Função Vetorial é contínua em se
.

Assim, a função é contínua em se, e somente se, cada uma de


suas funções coordenadas é contínua em , isto é,

para todo
Agora, para fixar ideias, é necessário apresentar exemplos de funções contínuas e de funções
descontínuas em determinado ponto.
Exemplos:

1) A função não é contínua em , pois as funções

coordenadas

não são contínuas em .


2) A função é contínua em além de ser contínua para
qualquer . A conclusão de que e é contínua para qualquer valor real de é imediata, uma
vez que as funções coordenadas e são funções contínuas,
para todo valor de
A Derivada de uma Função Vetorial, ao contrário do Limite da Continuidade, apresenta uma
motivação física muito interessante, uma vez que a função vetorial pode ser interpretada como o
vetor posição de um objeto que assume diferentes posições ao longo do tempo.
A definição de derivada vai permitir uma adequada interpretação geométrica o que vai acarretar a
seguinte interpretação física.
Definição: Diz-se que é derivável em se o limite

existir.
O limite acima é chamado de derivada de no ponto , denotada por Logo,

A expressão que contém o limite pode ainda ser reescrita fazendo o que acarreta a
seguinte expressão:

A interpretação geométrica da derivada está apresentada na figura abaixo:

As Funções de Uma Variável Real apresentam uma importante aplicação à Física, em especial à
Cinemática, uma vez que, dada uma função que a cada número real positivo associa
uma posição , é possível determinar a velocidade e a aceleração da seguinte forma:
1) velocidade :

2) aceleração :

Verificando as expressões acima, é fácil perceber que posição, velocidade e aceleração são
computadas para objetos em trajetórias unidimensionais. No entanto, segundo a teoria de Funções
Vetoriais, esses elementos podem ser generalizados para objetos em movimento no plano e no
espaço, o que apresenta um ganho significativo na interpretação física conhecida para Funções de
Uma Variável Real.

As definições de velocidade e aceleração, no contexto das Funções Vetoriais, são análogas àquelas
apresentada acima. Portanto, sendo para ou , o Vetor Velocidade e a
Aceleração Vetorial são denotados por e dados por:

,
respectivamente. Cabe lembrar que, para o movimento em questão é no plano, enquanto que
para o movimento é no espaço.

Agora, fixada a definição de derivadas e suas consequências, é necessário definir o Comprimento


de Arco que nada mais é do que o comprimento da curva entre dois valores e
pertencentes ao intervalo

O cálculo do comprimento de arco será realizado por meio da construção de uma poligonal cujos
vértices pertencem à curva . Para calcular o comprimento de arco é necessário
considerar:

(i) é uma função contínua por partes, ou seja, é possível subdividir o intervalo num número
finito de intervalos fechados e garantir que a restrição de a cada um desses intervalos ainda é
contínua. Assim, dado que os subintervalos são é garantido que , com
, ainda é uma função contínua. Além disso, a função também vai ser considerada
como de classe

(ii) a construção será realizada considerando que , e em seguida será feita a partição desse
intervalo, confirme apresentado abaixo:

com para

A linha poligonal é obtida unindo pontos sucessivos, ou seja, é a linha obtida pela união de todas os
segmentos que unem pontos sucessivos, ou seja, pontos da forma e com
O comprimento de cada um desses segmentos que unem pontos sucessivos é
dado por:

já que . No entanto, considerando que é contínua por partes


em , o Teorema de Lagrange garante a possibilidade de determinar em cada um dos intervalos
, os respectivos pontos tais que:
A soma de todos os segmentos que ligam os pontos e é dada pela seguinte expressão:

ou, em termos das coordenadas

Por fim, substituindo na expressão acima o conjunto de expressões obtido por meio do Teorema de
Lagrange, é imediato que:

Logo, sendo uma função de classe o limite de quando tende para existe e é dado
por:

A última expressão é comprimento de arco de em .

Será utilizada a notação para denotar o comprimento de arco de uma determinada função, da
seguinte forma:

ou de forma compacta
Referências

1. ANTON, C.; BIVENS, I. ;DAVIS, S., Cálculo, 10ª Ed., vol. II, Bookman, 2014.
2. GUIDORIZZI, H.L., Um Curso de Cálculo, vol.2 e vol. 3, 5ª Ed., LTC, 2014.
3. PINTO, D., MORGADO, M.C.P., Cálculo Diferencial e Integral de Funções de Várias
Variáveis, 2ª Ed.,
Editora UFRJ, 2000.
4. STEWART, J., Cálculo, volume 2, 6ª Ed., Cengage Learning, 2014.

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