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SERVIÇO SOCIAL
O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
CONTAGEM
2014
SÔNIA MAR GEAN ASSIS DUARTE
O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Contagem
2014
Dedico este trabalho a Deus e
a todos que contribuíram
direta ou indiretamente para
minha formação acadêmica.
AGRADECIMENTOS
Ecles. 3.12,13
.
DUARTE, Sônia Mar Gean Assis. O Processo de Envelhecimento. 52 folhas.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Centro de
Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Cidade,
Ano 2014.
RESUMO
ABSTRACT
This work aims to address the aging process in Brazil, as a phenomenon of our time
and how this process takes place within the social reality in which we live. Have a
proposal to discuss how to proceed Public Policies targeting the elderly and analyze
these in everyday family, health and leisure. The study was conducted using
bibliographic reference is made to the subject and specific public policies in this
context, considering the guidelines of the Federal Constitution, the National Policy for
the Elderly, Pension Policy and the Elderly.
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 09
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 46
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INTRODUÇÃO
Antes de fazer uma discussão sobre este tema é preciso fazer uma
distinção entre envelhecimento e velhice. O envelhecimento é um processo natural
que todos ser humano entra a partir do momento em que nasce. É impossível viver
sem estar incluído neste processo, pois faz parte da vida. É um processo evolutivo e
por isso está sempre em movimento de transformação até chegar ao ápice, ou seja,
na velhice que é o estado ou uma condição de se ter alcançado uma idade
avançada ou ter muitos anos de vida. A velhice é uma conseqüência ou resultado do
processo de envelhecer.
Na percepção de NERI (2001) “[...] a velhice é a última fase do ciclo
vital e é delimitada por eventos de natureza múltipla, incluindo, por exemplo, perdas
psicomotoras, afastamento social, restrição em papéis sociais e especializações
cognitivas” (Neri 2001, p.69 apud Silva 2009. p.17). A velhice também faz parte da
vida, mas não é um privilégio para todo ser humano. Pode-se dizer que todos
entram no processo de envelhecimento, mas nem todos chegam a serem velhos de
fato.
No contexto social, considerando as mudanças nas áreas da
economia, política e cultura, a velhice também sofre mudanças de acordo com estes
fatores. De acordo com BEAUVOIR (1990) “a velhice não poderia ser compreendida
senão em sua totalidade; ela não é somente um fato biológico, mas também um fato
cultural” Beauvoir (1990, p.20). Baseado nesta citação pode-se dizer que a velhice
pode ser construída pelo próprio sujeito através das suas experiências de vida.
Nas palavras de GOLDMAN, (2000, p.16) “A evidência da velhice
pode ser atribuída às mudanças demográficas que indicam o envelhecimento da
população, processo já consolidado nos países do chamado Primeiro Mundo e
prenunciado no Brasil”.
Com este aumento populacional de idosos, há muito não se pode
mais dizer que o Brasil é um país jovem. De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS) quando este crescimento atinge 7% de pessoas de 60 anos em
diante, caracteriza uma população envelhecida. Nosso país já ultrapassou esta
marca e a cada ano este processo acelera, alcançando porcentagens mais altas em
tempos menores.
Com esta nova realidade, o país começou a se estruturar para
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“Não pode e nem deve se resumir a uma mera análise demográfica, mas,
sobretudo incluir os aspectos sócios econômicos e culturais de um povo, a
fim de que possa perceber de forma mais nítida as conseqüências,
mudanças, desafios e perspectivas que esse processo traz consigo e quais
as medidas e as políticas sociais que devem ser adotadas diante desse
novo fenômeno, que se apresenta à sociedade brasileira”. SILVA (2005).
São Paulo (5,4 milhões); Minas Gerais (2,6 milhões); Rio de Janeiro (2,4 milhões).
Enquanto que estes três Estados da região Sudeste abrigam quase a metade desta
população, no Norte do país aponta um declínio, onde 57,6% da população têm
menos de 30 anos.
A velocidade do envelhecimento no Brasil é um fenômeno social,
fazendo contraste com outros países como na Europa, que para dobrar a proporção
de idosos, levou 100 anos. Com o tempo a favor e outros fatores típicos de países
desenvolvidos, foi possível construir uma sociedade inclusiva com uma infraestrutura
propícia para este segmento, o que no Brasil é quase inviável diante da velocidade
em que esta população tem aumentado.
Por muito tempo a política no país se calou diante desta realidade.
Com isto favoreceu o desconhecimento dos direitos da pessoa idosa, embora que
nos últimos 30 anos, a ampliação dos seus direitos e a proteção social está sendo
estruturada para atendê-los, conquistando leis, decretos e medidas através das
instituições governamentais, estabelecendo assim seus direitos.
O envelhecimento e o desenvolvimento não devem ser visto de
forma antagônica. Apesar de desenvolvimento ter um conceito de produtividade,
progressão, o envelhecimento é também um desenvolvimento por fazer parte do
processo da vida.
Ver a velhice como uma fase normal da vida sem o rótulo negativo
de improdutividade, dentre outros, pode mudar o conceito errôneo que a sociedade
traz do idoso, pois este ainda tem sofrido preconceitos nesta sociedade que ainda
não percebeu a sua importância. Quando há crescimento populacional, significa que
alguns fatores importantes estão acontecendo, como a queda da mortalidade infantil,
a prevenção de doenças frequentemente fatal num passado não muito distante,
dentre elas a tuberculose, poliomielite, sarampo, gastrointerite e pneumopatias na
infância. Uma melhor nutrição e condições habitacionais também são fatores que
tem favorecido a longevidade.
Ainda assim, a imagem da velhice ainda é considerada ruim. Ela
representa uma negação de valores que foram cultuados na sociedade na era
industrial, promovendo uma desvalorização do ser. Segundo Costa (1998) a velhice
tinha outro valor, o ser humano acumulava papéis sociais e continuava sendo
valorizado e respeitado quando este envelhecia.
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Até pouco tempo atrás a velhice não era encarada como questão
social. Ramos (1999) aborda muito bem este assunto na sua publicação “A velhice
na Constituição”, quando aponta que esta questão não era relevante. Não havia
nenhuma preocupação com esta população.
O direito a uma velhice digna só foi efetivada com a Constituição
Federal de 1988, envolvendo a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde.
A partir daí princípios de cidadania e dignidade ao idoso foi respeitado como direito.
A velhice começou a ser tratada como problema social assegurando sua proteção
para além da assistência previdenciária. De acordo com a Constituição Federal o
idoso é digno de todo privilégio que esta lhe assegura e a sociedade deve identificar
este direito. Para SANTIN (2005, p.77) a Constituição de 1988 foi o divisor de águas
na história do país e acrescenta:
(UFG). Este movimento se deu até seus direitos chegarem aos moldes da
Constituição de 1988.
o trabalho porque não tinha mais condições de produzir, ou seja, estes direitos não
passavam de retóricas. A longevidade não deve ser o mais importante, mas a
qualidade de vida, respeito e acesso aos benefícios por direito e cidadania.
Os idosos sempre foram excluídos da sociedade. São remetidos
para um tempo que já passou e que no presente não tem mais nada a acrescentar,
são desvalorizados pela sociedade, vivem com seus medos, falta de assistência,
amparo e preconceito. Tornam-se símbolos de uma decadência, vivendo uma etapa
final da vida. Fato que ainda não está afastado da sociedade contemporânea.
vida que lhe traga bem-estar, levando em conta também controles médicos
periódicos.
Os fatores físico, mental e social são essenciais para promoverem o
bem-estar, salienta o médico Ricardo de Marchi (2000), presidente da Associação
Brasileira de Qualidade de Vida – ABQV e enumera seis eixos para esta busca:
= Saúde física: exercícios físicos e alimentação adequada, etc.
= Saúde social: boa relação com a família e amigos; participação na comunidade e
capacidade para novos relacionamentos.
= Saúde profissional: satisfação com o trabalho e situação financeira; significação do
trabalho, etc.
= Saúde intelectual: oportunidade de criar e acesso a leitura, etc.
= Saúde espiritual: tolerância com a diferença e o exercício espiritual.
= Saúde emocional: satisfação consigo mesmo; comunicação e elogio; relaxamento
sem uso de drogas, etc.
Nota-se que qualidade de vida está ligada a todos os aspectos da
vida: familiar, pessoa, social e profissional.
Percebe-se que o lazer tem uma capacidade de alterar a qualidade
de vida do idoso de forma direta ou indireta, através das variadas formas que se
apresenta. A prevenção de doenças como a hipertensão, depressão e diabetes
trazem como conseqüência o aumento da expectativa de vida, além de predispor
para outras atividades.
Para o idoso, a longevidade qualitativa é um processo que implica
alguns elementos determinantes. As modificações biológicas, físicas e psíquicas
podem comprometer uma velhice saudável, por isso o processo de envelhecimento
difere de pessoa para pessoa, de classe social para classe social, etc. O estilo de
vida, a maneira de viver, hábitos, valores pessoais e os valores da sociedade,
história de vida, etc., provocam reações diferentes, implicando diretamente na
qualidade de vida na velhice, embora alguns destes pudessem ser modificados.
Para PASCHOAL (2006) alguns são imutáveis: “Alguns determinantes são imutáveis
como raça, sexo, ambiente social e familiar, onde nasce, enquanto outros são
amplamente modificáveis, como hábitos e estilos de vida, maneira de encarar a vida
e o meio ambiente” (PASCHOAL, 2006, p.331).
Neste contexto a genética está na lista dos fatores determinantes
imutáveis. A estimativa é que pessoas de família longevas são propensas a viverem
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mais.
Envelhecer bem, além de observar os aspectos acima citados, é
também uma escolha. Afinal, no que diz respeito à genética, não adianta se firmar
neste fator e não atentar para os determinantes mutáveis, ou seja, a qualidade de
vida pode ser planejada, sabendo de antemão que as mudanças que ocorrem no
corpo e mente são inevitáveis.
Há uma preocupação com a qualidade de vida na velhice nos
últimos 30 anos, mas o preconceito e estigmas negativos com os idosos que foram
cultivados culturalmente, são conceitos ainda impregnados na sociedade e com isto,
a vulnerabilidade e a segregação deste segmento etário, provoca dificuldade de
interação em todas as áreas, sabendo-se que as interações sociais, mudança de
ambiente e experiência fora da rotina proporcionam satisfação e prazer, sendo uma
das formas de promover a qualidade de vida.
“[...] perdemos, não só pela morte, mas também por abandonar e ser
abandonado, por mudar e deixar coisas para trás e seguir nosso caminho. E
nessas perdas incluem não apenas separações e partidas do que amamos,
mas também a perda consciente ou inconsciente de sonhos românticos,
expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e poder, ilusões de
esperança – e a perda de nosso próprio eu jovem, o eu que se julgava para
sempre imune às rugas, invulnerável e imortal”. Viorst, 1998, P. 13-14 apud
Yokoyama, Carvalho, Vizzotto, 2006, P 63).
“[...] existe uma importante transferência de apoio dos idosos para os filhos
e que, além disso, apresenta uma tendência de crescimento no país. Por
diversos motivos, as novas gerações não estão dando conta de prover as
próprias necessidades e isso configura previsões mais complexas sobre o
cuidado com idosos dependentes que aquelas sugeridas pelos conceitos
habituais, segundo os quais é natural que os idosos tornem-se crianças de
novo e dependam unilateralmente dos filhos. (Camarano, 1999, et tal, apud
Sommerhalder, Neri. 2012. P. 17).
pela família depende do status. Quanto maior os bens mais chance de ser bem
tratado. E como a perda de posses é uma tendência na velhice, este processo pode
conduzir este idoso ao caminho da institucionalização, ou abandono e muitas vezes
aos maus tratos pela própria família. Em contrapartida, se o idoso ainda é produtivo,
ou seja, tem condições de cuidar dos netos, envolver com alguma tarefa de casa,
tem mais chance de receber ajuda dos familiares.
No Estatuto do Idoso é bem clara a importância que se deve ao
idoso e sua respectiva família, quando faz colocação quanto às famílias não
poderem abandonar seus idosos em hospitais ou casas de saúde sob pena de
condenação de 6 meses a 3 anos de prisão além de multa. Mas, a violência contra o
idoso nem sempre é palpável, a vista de todos, ela muitas vezes é sutil, vem pouco
a pouco quando este idoso é colocado de lado pela própria família, onde se sente
só, embora cercado de pessoas.
O idoso nem sempre precisa de ajuda fisicamente. Ele, muitas vezes
precisa apenas de informações que o levem a desenvolver maior autonomia para
tomar decisões que vai lhe trazer bem-estar. Conforme BALTES (1996 apud NERI
2012, p.21), a autonomia se difere da independência. Nesta, o idoso consegue
realizar atividades do cotidiano, como a higiene pessoal e outras; na autonomia ele
tem condições de raciocínio para fazer opções. O simples fato de lhe fazer
companhia evita que este entre no processo de solidão, agravando várias áreas da
saúde, inclusive a mental. Um fator simples e importante que pode ajudar este idoso
é deixá-lo fazer algumas tarefas fora de casa, como fazer compras, pagar contas,
etc.
As doenças em idosos que mais acarretam ônus físicos às famílias
são as demências, pelo fato de apresentarem incapacidades físicas e cognitivas
irreversíveis na maioria das vezes. Há uma estimativa que 11 milhões de pessoas
no mundo são acometidas da doença de Alzheimer, com uma projeção de dobrar
este número até 2025 de acordo com o IBGE. Cuidar de idoso com déficit cognitivo
ou disfunção comportamental, os cuidadores têm mais probabilidade de entrar em
processo depressivo.
em que uma pessoa desfruta de algo prazeroso sem compromisso com seus
deveres. Atividades, ou simplesmente deitar numa cama para descansar é
considerado também um lazer. Este tempo livre está associado normalmente à
aquelas pessoas que tem atividade cotidiana. É comum as pessoas terem este
tempo nos finais de semana, quando não tem o compromisso de trabalho e nem de
escola.
Na terceira idade este tempo é bem maior, pois este idoso passa a
maior parte do tempo em casa e muitas vezes ficam ociosos por estar vivendo esta
nova fase da vida. A ociosidade provoca sensação de inutilidade e improdutividade.
Estes sentimentos trazem conseqüências maléficas para a saúde deste idoso, que
fragilizado fisicamente e emocionalmente, acarretam sérias enfermidades.
É importante despertar no idoso uma motivação para o lazer. Muitos
se recolhem e não desenvolvem nenhuma atividade devido a fatores emocionais,
financeiros e por não terem companhia. Atividades como parte do cotidiano destes
idosos podem afastá-los do isolamento e levá-los a se divertirem como uma forma
de desenvolvimento pessoal e social.
Mas o lazer não está relacionado apenas no aspecto ativo quando
as pessoas buscam interação com outros em espaços específicos para isto. Embora
este traga mais benefício para a saúde, o lazer pode ser também passivo, quando
se usa o tempo livre para atividades simples como ouvir música, ver televisão e
leitura, são passa-tempos que não necessitam de esforço físico, indicados para as
pessoas com dificuldade em se locomoverem, já que o acesso que este idoso tem
são os Veículos Públicos sem estrutura para este tipo de passageiro, dificultando
ainda mais o acesso ao lazer.
Outras barreiras impossibilitam o acesso deste idoso ao lazer,
podemos citar as finanças e o tempo.
As condições financeiras do idoso não lhe permitem ter lazer quando
a aposentadoria é seu único recurso financeiro, emperrando este acesso. Os gastos
com os remédios e atendimentos médicos são responsáveis por consumir quase
toda a sua renda ou totalmente. Mesmo o Estatuto do Idoso assegurando descontos
para os acima de 60 anos, muitos ainda são excluídos por falta de dinheiro.
Há uma compreensão distorcida de que quando o idoso aposenta é
uma conquista para tempo de descanso. Isto não acontece de modo geral. Muitos
idosos neste momento deparam com a triste realidade da queda de sua renda e
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[...] O tempo livre seria, exatamente, o tempo que resta para ser utilizado em
razão de quaisquer interesses, menos daqueles aos quais o indivíduo, por
sua função social, tem a obrigatoriedade de atender. No tempo livre pode se
situar o tempo de lazer, desde que as atividades assumidas estejam
orientadas por uma escolha pessoas. Dessa forma, o verdadeiro lazer é
aquele que é produzido segundo interesses do indivíduo, resultado de
repouso, diversão, crescimento do relacionamento social, é realizado no seu
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O corpo humano é uma máquina perfeita, mas como toda máquina que é
utilizada constantemente, após um certo tempo de uso, começa apresentar
alterações. A partir dos 40 anos, a estatura começa a se reduzir em torno de
um centímetro por década – isso se deve à redução dos arcos plantares, ao
aumento da curvatura da coluna vertebral, à redução do volume dos discos
intervertebrais, o que, por sua vez, ocorre porque o volume de água do
corpo diminui através de perda intracelular. Constatam-se, também,
reduções do número de células nos órgãos, o que leva à perda de massa,
principalmente em fígado e rins. (Carvalho Filho & Papaléo Netto, 2005).
Mas estas alterações acima citado não acontecem de uma hora para
outra, é um processo lento que vão acarretando vários sintomas, muitas vezes
deixando seqüelas, promovendo assim, complicadores para outros males.
O nível de internação nesta faixa etária é muito grande. Um fator
agravante é que em um quadro de internação, dificilmente a recuperação é total
após a alta hospitalar. Devido à fragilidade pela idade, pode acarretar falência de
alguma capacidade funcional. Isto gera um processo contínuo na vida deste idoso.
Em várias regiões do país, está sendo implantada a assistência
domiciliar (AD). É um programa que cabe perfeitamente no contexto acima. As
internações de longa duração podem acarretar maiores despesas para os hospitais,
como também coloca este idoso numa situação de vulnerabilidade, correndo risco
de contrair novas doenças. Este tipo de Assistência pode ser para os casos onde a
recuperação é prolongada ou não há perspectiva de recuperação do paciente idoso
como também em procedimentos não tão complexos que podem ser realizados após
orientação de um profissional. Os mais simples são os cuidados com a higiene
íntima, banho, alimentação; na lista dos mais complexos está a diálise peritoneal,
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curativos, cuidados com as escaras, nutrição parenteral, etc. Entende-se que esta
pessoa já fragilizada se sente mais confortável em seu próprio meio, junto da família
onde há uma atenção maior, podendo evitar desgaste emocional e psicológico,
agravando ainda mais a quadro já instalado.
É necessário que seja observado certos aspectos para o
acolhimento domiciliar, como: residência em condições favoráveis, familiares ou
pessoas comprometidas e responsáveis para prestar este serviço. O suporte deste
tipo de assistência passa pelo atendimento em casa com profissionais como
também para a família. A esta é oferecida a participação de grupos de orientação
para o cuidado do paciente. O crescimento deste atendimento é recente no Brasil.
O gasto com os idosos mais saudáveis é consideravelmente menor.
Sabe-se que os tratamentos de saúde dos idosos em geral oneram e muito os
custos da assistência à saúde. Muitas vezes o aumento não é tanto pelos
procedimentos dado às pessoas nesta faixa etária, mas sim pelo número de vezes
que se buscam estes atendimentos.
Um grande desrespeito com os idosos são na demora para as
consultas, tanto para dar continuidade no tratamento como dar início a ele. O tempo
é um agravante na idade avançada quando se tem doenças que necessitam de
intervenções cirúrgicas ou exames mais específicos, pois além da demora da
consulta tem também um longo caminho até chegar a completar os exames para
retornar ao médico.
A identificação precoce de uma determinada enfermidade pode
resultar em uma maior possibilidade de sobrevida. Os Programas de Prevenção
ajudam no controle de doenças mais comuns que são a Insuficiência Cardíaca, o
Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a Hipertensão, embora a desnutrição tem
aumentado o número de mortalidade nesta faixa etária. Para isto, bom seria se
todos os programas de saúde pudessem contar efetivamente com uma equipe de
multiprofissionais, embora muitos já estejam, com médicos, enfermeiros, assistentes
sociais, geriatras, fisioterapeutas, fonodiólogos e psicólogos, dentre outros. A
avaliação direcionada agiliza uma intervenção mais rápida, propiciando um
tratamento mais preciso.
Uma melhoria na qualidade do atendimento poderia diminuir
consideravelmente as idas aos hospitais e centros de saúde.
A tecnologia médica vem avançando. Mesmo assim, muitas vezes a
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“Um novo cenário para a velhice poderá ser construído levando-se em conta
duas atitudes fundamentais: cultivar uma cultura da tolerância, onde o
respeito às diferenças seja o valor fundamental, e considerar o ser humano
como prioridade absoluta, independente de sua faixa etária, na efetivação
de políticas públicas que busquem garantir a inclusão social para todos.
Bruno (2003).
vida, pois se assim fosse, todo idoso não passaria por tantas dificuldades. Mais uma
prova de que as políticas públicas precisam estar atentas às suas necessidades.
Até então, não havia nenhuma política nacional específica para as
pessoas com mais de 60 anos, quando em l994 foi criado a Política Nacional do
Idoso (PNI), que tem como objetivo garantir no âmbito constitucional a qualidade de
vida através de políticas voltadas para os idosos com efetividade, formulada na Lei
nº 8.842, sendo regulamentada pelo Decreto nº 1.948 de 3 de julho de 1996. Visa a
integração do idoso nas áreas da educação, saúde, lazer, previdência e trabalho e
judiciária a nível nacional. Nos seis capítulos e 22 artigos desta lei são destacados
os direitos à cidadania; respeito; não descriminação; informações sobre o
envelhecimento; participação; capacitação; atualização; cultura; esporte; lazer,
saúde; educação; previdência; trabalho; habilitação e assistência social.
Com demandas específicas na área da saúde para pessoas acima
de 60 anos, foi aprovada a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI) em 1999,
que tem como objetivo além de promover o envelhecimento saudável, a manutenção
e a melhoria da capacidade funcional, prevenção de doenças, recuperação e
reabilitação do idoso, permitindo a reinserção de suas funções de forma
independente.
O Estatuto do Idoso foi aprovado em setembro de 2003 após
transitar sete anos no Congresso. Ampliou os direitos do cidadão com idade acima
de 60 anos proteção à vida e a saúde. Bem mais abrangente que a PNI, instituiu
duras penas para quem desrespeitar as leis referentes ao direito dos idosos. (Lei nº
10.741, Art. 4º de 1º de outubro de 2003). Com isto, o Estado deve priorizar um
atendimento digno aos idosos através das suas próprias políticas públicas, pois
através destas, o Estado tem o dever de proteger os idosos e promover um
envelhecimento ativo, assistido e saudável, assegurado nos art. 8º e 9º do Estatuto.
No Estatuto do Idoso foi implementadas leis que asseguram de
forma específica na Rede SUS:
= Atenção Especializada: Atenção integral à saúde, garantido o acesso universal e
igualitário aos serviços de prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde.
Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, Artigo 15, Parágrafo 1º.
= Idosos com deficiência: A pessoa idosa com deficiência ou alguma limitação física
ou mental tem direito a atendimento especializado nos estabelecimentos do SUS.
Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, Artigo 15, Parágrafo 40.
43
segmento populacional e/ou os recursos de outros deverão ser destinados para tal,
já que a maior parte dos recursos vai para as aposentadorias.
A necessidade de geração de recursos e de uma infraestrutura que
venha proporcionar ao idoso uma velhice mais digna e mais ativa, é uma das
questões sociais mais evidentes dentro deste cenário de envelhecimento
populacional.
Uma ação nacional através do Programa Ministério da Saúde “Brasil
Saudável” tem como finalidade promover um envelhecimento mais saudável criando
políticas públicas nesta área em todas as etapas da vida. Esta ação envolve práticas
de exercícios físicos de maneira sistemática, alimentação saudável, e redução do
consumo de tabaco.
A Secretaria de Vigilância reproduziu o documento “Envelhecimento
Saudável – Uma Política de Saúde” através da Organização Mundial de Saúde –
OMS com o objetivo de informar e mobilizar a sociedade sobre a importância da
saúde na velhice.
Devido aos desafios que o processo de envelhecimento tem
evidenciado por doenças em condições crônicas não transmissíveis, e as previníveis
e passíveis de controle, foi reafirmada a necessidade de um enfrentamento para
esta finalidade, considerando o Pacto pela Saúde e suas Diretrizes Operacionais
para consolidação do SUS através da PNSPI como se lê abaixo:
“A prática de cuidados às pessoas idosas exige abordagem global,
interdisciplinar e multidimensional, que leve em conta a grande interação entre os
fatores físicos, psicológicos e sociais que influenciam a saúde dos idosos e a
importância do ambiente no qual está inserido. A abordagem também precisa ser
flexível e adaptável às necessidades de uma clientela específica. A identificação e o
reconhecimento da rede de suporte social e de suas necessidades também fazem
parte da avaliação sistemática, objetivando prevenir e detectar precocemente o
cansaço das pessoas que cuidam. As intervenções devem ser feitas e orientadas
com vistas à promoção da autonomia e independência da pessoa idosa,
estimulando-a para o autocuidado. Grupos de auto-ajuda entre as pessoas que
cuidam devem ser estimulados”. (PNSPI).
Os desafios nesta conquista passa pela necessidade de equipes de
multiprofissionais e interdisciplinares qualificados com capacitação de conhecimento
em envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Este direito está assegurado na Lei nº
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8.842/94 (PNI) que propõe a inclusão de Geriatria e Gerontologia nos currículos dos
cursos superiores da área da saúde, para atender às demandas desta faixa etária.
Um dos fatores fundamentais nesta capacitação é trazer um olhar
deste profissional voltado para a realidade desse grupo de pessoas tão excluídas
dentro das suas especificidades, criando uma possibilidade de uma intervenção
mais consciente e efetiva.
As pressões da sociedade civil contribuíram para o movimento das
políticas públicas voltadas para a questão do envelhecimento populacional há
décadas atrás. Duas iniciativas movimentaram este setor. A primeira foi em 1961
quando foi criada a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, que tinha como
objetivo “estimular iniciativas e obras sociais de amparo a velhice e cooperar com
outras organizações interessadas com atividades educacionais, assistenciais e de
pesquisas relacionadas com a Geriatria e Gerontologia”. A segunda foi iniciativa do
Serviço Social do Comércio (SESC) que provocou uma política voltada para o
amparo dos idosos, através de um movimento solidário entre os comerciantes de
uma determinada cidade em favor do idoso desamparado.
Com uma ação sistemática as políticas públicas devem chegar a um
nível de desenvolvimento de ações mais comprometidas com a assistência social
para os idosos.
46
CONCLUSÃO
saúde de quem cuida também deve ser preservada, visto ser uma tarefa que
necessita de condicionamento físico e emocional todos os dias. Daí a necessidade
deste suporte físico e emocional como também alternativas de descanso. Um
grande número de pessoas tem sofrido em silêncio no cumprimento de um papel de
suma importância, para a família e a sociedade sem ser notado. Esta assistência
seria um bom começo para evitar ruptura e desgaste nos relacionamentos
familiares. Embora algumas cidades como São Paulo já tenham programas de
iniciativas públicas formais ao atendimento às famílias dos idosos, ainda é um
número bem pequeno da população.
Há uma necessidade de programas de governo mais específicos na
área da geriatria. Muitos programas do governo têm incluído de certa forma os
idosos na sua prestação de serviços e as Políticas Públicas vem buscando
mecanismo para esta inserção, mas não de maneira efetiva, pois a falta de
especialidade nesta área tem demonstrado que o idoso ainda é deixado de lado. O
governo não interessa muito por este contingente, talvez pelo alto custo nos cofres
públicos e também a preparação de profissionais que necessitariam buscar um
incentivo do governo para aprimorar, no contexto científico, esta proposta. Se
houvessem mais políticas públicas de qualidade direcionada para a atenção à saúde
do idoso, poderia diminuir os gastos com internações hospitalares que tanto oneram
o SUS.
A cada ano o aumento desta população cresce vertiginosamente. É
preciso uma redefinição de prioridades nas políticas públicas levando em
consideração o envelhecimento populacional.
A falta de sensibilidade por parte dos governantes a nível Federal,
Estadual e Municipal com as pessoas que fizeram parte do desenvolvimento do
país, expõe ainda mais os idosos a uma exclusão sem limites, visto que o valor dos
benefícios tem chegado a uma perda na faixa de 50% do valor. O desrespeito com
este grupo de pessoas é o reflexo de uma sociedade capitalista. O homem é
valorizado pelo que produz no momento. A recomposição do valor correspondente
ao número de salários mínimos tramita morosamente no Senado Federal (PL
4434/08).
O olhar da sociedade para o envelhecimento é num contexto
pragmático, ou seja, não cabe uma nova conjuntura para novos conceitos. Mas a
própria velhice contemporânea tem apontado o caminho para mudanças em todas
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as dimensões sociais.
É surpreendente o país atingir índice tão alto de crescimento deste
grupo de pessoas, onde as condições de vida da maior parte da população são
cercadas de tantas privações. Ao nascer, sobreviver e chegar até a velhice é um
tempo muito longo. Um caminho que possivelmente foi construído de saberes,
experiências boas ou ruins, mas, que produziu uma história de vida, que se
canalizada, seria uma grande contribuição para uma sociedade mais humana para
todos.
As necessidades em atender as demandas deste contingente são
reais, criando instrumentos de proteção social que venha de fato ao de encontro
desta proposta e criar mecanismos para contemplar as expectativas, para que a
sociedade respeite os idosos nas suas características específicas, buscando uma
harmonia entre as gerações
Não tem como separar a velhice do contexto social. Para que a
sociedade perceba a importância do idoso é necessária uma ação governamental
com objetivo de reconstruir a imagem desta população mais positiva e valorizada.
Isto independe das suas limitações tão peculiares, permitindo que eles possam
desfrutar de uma convivência saudável, aonde sejam promovida a qualidade de vida
com uma participação mais ativa em comunidade, sem que a idade ou qualquer
outro fator que queira remetê-lo para uma imagem distorcida enquanto ser humano,
estigmatizado e excluído encontre espaço.
Embora haja um movimento político brasileiro para prestar um
serviço mais efetivo a esta classe, ainda não é possível sentir este efeito diante da
demanda social que cresce a cada dia. Outro fator relevante diante do retrato das
políticas públicas do país, que tanto deixam a desejar na sua efetividade, é a
cobertura assistencial na área da saúde para um número considerável de idosos.
Uma realidade emergente deste crescimento já que em breve os custos com a
aposentadoria pode ser um complicador para um envelhecimento saudável.
REFERÊNCIAS
_______. IBGE. População idosa no Brasil. Número de idosos dobrou nos últimos
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