Você está na página 1de 13

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/312056096

VIH/Sida, Breve história de uma nova/velha infeção HIV/AIDS, A Brief History


of a new/old infection

Article · June 2016

CITATION READS

1 12,320

1 author:

Mary Conception Duro


Universidade Fernando Pessoa
14 PUBLICATIONS   179 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Trace elements status, in HIV/ AIDS patients in HAART treatment. View project

Trace Elements Imbalances in Hemodialysis Patients View project

All content following this page was uploaded by Mary Conception Duro on 04 January 2017.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Acta Farmacêutica Portuguesa
2016, vol. 5, n.1, pp. 24-35

VIH/Sida, Breve história de uma nova/velha infeção


HIV/AIDS, A Brief History of a new/old infection
Duro M.1

ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE

RESUMO

A “Era da SIDA “começou oficialmente a 5 de junho de 1981, num contexto clínico


que sugeria uma abrupta queda na normal condição imunológica. A causa permaneceu
desconhecida até 1983 quando se isolou um retrovírus T-linfotrófico. Hoje a condição
designa-se por infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida (SIDA) designa a fase final da infeção.
A capacidade de replicação, mutação e refúgio em locais de difícil acesso, são as
maiores barreiras para o seu combate. A prevenção é ainda, a maior arma disponível.
O início do tratamento divide opiniões, mas com os novos fármacos, reflete-se hoje
numa introdução precoce.
Palavras-chave: Prevenção, Transmissão, Patogénese, Terapêutica, Epidemiologia

ABSTRACT
The “Age of AIDS” officially began on June 5, 1981, in a clinical context that suggested
an abrupt fall in the normal immune status. The cause remained unknown until 1983
when it isolated a T-lymphotropic retrovirus. Today, this condition is called infection
with Human Immunodeficiency Virus (HIV) and stands for Acquired Immune
Deficiency (AIDS) means the final stage of infection.
The ability of replication, mutation and shelter in places of difficult access are the
biggest barriers for combating and preventing even the biggest gun available. Initiation
of treatment has given rise controversy, but with the new drugs, is reflected in an early
introduction.
Keywords: Prevention, Transmission, Pathogenesis, Therapy, Epidemiology

¹ Mestre em VIH/Sida pela Universidade Católica, Porto; Doutora em Ciências Farmacêuticas pela
Universidade do Porto; Especialista em Análises Clínicas pela Ordem dos Farmacêuticos

Autor para correspondência: Mary Duro. Rua Faria Guimarães, 383 6º Esq, 200-207, Porto; mduro@ufp.edu.pt.

Submetido/Submitted: 17 junho 2016 | Aceite/Accepted: 26 junho 2016

©Ordem dos Farmacêuticos, SRP ISSN: 2182-3340


Duro M.

HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA INFEÇÃO tumores malignos7.


A “Era da Sida” começou oficialmente a Apesar de se conhecer tanto a
5 de junho de 1981 quando os Centers pneumonia por carinii, (atualmente
for Disease Control and Prevention (CDC) jiriveci) como as outras patologias, a
dos Estados Unidos publicaram um aparição conjunta, em vários pacientes,
artigo onde descreveram cinco casos de ainda jovens e anteriormente saudáveis,
pneumonia por Pneumocystis carinii (hoje ou seja, sem história clínica sustentada
classificado como Pneumocystis jiroveci), de imunodeficiência, despertava a
em Los Angeles, em contextos clínicos atenção e a necessidade de estudo por
que sugeriam uma súbita e abrupta parte dos médicos e da restante com
queda na normal condição imunológica. unidade médico-cientifica, deixando
Todos os casos referiam--se a homens cada vez mais dúvidas e perguntas por
jovens (29-33anos), homossexuais, responder8. Como se identificou este
sexualmente ativos e com atuais, quadro patológico, numa primeira
ou prévias, infeções pelo Vírus fase, na população homossexual, o
Citomegálico (CMV) e por Cândida termo Gay Related Imunodeficiency Disease
sp. Estes homens não se conheciam (GRID) ou Gay Compromise Syndrome foi
nem tinham parceiros sexuais em originalmente proposto3,9. A imprensa
comum, contudo apresentavam uma começou por designá-la de “Gay
idêntica história de vida1. Desde esse Plage” e “Gay Cancer” até ao dia em
dia, muitos relatos se sucederam de que imigrantes haitianos nos EUA10,
casos clínicos semelhantes, referentes hemofílicos11, recetores de transfusões
também a homens homossexuais, sanguíneas12 e outros homens e mulheres
mas aos quais se associavam, agora, heterossexuais13 se revelaram também
outras doenças crónicas e neoplasias, como vítimas desta imunodeficiência.
como a linfadenopatia persistente A nova doença foi batizada oficialmente
generalizada2, o sarcoma de Kaposi3 e o em setembro de 1982 com a designação
linfoma não Hodgkin4. As análises feitas de SIDA - Síndrome da Imunodeficiência
a estes doentes revelaram uma depleção Adquirida14. Foram também definidos os
acentuada no número de linfócitos requisitos clínicos necessários para ser
T CD4+ (“maestros” supremos da caracterizada como tal, os quais incluíam
imunidade mediada por células)5, em a presença de doença indicativa, ou
contraste com a imunidade humoral, moderadamente indicativa, de depleção
fagocitose e níveis de complemento que da imunidade mediada por células em
permaneciam aparentemente intactas2,6. pessoas que não tivessem outra causa
O comprometimento na imunidade subjacente ou condição que propiciasse a
celular resultava numa suscetibilidade instalação da doença, como por exemplo
aumentada a infeções por vírus e o Sarcoma de Kaposi, a pneumonia por
bactérias intracelulares, tumores e Pneumocistis carinni ou outra importante
rejeição de aloenxertos5. A nova doença infeção oportunista15.
encaixava num perfil caracterizado por
uma profunda imunossupressão, com EPIDEMIOLOGIA
infeções oportunistas associadas a Enquanto se teorizava quanto à origem

25
Acta Farmacêutica Portuguesa, 2016, vol. 5, nº 1

da SIDA e se centravam as atenções linfócitos T CD4+, donde resultam três


nos chamados “grupos de risco”, a grupos A, B e C (Tabela 1).
epidemia espalhava-se silenciosa e A categoria A engloba a Síndroma
transversalmente por todas as áreas Vírico Agudo (SVA), a Linfodenapatia
geográficas e grupos sociais da população, Persistente Generalizada (LGP) e a
principalmente entre os heterossexuais, infeção crónica assintomática.
tendo já entre as suas vítimas, muitos
bebés filhos de mães portadoras desta Tabela 1. Classificação atual dos estádios
infeção16,18. Em 1994, a SIDA constituía da infeção VIH, segundo o CDC 1993
a principal causa de morte nos EUA entre
a população masculina com idades desde Contagem de
os 25 aos 44 anos19. A verdadeira causa Estádios da linfócitos TCD4+
permaneceu desconhecida até 1983 infeção por ≥ 200- ≤
quando foi isolado, em pacientes com VIH 500/ 499/ 199/
SIDA, um retrovírus T-linfotrófico20,21 μL μL μL
pela equipa de investigadores de Luc
Montagnier, em França. Esta descoberta A-Assintomático
foi, posteriormente, confirmada pelo (inclui grupos I, A1 A2 A3
grupo de Robert Gallo, nos EUA. II e III)

Atualmente este vírus designa-se


infeção por VIH, sendo a SIDA, a fase
B - Sintomático B2 B2 B3
final da infeção, caracterizando-se pelo
não A ou não C
aparecimento de infeções e/ou tumores
oportunistas e certos transtornos
neurológicos, indicativos de défice de C - Condições
imunidade celular, sem outras causas definidoras de C1 C2 C3
que não a infeção pelo VIH. Este SIDA
momento da infeção corresponde ao
desaparecimento da resposta imune, o
que significa que houve uma destruição
por completo da arquitetura funcional A categoria C engloba as infeções e
dos gânglios linfáticos. Corresponde a tumores oportunistas definidores da
uma marcada depleção dos linfócitos T SIDA, segundo a revisão do mesmo ano
CD4+ e a um incremento na atividade (Tabela 2).
replicativa do vírus22.
A categoria B abarca todas as situações
ESTÁDIOS DA INFEÇÃO E GENOMA não A ou não C, e que são manifestações
VÍRICO do VIH ou condições que são agravadas
A classificação atual resulta da sua pela infeção (Tabela 3)22.
revisão, em 1993. Trata-se de um sistema O VIH pertence à família Retroviridae,
clínico-imunológico em que os infetados género Lentivírus, e inclui um grande
são classificados segundo diferentes número de estirpes diferentes de vírus
situações clínicas e a contagem de ARN (ácido ribonucleico) definidos por

26
Duro M.

Tabela 2. Infeções oportunistas e outras condições associadas à infeção por VIH que constituem
os atuais critérios de definição da SIDA, segundo os CDC (1993)

Infeção Doença
Toxoplasmose
Infeções
Criptosporidiose com diarreia ultrapassando um mês
por protozoários
Isosporíase com diarreia igual ou mais do que um mês
Candidose esofágica, traqueal, brônquica ou pulmonar
Pneumonia por Pneumocystis jiroveci
Infeções
Criptococose extrapulmonar
por fungos
Coccidioidomicose extrapulmonar
Histoplasmose extrapulmonar
CMV com exclusão da doença hepática, esplénica ou ganglionar
Herpes simplex mucocutâneo, com ulcerações mais de um mês, ou
Infeções víricas
bronquite, pneumonite ou esofagite
Leucoencefalopatia multifocal progressiva
Infecção por Mycobacterium avium disseminada
Infeção por Mycobacterium tuberculosis
Infeções bacterianas Pneumonia bacteriana recorrente (mais do que dois episódios em 12
meses)
Septicemia por Salmonella (não tífica), recorrente
Sarcoma de Kaposi
Neoplasias oportu-
Linfoma de Burkitt, imunoblástico, primário, do SNC
nistas
Carcinoma invasivo do colo do útero
Encefalite por VIH (demência)
Outras condições
Síndrome de emaciação

Tabela 3. Doenças da categoria B dos estádios da infeção por VIH, segundo os CDC, 1993
Angiomatose bacilar
Candidose oral
Candidose vulvovaginal persistente ou que responde mal ao tratamento.
Displasia do cervix moderada ou grave ou carcinoma do cervix in situ
Febre (superior ou igual a 38,5º) ou diarreia durante mais de 1 mês
Leucoplasia oral vilosa
Herpes zoster (2 episódios ou 1 que afete mais de um dermatomo).
Listeriose
Doença inflamatória pélvica
Neuropatia periférica

27
Acta Farmacêutica Portuguesa, 2016, vol. 5, nº 1

um denominador comum que tem em prevalência de cerca de 3% de infeções


consideração a estrutura, a composição por VIH-2. Este vírus causa quadros
e as propriedades replicativas. Os clínicos semelhantes aos associados
lentivírus produzem infeções lentas e ao VIH-1 mas que se manifestam mais
irreversíveis que atingem o sistema tardiamente na evolução da doença. São
imunitário e também o sistema nervoso usados antirretrovíricos específicos no
central (SNC)23,24. combate a esta infeção.
A teoria mais consensual quanto à origem Em termos filogenéticos distinguem-se
deste vírus assenta em fenómenos de três grandes grupos no VIH-1, o M, N
recombinação e evolução do Vírus da e O. O grupo M é o mais disseminado
Imunodeficiência dos Símios (VIS), que em todo o mundo e possui ainda nove
tiveram lugar após a sua transmissão subtipos. O VIH-2 possui sete subtipos
ao homem, surgindo, assim, o VIH. Os classificados de A a G, sendo o grupo A
VIS são vírus distribuídos por várias o mais prevalente29,33-35.
espécies de macacos e chimpanzés, com O VIH é dotado de uma complexa
localização geográfica preferencial no organização estrutural e genómica que
continente Africano onde se acredita ter lhe permite aderir à célula alvo, fundir-se
tido a sua origem. O VIH-1 terá resultante com sua membrana, efetuar a transcrição
do VIScpz (Vírus da Imunidade dos reversa do seu ARN, integrar o seu
Símios) dos chimpanzés da subespécie material genético e replicar utilizando
Pan troglodytes e o VIH-2 dos VISsm/ e manipulando a seu favor a estrutura
mac dos macacos do género Macaca spp e reprodutiva da célula hospedeira23,27.
da espécie Cercocebus atys25,26. A infeção A elevada taxa de replicação e de
será, então, uma zoonose que se difundiu mutação, que facilitam a progressão
e se transformou numa pandemia, nos do seu genoma dentro das células do
finais do século XX, devido às migrações hospedeiro, e o seu especial tropismo
massivas (principalmente dos meios pelas células que regulam o Sistema
rurais para as cidades), à coabitação e à Imune (SI), fazem com que as patologias
liberalização sexual25,26. associadas à sua presença tenham
uma evolução compatível com uma
DISTRIBUIÇÃO GLOBAL DA INFEÇÃO; progressiva deterioração imunológica
PATOGÉNESE (caracterizada pela instalação de
O VIH-1 tornou-se a principal causa de tumores e infeções oportunistas cada
infeção por VIH, estando distribuído vez mais graves e incapacitantes), e
por todo o mundo. O VIH-2, endémico com que os antirretrovíricos (ARV)
em alguns países da África Ocidental, percam rapidamente a sua eficácia27,31.
de onde eram os doentes em que foi Após a entrada do vírus, a tentativa
identificado, carateriza-se por se por ter do SI para travar a infeção inicia-se de
um período de incubação mais lento, imediato e envolve todos os mecanismos
não tendo uma distribuição tão global biológicos de reconhecimento e todas
devido à sua menor transmissibilidade33. as linhas de defesa celular e humoral.
Portugal, devido à sua associação O VIH tem uma evolução natural de
histórica com Guiné Bissau, tem uma até dez anos, período de tempo médio

28
Duro M.

para o colapso estrutural e funcional qual é avaliada pelo número de linfócitos


do SI, como consequência da própria T CD4+, havendo uma relação conhecida
resposta defensiva do hospedeiro face entre o número destas células e o tipo
ao vírus32,35. de infeção oportunista manifestada. Por
A patogénese da infeção pelo VIH depende exemplo, as infeções que potencialmente
da conjugação de vários fatores, entre os aparecem em primeiro lugar são as
quais, do tipo de vírus (1,2 subtipos O, provocadas pelo vírus herpes simplex
M,…), da sua capacidade de mutação e porque estão associadas usualmente
resistência aos ARV e, por último, da a concentrações de linfócitos T CD4+
imunidade do hospedeiro. Começa com entre 300-400 células/µL, seguidas pelas
uma infeção primária, caracterizada infeções pelo vírus herpes zóster, para
pelo Síndrome Vírico Agudo (SVA) e valores de linfócitos T CD4+ inferiores
passa para a disseminação do vírus pelos a 300 células/µL. A maioria das infeções
órgãos linfáticos com aparecimento de oportunistas aparece, contudo, quando
Linfadenopatia Generalizada Persistente os valores de linfócitos T CD4+ são
(LGP). Após esta fase, instala-se um inferiores a 200 células/µL40,41.
período de latência clínica ou infeção
crónica assintomática. Com o aumento TERAPÊUTICA, FUTURO
da expressão VIH há uma queda abrupta Entre os critérios até hoje aceites como
dos linfócitos T CD4+ e aparecimento da indicativos de início da terapêutica
doença. A fase mais avançada da doença, estão o aparecimento de sintomatologia
e que precede a SIDA, foi chamada associada a infeções ou neoplasias
Complexo Relacionado com a SIDA oportunistas ou o número de linfócitos
(CRS ou “Aids-Related Complex”- ARC). A T CD4+ ser inferior a 350 células/
morte acontece, nos casos não tratados, µL. A estratégia terapêutica passa,
cerca de dois anos após o início dos então, pela profilaxia destas infeções
sintomas36. Contudo, certas condições oportunistas42,43, de modo a preservar
poderão tornar o hospedeiro resistente, o SI e a condição física do hospedeiro,
“não progressor” ou “progressor lento” e pelo uso de fármacos ARV, em
da infeção ou, pelo contrário, fazer com potentes associações. Atualmente estes
que o declínio do SI e a chegada à fase fármacos podem ser administrados em
final de SIDA aconteça mais rapidamente coformulações, para potenciar a adesão
que o normal. O conceito existente de à terapêutica, e atuam nas fases fulcrais
fenótipo “não progressor“ baseia-se da replicação vírica (adesão, fusão,
primariamente no valor da Carga Vírica retrotranscrição e/ou integração)44,45.
(CV) definindo-se “controlador de elite” A retrotranscriptase foi o primeiro alvo
o infetado por VIH-1 com CV inferior a de experimentação de potenciais ARV,
50 cópias de ARN/ml e o “controlador tendo aparecido dois grandes grupos de
virémico” aquele que apresenta uma CV fármacos: Os Inibidores Nucleosídeos
entre 50 e 200 cópias de ARN/ml, na da Transcriptase Reversa (INTR), a
ausência de terapêutica ARV37,39. que pertence o AZT (primeiro fármaco,
As manifestações da infeção pelo VIH aprovado em 1986), a didanosina
dependem da imunidade do hospedeiro, a (introduzida no mercado em 1992)

29
Acta Farmacêutica Portuguesa, 2016, vol. 5, nº 1

e, nos anos seguintes, a zalcitabina, a no final numa maior qualidade e


entricitabina, a estavudina, a lamivudina, longevidade dos infetados47.
a abacavir e o tenofovir; e os Inibidores Atualmente, novos fármacos estão a
Não Nucleosideos da Transcriptase ser desenvolvidos com o objetivo de
Reversa (INNTR), que apareceram em diminuir as complicações metabólicas
1996 e que incluem a nevirapina, a e incrementar a eficácia. Promissores
delavirdina, a etravirina, a rilpivirina e a candidatos a drogas anti-VIH, explorando
efavirenze46. novos alvos do ciclo replicativo
O aparecimento do grupo de fármacos do vírus, estão em fase de ensaios
Inibidores da Protéase (IP), os quais clínicos e pré-clínicos. O Tenofovir
incluem o saquinavir (aprovado em Alafenamida (TAF), pertencente ao
1995), a nelfinavir, o fosamprenavir, grupo dos INTR da nova geração,
o indinavir, o ritonavir, o darunavir, o previamente designado por GS-7340,
tipranavir e o atazanavir, constituiu um foi apresentado recentemente (março
ponto de viragem na história habitual da de 2013) no “Conference on Retroviruses
infeção e é ainda hoje uma importante and Opportunistic Infections” (CROI),
arma de toda a terapia antirretroviral em Atlanta. Trata-se de uma pró-droga
altamente ativa (HAART)47,48. do tenofovir. Contudo, o TAF atinge
Os inibidores da fusão, outro grupo de maiores concentrações intracelulares
ARV, bloqueiam, por sua vez, a interação e menores concentrações plasmáticas,
da glicoproteína 120 (gp 120) com o o que lhe conferirá potencialmente
recetor CD4; a interação da gp 120 com menor toxicidade renal e óssea. Outro
os coreceptores e as interações com a medicamento apresentado no CROI
glicoproteína 41 (gp 41). O Fuseon, refere-se ao festinavir (BMS 986001), um
ou comercialmente “Enfurtivide”, foi fármaco análogo da timidina semelhante
o primeiro a ser aprovado (em 2002) à estavudina, mas com menor potencial
e impede a adesão do vírus ao recetor de toxicidade dado não atingir de forma
CD4. tão significativa as mitocôndrias50.
O Raltegravir (RAL) e o Elvitegravir Relativamente aos INNTR, foram
(EVG) constituem uma nova classe de divulgados, também durante o CROI,
drogas, conhecida como Inibidores da os resultados de segurança do MK-
Integrasse (II) do VIH, que foi aprovada 1439 em doentes naïve que, entretanto,
pela FDA (Food and Drug Admistration), iniciaram tratamento em monoterapia,
em outubro de 2007. Estes bloqueiam durante sete dias, tendo-se comprovado
a atividade da enzima integrase, ser bem tolerado, com uma atividade
responsável pela inserção do ADN do antirretrovírica eficaz e sem evidência de
VIH no ADN humano49. resistências emergentes. O Elvitegravir-
Esta atitude concertada (profilaxia das cobicistat (EVG-COB) foi recentemente
infeções oportunistas e ataque ao vírus aprovado como parte integrante de
em todas as suas funções) veio permitir uma coformulação quadrupla, e o
a preservação do SI e a diminuição da Dolutegravir (DTG), é outro inibidor da
replicação vírica, o que alterou o curso, integrasse de que se aguarda para breve
até aí habitual, da infeção, resultando a introdução no mercado. Este fármaco

30
Duro M.

tem demonstrado ter atividade em assim, tempo para este se “esconder”


doentes com vírus resistentes ao RAL e em locais designados por santuários
ao EVG. O Cenicriviroc (CVC) é um novo víricos e se perpetuar, deste modo, no
agente antagonista dos coreceptores hospedeiro55.
CCR5 e CCR2, apresentado igualmente Em relação à possibilidade de uma vacina,
no mesmo congresso51. já em 1997, o presidente dos EUA, Bill
Como alternativa terapêutica existe Clinton, desafiou cientistas a encontrar
ainda a geneterapia e a Interleucina uma “vacina efetiva num prazo de 10
2 (IL-2), usadas em monoterapia, ou anos”. Desde então, a “National HIV
associadas à terapia ARV habitual52. Vaccine Trials Network” tem vindo a
Enquanto se desenvolvem esforços no desenvolver e testar possíveis substâncias
sentido de se conseguir outras armas no intuito de erradicar, por vacinação,
terapêuticas, com eficácia semelhante o vírus da circulação sanguínea. Entre
aos ARVs, mas com menores efeitos as múltiplas dificuldades com que
secundários, a comunidade médica tem- se confrontam estão a capacidade do
se questionado quanto ao momento vírus se proteger e permanecer latente
adequado para um individuo infetado em reservatórios do hospedeiro56;
iniciar a terapia, assunto, este, de alguma a heterogeneidade vírica devido às
controvérsia53,54. Até ao ano de 2010 sucessivas mutações a dificuldade em
desaconselhava-se, em geral, o início encontrar um modelo animal com uma
precoce da terapêutica dado que, se não resposta imunológica semelhante à do
houvesse uma adesão à terapêutica de homem57 e os problemas éticos que
pelo menos 80%, as resistências que se envolvem os ensaios nos vários países58.
criavam faziam com que rapidamente se Perante estas dificuldades, o controlo
esgotassem as alternativas terapêuticas. efetivo da infeção vírica continua a ser
Os conhecimentos mais recentes hoje uma resposta adiada e a completa
demonstraram claramente o benefício erradicação e uma vacina efetiva, uma
do início da terapêutica ARV apenas utopia. Apesar deste panorama, casos de
quando os linfócitos T CD4+ sejam cura como o “doente de Berlim” infetado
inferiores a 350 células/uL ou mesmo por VIH-1 submetido a um transplante
superiores a esse valor atrasando, assim, de medula óssea devido a uma leucemia,
o início da terapêutica e o aparecimento cujo dador apresentava a anomalia delta
de resistências a esta. Contudo, 32 nos coreceptores CCR5 e, mais
e contrariando o anteriormente recentemente, o caso de um recém-
dito, existem debates centrados na nascido que iniciou tratamento 31 horas
possibilidade de se iniciar a terapêutica após nascimento até as 18 semanas
mais cedo, isto é, quando os valores de e nos quais a virémia foi muito baixa
linfócitos T CD4+ estejam abaixo das ou ausente após suspensão da terapia
500 células/ µL ou mesmo superiores ARV, levam a acreditar que é possível
a esse valor pelo facto de fármacos recuperar desta patologia. O conceito
mais eficazes, e com menos efeitos de cura da infeção por VIH engloba os
secundários, poderem ser benéficos ao conceitos de “cura esterilizante” em
atacar mais cedo o vírus, não dando, que, em teoria, a totalidade de ADN-VIH

31
Acta Farmacêutica Portuguesa, 2016, vol. 5, nº 1

latente é eliminada e a “cura funcional” diasis in previously healthy homosexual


em que a forma latente de VIH persiste, men: evidence of a new acquired cellular
mas a virémia é muito baixa ou ausente immunodeficiency. N Engl J Med, 1981.
após a suspensão da terapêutica ARV39. 305(24): p. 1425-31.
Contrariando estes flashes de esperança, 3. Hymes, K.B., et al., Kaposi’s sarcoma
dados da ONU revelaram que em 2012 in homosexual men-a report of eight
estavam vivos cerca de 34 milhões cases. Lancet, 1981. 2(8247): p. 598-
infetados pelo VIH, tendo a SIDA causado 600.
a morte a mais de 25 milhões de pessoas, 4. Ziegler JL WG, G.J., et al., Undiffer-
cerca de 1,7 milhões só em 2012. Mais entiated Non-Hodgkins Lynfoma among
de 17,3 milhões eram mulheres, ou seja, Homosexual Males - United States.
mais de metade das pessoas infetadas. MMWR Morbid Mortal Wkly Rep [On-
Destas mulheres, 13,2 milhões viviam line], 1982. 31: p. 277-9.
em África, ao Sul do Sara64. O número 5. Rubial-Ares B, B.L., Baré P, Bayo-
cada vez maior de mulheres infetadas Hanza C, Bracco M, Interacciones Del
vem como consequência da via sexual Virus De La Imunodeficiência humana
se ter tornado, desde 1986, a principal Con Células Del Sistema Inmune.
via de transmissão da infeção. Numa Imunopatologia molecular: nuevas
relação sexual, a mulher tem um risco fronteras de la medicina: um nexo
quatro vezes maior de se infetar que entre la investigación biomedical y la
o homem, devido à sua maior área de prática clinica Medica Panamericana.
exposição. Dados de 2012 revelaram Vol. Imunopatogenia y Transtornos de
que os infetados estão localizados La regulação Inmune. 2004, Argentina:
maioritariamente na Africa subsariana e Rabinovich/ M.T. Alvelar. 323-329.
na Ásia. Supõe-se que cerca de 50% não 6. Masur, H., et al., An outbreak of com-
conhecem a sua condição de infetados. Os munity-acquired Pneumocystis carinii
2,3 milhões de casos de novos infetados pneumonia: initial manifestation of
(dados relativos a pessoas infetadas cellular immune dysfunction. N Engl J
em 2012) aconteceram, sobretudo, em Med, 1981. 305(24): p. 1431-8.
África mas, apesar de tudo, são cerca de 7. Selik, R.M., S.Y. Chu, and J.W. Ward,
50% menos que em anos anteriores59. Trends in infectious diseases and can-
Conhecidas que são as bases cers among persons dying of HIV infec-
epidemiológicas e vias de contágio, resta tion in the United States from 1987 to
à comunidade adotar a primeira e ainda 1992. Ann Intern Med, 1995. 123(12):
a mais eficaz arma contra esta epidemia: p. 933-6.
A PREVENÇÃO. 8. Waterson, A.P., Acquired immune
deficiency syndrome. Br Med J (Clin Res
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ed), 1983. 286(6367): p. 743-6.
1. Pneumocystis pneumonia - Los 9. Brennan, R.O. and D.T. Durack, Gay
Angeles. MMWR Morb Mortal Wkly compromise syndrome. Lancet, 1981.
Rep, 1981. 30(21): p. 250-2. 2(8259): p. 1338-9.
2. Gottlieb, M.S., et al., Pneumocystis 10. Opportunistic infections and Ka-
carinii pneumonia and mucosal candi- posi’s sarcoma among Haitians in the

32
Duro M.

United States. MMWR Morb Mortal 20. Barre-Sinoussi, F., et al., Isolation
Wkly Rep, 1982. 31(26): p. 353-4, 360- of a T-lymphotropic retrovirus from
1. a patient at risk for acquired immune
11. Update on acquired immune deficiency syndrome (AIDS). Science,
deficiency syndrome (AIDS) among 1983. 220(4599): p. 868-71.
patients with hemophilia A. MMWR 21. Gallo, R.C., et al., Frequent Detection
Morb Mortal Wkly Rep, 1982. 31(48): and Isolation of Cytopathic Retroviruses
p. 644-6, 652. (Htlv-Iii) from Patients with Aids and at
12. Selik, R.M., J.W. Ward, and J.W. Risk for Aids. Science, 1984. 224(4648):
Buehler, Trends in transfusion- p. 500-503.
associated acquired immune deficiency 22. Mindel, A. and M. Tenant-Flowers,
syndrome in the United States, 1982 ABC of AIDS: Natural history and
through 1991. Transfusion, 1993. management of early HIV infection.
33(11): p. 890-3. BMJ, 2001. 322(7297): p. 1290-3.
13. Acquired immune deficiency syn- 23. Freed EO, M.M., HIVs and Their
drome (AIDS) in prison inmates--New Replication, in Fields Virology, P.H.
York, New Jersey. MMWR Morb Mortal DM Knipe, DE Griffin, RA Lamb, B
Wkly Rep, 1983. 31(52): p. 700-1. Roizman, MA Martin, SE Straus, Editor.
14. Update on acquired immune 2001, Lippincott Willians & Wilkins:
deficiency syndrome (AIDS)--United Philadelphia. p. 1971-2041.
States. MMWR Morb Mortal Wkly Rep, 24. Murray, P., Retroviruses, in Medical
1982. 31(37): p. 507-8, 513-4. Microbiology, K.R.e.M.P. PR Murray,
15. Dowdle, W.R., The epidemiology of Editor. 2005, Elsevier Mosby: USA. p.
AIDS. Public Health Rep, 1983. 98(4): 657-673.
p. 308-12. 25. Sharp, P.M., et al., The origins of
16. Unexplained immunodeficiency and acquired immune deficiency syndrome
opportunistic infections in infants--New viruses: where and when? Philosophical
York, New Jersey, California. MMWR transactions of the Royal Society of
Morb Mortal Wkly Rep, 1982. 31(49): London Series B, Biological sciences,
p. 665-7. 2001. 356(1410): p. 867-76.
17. Sepkowitz, K.A., AIDS--the first 20 26. Hahn, B.H., et al., AIDS - AIDS as
years. N Engl J Med, 2001. 344(23): p. a zoonosis: Scientific and public health
1764-72. implications. Science, 2000. 287(5453):
18. Bruckova, M., [30 years since the p. 607-614.
first AIDS cases were reported: history 27. Lorenzo-Redondo, R., et al.,
and the present. Part I]. Epidemiol Persistent HIV-1 replication maintains
Mikrobiol Imunol, 2012. 61(1-2): p. 29- the tissue reservoir during therapy.
32. Nature, 2016. 530(7588): p. 51-+.
19. Update: mortality attributable to 28. Martins, L.J., et al., Modeling HIV-
HIV infection among persons aged 25- 1 Latency in Primary T Cells Using a
44 years--United States, 1994. From Replication-Competent Virus. Aids
the Centers for Disease Control. JAMA, Research and Human Retroviruses,
1996. 275(9): p. 675-6. 2016. 32(2): p. 187-193.

33
Acta Farmacêutica Portuguesa, 2016, vol. 5, nº 1

29. Lee, S.K., et al., Assay to measure tropism. Journal of Medical Virology,
the latent reservoir of replication- 2012. 84(12): p. 1853-6.
competent HIV-1 in suppressed patients 36. Rutherford, G.W., et al., Course
based on ultra deep sequencing. Journal of Hiv-I Infection in a Cohort of
of the International Aids Society, 2015. Homosexual and Bisexual Men - an 11
18. Year Follow-up-Study. British Medical
30. Lee, S., et al., Persistent HIV-1 Journal, 1990. 301(6762): p. 1183-1188.
replication does not explain low levels 37. Shasha, D., [Elite controllers and
of T-cell interferon-gamma mRNA and the mechanisms behind spontaneous
elevated serum NO(2) (-)/NO(3) (-) in control of HIV]. Harefuah, 2013. 152(8):
patients with stable CD4 T-cell responses p. 481-5, 498.
to HAART. Clinical and Experimental 38. Walker, B., “Elite controllers”
Immunology, 2004. 138(1): p. 110-5. provide clues to keeping HIV infection
31. Baeuerle, M., et al., Severe HIV- in check. Interview by Tracy Hampton.
1 encephalitis and development of JAMA, 2012. 308(4): p. 328-9.
cerebral non-Hodgkin lymphoma in a 39. Saag, M. and S.G. Deeks, How do
patient with persistent strong HIV-1 HIV elite controllers do what they do?
replication in the brain despite potent Clinical Infectious Diseases, 2010.
HAART -- case report and review of the 51(2): p. 239-41.
literature. European Journal of Medical 40. Kaplan, J.E., et al., USPHS/IDSA
Research, 2005. 10(7): p. 309-16. guidelines for the prevention of
32. Musey, L., et al., Cytotoxic- opportunistic infections in persons
T-cell responses, viral load, and infected with human immunodeficiency
disease progression in early human virus: an overview. USPHS/IDSA
immunodeficiency virus type 1 infection. Prevention of Opportunistic Infections
New England Journal of Medicine, 1997. Working Group. Clinical Infectious
337(18): p. 1267-1274. Diseases, 1995. 21 Suppl 1: p. S12-31.
33. Picker, L.J. and V.C. Maino, The 41. Masur, H., K.K. Holmes, and J.E.
CD4(+) T cell response to HIV-1. Kaplan, Introduction to the 1999 USPHS/
Current Opinion in Immunology, 2000. IDSA guidelines for the prevention
12(4): p. 381-386. of opportunistic infections in persons
34. Oguntibeju, O.O., W.M.J. van infected with human immunodeficiency
den Heever, and F.E. Van Schalkwyk, virus. Clinical Infectious Diseases, 2000.
Immune response and possible 30 Suppl 1: p. S1-4.
causes of CD4(+)T-cell depletion 42. Ryom, L., et al., Essentials from the
in human immunodeficiency virus 2015 European AIDS Clinical Society
(HIV)-1 infection. African Journal of (EACS) guidelines for the treatment
Microbiology Research, 2009. 3(7): p. of adult HIV-positive persons. Hiv
344-352. Medicine, 2016. 17(2): p. 83-88.
35. Soulie, C., et al., Natural evolution 43. Reeves, I., et al., Starting Treatment
of CD4+ cell count in patients with CD4 According to Guidelines Evaluation: a
>350 or >500 cells/mm3 at the time of multicentre audit of HIV patients in the
diagnosis according to HIV-1 coreceptor UK (vol 24, pg 243, 2013). International

34
Duro M.

Journal of Std & Aids, 2016. 27(3): p. randomized study of combined IL-2
Np1-Np1. and therapeutic immunisation with
44. De Clercq, E., New anti-HIV antiretroviral therapy. J Immune Based
agents and targets. Medicinal Research Ther Vaccines, 2007. 5: p. 6.
Reviews, 2002. 22(6): p. 531-565. 53. Gunthard, H.F., et al., Antiretroviral
45. Nair, V., HIV integrase as a target treatment of adult HIV infection: 2014
for antiviral chemotherapy. Reviews in recommendations of the International
Medical Virology, 2002. 12(3): p. 179- Antiviral Society-USA Panel. JAMA,
193. 2014. 312(4): p. 410-25.
46. Thompson, M.A., et al., Antiretroviral 54. Dybul, M., et al., Guidelines for
Treatment of Adult HIV Infection 2012 using antiretroviral agents among
Recommendations of the International HIV-infected adults and adolescents.
Antiviral Society-USA Panel. Jama- Recommendations of the Panel on
Journal of the American Medical Clinical Practices for Treatment of HIV.
Association, 2012. 308(4): p. 387-402. MMWR Recomm Rep, 2002. 51(RR-7):
47. Marathe, J.G. and D.P. Wooley, Is gene p. 1-55.
therapy a good therapeutic approach for 55. Guidelines for the use of antiretroviral
HIV-positive patients? Genet Vaccines agents in HIV-infected adults and
Ther, 2007. 5: p. 5. adolescents, January 28, 2000 by the
48. Piscitelli, S.C., N. Bhat, and A. Pau, A Panel on Clinical Practices for Treatment
risk-benefit assessment of interleukin-2 of HIV Infection. Hiv Clinical Trials,
as an adjunct to antiviral therapy in HIV 2000. 1(1): p. 60-110.
infection. Drug Saf, 2000. 22(1): p. 19- 56. Pantaleo, G., et al., Lymphoid organs
31. function as major reservoirs for human
49. Cunico, W., C.R.B. Gomes, and W.T. immunodeficiency virus. Proc Natl Acad
Vellasco Junior, HIV - recentes avanços Sci U S A, 1991. 88(21): p. 9838-42.
na pesquisa de fármacos. Química Nova, 57. Uberla, K., et al., Animal model for the
2008. 31: p. 2111-2117. therapy of acquired immunodeficiency
50. Saag, M.S., New and investigational syndrome with reverse transcriptase
antiretroviral drugs for HIV infection: inhibitors. Proc Natl Acad Sci U S A,
mechanisms of action and early research 1995. 92(18): p. 8210-4.
findings. Top Antivir Med, 2012. 20(5): 58. Zion, D., Ethical considerations
p. 162-7. of clinical trials to prevent vertical
51. Thompson, M., et al., A 48-week transmission of HIV in developing
randomized phase 2b study evaluating countries. Nature Medicine, 1998. 4(1):
cenicriviroc versus efavirenz in p. 11-2.
treatment-naive HIV-infected adults 59. UNAIDS. World AIDS Day 2014
with C-C chemokine receptor type Report - Infographics | UNAIDS 2014;
5-tropic virus. AIDS, 2016. 30(6): p. Available from: http://www.unaids.org/
869-878. en/resources/campaigns/World-AIDS-
52. Hardy, G.A., et al., A phase I, Day-Report-2014/infographics

35

View publication stats

Você também pode gostar