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Agroindustria Princpios Da Nutricao e Conservacao de Produtos Agroindustriais
Agroindustria Princpios Da Nutricao e Conservacao de Produtos Agroindustriais
Princípios da Nutrição e
Conservação de Produtos Agroindustriais
Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice Governador
Francisco José Pinheiro
Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Disciplina:
- 2009 -
SUMÁRIO
Agroindústria - Princípios da Nutrição e Conservação de 2
Produtos Agroindustriais
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
UNIDADE I
1.PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO...............................................................4
1.1 Conceitos de alimentação e nutrição .............................................................................................. 5
1.1.2 Alimentos: conceito, funções, composição e classificação. ........................................................ 6
1.1.3 Grupos básicos de alimentos ....................................................................................................... 6
1.1.4 Vocês sabem como usar a Pirâmide Alimentar? ....................................................................... 10
1.2 NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA UMA BOA ALIMENTAÇÃO. ........................................ 10
1.2.1 As funções dos alimentos no nosso corpo ................................................................................. 10
a) Fonte de energia ............................................................................................................................ 11
b) Material para formação e manutenção dos tecidos. ..................................................................... 11
c) Funções reguladoras...................................................................................................................... 11
UNIDADE II
2. COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS ............................................................................................14
2.1 Proteínas ....................................................................................................................................... 15
2.2 Carboidratos ................................................................................................................................. 17
2.3 Gorduras ....................................................................................................................................... 18
2.4 Água ............................................................................................................................................. 19
2.5 Vitaminas...................................................................................................................................... 21
a) Vitaminas hidrossolúveis ............................................................................................................... 22
a1) Vitamina B1 ou Tiamina............................................................................................................... 23
a2) Vitamina B2 ou Riboflavina ......................................................................................................... 23
a3) Vitamina B3 ou Niacina ............................................................................................................... 24
a4) Vitamina B6 ou Piridoxina .......................................................................................................... 24
a5) Vitamina B12 ou Cianocobalina .................................................................................................. 24
a6) Ácido Fólico................................................................................................................................. 24
a7) Ácido Pantotênico ........................................................................................................................ 25
a8) Ácido Ascórbico ou Vitamina C ................................................................................................... 25
b) Vitaminas Lipossolúveis ................................................................................................................ 26
b1) Retinol ou Vitamina A .................................................................................................................. 27
b2) Vitamina D ................................................................................................................................... 28
b3) Vitamina E ou Tocoferol............................................................................................................... 29
b4) Vitamina K ................................................................................................................................... 30
2.6 Minerais ....................................................................................................................................... 30
a) Microminerais ................................................................................................................................ 31
b) Macrominerais ............................................................................................................................... 32
UNIDADE III
3. CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS: TÉRMICA E NÃO-TÉRMICA......................................33
3.1 Conservação de alimentos pelo uso do calor ............................................................................... 34
3.1.1 Branqueamento ......................................................................................................................... 35
3.1.2 Pasteurização ............................................................................................................................. 38
3.1.3 Tindalização .............................................................................................................................. 40
3.1.4 Esterilização .............................................................................................................................. 41
3.2 Conservação de alimentos por refrigeração ................................................................................. 43
3.2.1 Refrigeração .............................................................................................................................. 46
a) Refrigeração de vegetais ............................................................................................................... 48
3.2.2 Congelamento ........................................................................................................................... 51
a) Congelamento com uso de ar sem movimento ............................................................................... 52
b) Congelamento com ar forçado ...................................................................................................... 52
c) Congelamento contínuo em leito fluidizado .................................................................................. 52
Agroindústria - Princípios da Nutrição e Conservação de 3
Produtos Agroindustriais
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Unidade I
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO
saúde por estimular a priorização das ações. A definição pouco restritiva dá liberdade necessária
para ações em todos os níveis da organização social.
É o grupo dos alimentos energéticos, pois são ricos É o grupo dos alimentos construtores, pois são
em amido (um tipo de açúcar), que fornece energia ricos em proteínas, que formam, mantém e
para nossas atividades diárias: andar, trabalhar, restauram nosso corpo (ossos, pele, órgãos,
estudar, brincar, passear... As principais fontes são: músculos...) e, por isso, são muito importantes em
cereais integrais ou refinados (arroz, trigo, milho, fase de crescimento (crianças, adolescentes,
aveia, cevada, centeio), suas farinhas (de arroz, de gestantes). As principais fontes são: leite, queijos,
fubá, de trigo, de mandioca, de aveia), as massas iogurtes, carnes de vaca, de frango, de peixe,
(pães, biscoitos, macarrão) e alguns vegetais como miúdos, ovos, leguminosas (feijões, ervilhas, grão-
aipim, inhame, cará, batata doce e batata inglesa. debico, soja, lentilha...) e sementes oleaginosas
Os cereais integrais também são fonte de fibras. (nozes, avelãs, amêndoas, castanhas). As proteínas
de origem animal também são fonte de gorduras e
colesterol.
Com a finalidade de indicar, de forma prática, uma alimentação desejável sob o ponto de
vista de seu conteúdo em nutrientes, convencionou-se repartir os alimentos em grupos básicos, nos
quais predominam ou proteínas, ou glícides, ou lipídeos, ou vitaminas e minerais.
Os autores costumam fazer essa divisão em três, quatro, cinco ou seis grupos, neles
incluindo, em diferentes distribuições, alimentos indispensáveis ao regime diário.
De nossa parte, optamos pela incorporação de alimentos em seis grupos.
a) Fonte de energia
Os alimentos fornecem energia necessária para o funcionamento do corpo humano. Uma
certa quota, determinada pelo metabolismo, é necessária as funções essenciais, como respiração e
circulação do sangue, bem como para manter a temperatura normal do corpo. Durante o tempo frio
deve ser maior a quota dos alimentos que produzem calor no corpo. A energia é necessária também
às atividades físicas, como caminhar, falar, brincar e trabalhar. A quantidade de alimentos necessária
diariamente para fornecer esta energia varia conforme o tamanho e o peso, a idade e a atividade
física da pessoa; depende também da temperatura ambiente.
Quando o alimento no proporciona energia de que o corpo necessita, os tecidos são gastos
para este fim. No caso de regimes de emagrecimento, convém que seja ingerida quantidade de
alimentos menor que a requerida pelo corpo, de modo a provocar o consumo da gordura
armazenada nos tecidos.
c) Funções reguladoras.
As funções normais do corpo, como absorção e digestão dos alimentos, circulação do
sangue, sistema de controle de temperatura corporal e o trabalho dos músculos, processam-se
automaticamente sem que o indivíduo delas tenha consciência. As vitaminas e os minerais são
substâncias que têm grande influência nesses processos complexos. São também importantes as
proteínas, os hidratos de carbono, as gorduras e a água.
Unidade II
COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS
2.1 Proteínas
As proteínas são de tipos diferentes e são codificadas através de um segmento de nosso
DNA, portanto envolve também o RNA e um gene específico. Elas são biomoléculas versáteis
quanto às suas funções. A maioria das proteínas do organismo participa de reações que ocorrem nas
células. As proteínas são formadas por um conjunto de 20 tipos diferentes de aminoácidos (Aa), isto
não quer dizer que serão encontrados na mesma quantidade em uma cadeia polipeptídica, eles
podem aparecer uma única vez ou não aparecer em certa cadeia.
As proteínas podem ser constituídas por uma única, duas ou mais cadeias polipeptídicas, ou
seja, são compostas por ligações peptídicas de dois ou mais Aas. Cada proteína têm uma seqüência
de Aas que lhe confere uma estrutura única, que por sua vez lhe confere uma determinada função,
isto significa que esta seqüência de Aas tem um papel fundamental na estrutura de uma proteína, e
na função que ela desempenha.
Quando quebradas (hidrolisadas) as proteínas são decompostas em uma mistura de
aminoácidos, que é característica para cada tipo de proteína. As proteínas que são de diferentes
funções possuem diferentes seqüências de aminoácidos (cadeias peptídicas). Existem dois tipos de
proteínas em relação à hidrolise:
- Proteínas Simples: quando hidrolisadas fornecem apenas aminoácidos (ex: Ribonuclease,
quimotripsina).
- Proteínas Conjugadas: quando hidrolisadas fornecem Aas e um componente químico,
denominado grupo prostético. Assim, as proteínas conjugadas são classificadas de acordo com o
grupo prostético.
Quando ocorre a síntese (fabricação) de uma proteína anormal com diferente seqüência de
Aas do que a que normalmente ocorre, o organismo gera uma doença genética. Todas as proteínas
com funções similares, tem também um cadeia de Aas muito semelhante.
O peso molecular (PM) das proteínas podem variar de 10.000 até 1.000.000. Podemos citar
a estrutura das proteínas em quatro níveis:
- ESTRUTURA PRIMÁRIA: inclui todas as ligações covalentes entre os Aas, e é definida
como a seqüência de Aas dentro da cadeia polipeptídica. Inclui também as pontes dissulfeto feitas
por certos tipos de Aas.
- ESTRUTURA SECUNDÁRIA: refere-se ao arranjo regular e repetitivo dos resíduos de
Aas na cadeia polipeptídica. Segue sempre um padrão de repetição seja em conformação Beta, ou
Alfa-Hélice.
- ESTRUTURA TERCIÁRIA: enovelamento da cadeia polipeptídica. Refere-se à relação
espacial entre os Aas na cadeia, como esta dobra-se no espaço.
- ESTRUTURA QUARTENÁRIA: refere-se à relação espacial entre duas ou mais cadeias
polipeptídicas, para compor uma proteína funcional. Só pode ser definida para proteínas com mais
de uma cadeia.
A classificação das proteínas é dada através das funções que elas desenvolvem no
organismo, e são as seguintes:
1) Enzimas: São proteínas que aumentam a velocidade de uma reação acontecer, ou seja,
tem uma atividade catalítica. Todas as reações que ocorrem são catalisadas por uma enzima
específica.
2) Proteínas de transporte:
a) Proteínas que se ligam a grupos específicos e os transportam através do sangue.
Hemoglobina e Lipoproteína são exemplos deste tipo de proteína transportadora.
b) Proteínas que transportam substâncias através da membrana celular. Estas substâncias
podem ser: Aminoácidos, glicose, Na+, K+).
3) Proteínas de Reserva: São proteínas que reservam algo importante para o crescimento
e/ou germinação. Exemplos: Ferritina que armazena ferro (Fe); Mioglobina que reserva oxigênio
(O2), etc.
4) Proteínas Contráteis: dão à célula a capacidade de se contraírem, mover ou mudar de
forma. São exemplos a actina e a miosina que participam diretamente na contração muscular.
5) Proteínas Estruturais: dão sustentação e proteção ao organismo. O colágeno (umas destas
proteínas) é a principal proteína dos tendões, e suporte forte tensão. Já a elastina é capaz de se
distender em duas dimensões, a queratina é a proteína que forma as unhas e os cabelos.
6) Proteínas de Defesa: São as imunoglobulinas, fribrinogênio e a fibrina. Defendem o
organismo de certa invasão de outras espécies (ex: microorganismos), e os protege contra injúria.
7) Proteínas Regulatórias: São os hormônios; estes regulam as atividades celulares e
fisiológicas. São deste tipo: insulina, proteínas G, e GH (Hormônio do crescimento).
2.2 Carboidratos
Os carboidratos são compostos orgânicos que consistem de carbono, hidrogênio e oxigênio.
Pode ser representado da seguinte formas: Cn H2n On. Variam de açúcares simples contendo de 3 a
7 carbonos até polímeros muito complexos.
São os chamados energéticos, pois a maioria da energia consumida pelo organismo para
realizar as tarefas do dia a dia como trabalhar, dirigir, conversar, etc, vem dos carboidratos, porém
num exercício físico de longa duração, o nutriente mais utilizado passa a ser a gordura. Eles
fornecem 4 calorias para o organismo por grama consumida de carboidratos.
As fontes são: macarrão, arroz, batata, pães, biscoitos, etc.
Os carboidratos podem ser classificados em:
1) Monossacarídeos: a glicose (dextrose) e a frutose são os principais monossacarídeos
encontrados em sua forma livre nos alimentos.
A glicose é abundante em frutas, milho doce, xarope de milho, mel e certas raízes. Ela é o
principal produto formado pela hidrólise (quebra) dos carboidratos mais complexos na digestão e a
forma de açúcar normalmente encontrada na corrente sanguínea. É oxidada nas células como fonte
de energia e armazenada no fígado e nos músculos em forma de glicogênio. É importante destacar
que a glicose é a única forma de que o sistema nervoso central se alimenta e sobrevive.
Já a frutose (levulose, açúcar da fruta) é encontrada junto com a glicose e a sacarose no mel
e frutas, e é o mais forte dos açúcares. É por essa característica que alguns adoçantes são feitos da
frutose, e os refrigerantes são adoçados com este açúcar (xarope de milho) ao invés de usarem a
sacarose para produzi-los.
A galactose outro monossacarídeo não é encontrada na forma livre na natureza, mas é
produzida a partir da lactose (açúcar do leite) pela hidrólise no processo digestivo.
2) Dissacarídeos: Estes açúcares são compostos de duas moléculas de monossacarídeos e
uma delas sempre será a glicose. Sacarose - glicose e frutose; Maltose - glicose e glicose; Lactose -
glicose e galactose.
A sacarose é o açúcar de uso comum, açúcar de mesa. Principalmente encontrada na cana-
de-açúcar, açúcar de beterraba, melaço, xarope e açúcar de bordo, xarope de milho, entre frutas,
vegetais e mel. Quando hidrolisada por enzimas digestivas, a sacarose, é convertida em partes
iguais de glicose e frutose.
A maltose (açúcar do malte) não é encontrada facilmente em sua forma livre na natureza, é
criada durante a digestão por enzimas que quebram grandes moléculas de amido em fragmentos de
dissacarídeos, que podem então ser quebrados em duas moléculas de glicose para uma fácil
absorção. Isto ocorre na natureza quando a semente de um grão de cereal brota e suas enzimas
convertem o amido do grão em maltose.
A lactose (açúcar do leite) é o principal açúcar encontrado no leite. Não existe em vegetais e
está limitada quase exclusivamente às glândulas mamárias de animais lactentes. É menos solúvel
que os outros dissacarídeos e é apenas um sexto tão doce quanto a glicose. Pela hidrolise, produz
glicose e frutose. Este açúcar é de importância clínica em pessoas com ausência de enzima digestiva
suficiente (lactase) para uma hidrólise eficiente e em crianças pequenas nascidas sem a enzima do
fígado que converte galactose em glicose.
2.3 Gorduras
Os lipídeos, mais conhecidos como gorduras, são um grupo de heterogêneos de compostos
que incluem os óleos e gorduras normais, ceras e componentes correlatos encontrados em alimentos
e corpo humano.
Eles têm as propriedades de serem:
1. insolúveis em água;
2. solúveis em solventes orgânicos (éter, clorofórmio);
3. capacidade de ser usado por organismos vivos.
A maioria das gorduras naturais consiste se aproximadamente de 95% de triglicerídeos ou
triacilgliceróis. Os outros 5% são traços de monoglicerídeos e diglicerídeos, ácidos graxos livres,
fosfolipídeos e esteróis.
Funções do tecido adiposo (gordura): Por fornecer energia para o corpo, esse tecido poupa
proteínas para a síntese de tecidos ao invés destas serem utilizadas como fonte de energia. Auxiliam
a manter órgãos e nervos em posição e protegê-los contra choques e lesões traumáticas. A camada
subcutânea de gordura isola o organismo, preservando o calor e mantendo a temperatura do
organismo. As gorduras auxiliam no transporte e absorção de vitaminas lipossolúveis. Deprimem as
secreções gástricas e tornam mais lento o esvaziamento gástrico. Além disso, as gorduras adicionam
o paladar da dieta e produzem uma sensação de saciedade após a refeição.
Triacilglicerídeos - contém uma molécula de glicerol (um álcool triidrico) e um a três ácidos
graxos ligados a essa molécula. Devido à sua lata densidade energética e baixa solubilidade, os
triacilgliceróis do tecido adiposo são a maior forma de armazenamento de energia do organismo.
Ácidos graxos - Quimicamente, ácidos graxos são cadeias retas de hidrocarbono terminado
em um grupo carboxila em uma terminação e um grupo metil na outra. São classificados como:
- Ácidos graxos saturados (SFA): estão concentrados em alimentos animais como a carne
bovina, frango, porco, laticínios) e alimentos vegetais (palmeira e sua semente e óleo de coco).
- Ácidos graxos monoinsaturados (MUFA): Ácidos oléicos. Azeite, óleo de canola, óleo
de amendoim, amendoins, nozes, peçã, amêndoas e abacate.
- Ácidos graxos poliinsaturados (PUFA): predominante na dieta é o ácido linoléico.
Sementes vegetais e os óleos que eles produzem. Os óleos de coco, palmeira e manteiga de cacau
são pobres nesse ácido. Existem duas principais famílias desse grupo de ácidos graxos: ômega 3 e
ômega 6. Estes têm funções ainda não muito bem conhecidas no tratamento de muitas doenças do
organismo, como por exemplo: esclerose múltipla, artrite reumatóide e dermatite atípica, assim
como na prevenção de aterosclerose.
- Ácidos graxos essenciais: Ômegas 3 e 6 são conseguidos apenas através da dieta e não
são produzidos pelo organismo e por isso são essenciais. Fontes de w-3: margarinas, óleos de canola
e soja, óleo de peixes e mariscos, peixes.
- Ácidos graxos trans ou cis: É uma forma diferente na posição dos hidrogênios nas
cadeias dos MUFA´s. Estão presentes nas margarinas que são preparadas na forma de hidrogenação
(transformação de óleos líquidos em semi-sólidos e mais estáveis, como as margarinas, frituras
comercializadas, produtos de panificação, ricos em gorduras e lanches salgados.
- Colesterol - Componente essencial das membranas estruturais de todas as células dos
mamíferos, é o principal componente do cérebro e das células nervosas. É encontrado nas glândulas
supra-renais, aonde os hormônios adrenocorticais são sintetizados e no fígado onde é sintetizado e
armazenado. O colesterol é participa na formação do ácido biliar, hormônios adrenocorticais
(aldosterona) e hormônios sexuais (estrogênios, testosterona e progesterona). É encontrado em
apenas alimentos de origem animal.
2.4 Água
A água é mais essencial à vida do que o alimento. O homem pode viver várias semanas sem
alimento, mas apenas poucos dias sem água. Cerca de dois terços do peso corpo humano é água, e
mais de um litro é eliminado diariamente. Para suprir as necessidades das funções orgânicas, deve-
se beber diariamente de 6 a 8 copos de líquido, como seja água, leite, café, etc. Preconiza-se o
número de 1 copo de 200ml de água por hora em que se estiver acordado. Assim sendo, a ingestão
de água deve ser independente da sede, constante e rigorosa. E não adianta deixar para tomar os 2 a
3 litros necessários diariamente de uma só vez.
Estudos mostram que o estômago capacita apenas 12ml/kg/hora, ou seja um adulto não
2.5 Vitaminas
As vitaminas são substâncias indispensáveis à vida em quantidades bastante reduzidas para
manutenção dos processos vitais, sendo chamados de microelementos. Não podem ser sintetizados
pelos organismos humanos a partir de simples metabólitos. Elas agem como coenzimas ou como
parte de enzimas responsáveis por promover reações químicas essenciais, evitando determinadas
doenças ou favorecendo a assimilação de alguns alimentos, bem como são importantes para a
conservação de certas estruturas e tecidos.
Em 1912, o químico polonês Casimir Funk criou o termo vitamina para designar os fatores
alimentares acessórios necessários à vida, a partir de vita (vida) e de amina, isto é, amina essencial à
vida, referindo-se à vitamina B1. Mais tarde, esse termo foi aplicado a todas as vitaminas, embora
somente a vitamina B1 possua esse grupo funcional.
Devido ao fato da existência de muitas vitaminas terem sido reconhecidas antes que sua
natureza química fosse identificada, foram designadas por letras ou nomenclaturas descritivas de
suas funções. Usualmente, os nomes corretos derivam de suas estruturas químicas, mas a
terminologia alfabética, mais familiar, continua sendo amplamente usada.
As vitaminas diferem entre si consideravelmente quanto à estrutura, propriedades químicas e
biológicas e atuação no organismo. Para algumas vitaminas, as suas funções bioquímicas ainda não
foram esclarecidas com detalhes, embora sejam conhecidos os fenômenos biológicos para os quais
elas sejam indispensáveis.
As necessidades vitamínicas de um indivíduo variam de acordo com fatores como idade,
clima, atividade que desenvolve e estresse a que é submetido. A quantidade de vitaminas presente
nos alimentos também não é constante. Varia de acordo com a estação do ano em que a planta foi
cultivada, o tipo de solo ou a forma de cozimento do alimento (a maior parte das vitaminas se altera
quando submetida ao calor, à luz, ao passar pela água ou quando na presença de certas substâncias
conservantes ou saporíferas).
Devido ao fato de que a maioria das vitaminas não pode ser sintetizada pelo organismo
humano, devendo ser assimiladas pela dieta, vários alimentos são enriquecidos para restaurar a
quantidade perdida durante o processamento e estocagem, ou para garantir a ingestão da dose
mínimadiária necessária, como a adição de ácido fólico a farinha de trigo, por exemplo.
As vitaminas são classificadas em dois grupos, com base em sua solubilidade, o que
determina sua estabilidade, ocorrência em alimentos, distribuição nos fluidos corpóreos e sua
capacidade de armazenamento nos tecidos.
As vitaminas hidrossolúveis são as que compõem o complexo vitamínico B e a vitamina C,
enquanto que as lipossolúveis compreendem as Vitaminas A, D, E e K.
a) Vitaminas hidrossolúveis
A maioria das vitaminas hidrossolúveis é componente de sistemas enzimáticos essenciais,
estando envolvidas em reações de manutenção do metabolismo energético. Não são normalmente
armazenas no organismo em quantidades apreciáveis, sendo normalmente excretadas em pequenas
quantidades na urina. Por isso, é necessário em suprimento diário, para se evitar a interrupção das
funções biológicas normais (KRAUSE, 1998).
Essas vitaminas são solúveis em água, fazendo parte o grupo das vitaminas do complexo B e
a vitamina C. Elas são absorvidas pelo intestino e transportadas pelo sistema circulatório até os
tecidos em que serão utilizadas. O grau de solubilidade varia de acordo com cada vitamina e influi
no caminho que essas substâncias percorrem no organismo (VITAMINAS, 2007).
A Tabela 1 mostra as vitaminas hidrossolúveis e suas funções como componentes de
coenzimas específicas.
Tabela 1. Vitaminas hidrossolúveis e suas funções na atividade enzimática.
iogurte é uma boa fonte, brócolis, amêndoa, levedura de cerveja, queijo,arroz selvagem e soja.
Contribui para prevenir a displasia do colo do útero, a fissura do palato, a síndrome das pernas
irriquietas, a depressão, além de inflamações e distúrbios no estômago e intestino.
A deficiência do ácido fólico causa diminuição no crescimento intrauterino podendo
interferir no desenvolvimento da criança futuramente, incluindo: incapacidade de aprendizado,
desordens psiquiátricas na infância, retardo mental e outros distúrbios do crescimento e
desenvolvimento da criança.
Um estudo realizado mostrou que uma proporção significativa de mulheres em idade
reprodutiva tem baixa ingestão de folato na dieta e não usam suplementos que contêm ácido fólico,
nem ingerem cereais fortificados. Aproximadamente 90% das mulheres consomem menos de
400mg/dia de folato (RDA para mulheres grávidas). Mulheres pobres têm ingestão de folato e
outros nutrientes (ferro, zinco, vit. A e B6) abaixo do padrão RDA para mulheres não-grávidas
(3mg/kg de peso), enquanto que mulheres com altos salários seguem recomendação de folato para
não-grávidas. Muitas mulheres de baixa renda ingerem poucos vegetais, e há ainda quem não ingira
nenhum vegetal.
Em altas doses pode causar convulsões em epilépticos ou interferir com drogas
anticonvulsivantes.
As maiores fontes alimentícias de folato são: feijão, folha de vegetais verdes e cereais
fortificados; alguns alimentos com menor quantidade de folato: suco de laranja e pão branco.
Durante a gravidez, uma suplementação de folato juntamente com vitamina B6 pode
aumentar a duração da gravidez, evitando, partos prematuros e nascimento de bebês com baixo
peso. Além disso, observou-se que uma suplementação de ácido fólico antes da gravidez melhorou
a fertilidade (aumento na taxa de concepções e no nascimento de gêmeos).
antioxidante.
Em altas doses (mais de 6 g) a vitamina C pode causar diarréia e desencadear crises de gota.
As recomendações diárias para uma mulher adulta é de 60 mg/dia.
As principais fontes desta vitamina são as frutas como acerola, laranja e goiaba, pimenta
vermelha e verde, suco de grapefruit, melão, papaia, kiwi e couve de bruxela.
b) Vitaminas Lipossolúveis
Essas substâncias são solúveis em solventes orgânicos, em gordura e não são solúveis em
água, portanto para irem ao tecido alvo necessitam de moléculas transportadoras como o colesterol
para atravessarem o plasma sanguíneo. As vitaminas lipossolúveis se ligam à uma lipoproteína, os
quilomícrons, que atravessam a circulação linfática pra entrarem no sangue e atingirem seus
respectivos tecidos de depósito.
Todas podem ser armazenadas no fígado e em conseqüência a manifestação de deficiências
tende a ser mais lenta que o grupo das hidrossolúveis.
Cada uma das vitaminas lipossolúveis, A, D, E e K, tem um papel fisiológico separado e
distinto. Na maior parte, são absorvidos com outros lipídeos, e uma absorção eficiente requer a
presença de bile e suco pancreático. São transportadas para o fígado através da linfa como uma
parte de lipoproteínas e são estocadas em vários tecidos corpóreos, embora não todas no mesmo
tecido, nem na mesma extensão. Normalmente não são excretadas na urina (KRAUSE, 1989).
As quatro vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) são formadas, biologicamente, de unidades
do hidrocarboneto de 5 átomos de carbono chamado isopreno ou 2-metilbutadieno (Figura 10), uma
unidade fundamental existente em muitas substâncias de origem vegetal, de aspecto oleoso,
semelhante a graxas ou a borracha. A função bioquímica específica de cada uma das vitaminas
lipossolúveis é, ainda, obscura; entretanto, muitos progressos têm sido realizados para sua
elucidação.
A Tabela 2 mostra as vitaminas lipossolúveis e suas funções como componentes de
coenzimas específicas.
Tabela 2. Vitaminas lipossolúveis e suas funções na atividade enzimática.
Forma coenzímica Tipo de reação ou de processo catalisado
Vitamina
(ou forma ativa)
Vitamina A Retinol Ciclo visual
Vitamina D 1,25-Diidroxicolecalciferol Regulação do metabolismo do cálcio
Vitamina E Desconhecida Proteção dos lipídios de membrana
Vitamina K Desconhecida Cofator em reações de carboxilação
queratinização, pele seca e escamada. Já quando sua ingestão está além do necessário ocorre perda
de peso e pelos e vômitos.
Suia recomendação diária segundo a FAO/OMS variam de 65 mcg (195UI) por Kg de peso
em crianças de 4 meses; e para adultos a recomendação é de 12mcg/kg de peso.
b2) Vitamina D
A Vitamina D1 é a mais importante e é a que regula o metabolismo do Cálcio, ou seja, a
calcificação óssea.
A Vitamina D2 chamada de Ergocalciferol, tem como precursor o ergosterol presente nos
vegetais, centeio e leveduras.
A vitamina D3 ou Colecalciferol é a sintetizada na pele sob ação dos raios U.V. do sol em
contato com o 7-dehidrocolesterol secretado pelas glândulas sebáceas presentes na nossa pele.
São absorvidas no intestino delgado, necessitam dos sais biliares para emulsificação das
gorduras, lipoproteínas (Quilo Mícron) para o seu transporte pelo sangue até chegar nos tecidos
armazenadores: rins, fígado, pele, coração, glândulas supra-renais e timo.
Para que seja utilizada, a Vitamina D deve passar por duas hidroxilações, a primeira no
fígado onde passa a se chamar 25-hidroxicolecalciferol (hidroxilação no Carbono 25), e a segunda
nos rins onde a hidroxilação aponte no Carbono 1 e passa a se chamar 1-25-dihidroxicolecalciferol
e é sua forma biologicamente ativa. Ela se liga à proteína Globulina para ficar mais solúvel no
plasma e chegar aos tecidos alvo. Sua excreção é pelas fezes.
A Vitamina D aumenta a absorção do Cálcio e do Fósforo no lúmen intestinal por um
mecanismo não esclarecido; junto ao hormônio Calcitonina tem função osteoblástica de depositar
Cálcio nos ósseos; tem função osteoclástica junto ao Paratormônio que retira Cálcio dos ossos
quando a concentração deste mineral está baixa no sangue (hipocalcemia); aumenta a reabsorção do
fosfato inorgânico pelos rins; estimula a síntese do colágeno.
A carência desta vitamina prejudica o crescimento, e todo o metabolismo do Cálcio. Nas
crianças causa o raquitismo e nos adultos a Osteomalácia. Quando a ingestão é acima do
recomendado pode ocorrer o aparecimento de cálculo renal.
As principais fontes da Vitamina D são: óleos de fígado de peixe, atum, bacalhau, cação,
gema do ovo.
Recomendações diárias segundo FAO/OMS:
- Para crianças até 1 ano e lactentes: 800 UI
- Para gestante: 600 UI
- Para crianças acima de 1 ano de idade: 400 UI
b4) Vitamina K
As principais formas da vitamina K são:
K1 ou liloquinona - encontrada na dieta.
K2 ou menaquinona - obtida através da síntese que ocorre no organismo a partir das
bactérias intestinais, principalmente da Escherichia coli.
A absorção da vitamina K1 se dá no intestino delgado, necessita dos sais biliares e como
todas as vitaminas lipossolúveis do Quilo Mícron (QM), que faz o transporte das gorduras e destas
vitaminas da linfa até a circulação sangüínea. Já a vitamina K2 tem sua absorção no intestino
grosso, porém o resto de sua absorção se dá igual a K1. São armazenadas no fígado, músculos e
pele.
A utilização desta vitamina pelo organismo se dá muito rapidamente, então sua depeleção
(sua deficiência) pode ocorrer em uma semana se:
- houver uma deficiência na produção de sais biliares ou falta de gordura e proteínas;
- ocorrer esteatorréia (diarréia), ou seja, muita excreção de gorduras pelas fezes e assim
perda da vitamina;
- estiver presente anticoagulantes ou ainda uma cirrose, onde a utilização desta vitamina
estará diminuída pelo fígado;
- estiver utilizando antibiótico que destruirá flora bacteriana normal do organismo.
A vitamina K tem como principal função ser coagulante e anti-hemorrágica. Participa na
formação de certos fatores de coagulação no fígado.
Sua carência pode aumentar o tempo de coagulação e diminuir a produção dos fatores de
coagulação o que é perigoso por exemplo num paciente que irá fazer uma cirurgia, pois não haverá
a coagulação ocorrendo uma hemorragia.
Está presente nos vegetais verdes folhosos como alfafa, couve e rúcula, assim como no
fígado de porco.
Sua necessidade segundo a RDA: 80 mcg/dia para o homem e 65mcg/dia para a mulher.
Para crianças até 6 meses 5mcg/dia e para as crianças de 6 meses até 1 ano sua recomendação é de
10mcg/dia.
2.6 Minerais
Minerais são substâncias inorgânicas necessárias ao corpo humano. Estão presentes nos
tecidos corporais em pequenas quantidades. Aproximadamente quatro por cento do peso do nosso
a) Microminerais
Microminerais ou oligoelementos: cobre, cromo, ferro, fluoreto, iodo, manganês,
molibdênio, selênio, zinco, vanádio, níquel, estanho e silício. Cadmo, chumbo, mercúrio, arsênio,
boro, lítio, alumínio e outros não exercem qualquer função nutritiva, sendo considerados agentes
contaminantes dos alimentos e organismo.
Cobre Promove a absorção do ferro, essencial para as hemácias,
1.5 a Fígado, frutos do mar,
tecido conjuntivo, fibras nervosas e pigmentação da pele,
3mg leguminosas, nozes, ameixas
componente de enzimas.
Cromo Se envolve no uso eficiente da insulina, e é conhecido como
Levedo de cerveja, produtos à
fator de tolerância à glicose. Essencial para o metabolismo 50 a
base de grãos integrais, fígado,
dos macronutrientes. Com o exercício aumenta a excreção 200mg
queijo e cerveja
deste mineral
Ferro Aumenta o volume sangüíneo, aumento de hemoglobina, 10 a 18 Fígado, carnes, frutos do mar e
transporta e armazena o oxigênio mg leguminosas
Fluoreto 1.5 a
Ajuda a manter os ossos e dentes fortes Água fluoretada e chá
4mg
Iodo Sal, frutos do mar, vegetais de
Fabricação de hormônios da tireóide 150mcg
solo rico em iodo
Manganês 2.5 a Café, chá, nozes, leguminosas,
Componente de enzimas, produção de ossos e tendões
5mg farelo
Molibdênio Fígado, outras vísceras,
75 a
Componente de enzimas, útil no armazenamento de ferro hortaliças verde- escuras,
250mcg
produtos de grãos integrais
Selênio Atua na produção de energia, protege as membranas 55 a 70 Aves, frutos do mar, vísceras,
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b) Macrominerais
Macrominerais: cálcio, fósforo, potássio, sódio, enxofre, magnésio e cloro.
Cálcio Formação óssea, manutenção no
desgaste ósseo, contração muscular, 800 a Leite e derivados, sardinha,
impulsos nervosos. Overdoses = 1500 mg hortaliças verde-escuras
cálculos renais
Fósforo Carnes, aves, peixes, gemas
Mantém ossos e dentes fortes,
800 a de ovos, leguminosas,
componente de algumas enzimas
1200mg derivados do leite e
essenciais ao funcionamento do corpo
refrigerantes
Potássio Abacates, bananas, frutas
Equilíbrio hídrico, promove
1875 a cítricas e secas, leguminosas
funcionamento de músculos e do
5625mg e muitos vegetais e os
metabolismo
produtos de grão integral
Sódio Sal de cozinha, derivados do
Equilíbrio hídrico, promove o
1100 a leite, frutos do mar, temperos
funcionamento de músculos e do
3300mg e alimentos processados (a
metabolismo
maioria)
Enxofre Componente de dois aminoácidos Não Alimentos ricos em
essenciais estabelecida proteínas
Magnésio Coenzima do metabolismo protéico e
Verduras, leguminosas,
energético, ativador enzimático, atua no 300 a 400
cereais e pães integrais,
crescimento tecidual, no metabolismo mg
carnes, peixes e ovos.
celular e ação no músculo
Cloro Presente no suco gástrico
Mantém o equilíbrio hídrico e de 750 mg Sal comum, frutos do mar
eletrólitos
Unidade III
CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS: TÉRMICA E NÃO TÉRMICA
pesquisas realizadas por Louis Pasteur (Figura 02), que se estabeleceu Figura 01 – Nicholas Appert.
o conceito de que a deterioração dos alimentos é resultado da ação
microbiana. Desde então, apesar das conquistas tecnológicas avançadas,
ainda usa-se o conceito de Louis Pasteur.
A conservação pelo uso do calor é o processo em que um
produto alimentício é submetido a elevadas temperaturas, com o
objetivo de inativar microrganismos e/ou, enzimas indesejáveis,
permitindo que o alimento permaneça seguro e com as características
sensoriais desejáveis por mais tempo.
A temperatura é um dos agentes que mais influem no
Figura 02 – Louis Pasteur.
crescimento microbiano, na atividade das enzimas e na velocidade de
muitas reações químicas. A resistência microbiana ao calor geralmente está relacionada à sua
temperatura ótima de crescimento. Com o aumento da temperatura desde a máxima de crescimento
de um microrganismo ocasiona inicialmente sua inibição, posteriormente ocorrem lesões subletais,
não levando à morte. O microrganismo é incapaz de multiplicar-se até que a lesão seja reparada.
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O simples ato de cozinhar, fritar ou outras formas de aquecimento empregadas nos alimentos
antes do seu consumo, além de afetar a textura e palatabilidade, irá destruir grande parte da flora
microbiana e inativar sistemas enzimáticos.
O emprego dos métodos de conservação devem atender a necessidade específica de cada
alimento, no entanto alguns processos não respondem a condição necessitada e para que a
conservação se torne eficiente há a necessidade de aplicação de mais de um processo, numa ação
combinada. Podemos citar como exemplos:
Verduras: branqueamento e desidratação ou congelamento;
Leite: pasteurização e resfriamento;
Peixes: radiação ionizante e refrigeração;
Carne: salga e defumação; salga e prensagem; salga, dessecação e prensagem.
Os alimentos são alterados por processos físicos, químicos e biológicos, os quais modificam
suas qualidades organolépticas e de sanidade, devido a essas alterações a conservação de alimentos
se impõem em todas as fases que precedem o seu consumo. Tratando-se de processos de
conservação de alimentos pelo calor, estamos nos referindo aos processos controlados realizados
comercialmente, tais como pasteurização, esterilização, branqueamento, etc.
3.1.1 Branqueamento
O branqueamento ou blaching é o processo no qual é feita a aplicação de calor em curto
espaço de tempo com posterior resfriamento em água gelada. Tem a finalidade principal de inativar
enzimas, fixar cor e textura do produto, remover gases dos tecidos e realizar desinfecção parcial do
produto. É um método usado como complementar a outros métodos de conservação, pois não é
considerado como um método de preservação em si, mas como um pré-tratamento que é realizado
entre o preparo da matéria-prima e operações posteriores (principalmente esterilização pelo calor,
secagem e congelamento).
O branqueamento tem, também, outros efeitos, como o de reduzir a carga microbiana inicial
do produto. Além de promover amaciamento de tecidos vegetais, facilitando envase, e remove ar
dos espaços intercelulares, auxiliando, assim, a etapa de exaustão (retirada do ar do produto e do
espaço livre das embalagens, antes do fechamento). A remoção de ar pode, ainda, alterar o
comprimento da onda da luz refletida no produto, como ocorre em ervilhas, que adquirem uma cor
verde mais brilhante.
Além disso, o branqueamento propicia um cozimento parcial do tecido vegetal, tornando a
membrana celular mais permeável à passagem de vapor de água, resultando, no caso de secagem
posterior, em taxas mais elevadas de secagem e melhora da textura do produto acabado.
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aplicado por método direto (vapor d’água, água quente ou microondas) ou indireto (trocador de
entre 70 e 100°C por um período de tempo específico, após o aquecimento, o produto passa para a
etapa de remoção da água e resfriamento.
Branqueadores rotatórios: o produto entra em um tambor cilíndrico de tela que gira
devagar, ficando parcialmente submerso em água quente e é movido através de
tambor por trilhas internas;
Branqueadores tubulares: consistem de um tubo de metal contínuo, com isolamento
pontos de carga e descarga, por onde o alimento entra e sai, sendo transportado por
água quente que recircula através do tubo;
Branqueadores resfriadores: possuem três seções: um estágio de pré-aquecimento,
um de branqueamento e um de resfriamento (Figura 04).
3.1.2 Pasteurização
O método da pasteurização leva este nome em homenagem a Louis Pasteur, o primeiro a
perceber que havia a possibilidade e inativação de microorganismos deterioradores em vinho por
meio da aplicação de calor. Tudo começou quando Pasteur foi convidado a resolver um problema
que assolava a indústria francesa de bebidas. Em 1856, uma vinícola corria o risco de fechar, pois o
vinho produzido logo se transformava em vinagre. Os produtores de cerveja também se queixavam
do sabor azedo do produto. Após realizar algumas experiências, o cientista observou que a presença
de microorganismos no ar, e não no vinho ou na cerveja, conforme pensavam os fabricantes,
alterava a qualidade da produção. Em 1864, ao descobrir que os microorganismos não resistem a
altas temperaturas, Pasteur empregou seu novo método: aqueceu as bebidas entre 58 e 75ºC e
depois as resfriou rapidamente. Ele aplicou essa técnica na produção de vinho e de cerveja, mas
somente no século 20 a pasteurização foi realizada no leite, com sucesso.
É o processo no qual é feita a aplicação de temperaturas inferiores a 100ºC, ocasiona a
destruição de formas vegetativas de microrganismos. É um método que necessita de outro método
de conservação complementar como a refrigeração (no caso do leite); adicionando concentrações
altas de açúcar (leite condensado); criando condições anaeróbias pelo fechamento de recipientes a
vácuo, etc.
Como tratamento térmico, a pasteurização tem indicações precisas, conforme as
características físicas, químicas e microbiológicas do produto:
1. Produtos que constituem substratos favoráveis, principalmente aos microrganismos
mesófilos cuja atividade ideal está na faixa de 35°C e não suportam temperturas
superiores a 65°C;
2. Líquidos de pH ácidos (vinhos, sucos de frutas, etc.) que são um meio inadequado
para as bactérias, no entanto estão sujeitos ao crescimento de bolores e leveduras,
sendo estes destruídos pela temperatura de pasteurização;
3. É indicada para produtos os quais a alta temperatura de esterilização provoque
alterações nas propriedades organolépticas e nutritivas;
A temperatura não ultrapassa os 100ºC, podendo este aquecimento ser produzido por vapor,
água quente, radiações ionizantes, calor seco, microondas, etc. É empregada quando os tratamentos
térmicos mais elevados prejudicam a qualidade do produto (leite, sucos); quando os agentes
microbianos de alterações não são muito termoresistentes, como as leveduras nos sucos de frutas, e
quando destruímos os agentes competitivos, permitindo uma fermentação benéfica, que geralmente
se realiza pela adição de um inóculo (fermento), como na elaboração de queijos, etc. No caso de
alimentos ácidos (pH < 4,5, com conservas de frutas), a pasteurização é utilizada para inativação de
enzimas e/ou aumentar a vida de prateleira por vários meses, através da destruição de
microrganismos deteriorantes, como fungos e leveduras. A Tabela 04 apresenta o objetivo da
pasteurização para diferentes tipos de alimentos.
65-68°C/20 min
Destruição de microrganismos (garrafas); 72-
Cerveja -
deteriorantes e leveduras residuais 75°C/1-4 min (a 900
a 1.000 kPa)
65°C/30 min;
Destruição de
Sorvete Destruição de patógenos 71°C/10 min;
microrganismos deteriorantes
80°C/15 s
Fonte: FELLOWS (2006).
3.1.3 Tindalização
O método da tindalização leva este nome em homenagem ao físico inglês John Tyndall
(1820-1893), que utilizou o aquecimento descontínuo para a eliminação de bactérias esporulantes. É
um método pouco usado por ser demorado e caro, porém, interessante.
Após o acondicionamento em recipiente fechado, o produto é submetido ao tratamento
térmico. Dependendo de cada produto e do rigor térmico desejado, as temperaturas variam de 60 a
90 ºC, durante alguns minutos. As células bacterianas que se encontram na forma vegetativa são
destruídas, porém os esporos1 sobrevivem. Depois do resfriamento, os esporos entram em processo
de germinação e depois de 24 horas a operação é repetida. O número de operações pode variar de 3
1
Esporos são estruturas produzidas por fungos e algumas bactérias que tem a finalidade de resistir a condições
ambientais extremas e reproduzir, germinando e criando um novo organismo.
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a 12 vezes até a obtenção da esterilização completa. A vantagem desse processo é que podem ser
mantidos praticamente todos os nutrientes e as qualidades organolépticas do produto, em
proporções maiores do que quando se utilizam outros tipos de tratamentos térmicos.
3.1.4 Esterilização
O processo de esterilização é o tratamento térmico ao qual se dá pela aplicação de
temperaturas superiores a 100 ºC, sendo utilizado para destruir tanto as formas vegetativas quanto
esporuladas de microrganismos. A esterilização comercial destrói 99,99% da população microbiana
e trata-se de um método permanente de conservação, necessitando de embalagens apropriadas, não
permitindo a recontaminação dos alimentos. Pode ser realizado através de vários processos, como:
appertização (esterilização na embalagem, através de cozedor rotativo, autoclaves, esterilizador
hidrostático, etc.); esterilização a granel (principal processo é o UHT, onde se utiliza alta
temperatura por curtos tempos, sendo realizada á vácuo, como por exemplo, o leite longa vida).
Consiste em aquecer o produto rapidamente (quase instantâneo) até temperaturas elevadas,
de 135°C a 150°C por um curto período de tempo de 2 a 5 segundos, objetivando destruir os
microrganismos presentes esporulados ou não, ou pelo menos todos aqueles que possam proliferara
temperatura ambiente por longo período, estando a embalagem fechada.
A técnica UHT é o tratamento térmico utilizado para o processamento de alimentos líquidos
e semi-líquidos, como, por exemplo, leite e sucos. A base do processo é o uso de temperaturas mais
altas por tempos mais curtos, sendo ele envasado após a esterilização. O produto é esterilizado antes
de ser envasado em um ambiente estéril.
A escolha da temperatura e do tempo depende de diferentes aspectos, tais como:
Natureza do produto (principalmente pH);
Condições de armazenamento;
Resistência térmica dos microrganismos.
É essencial que o processo seja efetuado sob condições assépticas, para evitar
recontaminação, sendo o envase asséptico logo após o tratamento térmico em embalagens
previamente esterilizadas. Caso seja necessário, armazenar o produto entre o tratamento térmico e o
envase asséptico, o armazenamento deve ser, também, sob condições assépticas.
O processo UHT pode ser por sistema direto ou indireto. No sistema indireto o aquecimento
é realizado por trocadores de calor, não havendo o contato do fluido calefador e o alimento. No
sistema direto, injeta-se vapor d’água no alimento ou vice-versa, neste caso o alimento entra em
mantinham o gelo do inverno em covas ou embaixo da terra para usá-lo no verão. Mas foi no século
XIX que ocorreu grandes inovações na produção contínua de frio, permitindo o armazenamento e
transporte de produtos perecíveis. As máquinas frigoríficas começaram a ser desenvolvidas por
volta de 1830, sendo utilizadas no final do século XIX em navios para transportar carne congelada
da Argentina, Austrália e Nova Zelândia para a Europa. O governo possuía, em 1972, uma
capacidade frigorífica de cerca de 100 mil m3. Em 1987, este valor subiu para 1,4 milhões m3,
chegando a 2,1 milhões m3 em 1995.
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
1972 1987 1995
Como se pode observar, a tecnologia intensificou-se ainda mais durante os anos de 1980 e
1990, como conseqüência dos benefícios que apresentava na manutenção das características
sensoriais e do valor nutricional dos produtos, desde esta década têm existido um grande
desenvolvimento de produtos e um forte crescimento de mercado de alimentos resfriados.
O aumento da capacidade frigorífica no Brasil ocorreu, principalmente, devido ao
crescimento das exportações de alimentos congelados, dentre eles, a carne bovina, suco concentrado
de laranja e, com um excepcional crescimento, a carne de frango, passando de 2,4 para 23 kg per
capita entre 1972 e 1995.
Qualquer matéria possui calor, que é uma forma de energia, o termo “frio” é uma forma de
expressar um nível relativamente baixo de calor. O calor sempre flui naturalmente de um objeto
quente para um frio, em refrigeração o produto é resfriado pela remoção do seu calor e não pela
transmissão de frio para ele. A preservação dos alimentos pela diminuição da temperatura gera
benefícios importantes na manutenção das características sensoriais e nutricionais para a produção
de produtos de boa qualidade. A rápida expansão de alimentos refrigerados prontos para comer, tem
apresentado um importante desenvolvimento nos últimos anos. Geralmente, quanto mais baixa a
temperatura de armazenamento, por mais tempo o alimento pode ser armazenado. Dessa forma, o
congelamento é um importante método de processamento para a produção de alimentos com uma
3.2.1 Refrigeração
Refrigeração refere-se à redução e a manutenção da temperatura dos alimentos acima do seu
ponto de congelamento, usualmente na faixa de temperatura entre 8° e -1°C, atuando apenas no
abaixamento do calor sensível dos produtos. A refrigeração apenas retarda o crescimento dos
microrganismos, as atividades metabólicas dos tecidos após a colheita, as reações químicas e
enzimáticas e da perda de umidade, prolongando a vida útil dos vegetais, que varia, dentre outros
fatores, conforme as características do produto e a temperatura de armazenamento.
A refrigeração causa mudanças mínimas nas características sensoriais e nutricionais, send os
alimentos resfriados percebidos pelos consumidores como convenientes, fáceis de praparar, de
qualidade elevada, saudáveis e frescos.
É um método usualmente utilizado em combinação com outras operações unitárias, como
fermentação, pasteurização, processamento mínimo. Os alimentos resfriados são agrupados em três
categorias de acordo com as faixas de temperatura:
-1 a +1°C peixes, carnes, salsichas e carnes moídas frescas, carnes defumadas e
peixe assado;
0 a 5°C carnes enlatadas pasteurizadas, leite pasteurizado, creme, iogurte, saladas
prontas, sanduíches, alimentos assados, massa fresca, sopas e molhos frescos, pizzas,
tortas e massas cruas;
0 a 8°C carnes e tortas de peixes cozidas, carnes curadas (cozidas ou não),
manteiga, margarina, queijo duro, arroz cozido, sucos de frutas e frutas.
pode ser conservada por refrigeração durante um tempo limitado, onde não se evitam, porém se
retardam as atividades microbianas e enzimáticas.
Cada alimento reage ao armazenamento refrigerado de sua própria maneira, havendo certos
alimentos adversamente afetados, como a banana e tomates verdes. Nestes, os padrões metabólicos
são modificados de maneira a impedir o amadurecimento normal ou a estimular a atividade
imprópria de enzimas específicas.
O abaixamento da temperatura da matéria-prima deve ser feito imediatamente após a
colheita do vegetal ou a morte do animal. Algumas horas de atraso na colheita ou no matadouro
poderão ocasionar perdas na conservação do produto. Isto é particularmente importante em vegetais
que estejam num metabolismo ativo, podendo haver liberação de energia por causa da respiração e,
assim, transformação de um produto metabólico em outro.
O sistema de refrigeração é composto basicamente por: módulo frigorífico, evaporador,
compressor, condensador, refrigerante e painel de controle. O calor é removido da câmara por meio
da evaporação de um refrigerante no interior do evaporador, e o mesmo será levado a forma líquida
para seu reaproveitamento, e é no condensador onde se efetua tal processo. O compressor tem a
função de aspirar o vapor, à baixa pressão, formado no evaporador, manter a pressão desejada e
conduzi-lo ao condensador, para que neste se transforme em líquido. A Figura 08 apresenta um
esquema simplificado de uma câmara de refrigeração.
Figura 06 – Câmara de refrigeração. (1) condensador, (2) evaporador, (3) painel de controle (4)
porta frigorífica, (5) módulo frigorífico.
a) Refrigeração de vegetais
O fator mais importante que afeta a vida útil de vegetais é a temperatura, a qual influencia
diretamente as taxas das reações químicas e enzimáticas. A conservação de produtos vegetais por
refrigeração baseia-se na inibição total ou parcial dos principais agentes responsáveis pelas
alterações que ocorrem neste grupo de alimentos: o crescimento e atividade microbiana, as
atividades metabólicas dos tecidos após a colheita, as enzimas e as reações químicas.
As frutas e hortaliças necessitam de cuidados na sua produção, assim, quanto mais
rapidamente eles sofrerem uma redução na temperatura, maior será o tempo para que se possa
comercializá-lo. Como acontece com o morango, se não for refrigerado, precisa ser comercializado
em, no máximo três dias; e, se refrigerado chegaria a uma semana.
Para evitar certas perdas, é aconselhável fazer o resfriamento da matéria-prima
imediatamente após a colheita, qualquer atraso na providência para a diminuição da temperatura
ideal pode provocar a redução do tempo em que o produto possa permanecer armazenado. A
refrigeração deve ser contínua e mantida ao longo de todo o curso, do produtor ao consumidor.
Entre os métodos utilizados, podemos mencionar o resfriamento rápido por ar forçado, como o
próprio nome já sugere, o processo de resfriamento rápido propõe uma rápida remoção do calor do
produto recém-colhido, antes de ir para a etapa de estocagem ou transporte a longas distâncias.
Denominada do inglês precooling, é a primeira etapa do manuseio da temperatura, tendo como
principal finalidade a remoção rápida do calor de campo de produtos recém colhido. É uma
operação distinta do armazenamento refrigerado e que requer instalações e equipamentos
elaborados para tal.
Os quatro principais métodos para produtos hortícolas, dependendo do meio refrigerante
utilizado são: por ar forçado (forced-air cooling), com água gelada (hydrocooling), com gelo e à
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vácuo.
O resfriamento com água baseia-se no fato que se um filme de água gelada flui rápida e
uniformemente sobre a superfície do produto, o mesmo estando mais quente do que a água, a
temperatura desta superfície torna-se igual à temperatura da água. Neste tipo de processo, o produto
hortícola é resfriado com água gelada por imersão, lavagem ou aspersão. Como mostra a Figura 09,
o sistema de resfriamento com água consta de um sistema de refrigeração composto de compressor
hermético, um condensador a ar, uma válvula de expansão termostática, um reservatório de líquido
e uma bomba. A água, resfriada até 1ºC pelo sistema de refrigeração, passa no tanque de imersão e
troca calor com os frutos que se encontram dentro da caixa.
Água
Prato perfurado
Produto
Bomba
Reservatório inferior
Sistema de
Resfriamento
Figura 08 - Arranjo das caixas dentro da câmara e a direção do ar por entre as mesmas.
FONTE: Siqueira (2009).
O uso do gelo no resfriamento rápido é uma forma alternativa para aumentar as vantagens
do resfriamento à água, aumentando substancialmente a capacidade frigorífica, pois o gelo pode
fornecer frio de forma prolongada. O gelo é finamente moído e misturado com os produtos à
medida que vão sendo embalados (Figura 11), resultando em um resfriamento rápido, sendo todo o
gelo consumido à medida que absorve calor do produto. Cada quilo de gelo permite resfriar oito
quilos de produto até cerca de 5°C. Este método é limitado a produtos e embalagens que não
danifiquem com o gelo ou com a água.
Figura 09 – Sistema automático de resfriamento rápido com gelo. FONTE: Cortez et al. (2002).
3.2.2 Congelamento
O congelamento utiliza uma redução maior da temperatura do alimento, abaixo do seu ponto
de congelamento, que se dá, na maioria dos alimentos, a temperaturas inferiores a 0°C. Em
armazenamento em longo prazo, o alimento é mantido a temperatura de – 18°C. Este processo
implica em mudanças não só no calor sensível do produto, mas elimina o calor latente, associado à
mudança de fase correspondente à transformação de uma parte da água líquida em gelo.
Existem diferentes métodos de congelamento, mas os melhores exigem rápida redução da
temperatura visando preservar as características sensoriais do alimento, tais como, aparência, sabor,
cor, textura e odor. É considerado um processo de conservação caro, pois há necessidade de manter
o produto à baixa temperatura desde a produção, estocagem, distribuição e armazenamento na casa
do consumidor. O congelamento pode lento ou rápido.
Congelamento lento ( 3 a 12 horas) a temperatura decresce gradativamente até
chegar ao valor desejado. Geralmente são formados cristais de gelo tanto no interior
da célula como nos espaços intercelulares do produto. Esses cristais, por serem
grandes, costumam romper as paredes da célula, comprometendo a textura do
alimento congelado;
Congelamento rápido devido ao abaixamento brusco da temperatura há formação
de cristais bem pequenos, que não comprometem a qualidade final do alimento.
gelo controlando a velocidade de transferência de calor. O ideal é que o congelamento seja efetuado
rapidamente, pois há a formação de muitos núcleos e os cristais formados são pequenos, além disso,
eles possuem formas mais arredondadas, quando o congelamento é lento os cristais formados são
pontiagudos e podem prejudicar os tecidos dos produtos.
Os métodos de congelamento são:
3.2.3 Descongelamento
O descongelamento de alimentos deve ser efetuado lentamente para que o mesmo possa
reabsorver o líquido proveniente do descongelamento pelos sais, proteínas, açúcares etc. Não são
recomendados o congelamento e descongelamento sucessivo porque causaria problemas com
microrganismos e ativaria algumas enzimas.
A organização celular, incluindo o núcleo, mitocôndria, ribossomos, lisossomos e outras
organelas, é afetada em vários graus pela operação congelamento-descongelamento repetida.
Destes, o lisossomo parece ser a estrutura celular mais afetada. Com o rompimento da membrana,
as enzimas hidrolíticas (nucleases, catepsinas, fosfatases, sulfatases, etc.) que estavam então
compartimentadas passam a atacar o próprio material celular, havendo assim uma autodigestão.
No armazenamento dos produtos congelados, as reações químicas e enzimáticas continuam
lentamente. A deterioração oxidativa (ranço) poderá alterar os alimentos, fornecendo um sabor
desagradável. Poderá aparecer, em produtos congelados não embalados, um líquido viscoso
chamado de líquido metacriótico, que favorecerá o desenvolvimento dos microrganismos. As
variações de temperatura do armazenamento podem determinar um aumento do tamanho dos
cristais de gelo, que alterará fisicamente o alimento.
Variações de temperatura do congelador poderão originar queimaduras do alimento, devidas
à secagem lenta do alimento congelado por sublimação. Produz um sabor inaceitável, além da
mudança de textura, sendo evitada pelo uso de embalagem adequada.
Os produtos animais, destacando-se a carne, não são afetados pela congelamento. No caso
da carne parece ser benéfico, pois a carne congelada é mais macia que a natural, em certos casos.
Os tecidos vegetais, destacando-se as frutas, são mais sensíveis. O suco de laranja, congelado e
descongelado várias vezes, pouco se parece ao suco natural em odor e sabor.
Unidade IV
CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS: OUTROS MÉTODOS
O ar é o mais usado meio de secagem por causa de sua abundância, conveniência e porque o
seu controle no aquecimento do alimento não apresenta maiores problemas. O ar conduz o calor ao
alimento, provocando evaporação da água,, sendo também o veículo no transporte do vapor úmido
liberado do alimento. A velocidade de evaporação da água do alimento, além da velocidade do ar,
depende de sua área superficial e porosidade numa razão diretamente proporcional.
4.1.1 Tipo de desidratação
a) Desidratação em túneis
Sistema formado por uma câmara, na qual o produto se desloca no mesmo sentido do
deslocamento do ar quente (corrente paralela), ou em sentido contrário (contra corrente). A secagem
inicial é mais rápida na corrente paralela e a secagem final é mais rápida na contra corrente. O
produto fica mais seco e de melhor qualidade na contra corrente, pois seca devagar o produto sem
deixar formar casca dura (crosta).
É o sistema mais difundido para frutas e hortaliças. Em termos de aplicação é um sistema
flexível, pois permite a secagem simultânea de vários produtos. É relativamente econômico. Na
operação do secador de túnel é conveniente a renovação do ar, recirculando o ar utilizado
(economia de energia) e eliminar um pouco de ar utilizado.
b) Desidratação por tambor
Aplicação de calor por contato, também chamado secador de superfície raspada. O
aquecimento é representado por um tambor aquecido internamente por vapor ou energia elétrica,
podendo trabalhar a pressão atmosférica ou com vácuo. O líquido é derramado sobre o tambor
quente e desidrata, posteriormente é raspado do tambor, o qual gira a baixas rotações (3 a 5 rpm).
Usado para alimentos que apresentam facilidade de oxidações. Não é um processo caro, custo
manutenção é baixo e é bastante versátil.
c) Desidratação por liofilização (Freezer dryer)
Baseia-se no ponto tríplice da água, que ocorre com a pressão em 4,6 mmHg e temperaturas
menor de 0ºC. Abaixo desses valores a água para diretamente da forma sólida (gelo) para forma
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gasosa (vapor de água) pelo processo de sublimação, o que é conseguido através do congelamento
prévio do alimento (< -50 ºC) e vácuo parcial do sistema. A não passagem pelo estado líquido trás
inúmeros benefícios ao produto final:
Maior retenção de nutrientes;
Maior retenção de constituintes de aroma, sabor e cor;
Maior facilidade de hidratação do produto seco.
Porém apresenta problemas como:
Alto custo do sistema, que é o maior obstáculo a sua expansão;
Necessidade de embalagens especiais, dado a grande higroscopicidade do produto
seco.
d) Desidratação por atomização (Spray dryer)
É um método bastante eficiente e mantém bastante as características do produto. O alimento
líquido pode ser concentrado previamente, pois a concentração é um método mais barato e mais
eficiente de retirada de água. A secagem por atomização envolve a pulverização de um alimento
líquido, formando gotículas que são lançadas em uma câmara fechada. As gotículas entram em
contato com uma corrente de ar aquecido (em fluxo concorrente ou contracorrente), que supre o
calor necessário à evaporação, havendo, assim, formação de partículas secas.
O diferencial deste processo é o tempo de permanência do produto no secador, de 5 a 100
segundos, o que é bom para produtos termosensíveis. Muito usado para produtos como leite, café,
sucos de frutas, etc. Podemos dividir a secagem por atomização nas seguintes etapas:
1. Atomização do produto: o produto líquido é bombeado para dentro da câmara de
secagem e atomizado (transformado em névoa) através de bicos pressurizados ou
turbinas atomizadoras. O tamanho da gota formada é função da pressão nos bicos ou
velocidade de rotação nas turbinas, e resulta em um produto de granulometria maior ou
menor, influenciando a hidratação final do alimento;
2. Mistura da névoa com ar quente: pode ser em corrente paralela ou contra corrente;
3. Secagem: o alimento atomizado entra em contato com ar aquecido, geralmente com
temperaturas ao redor de 150 ºC, evaporando a água rapidamente, cerca de 3 a 5
segundos, o que não permite que a temperatura interna do alimento ultrapasse os 70 ºC;
4. Separação do pó e do ar: após a secagem o alimento seco sedimenta no fundo do
secador onde é retirado por sistema de transporte pneumático até o setor de embalagem.
O alimento mais leve (pó) e retirado junto com o ar através de exaustores, que devem
ser separado por meio de ciclones e depois incorporado ao restante do produto seco no
setor de embalagem.
e) Desidratação osmótica
A desidratação osmótica trata-se de uma tecnologia que tem sido muito estudada em nível
acadêmico, mas pouco posta em prática. Consiste na remoção parcial de água pela pressão
ocasionada quando se coloca o produto em contato com uma solução hipertônica de solutos (açúcar
ou sal), diminuindo assim a atividade de água e aumentando a sua estabilidade, em combinação
com outros fatores como controle de pH, adição de aditivos químicos conservadores, etc.
Devido à diferença de concentração entre o agente osmótico (açúcar ou sal) e a fruta, por
exemplo, são criados dois fluxos simultâneos em contra corrente, através das paredes celulares: um
da água que sai da fruta para a solução e outro de soluto (sal ou açúcar) da solução para a fruta.
Semelhante à desidratação clássica, permite a concentração parcial do material celular de
frutas e legumes, com um mínimo de prejuízo em relação ao uso de calor. Sugere também como
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opção à padronização da técnica de secagem para a obtenção de produto com textura, cor e sabor
adequados, além de possibilitar redução de perdas pós-colheita aplicável a médios e,
principalmente, pequenos produtores.
Tratamentos osmóticos estão sendo utilizados principalmente como pré-tratamento
introduzido em alguns processos convencionais, tais como secagem a ar convectivo, microondas e
liofilização, a fim de melhorar a qualidade do produto final, reduzir custos de energia ou mesmo
formular novos produtos.
Os insetos e parasitas são destruídos com as doses mais baixas empregadas industrialmente.
Os mofos e leveduras são destruídos também com facilidade e para isso, doses de radiação
relativamente baixas, são suficientes.
As doses médias e máximas recomendadas para os alimentos são de 10 kGy e 15 kGy,
respectivamente. A estas doses as energias de emissão de Cobalto 60 e de Césio 137 são incapazes
de induzir nos alimentos nenhuma radioatividade. Por outro lado, as energias emitidas pelos
geradores de elétrons e raios X são suficientemente elevadas, mas os níveis de radioatividade que
esta radiação produz são insignificantes.
As radiações ionizantes, que se diferenciam entre si por seu poder de penetração nos
substratos são produzidas por partículas (raios alfa) e ondas eletromagnéticas (raios X e gama). Elas
exercem sobre os alimentos atividades bactericida e, por não causar aumento da temperatura no
produto, são indicadas para a esterilização de alimentos ácidos.
O emprego das radiações ionizantes em doses esterilizantes, além de sua ação bactericida,
gera, nos alimentos, reações secundárias inconvenientes, em menor ou maior grau, de acordo com
as doses utilizadas e o tempo de exposição dos produtos aos raios
Fermentação láctica:
C6H12O6 CH3-CHOH-COOH
Streptococcus lactis, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus bulgaricus, Lactobacullus casei
Favorável: Iogurtes, queijos, etc.
Desfavorável: vinhos, sucos, cervejas, etc.
Fermentação acética
C6H12O6 leveduras 2 C2H5OH + 2 CO2
C2H5OH Acetobacter aceti CH3COOH + H2O
Fermentação Alcoólica
C12H22O11 invertase/+ H2O C6H12O6
C6H12O6 Saccharomyces cerevisae C2H5OH + 2 CO2
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALUDE. Nutrição – Alimentação equilibrada e organismo saudável. Ed. Alaúde, 1 ed, 2006,
95p.
ESCOTT-SUMP, MAHAN, L.K.; ARLIN, M.T. Krause. Alimentos Nutrição e dietoterapia. São
Paulo: Roca, 2005.
EVANGELISTA, J. Tecnologia de Alimentos, Livraria Atheneu, Rio de Janeiro, São Paulo, 1998.
ORDÓÑEZ, J.A.P. et al. Tecnologia de Alimentos: componentes dos alimentos e processos. Porto
Alegre: Artmed, vol. 1, 294p, 2005.
ORNELLAS, L. H. Técnica Dietética: seleção e preparo dos alimentos. 6 ed. São Paulo:
Atheneu, 1995.
VICENTE, A. Manual de Indústrias dos alimentos. São Paulo. Livraria Varela, 1996.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!