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RESUMO
Ao se referir à construção civil deve-se ter em mente que parte significativa dos
impactos negativos causados ao meio ambiente é gerada por consequência destas
construções. A avaliação destes impactos tem a função de identificar os efeitos gerados
ao meio ambiente pelas ações do empreendimento proposto, analisando a relação de
causas e efeitos, tendo por objetivo oferecer proposição de medidas mitigadoras e/ou
compensatórias para garantir a sustentabilidade e eficiência ambiental do
empreendimento, levando em consideração que grandes mudanças ocasionadas por estas
construções interferem na sociedade de forma direta ou indireta. Segundo o Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável, no Brasil estima-se que aproximadamente 35% de
todos os materiais extraídos da natureza anualmente (Madeira, Metais, Agregados,
Rochas, Cerâmicas, entre outros..) São usados pela construção civil, onde deve-se
compreender a importância de se conservar os recursos naturais e levar uma vida mais
condizente com a capacidade de produção e renovação destes meios.
Este trabalho tem por finalidade demonstrar a poluição causada pelos canteiros de
obras dos empreendimentos, cobrindo os impactos ambientais causados aos meios, físico
(solo, ar e água), biótico (fauna, flora) e antrópico (trabalhadores da obra, vizinhança e
sociedade). Diante as alterações de processos ambientais, com foco no setor da construção
civil, decorrendo sobre o conceito de poluição e suas demais causas por atividades da
engenharia civil, e seus demais aspectos como a geração de resíduos, rejeitos, consumo
de agua e energia, degradação do solo e emissões poluentes ao meio. O conceito de
construção sustentável dentro da engenharia civil tem como base o Sistema de Gestão
Ambiental e Sustentabilidade (social, econômica e ambiental) que por sua vez tem suas
dimensões como sustentabilidade no setor imobiliário residencial, ciclo de vida de um
empreendimento, agentes envolvidos e condutas de sustentabilidade.
No âmbito da construção civil, desde a antiguidade nota-se que ela sempre existiu
para atender às necessidades básicas do ser humano, inicialmente sem preocupação com
as técnicas adotadas e seus impactos ao meio ambiente, visando apenas proteção em
atingir seus objetivos de forma imediata (CORRÊA, 2009). Atualmente este cenário não
é mais o mesmo pode-se notar mudanças através da implementação de um SGA - Sistema
de Gestão Ambiental e a implementação de Projetos Inteligentes: Projetos onde a
engenharia civil cria juntamente com a arquitetura projetos que aproveitam melhor as
características do terreno e também da natureza, tais como eficiência energética ou
iluminação solar natural para poupar o uso de lâmpadas, materiais ecológicos,
aproveitamento de água, entre outros. Contudo a sustentabilidade é uma expressão
obrigatória em todas as atividades profissionais, empresariais e humanas e não somente
no segmento da construção civil. É uma pauta mundial, alvo de estudos, congressos,
certificações, enfim, uma ampla gama de iniciativas voltadas à disseminação de conceitos
e práticas que propiciem o desenvolvimento sustentável, é preciso buscar um equilíbrio
com base nas três premissas básicas que definem sustentabilidade: o que é socialmente
desejável, economicamente viável e ecologicamente sustentável.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Embalagens e/ou
Contaminação do
Materiais Impregnados
solo/ água
de Produtos Químicos
Consumo de água,
Esgotamento /
Gerenciamento de combustível, madeira,
4 redução de recursos
canteiro de obra (geral) recursos minerais,
naturais
energia elétrica
Gerenciamento de
canteiro de obra
Manutenção de máquinas Incômodos à
5 Ruído
e equipamentos comunidade
Atividades principais da
obra
Danos a Flora/ Risco
de Erosão,
6 Supressão vegetal Poda / Corte de árvores
Deslizamento e
Assoreamento
Tabela 1 – Aspectos e Consequências
Aumento da quantidade de sólidos
Alteração da qualidade das águas subterrâneas
Alteração dos regimes de escoamento
Meio Físico – Água Escassez de água
Interferências na fauna
Alteração da qualidade das águas superficiais
Deterioração da qualidade do ar
Meio Físico – Ar Poluição sonora
Alteração visual
Construção do Alteração da
e da paisagem
empreendimento paisagem
natural.
Alteração da
permeabilidade
Construção do Supressão de
aumento da
empreendimento vegetação
contribuição
hídrica
Terraplenagem da Supressão de
Alteração da flora
construção civil e vegetação e
local
pavimentação. habitat terrestre
Terraplenagem,
BIÓTICO
construção civil e Alteração da
Expulsão de
pavimentação da comunidade
animais
área do faunística
empreendimento.
Contratação de Geração de
mão-de-obra Surgimento de empregos
temporária parapostos de trabalho temporários
implantação dotemporários diretos e
empreendimento. indiretos
ANTRÓPICO
Aumento de
Aumento de Maior
trânsito de veículos
trânsito de veículos frequência de
leves e pesados.
para transporte de congestionamen
Aumento de risco
material e pessoas tos
de acidentes.
Tabela 3 – Impactos aos componentes na fase de implantação da obra
FASES COMPONENTE ATIVIDADE ASPECTO IMPACTO
Vazamento,
Alteração na
derramamento de
qualidade de
óleo, diesel ou Risco potencial de
solos e/ou águas
graxas que possam contaminação de
devido à
alterar a qualidade solo e
disposição
do solo, águas águas
inadequada de
subterrâneas ou
FÍSICO resíduos.
superfíciais.
Movimentação de Alteração na
Readequação do
veículos e qualidade do
tráfego
OPERAÇÃO
máquinas ar.
Movimentação de
Desconforto à
veículos e Geração de ruído
vizinhança.
máquinas
Surgimento
de Geração de
Contratação de
postos empregos
mão-de-obra
de trabalho
diretos e indiretos
Aumento do
Modificação no Aumento do trafego e
ANTRÓPICO tráfego da região. tráfego abertura de novas
vias
Aumento da Incremento Aumento da
arrecadação naarrecadação arrecadação
municipal deimpostos deimpostos.
Tabela 4 – Impactos aos componentes na fase de operação da obra
MEDIDAS MITIGADORAS
IMPACTOS SOBRE O MEIO FÍSICO
Poluição do ar devido à movimentação e operação de máquinas, veículos e
equipamentos: Aspersão de água nas vias de acesso e áreas internas, fixando as
partículas finas na superfície do solo, por meio de caminhões-pipa; Controle da
velocidade de veículos diminuindo-se a contribuição de poeiras para o ar;
Manutenção periódica das máquinas e veículos, contribuindo para a diminuição
da liberação de gases para a atmosfera; Redução do desmonte, do carregamento e
do transporte de material.
Contaminação do solo por óleos, graxas e produtos químicos em geral:
Implementar um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes
Líquidos; Realizar manutenção preventiva de máquinas e equipamentos;
Implantar procedimentos operacionais e de segurança na fase de implantação;
Implantar procedimento específico para recolhimento de solo contaminado por
qualquer tipo de vazamento ocorrido.
Alteração da Camada Superficial do Solo: Realizar a supressão vegetal
somente quando estiver próximo do início das obras de terraplenagem, evitando a
exposição do terreno aos agentes intempéricos por longo período. No caso da
identificação de processos erosivos não passíveis de controle, realizar à contenção
e estabilização da erosão.
Geração de sedimentos, assoreamento e empachamento das vias públicas:
Durante a fase de construção é importante programar os serviços de terraplenagem
e descargas de materiais inertes (areia, brita, argila, etc.) levando em consideração
o clima para que sejam evitados trabalhos em dias com solos encharcados ou
emplastrados que apresentem possibilidade de adesão aos pneus dos veículos,
sendo então lançados sobre as vias públicas. Os transportes de materiais devem
ser efetuados em veículos apropriados, dotados de cobertura com lona ou outra
proteção de forma a evitar carreamentos acidentais às vias públicas. Após
ocorrência de períodos chuvosos os veículos deverão ter seus rodados limpos
através de lavagens com pressurizadores ou através da instalação de pedilúvios,
tomando-se o devido cuidado para que estes materiais não adentrem ao sistema
de drenagem local. Em casos de ocorrência deste impacto devem ser
imediatamente removidos, evitando desta maneira distúrbios à população ou
possíveis danos às vias públicas.
Poluição por disposição inadequada de resíduos sólidos Todos os resíduos
gerados na obra deverão ser adequadamente dispostos em recipientes
devidamente localizados e sinalizados, conforme Resolução CONAMA 275/2001
e NBRs 11.174/1990 e 12.235/1992, adotando-se campanhas de esclarecimentos
que evitem a poluição do solo e dos recursos hídricos. Deverão ser implantados
procedimentos específicos para recolhimento de solo contaminado por qualquer
tipo de vazamento ocorrido, bem como para contenção de
vazamentos/derramamentos.
Poluição por lançamento inadequado de efluentes cloacais: Instalação de
banheiros químicos; Instalação de sistemas de tratamento adequados, tipo fossa
séptica seguida de filtro anaeróbico, valas de infiltração ou sumidouros;
Alteração visual da paisagem natural: Implantar projeto paisagístico no entorno
do empreendimento com espécimes arbóreos de médio e grande porte.
IMPACTOS SOBRE O MEIO BIÓTICO
Supressão de vegetação, diminuição da biodiversidade da flora: A
implantação de paisagismo e a manutenção de espécimes cujos locais não serão
objeto de edificação constituem-se em medidas eficientes para minimizar a
adversidade deste impacto. Ainda, indica-se como medida mitigadora a
implantação de arborização com espécimes nativos floríferos e frutíferos.
Perturbação da fauna: Sugere-se que a remoção da vegetação seja efetuada,
preferencialmente, no período não-reprodutivo da fauna e, de forma modulada em
sentido sul - norte, iniciando na porção sul, possibilitando a dispersão dos animais
em direção às áreas verdes remanescentes ao norte e a leste.
IMPACTOS SOBRE O MEIO ANTRÓPICO
Riscos de acidentes: Com a finalidade de permitir melhor acessibilidade aos
estabelecimentos e moradias durante o período de implantação do
empreendimento, deve-se proporcionar sinalização adequada e suficiente para
evitar ao máximo a ocorrência de acidentes nos trechos em obras. Esta sinalização
deve ser feita por placas e fitas durante o dia e por objetos geradores de
luminosidade à noite
Poluição sonora devido à operação de máquinas, veículos e equipamentos:
Por estar localizado em área com características residenciais, recomenda-se que o
horário das obras se realize dentro do horário comercial, não devendo estender-se
ao turno vespertino e noturno e tampouco devem ser realizados durante os finais
de semana ou feriados. Em caso de necessidade, as realizações de obras nos
períodos acima mencionados deverão contemplar somente atividades que não
promovam excesso de ruídos e devidamente autorizados pelo órgão ambiental
conforme a Lei Municipal Nº 4.328/1998, art. 31.
CICLO DE VIDA DE UM EMPREENDIMENTO
VALLE, C. E. Qualidade ambiental: ISO 14000: Editora Senac São Paulo, 2002.