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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Poluição: Aspectos E Alterações De Processos Ambientais Nas


Atividades De Engenharia Civil
Ciências do Ambiente - Prof. Hiram Sartori
Aluno: Raphael Marcos Freitas de Oliveira

RESUMO

Ao se referir à construção civil deve-se ter em mente que parte significativa dos
impactos negativos causados ao meio ambiente é gerada por consequência destas
construções. A avaliação destes impactos tem a função de identificar os efeitos gerados
ao meio ambiente pelas ações do empreendimento proposto, analisando a relação de
causas e efeitos, tendo por objetivo oferecer proposição de medidas mitigadoras e/ou
compensatórias para garantir a sustentabilidade e eficiência ambiental do
empreendimento, levando em consideração que grandes mudanças ocasionadas por estas
construções interferem na sociedade de forma direta ou indireta. Segundo o Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável, no Brasil estima-se que aproximadamente 35% de
todos os materiais extraídos da natureza anualmente (Madeira, Metais, Agregados,
Rochas, Cerâmicas, entre outros..) São usados pela construção civil, onde deve-se
compreender a importância de se conservar os recursos naturais e levar uma vida mais
condizente com a capacidade de produção e renovação destes meios.
Este trabalho tem por finalidade demonstrar a poluição causada pelos canteiros de
obras dos empreendimentos, cobrindo os impactos ambientais causados aos meios, físico
(solo, ar e água), biótico (fauna, flora) e antrópico (trabalhadores da obra, vizinhança e
sociedade). Diante as alterações de processos ambientais, com foco no setor da construção
civil, decorrendo sobre o conceito de poluição e suas demais causas por atividades da
engenharia civil, e seus demais aspectos como a geração de resíduos, rejeitos, consumo
de agua e energia, degradação do solo e emissões poluentes ao meio. O conceito de
construção sustentável dentro da engenharia civil tem como base o Sistema de Gestão
Ambiental e Sustentabilidade (social, econômica e ambiental) que por sua vez tem suas
dimensões como sustentabilidade no setor imobiliário residencial, ciclo de vida de um
empreendimento, agentes envolvidos e condutas de sustentabilidade.

Palavras chaves: Desenvolvimento sustentável, Construção civil, Sistema de gestão


ambiental, Legislação Ambiental, Infraestrutura, Alterações de Processos Ambientais.
INTRODUÇÃO

No âmbito da construção civil, desde a antiguidade nota-se que ela sempre existiu
para atender às necessidades básicas do ser humano, inicialmente sem preocupação com
as técnicas adotadas e seus impactos ao meio ambiente, visando apenas proteção em
atingir seus objetivos de forma imediata (CORRÊA, 2009). Atualmente este cenário não
é mais o mesmo pode-se notar mudanças através da implementação de um SGA - Sistema
de Gestão Ambiental e a implementação de Projetos Inteligentes: Projetos onde a
engenharia civil cria juntamente com a arquitetura projetos que aproveitam melhor as
características do terreno e também da natureza, tais como eficiência energética ou
iluminação solar natural para poupar o uso de lâmpadas, materiais ecológicos,
aproveitamento de água, entre outros. Contudo a sustentabilidade é uma expressão
obrigatória em todas as atividades profissionais, empresariais e humanas e não somente
no segmento da construção civil. É uma pauta mundial, alvo de estudos, congressos,
certificações, enfim, uma ampla gama de iniciativas voltadas à disseminação de conceitos
e práticas que propiciem o desenvolvimento sustentável, é preciso buscar um equilíbrio
com base nas três premissas básicas que definem sustentabilidade: o que é socialmente
desejável, economicamente viável e ecologicamente sustentável.

Extraímos recursos da natureza mais rapidamente do que ela é capaz de produzir


e descartamos nossos resíduos em uma velocidade maior ainda. Gerando por sua vez a
supressão e inserção de elementos ao meio ambiente. Onde a partir da industrialização,
do grande crescimento populacional, do consumismo e do desenvolvimento de novas
tecnologias, os resíduos se transformam em grandes problemas e de alto custo ambiental
(FRANCISCO, 2008).

O setor da Construção Civil é uma das atividades essenciais no desenvolvimento


de um país, apesar de responsável por diversos impactos ambientais, determinados como:
“Alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou
sociais provocada por ação humana” (Sánchez, 1998 a). A construção sustentável define-
se como a que considera a eficiência de recursos e economia, o ciclo de vida do
empreendimento e o bem-estar do usuário, reduzindo de forma significativa, ou até
eliminando possíveis impactos negativos causados ao meio ambiente e a seus usuários
(ECOPLANO, 2007). Uma obra de construção civil envolve diversas etapas com ampla
interação com o meio ambiente no qual está inserida. Essas etapas podem variar desde a
escavação, etapa de supressão vegetal, movimentação do solo na fase de terraplenagem,
consumo de recursos naturais para execução dos elementos de concreto, geração de
resíduos associados a diversas atividades, até as atividades finais de acabamento.

Em razão as potencias atividades, produtos ou serviços das PME’s. O desempenho


ambiental de uma organização é de crescente importância para as partes interessadas
internas ou externas. O propósito geral desta diretriz é auxiliar as organizações na
implementação ou melhoria do seu Sistema de Gestão Ambiental. Onde é coerente com
o conceito de "desenvolvimento sustentável", e compatível com diversas estruturas
culturais, sociais e organizacionais (NORMA ISO 14004, 2011). No caso de
empreendimentos já implantados, para que essa gestão seja bem concebida, faz-se
necessário uma Avaliação Ambiental Inicial, que irá permitir identificar problemas
ambientais latentes e colher subsídios para elaboração da Política Ambiental da
organização, após esta avaliação deve-se traçar a estratégia ambiental do
empreendimento, hierarquizando quais iniciativas deverão ser postas em prática primeiro,
sempre levando em consideração a relação custo x benefício x preservação do meio
ambiente. Esta política ambiental é o conjunto de metas e instrumentos que tem por
objetivo reduzir os impactos negativos sobre o meio ambiente via ação antrópica,
prevendo penalidades pelo não cumprimento das medidas estabelecidas e por sua vez
pode influenciar as atividades dos diversos agentes econômicos, assim como a indústria
e o comércio (FERREIRA, 2011).

A edificação de uma construção produz impactos que afetam direta ou indiretamente os


meios do local, ocasionando incômodos sonoros e visuais, poluição ao solo, água e ar,
prejudicando o ecossistema causando: erosões, assoreamentos e consumo de recursos
naturais principalmente água e energia. Tais impactos resultam das atividades
desenvolvidas durante a execução de diferentes serviços presentes numa obra. Estas
atividades trazem como consequência elementos que podem interagir com o ambiente e
sobre os quais a equipe de obra pode agir e ter controle aos chamados “aspectos
ambientais”, a minimização dos impactos negativos pressupõe o conhecimento de suas
causas. Qual é então a importância em se conhecer os impactos ambientais?
Essencialmente para a tomada de decisões em termos de prioridades, já que não se pode
atuar sobre tudo, pois, normalmente, os recursos disponíveis são limitados e os aspectos
muitas vezes têm impactos: (diretos, indiretos, locais, regionais, globais, estratégicos,
temporários, permanentes, cíclicos, imediatos, de médio e longo prazo, reversíveis e
irreversíveis). Sendo assim, o conhecimento da intensidade destes impactos e suas
consequências permitem a sua priorização.
Assim que priorizados os impactos que precisam ser reduzidos ou eliminados,
pode-se definir as tecnologias e as ações de natureza gerencial necessárias para tanto,
estabelecendo os recursos que precisam ser introduzidos – equipamentos a serem
comprados, profissionais a serem treinados ou contratados, ferramentas gerenciais a
serem implementadas, os prazos e os custos a serem envolvidos. Segundo a norma NBR
ISO 14OO1 (2010), o Sistema de Gestão Ambiental é a parte do sistema de gestão global,
que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades,
práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, analisar
criticamente e manter a política ambiental. Com isso as empresas certificadas com a ISO
14001 descobriram que gerenciamento de riscos, redução de custos, desempenho
ambiental melhorado, economia de energia e imagem corporativa, são alguns dos
benefícios obtidos com a certificação. São estas as informações que interessam aos
profissionais de obra preocupados com a questão da sustentabilidade.

CONTEXTUALIZAÇÃO

O que é poluição? Degradação da qualidade ambiental resultante de atividades


que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população,
criando assim condições adversas às atividades sociais e econômicas. No entanto também
afetam desfavoravelmente as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente.
Lançando ao meio matérias ou energia em desacordo com os padrões estabelecidos.
O que é Impacto Ambiental? O impacto ambiental caracteriza-se como qualquer
alteração das características do sistema ambiental, seja esta física, química, biológica,
social ou econômica, causada pelas ações do empreendimento, as quais possam afetar
direta ou indiretamente o comportamento dos parâmetros que compõem os meios físico,
biótico e/ou socioeconômico do sistema ambiental na sua área de influência.
CONSTRUÇÃO CIVIL E PROCESSOS AMBIENTAIS
Contudo a construção civil é uma atividade essencial para a sociedade, onde a
cidade se mostra de uma forma organizada buscando atender a população, sendo esta a
usuária do produto imobiliário. A ela são destinados os esforços de criar, construir e
manter o espaço urbano. Sua demanda mantém ativo o crescimento e a transformação das
cidades e de sua infraestrutura, dos espaços habitacionais e demais usos urbanos. Contudo
o Conselho Internacional da Construção – CIB aponta a indústria da construção como o
setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais e utiliza energia de
forma intensiva. Além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e energia, há
aqueles associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Estima-se que mais
de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades humanas sejam
provenientes da construção. Tais aspectos ambientais, somados à qualidade de vida que
o ambiente construído proporciona, sintetizam as relações entre construção e meio
ambiente.

Em números gerais, a construção civil mundial demanda 40% da energia e um


terço dos recursos naturais; emite um terço dos gases de efeito estufa; consome 12% da
água potável e produz 40% dos resíduos sólidos urbanos. No viés social e econômico,
contrata mundialmente 10% da mão de obra e o conjunto das atividades de construção
movimenta 10% do PIB global (UNEP, 2009). No panorama brasileiro da construção, o
consumo de água se aproxima de 16% (ANA APUD CETESB, 2010). O consumo de
materiais é de 9,4 toneladas por habitante anualmente e a geração de resíduos sólidos
atinge cerca de 500 Kg por habitante anualmente (JOHN, 2000). Para dados de empregos,
a cadeia da construção produz 9,2% do PIB nacional e abriga nacionalmente 10 milhões
de pessoas, sendo 69% relacionados ao setor da construção (FIESP, 2010). ” Na análise
do consumo energético, o setor residencial brasileiro absorve 10,8% do total de energia
consumido no País e, apenas em eletricidade, demanda 22,3% da geração nacional
(EPE/MME, 2010). A infraestrutura de abastecimento de água e coleta de esgoto em áreas
urbanas é bastante variável ao longo do País: a média de atendimento nacional é de 94,7%
para índice de abastecimento de água e 50,6% para coleta de esgoto. A região sudeste é
dotada de melhores condições de saneamento nas áreas urbanizadas, com taxas de 97,6%
e 72,1%, respectivamente (SNIS, 2008).
ASPECTOS AMBIENTAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
GRUPO ATIVIDADES ASPECTOS CONSEQUÊNCIAS
Manutenção de máquinas
Alteração da
e equipamentos
Borra oleosa qualidade do
Gerenciamento de solo/água
efluentes
1 Limpeza de banheiros
químicos Alteração da
Efluentes sanitários
Gerenciamento de qualidade das águas
efluentes
Gerenciamento de Fluxo de produtos Alteração do lençol
efluentes químicos freático
Manutenção de máquinas Alteração da
2 Emissão de fumaça preta
e equipamentos qualidade do ar
Alteração da
Óleos lubrificantes qualidade do
solo/água
Esgotamento/
redução da
Plástico em Geral
disponibilidade de
recursos naturais
Gerenciamento de Alteração da
Resíduos de construção /
3 resíduos Principais da qualidade do solo,
concreto
Obra ocupação do aterro

Resíduos de tintas e Contaminação do


solvente solo

Embalagens e/ou
Contaminação do
Materiais Impregnados
solo/ água
de Produtos Químicos
Consumo de água,
Esgotamento /
Gerenciamento de combustível, madeira,
4 redução de recursos
canteiro de obra (geral) recursos minerais,
naturais
energia elétrica
Gerenciamento de
canteiro de obra
Manutenção de máquinas Incômodos à
5 Ruído
e equipamentos comunidade
Atividades principais da
obra
Danos a Flora/ Risco
de Erosão,
6 Supressão vegetal Poda / Corte de árvores
Deslizamento e
Assoreamento
Tabela 1 – Aspectos e Consequências
Aumento da quantidade de sólidos
Alteração da qualidade das águas subterrâneas
Alteração dos regimes de escoamento
Meio Físico – Água Escassez de água
Interferências na fauna
Alteração da qualidade das águas superficiais
Deterioração da qualidade do ar
Meio Físico – Ar Poluição sonora

Esgotamento de reservas minerais


Alteração das propriedades físicas
Meio Físico – Solo Contaminação química
Indução de processos erosivos
Alteração da dinâmica do ecossistema global
Interferências na flora local
Meio Biótico Alteração da dinâmica dos ecossistemas locais
Interferências na fauna local
Alteração da qualidade paisagística
Alteração nas condições de saúde
Incômodo para a comunidade
Alteração no tráfego de vias locais
Meio Antrópico - Pressão sobre serviços urbanos (exceto drenagem)
Vizinhança Alteração nas condições de segurança
Danos a bens edificados
Interferência na drenagem urbana
Meio Antrópico - Alteração nas condições de segurança
Trabalhador Alteração nas condições de saúde
Tabela 2 – Alterações do meio ambiente, ocasionada pela construção civil.
FASES COMPONENTE ATIVIDADE ASPECTO IMPACTO
Terraplenagem,
Alteração da Geração de
construção civil e
topografia e sedimentos,
pavimentação da
movimentação de assoreamento e
área do
terra erosão
empreendimento.
Movimentação de
Geração de poeira Alteração de
veículos e
e gases qualidade do ar.
máquinas
Movimentação de Desconforto à
veículos e Geração de Ruído vinzinhança em
máquinas relação ao ruído
Alteração na
Disposição Risco Potencial de
qualidade do
inadequada de contaminação de
solo e/ou das
FÍSICO resíduos sólidos e solo e água
águas
líquidos subterrânea
subterrâneas.
Risco Potencial de Disposição
Obra de contaminação de inadequada de
terraplanagem solo e água entulhos,
subterrânea resíduos.
IMPLANTAÇÃO

Alteração visual
Construção do Alteração da
e da paisagem
empreendimento paisagem
natural.
Alteração da
permeabilidade
Construção do Supressão de
aumento da
empreendimento vegetação
contribuição
hídrica
Terraplenagem da Supressão de
Alteração da flora
construção civil e vegetação e
local
pavimentação. habitat terrestre
Terraplenagem,
BIÓTICO
construção civil e Alteração da
Expulsão de
pavimentação da comunidade
animais
área do faunística
empreendimento.
Contratação de Geração de
mão-de-obra Surgimento de empregos
temporária parapostos de trabalho temporários
implantação dotemporários diretos e
empreendimento. indiretos
ANTRÓPICO
Aumento de
Aumento de Maior
trânsito de veículos
trânsito de veículos frequência de
leves e pesados.
para transporte de congestionamen
Aumento de risco
material e pessoas tos
de acidentes.
Tabela 3 – Impactos aos componentes na fase de implantação da obra
FASES COMPONENTE ATIVIDADE ASPECTO IMPACTO
Vazamento,
Alteração na
derramamento de
qualidade de
óleo, diesel ou Risco potencial de
solos e/ou águas
graxas que possam contaminação de
devido à
alterar a qualidade solo e
disposição
do solo, águas águas
inadequada de
subterrâneas ou
FÍSICO resíduos.
superfíciais.
Movimentação de Alteração na
Readequação do
veículos e qualidade do
tráfego
OPERAÇÃO

máquinas ar.
Movimentação de
Desconforto à
veículos e Geração de ruído
vizinhança.
máquinas
Surgimento
de Geração de
Contratação de
postos empregos
mão-de-obra
de trabalho
diretos e indiretos
Aumento do
Modificação no Aumento do trafego e
ANTRÓPICO tráfego da região. tráfego abertura de novas
vias
Aumento da Incremento Aumento da
arrecadação naarrecadação arrecadação
municipal deimpostos deimpostos.
Tabela 4 – Impactos aos componentes na fase de operação da obra

MEDIDAS MITIGADORAS
IMPACTOS SOBRE O MEIO FÍSICO
 Poluição do ar devido à movimentação e operação de máquinas, veículos e
equipamentos: Aspersão de água nas vias de acesso e áreas internas, fixando as
partículas finas na superfície do solo, por meio de caminhões-pipa; Controle da
velocidade de veículos diminuindo-se a contribuição de poeiras para o ar;
Manutenção periódica das máquinas e veículos, contribuindo para a diminuição
da liberação de gases para a atmosfera; Redução do desmonte, do carregamento e
do transporte de material.
 Contaminação do solo por óleos, graxas e produtos químicos em geral:
Implementar um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes
Líquidos; Realizar manutenção preventiva de máquinas e equipamentos;
Implantar procedimentos operacionais e de segurança na fase de implantação;
Implantar procedimento específico para recolhimento de solo contaminado por
qualquer tipo de vazamento ocorrido.
 Alteração da Camada Superficial do Solo: Realizar a supressão vegetal
somente quando estiver próximo do início das obras de terraplenagem, evitando a
exposição do terreno aos agentes intempéricos por longo período. No caso da
identificação de processos erosivos não passíveis de controle, realizar à contenção
e estabilização da erosão.
 Geração de sedimentos, assoreamento e empachamento das vias públicas:
Durante a fase de construção é importante programar os serviços de terraplenagem
e descargas de materiais inertes (areia, brita, argila, etc.) levando em consideração
o clima para que sejam evitados trabalhos em dias com solos encharcados ou
emplastrados que apresentem possibilidade de adesão aos pneus dos veículos,
sendo então lançados sobre as vias públicas. Os transportes de materiais devem
ser efetuados em veículos apropriados, dotados de cobertura com lona ou outra
proteção de forma a evitar carreamentos acidentais às vias públicas. Após
ocorrência de períodos chuvosos os veículos deverão ter seus rodados limpos
através de lavagens com pressurizadores ou através da instalação de pedilúvios,
tomando-se o devido cuidado para que estes materiais não adentrem ao sistema
de drenagem local. Em casos de ocorrência deste impacto devem ser
imediatamente removidos, evitando desta maneira distúrbios à população ou
possíveis danos às vias públicas.
 Poluição por disposição inadequada de resíduos sólidos Todos os resíduos
gerados na obra deverão ser adequadamente dispostos em recipientes
devidamente localizados e sinalizados, conforme Resolução CONAMA 275/2001
e NBRs 11.174/1990 e 12.235/1992, adotando-se campanhas de esclarecimentos
que evitem a poluição do solo e dos recursos hídricos. Deverão ser implantados
procedimentos específicos para recolhimento de solo contaminado por qualquer
tipo de vazamento ocorrido, bem como para contenção de
vazamentos/derramamentos.
 Poluição por lançamento inadequado de efluentes cloacais: Instalação de
banheiros químicos; Instalação de sistemas de tratamento adequados, tipo fossa
séptica seguida de filtro anaeróbico, valas de infiltração ou sumidouros;
 Alteração visual da paisagem natural: Implantar projeto paisagístico no entorno
do empreendimento com espécimes arbóreos de médio e grande porte.
IMPACTOS SOBRE O MEIO BIÓTICO
 Supressão de vegetação, diminuição da biodiversidade da flora: A
implantação de paisagismo e a manutenção de espécimes cujos locais não serão
objeto de edificação constituem-se em medidas eficientes para minimizar a
adversidade deste impacto. Ainda, indica-se como medida mitigadora a
implantação de arborização com espécimes nativos floríferos e frutíferos.
 Perturbação da fauna: Sugere-se que a remoção da vegetação seja efetuada,
preferencialmente, no período não-reprodutivo da fauna e, de forma modulada em
sentido sul - norte, iniciando na porção sul, possibilitando a dispersão dos animais
em direção às áreas verdes remanescentes ao norte e a leste.
IMPACTOS SOBRE O MEIO ANTRÓPICO
 Riscos de acidentes: Com a finalidade de permitir melhor acessibilidade aos
estabelecimentos e moradias durante o período de implantação do
empreendimento, deve-se proporcionar sinalização adequada e suficiente para
evitar ao máximo a ocorrência de acidentes nos trechos em obras. Esta sinalização
deve ser feita por placas e fitas durante o dia e por objetos geradores de
luminosidade à noite
 Poluição sonora devido à operação de máquinas, veículos e equipamentos:
Por estar localizado em área com características residenciais, recomenda-se que o
horário das obras se realize dentro do horário comercial, não devendo estender-se
ao turno vespertino e noturno e tampouco devem ser realizados durante os finais
de semana ou feriados. Em caso de necessidade, as realizações de obras nos
períodos acima mencionados deverão contemplar somente atividades que não
promovam excesso de ruídos e devidamente autorizados pelo órgão ambiental
conforme a Lei Municipal Nº 4.328/1998, art. 31.
CICLO DE VIDA DE UM EMPREENDIMENTO

O ciclo de vida de um empreendimento abrange todas as fases pelas quais passa


um objeto construído ao longo do tempo, desde as matérias primas utilizadas até os
resíduos gerados no fim de sua vida útil. De acordo com Sánchez (2006), o ciclo de vida
de um empreendimento compreende as fases de: planejamento e projeto; implantação e
construção; operação e funcionamento; e, finalmente, desativação e fechamento. Ao falar
de ciclo de vida aplicado ao empreendimento imobiliário, estão contempladas as etapas
de Concepção e Planejamento, Projeto, Execução, Comercialização, Uso e Operação,
manutenção e Requalificação. O Desmonte e a Desconstrução são etapas do fim de vida,
preferencialmente após mais de um ciclo completo do empreendimento.
AGENTES ENVOLVIDOS
Ao longo do ciclo de vida dos empreendimentos há diversos envolvidos,
constituídos na figura de profissionais, consumidores, fornecedores, Poder Público,
entidades de classe, sociedade organizada, de caráter físico e jurídico, e com diferentes
graus de participação, denominados como agentes da cadeia imobiliária. São agentes
diretamente envolvidos: loteador; incorporador; agente financeiro, terrenista e investidor;
projetista e consultor; construtor e seus subcontratados; comercializadora de imóveis
novos e usados, administradora de locação, gestora patrimonial; administradora de
condomínios; morador de condomínio; poder público e concessionárias; entidade setorial;
academia e instituto de pesquisa. O trabalho e o conhecimento de todos esses agentes têm
o potencial de agregar a sustentabilidade nos empreendimentos se conjuntamente
orientados para esse objetivo.
CONDUTAS DE SUSTENTABILIDADE

A conceituação de sustentabilidade no setor imobiliário residencial na forma de


condutas que incorporam através de ações para sua inserção. As condutas não devem ser
consideradas uma lista de obrigações a serem cumpridas ou ações mínimas necessárias.
O conjunto de condutas tem a função de apresentar as oportunidades existentes e, desta
forma, auxiliar a tomada de decisões por parte dos agentes, ao longo do ciclo de vida do
empreendimento. É necessário acrescentar que os temas são abordados de forma geral,
sendo plausível ou não aplicável, de acordo com o empreendimento. É papel dos agentes
da cadeia identificar as soluções possíveis e adequadas aos diversos empreendimentos,
conforme o contexto da área. A organização das condutas é dada por três diferentes
conjuntos, que remetem a diversos agentes da cadeia e fases do ciclo de vida de um
empreendimento: Conduta da Empresa, Conduta na Análise Urbana e Conduta no
Empreendimento.
CONCLUSÕES – Análise dos Resultados
A diversidade de impactos ambientais causados pelos canteiros de obras a serem
considerados, vão muito além dos relacionados às perdas de materiais e à produção de
resíduos. Resta, no entanto, analisar os impactos, fazendo previsões de magnitudes, para
priorizar aqueles que precisam com mais urgência ser reduzidos ou eliminados, embora
tal definição deva considerar o contexto específico de cada canteiro de obras; e definir as
tecnologias e as ações de natureza gerencial necessárias para os casos de impactos
desfavoráveis, estabelecendo os recursos que precisam ser implementados para mitigá-
los – equipamentos a serem comprados, profissionais a serem treinados ou contratados,
ferramentas gerenciais a serem implementadas, exigindo adoção de medidas de controle
das poluições hídrica, atmosférica, sonora e do solo e prevenção das emissões de
efluentes, a construção e a operação de unidades de tratamento de efluentes líquidos,
gasosos ou sólidos de cada empreendimento, os prazos e custo envolvidos e indicadores
de acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais e das medidas
mitigadoras a serem implementadas.
REFERÊNCIAS

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http://www.cbcs.org.br/google-analytics>. Acesso em 15 de fevereiro de 2017.

CORRÊA, Lásaro Roberto. Sustentabilidade na Construção Civil. Dissertação


(Monografia). Escola de Engenharia UFMG - Curso de Especialização em
Construção Civil. 2009.

DEGANI, Clarice M. Sistemas de gestão ambiental em empresas construtoras


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Politécnica da Universidade de São Paulo.

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TACHIZAWA, Takeshy. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social 3. ed.


São Paulo: Atlas, 2005.

NORMA ISO 14004, Sistema de Gestão Ambiental, Diretrizes Gerais, Princípios,


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PHILIPPI, A.JR., ROMÉRO, M.A., BRUNA, G.C. Curso de gestão ambiental.


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SCHERER, Sistema de Gestão Ambiental – Guia Geral sobre Princípios Sistemas


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FERREIRA, R. C. A evolução da Política Ambiental no mundo, disponível em


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HARRINGTON, H. J., A implementação da ISO 14000: como atualizar o SGA


com eficácia / São Paulo : Atlas, 2001.

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