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Embranquecimento Racial na
Argentina no século XIX: pensando
negros e imigrantes
Ana Clara Pecis da Cunha

Revista Outrora

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Paulo Mont ini
Artigos
AS MUDANÇAS NO QUADRO ÉTNICO-RACIAL DA
ARGENTINA NO SÉCULO XIX: PENSANDO NEGROS E
IMIGRANTES
The changes in Argentina’s ethno-racial framework in the
nineteenth century: thinking blacks and immigrants

ANA CLARA PECIS DA CUNHA1

Resumo: O seguinte artigo propõe-se a analisar a incorporação da teoria positivista e do darwinismo social,
desenvolvidos durante o século XIX na Europa, pelos segmentos intelectual e político na Argentina a fim
de promover o embranquecimento racial da população. Para tanto, pretende-se reconstituir historicamente a
trajetória dos afro argentinos até sua drástica diminuição no quadro populacional da nação no século XIX.
Além disso, o mesmo objetiva apresentar como as políticas de incentivo à imigração europeia tornaram-se um
instrumento de alcance do progresso e da civilização no imaginário argentino.
Palavras-chave: América Latina; Argentina; Relações étnico-raciais; Imigração na Argentina.

Abstract: The following article proposes to analyze the incorporation of the positivism and the social
darwinism, developed throughout the nineteenth century in Europe, by the intellectual and political segments
in Argentina, in order to promote the racial whitening of the population. Therefore, it intends to reconstruct the
argentine-black-population’s trajectory until its drastic decrease in the nineteenth century. In addition, it will
present how politics to encourage European immigration have become an instrument to reach progress and
civilization in the imaginary of Argentina.
Key-words: Latin America, Argentina, Ethnic and race relations; Immigration in Argentina

1 Graduanda em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Bolsista PIBIAC/UFRJ
no projeto “Ensino de História da América em uma perspectiva cultural”, sob orientação da Prof. Dr. Juliana
Beatriz Almeida de Souza. E-mail: anacpecis@gmail.com.
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Introdução
Ao entrar em contato com os indicadores étnico-raciais do censo demográfico argentino mais recente,
realizado no ano de 2010, toma-se ciência de que 149.493 pessoas se autoidentificaram afrodescendentes2,
num total de 40.117.096 argentinos3. Diante desses dados e levando em consideração o passado colonial
do país que, assim como as demais colônias da América Espanhola, usufruiu da mão de obra de africanos
escravizados até meados do século XIX, pode-se questionar: o que aconteceu com os negros do país?
Nesse sentido, é primordial retornar ao século XIX para entender as mudanças no quadro étnico-racial
da nação latino-americana que, naquele século, se constituía. Para tanto, deve-se considerar alguns marcos
na trajetória das afro populações que desde o século XVI adentraram o território americano subjugadas à
condição de escravizadas no processo de colonização da América4. Tal reconstituição histórica culminará
em um dos objetivos centrais do atual artigo: demonstrar em que medidas e por quais razões os negros, no
oitocentos, foram atingidos por uma redução massiva nos índices populacionais argentinos em decorrência das
guerras e das epidemias de febre amarela em Buenos Aires, ocorridas sobretudo na década de 1870.
Deve-se enfatizar que as modificações no referido quadro também devem-se às políticas de incentivo
a imigração europeia encorajadas pelos campos intelectuais e políticos do país. Segundo o cientista social
Marcelo Sevaybricker Moreira, no ano de 1853 a população branca argentina era estimada em 3%, contra
os 95% em 1914; transitando de um quadro étnico predominantemente marcado pelas populações indígenas,
afrodescendentes, mestiços, entre outros, para um majoritariamente branco5. Ainda de acordo com Moreira
(2010), há estimativas que entre 1857 e 1900 mais de dois milhões de imigrantes europeus tenham adentrado
o território argentino6.
Nesse contexto, vale destacar que os setores político e intelectual de toda a América Latina encontravam-
se voltados para as questões de caráter nacional7, pensando as possibilidades de progredir em termos sociais e
civilizatórios. É nessa perspectiva, portanto, que se deve pensar o lugar que teorias científicas e pseudocientíficas
europeias, tais como a positivista e a darwinista social, ocuparam no imaginário argentino ao longo do século
XIX.

Os grupos afros na Argentina


Para fins de introdução ao tema da escravidão no porto de Buenos Aires, é importante frisar que foi a
partir de 1580, com a segunda fundação do porto e melhorias na navegação fluvial do Rio da Prata, que um
fluxo ilegal de indivíduos escravizados vindos do continente africano adentrou os territórios que hoje formam
a Argentina. Na época, a região do porto, que integrava o Vice-Reino do Peru, era mais uma das peças da

2 Anexo 01: Quadro da população autoidentificada afrodescendente segundo local de nascimento.


3 Dados disponíveis em: https://www.indec.gob.ar/. Acesso em 30/08/2019 às 23:16. Interessante ressaltar que a inclusão de
um recorte afrodescendente no censo argentino de 2010 se tornou objeto de disputas e negociações entre coletivos negros, agentes
do Estado e organismos internacionais de financiamento. Ver O local e o transnacional nas negociações pela inclusão da categoria
“afrodescendentes” no censo argentino, de Laura Cecília López. Disponível em: http://bit.ly/2RUMLkZ. Acesso em 01/09/2019 às
00:14.
4 Deve-se destacar a dificuldade de localizar estudos sobre o processo de escravidão nos territórios que formaram a Argentina,
uma vez que o recorte temático não é uma tradição na historiografia do país.
5 MOREIRA, M. S. Imigrantes e argentinos no processo civilizatório: uma análise do pensamento político de Alberdi e
Sarmiento. Em Tese, Florianópolis, v. 7, n. 1/2, p. 73-97, jan. 2010, p. 6.
6 Ibid.
7 GREJO, C. B. “Nuestra América”: pensamento racial e construção da identidade nacional argentina. Revoluções, cultura
e política na América Latina, n. 11, p. 35-55. São Paulo, 2013, p. 36.
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engrenagem que sustentava o sistema de contrabandos de escravos, cujo domínio se encontrou em mãos
portuguesas até, pelo menos, a primeira metade do XVII8.
A grande parte dos sujeitos escravizados que passava pelo porto de Buenos Aires não era estabilizada
na região, sendo em sua maioria transferida para outras províncias, tais como Santa Fé, Corrientes, Tucumán,
Santiago del Estero e Misiones. Apesar da imprecisão dos dados estatísticos do período, o historiador argentino
Diego Luis Molinari estimou que até o ano de 1730, 17.730 escravos haviam ingressado nas regiões do Rio da
Prata passando pelo porto de Buenos Aires9.
Em contrapartida, foi apenas no século XVIII, a partir dos acordos comerciais entre a coroa espanhola e
as companhias de comércio escravistas, além da criação do Vice Reino do Rio da Prata (1776) com a capital
estabelecida em Buenos Aires, que o porto da região passou a receber números expressivos de africanos
escravizados. Parte dessa mão de obra permanecia na zona portuária inicial, mas grandes quantidades eram
encaminhadas para as províncias já citadas, como demonstra Mallo (2004):
A fines del período colonial, entre 1740 y 1810, se estima que alrededor de 45.000 africanos
habían ingresado por los puertos de Montevideo y Buenos Aires hacia otros destinos en el interior del
antiguo virreinato constituyendo, donde fueron más requeridos, aproximadamente entre el 30 por ciento
y el 70 por ciento de la población10.
Ainda no campo das medidas, estima-se que em 1778 em Catamarca, província do interior do Vice
Reino do Rio da Prata e localizada a 1.130 km da capital, a população afro mestiça alcançava mais de 70% do
total populacional. Já em Buenos Aires, a estimativa aponta 28.4% de composição afro, dos quais 81.4% era
escrava e 18.6%, livre11. Em 1830, dezessete anos após a “abolição” da escravatura na Argentina, os livres na
capital eram estimados em 50% do total dos indivíduos afro mestiços12.
No que se refere às formas de inserção das populações negras na sociedade bonaerense, é importante
destacar, para além da dimensão do trabalho, a presença desse contingente étnico na produção de elementos das
culturas populares. Além disso, a atuação desses indivíduos no exército argentino13 será um fator primordial na
tentativa de compreender a redução populacional de afrodescendentes no século XIX.
Faz-se necessário destacar que durante grande parte do recorte temporal até aqui trabalhado (final do
século XVI até meados do XIX), a ideia de uma nação argentina era inexistente. Os territórios que hoje
imagina-se o país sul-americano integravam, até 1776, o Vice Reino do Peru e, a partir desse ano, o Vice
Reino do Rio da Prata. Desse modo, foi a partir do século XIX que o mapa da América Espanhola começou a
se aproximar do conhecido atualmente, a partir dos processos de dissolução dos vice-reinos, dos movimentos
de independência nacionais e conflitos territoriais de diversas ordens.
Ainda que o presente objetivo não seja aprofundar a discussão acerca do desenvolvimento da
independência argentina, buscando suas causas e consequências ou a existência de elementos de unificação
nacional, deve-se ressaltar que em 1810, após uma série de combates militares conhecidos como Revolução

8 ALONSO, G. F. Estudio del comercio de esclavos en el Rio de la Plata. La ruta del esclavo en el Río de la Plata: su
historia y sus consecuencias. Memoria Del Simposio. UNESCO. 2004, p. 45.
9 SILVA, M. A. Reseña de la esclavitud en La Región Sur. La ruta del esclavo en el Río de la Plata: su historia y sus
consecuencias. Memoria Del Simposio. UNESCO. 2004, p. 36.
10 MALLO, S. C. Experiencias de vida, formas de trabajo y búsqueda de libertad. La ruta del esclavo en el Río de la Plata:
su historia y sus consecuencias. Memoria Del Simposio. UNESCO, 2004, p. 62.
11 Anexo 02: Quadro populacional de afro mestiços no Vice Reino do Rio da Prata (1778)
12 Infelizmente, a pesquisa estatística utilizada não informa em números absolutos o contingente populacional das
províncias, apontando apenas as porcentagens dos recortes étnicos.
13 MALLO, Op. cit., p. 63.
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de Maio, a Argentina se declarou uma nação independente. Além disso, foram estabelecidos no ano de 1812 o
fim do tráfico de escravos e, em 1813, a “liberdade dos ventres”14. A abolição da escravatura, por sua vez, foi
proclamada a partir da Constituição de 185315.
Tendo como intuito apresentar os marcos normalmente recorridos para explicar a redução da presença
afro argentina nos quadros demográficos ao longo do século XIX, deve-se ressaltar que os negros - em situação
de escravizados ou em liberdade - foram incorporados ao exército argentino durante diversos conflitos bélicos
no decorrer do período.
Nota-se que desde 1806, por conta das invasões inglesas em Buenos Aires, os indivíduos escravizados
foram organizados no front de defesa da capital. Sobretudo a partir das lutas de emancipação nacional, no final
da década de 1810, os mesmos participaram de forma mais intensa dos conflitos armados da Argentina no século
XIX. No período das guerras de independência do país, os proprietários de escravos se viam pressionados pelo
Estado que se constituía a abrirem mão de sua força de trabalho temporariamente, para que os escravizados
pudessem ser incorporados ao exército. Por outro lado, aos escravos era prometida uma possibilidade de
alforria através de suas atuações nas batalhas pela causa emancipatória16. Nesses casos, os proprietários e os
escravos acabavam sendo enganados com os comprometimentos que dependiam da volta desses indivíduos
com vida, levando em consideração que muitos as perdiam nos campos de guerra.
O período posterior à Revolução de Maio na Argentina foi marcado por disputas contínuas entre as
províncias, desembocando em inúmeras guerras civis que viriam a contribuir para a redução demográfica no
país como um todo, sobretudo das afro populações organizadas nas linhas de frente dos combates.17 Buenos
Aires, por exemplo, só declarou-se como parte integrante da federação argentina no início da década de 1860,
após uma série de enfrentamentos bélicos em que os negros estavam presentes nos lados opostos dos campos
de batalha18.
Foi somente a partir da Guerra Grande (1839 - 1851) que afrodescendentes de toda a região do Rio da
Prata, inclusive da Argentina, sofreram o que alguns historiadores nomearão de militarização das populações
de origem africana na América. Uma das principais características desse processo é que, via de regra, ele se
desenvolveu nos países após a dissolução dos sistemas escravistas, uma vez que a possibilidade de integrar
setores militares garantia o acesso a necessidades básicas (como alimentação e habitação), além de uma pequena
ascensão social. Por outro lado, tal integração dessas populações ao serviço militar afetou consideravelmente
suas densidades demográficas, com destaque para a Guerra do Paraguai, entre 1864 – 187019.
Apesar das taxas de mortalidade referentes às populações afrodescendentes nos combates bélicos
argentinos serem consideráveis, a historiografia tradicional também apontará a epidemia de febre amarela
que atingiu, sobretudo, Buenos Aires na década de 1870, como fator relevante para pensar a diminuição
demográfica dos negros no país. O historiador Diego Armus, por exemplo, apresentou que em apenas quatro
anos morreram mais de treze mil pessoas, cerca de 8% do total populacional20, levando em conta que tal surto
14 Os filhos de escravos nascidos a partir de então não seriam mais escravizados.
15 ALONSO, Op. cit., p. 45.
16 Ibid, p. 51-2.
17 Infelizmente não pude localizar dados específicos sobre a redução populacional negra em decorrência das guerras civis.
18 BORUCKI, A.; CHAGAS, K.; FREGA, A. e STALLA, N. “Esclavitud y abolición en el Río de La Plata en tiempos de
revolución y república”. In: La ruta del esclavo en el Río de la Plata: su historia y sus consecuencias. Memoria Del Simposio.
UNESCO. 2004, p. 135.
19 Ibid., p. 135-6.
20 ARMUS, D. El descubrimiento de la enfermedad como problema social. In: LOBATO, Mirta Zaida (org.). Nueva
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afetou os negros mais do que a qualquer outro grupo social21.
Por fim, é importante abordar alguns dados gerais sobre a presença de afrodescendentes na cidade de
Buenos Aires22 entre o final do século XVIII e fins do XIX. De acordo com a antropóloga María Eugenia
Domínguez, em 1778 o censo aponta que 30% da população era formada por negros e mulatos (7.256 num
total de 24.363) e, nas décadas seguintes, o número absoluto dos grupos afros não aparecerá consideravelmente
reduzido, apenas perderá importância em comparação com o quadro populacional. Já no censo de 1887 o
processo de desaparição dos afro argentinos encontrava-se adiantado, uma vez que os índices indicavam 8.005
indivíduos num total de 433.37523, marcando menos de 2%24 da população.25

O lugar do positivismo e do darwinismo social


Finalmente, após estabelecer as medidas e as formas de inserção dos negros na Argentina, num recorte
temporal que vai de fins do século XVI até a segunda metade do século XIX, pretende-se apresentar quais
estratégias foram adotadas pela nação sul-americana para suprir o déficit populacional que assolava o país26.
Nesse ponto, será estabelecido a influência da teoria positivista e do darwinismo social no pensamento erudito,
como o de Juan Bautista Alberdi27 (1810 - 1884) e nas políticas públicas argentinas, com destaque para as do
presidente Domingo Faustino Sarmiento28 (1811 - 1888). Antes disso, deve-se travar algumas considerações
de ordem conceitual.
Atualmente, os estudos que abordam questões tangentes às relações étnico-raciais se deparam com
uma infinidade de discussões terminológicas. Sobretudo após a década de 1950, com os avanços nas áreas da
antropologia, sociologia e biologia que apontavam para a inexistência de raças humanas, muitos dos termos
antes utilizados sem maiores preocupações passaram a carregar consigo noções estigmatizadas29. Dessa
maneira, alguns dos conceitos aqui trabalhados carecem de um maior cuidado quanto aos seus usos e, portanto,
de definições prévias.
Quando se fala em raça, por exemplo, deve-se ter em mente a noção biologizante que o termo pode
adquirir. A razão de tal estigma explica-se pelo meio em que conceito emergiu: o de elaboração das teorias
historia argentina: el proceso, la modernización y sus límites (1880-1916). Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2000.
21 DOMÍNGUEZ, M. E. O ‘afro’ entre os imigrantes em Buenos Aires: reflexões sobre as diferenças. Florianópolis, 2004,
p. 136.
22 Por se tratar da capital do país, acha-se com mais facilidade índices demográficos confiáveis sobre Buenos Aires.
23 Cabe ressaltar que a historiografia recente tem apontado as mudanças das categorias étnico-raciais para pensar a drástica
diminuição dos negros no censo de 1887. Ver BRAZ, D. L. F. ONDE ESTÃO OS NEGROS NA ARGENTINA?. Revista da
Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 10, p. 363-374, jan. 2018. ISSN 2177-2770. Disponível em:
http://bit.ly/2Lzgy1m. Acesso em: 03 set. de 2019.
24 Anexo 3: Resultados de oito censos da cidade de Buenos Aires (1778-1887), de acordo com o historiador George Reid
Andrews.
25 DOMÍNGUEZ, Op. cit., p. 16.
26 Cabe recordar que o desenvolvimento argentino sofreu durante todo o século XIX com a falta de mão de obra em
decorrência da baixa densidade demográfica. Diversos intelectuais e políticos se referiam ao país, sobretudo à área rural, como um
grande deserto (MOREIRA, Op. Cit., p. 3).
27 Alberdi nasceu na cidade de Tucumán, na Argentina e, ao longo de sua vida, publicou inúmeras obras de Direito, Política,
Filosofia e Economia sobre a Região do Prata e também sobre a América do Sul, incluindo o Brasil (BRAGA, M. B. Juan Bautista
Alberdi: o pensamento econômico de um liberal latino-americano no século XIX. Economia e Sociedade, v. 23, n. 1 (50), p. 1-31.
Campinas, 2014).
28 Domingo Faustino Sarmiento foi natural da província de San Juan. É um dos destaques da literatura latino-americana e
presidente da Argentina no final do século XIX (BRAGA, Op. cit., p. 7).
29 DAFLON, V. T.. Mestiçagem, cores e raças. Tão longe, tão perto: identidades, discriminação e estereótipos de pretos e
pardos no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2017.
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raciais na Europa oitocentista, como a de Francis Galton (1822 - 1911), considerado um dos fundadores da
eugenia ou Arthur de Gobineau (1816 - 1882), grande opositor da miscigenação30.
Dessa maneira, levando em conta os perigos do conceito, como abordá-lo? Segundo Verônica Toste
Daflon31, a forma mais interessante de utilização do mesmo é imaginá-lo como parte de “construções sociais
que se originam da racionalização e justificação de desigualdades e fronteiras sociais entre grupos humanos”32.
A definição elaborada pela professora entra em consonância com a análise que se anseia realizar acerca
do embranquecimento racial da população argentina, auxiliado pela incorporação das teorias positivista e
darwinista social por certos segmentos da sociedade, como as classes intelectuais e políticas.
Embranquecimento racial, por sua vez, será entendido como o estabelecimento de tentativas conscientes
e estruturadas a fim de modificar o fenótipo da população, a partir de uma noção dicotômica. Numa perspectiva
latino-americana, as populações negras, indígenas e mestiças são colocadas no campo da barbárie; enquanto
os povos europeus, em especial os anglo-saxões e germânicos, são tomados como exemplos de civilização33.
Deve-se enfatizar que no recorte temporal analisado, o que se entende por fenótipo está intrinsecamente
relacionado com a dimensão psíquica e intelectual dos indivíduos34. Tal entendimento se justifica justamente
pela influência de correntes científicas do século XIX que estabeleciam relações entre patrimônio genético,
aptidões intelectuais e inclinações morais35.
Para que seja possível compreender o lugar ocupado pelas teorias raciais europeias no imaginário
político e intelectual argentino na segunda metade do século XIX, é necessário ter mente que parte majoritária
do pensamento latino-americano encontrava-se voltado para as questões de caráter nacional36, pensando as
possibilidades de evoluir em termos sociais e civilizatórios. Na Argentina, duas noções principais circulavam
em meio àqueles que desenvolviam as produções eruditas e, muitas vezes, também estavam ligados à política.
A primeira delas afirmava que as províncias do país constituíam um território sem integração, cada qual com
diferentes dinâmicas internas. A segunda, por sua vez, estava intimamente associada à ideia da barbaridade
dos povos argentinos, em especial os das áreas rurais37.
Tais pressupostos foram decisivos para as políticas de embranquecimento racial a partir do incentivo à
importação de mão de obra europeia, fomentadas pelas políticas do presidente Domingo Faustino Sarmiento
em consonância com as teorias de Juan Bautista Alberdi.38 Para ambos, a vinda de europeus para a Argentina
caracterizaria “um dos mais fundamentais instrumentos de transformação do povo argentino no sentido de
torná‐lo apto à vida civilizada, eliminando ou atenuando a influência dos elementos nacionais”39.
30 SCHWARCZ, L. M. S. Uma história de “diferenças e desigualdades”: as doutrinas raciais do século XIX. O espetáculo
das Raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870 - 1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993., p. 79-81.
31 É professora do Departamento de Sociologia e Metodologia em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense
(UFF). Fonte: http://bit.ly/2XcNYVD. Acesso em: 10/09/2019 às 14:38.
32 DAFLON, Op. cit., p. 27.
33 POZO, J. D. História da América Latina e do Caribe: dos processos de independência aos dias atuais. Petrópolis: Vozes,
2009, p. 61.
34 GREJO, Op. cit., p. 43.
35 SCHWARCZ, Op. cit., p. 62.
36 GREJO, Op. cit., p. 36.
37 MOREIRA, Op. cit., p. 1.
38 Aqui, a conformidade entre as políticas de Sarmiento e as teorias de Alberdi refere-se apenas às suas visões acerca da
importação de mão de obra europeia, uma vez que as teorias políticas e sociais de ambos divergem em muitos pontos. Ao passo que
Alberdi acreditava no alcance do progresso e da civilização apenas por via do embranquecimento racial, Sarmiento confere grande
importância ao papel da educação como condutora dos povos à civilidade (MOREIRA, Op. cit., p. 5-6).
39 MOREIRA, Op. cit., p. 2.
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Deve-se recordar que o período tratado é marcado por um forte apelo à ideia de evolução social, que
acaba por se tornar um paradigma de época não só em terras latino-americanas, mas também na Europa40.
Dessa maneira, as pesquisas desenvolvidas por uma série de cientistas europeus de campos do saber variantes
estarão focadas em analisar não apenas a evolução das dinâmicas sociais, mas a própria humanidade enquanto
espécie. A historiadora Camila Bueno Grejo (2013) afirmou que o objetivo final desses cientistas, cujos estudos
seguiam diversas linhas interpretativas, era “recriar uma visão do mundo por meio da institucionalização do
tratamento científico das questões sociais e humanas”41.
Cabe ressaltar que o saber científico do século XVIII foi marcado pela invenção de campos como
a frenologia e a antropometria, numa tentativa de interpretar a capacidade humana a partir do tamanho e
proporção dos cérebros. Esse modelo determinista se estenderá até o campo da antropologia criminal, que
acreditava ser possível identificar tendências criminosas a partir de características físicas e hereditárias42.
É imprescindível entender que, por trás do desenvolvimento de todas essas teorias e interpretações, está a
concepção pautada nas ciências e pseudociências biológicas de que existem raças superiores e inferiores.
Foi inspirada nessa perspectiva biologizante, na contramão de uma visão iluminista que pensava a
humanidade de maneira una, que os pressupostos raciais do século XIX argumentaram em favor da existência
de determinações a partir das características biológicas e de atributos raciais específicos, sendo esses decisivos
para entender as ações dos indivíduos43. Foi nesse contexto que o positivismo e o darwinismo social se
consolidaram e, posteriormente, influenciaram as dimensões intelectuais e políticas da Argentina no século
XIX.
Primeiramente, deve-se salientar que o positivismo, geralmente atribuído ao francês Augusto Comte
(1798 - 1857), enquanto corrente política, filosófica e sociológica, teve papel importante ao promover o
elogio da ordem social como condição de progresso das nações44. Na Argentina, pode-se notar sua influência
analisando as produções dos já citados pensadores políticos, Juan Bautista Alberdi e Domingo Faustino
Sarmiento. Apesar das discordâncias intelectuais que mantinham, ambas as figuras compartilhavam o desejo
de uma imigração europeia em massa para a Argentina, vista como o trampolim para a obtenção do progresso
e da civilização, que somente a ordem jurídica e a independência nacional não haviam conquistado45. A
perspectiva positivista esteve ainda mais presente nas análises políticas de Alberdi, que foi exilado pelas
críticas ao líder caudilho Juan Manuel de Rosas (1793 - 1877), visto por Alberdi como um governante atrasado
por sua oposição às políticas de imigração e falta de iniciativas visando o desenvolvimento econômico e social
da nação argentina46.
Também é possível estabelecer a influência do darwinismo social no pensamento intelectual e político
argentino. A corrente científica aplicou as conclusões de Charles Darwin no campo da biologia para o âmbito
social e enxergava de forma negativa a miscigenação entre raças, pois argumentava em favor da existência de

40 SCHWARCZ, Op. cit., p. 57.


41 GREJO, Op. cit., p. 36.
42 SCHWARCZ, Op. cit., p. 65.
43 Ibid., p. 63.
44 PATTO, M. H. S. Sobre a formação das explicações hegemônicas do fracasso escolar: o lugar das teorias raciais. In:
Exercícios de indignação: escritos de educação e psicologia. [S.l: s.n.], 2005., p. 126.
45 MOREIRA, Op. cit., p. 5.
46 BRAGA, Op. cit., p. 6.
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raças puras, de um lado, e degeneradas47, de outro48.
Nesse sentido, é importante apresentar que Juan Bautista Alberdi não apenas acreditava no determinismo
racial e na existência de raças superiores e inferiores, como também defendia que o Estado possuía o “dever de
agir no sentido de eliminar ou atenuar os efeitos perversos das raças ‘inferiores’ sobre a população, mediante
o fomento à miscigenação com raças ‘superiores’”49. Exemplo prático dessa visão é que, para o pensador, os
imigrantes ao chegarem na Argentina deviam ser dispensados do serviço militar obrigatório. Para ele, esses
indivíduos, pertencendo a raças mais aptas ao comércio, à indústria e à navegação, não deveriam arriscar suas
vidas nos campos de batalha. Além disso, o anseio pelo embranquecimento racial na nação sul-americana por
parte de Alberdi fica claro quando o mesmo afirma que os matrimônios mistos entre argentinos e imigrantes
deveriam ser incentivados e facilitados50.

Os índices e as políticas de imigração europeia


Saindo do campo das ideias, faz-se necessário apresentar os índices de imigração na Argentina na segunda
metade do século XIX, com foco nas políticas fomentadas por Domingo Faustino Sarmiento. Segundo dados
apresentados pelo cientista social Marcelo Sevaybricker Moreira (2010), em 1853 a população branca no país
era estimada em 3%, contra os 95% de 1914; transitando de um quadro étnico predominantemente marcado
pelos indígenas e mestiços para um majoritariamente branco. Ainda de acordo com Moreira, há estimativas
que entre 1857 e 1900 mais de dois milhões de imigrantes europeus tenham adentrado em território argentino51.
A atuação de Sarmiento frente à Presidência da República, durante os anos 1868 e 1874, foi primordial
para a alteração dos quadros étnicos do país, uma vez que suas medidas no campo da imigração ultrapassaram
seu período de governo. Prova disso é que a Lei de Imigração e de Colonização (Lei nº 817), organizada
pelo mesmo, permaneceria sem mudanças fundamentais até 1981. As novidades advindas dessa lei seriam,
principalmente, a criação do Departamento Geral de Imigração, cuja intenção era acompanhar as condições
sanitárias e de transporte dos imigrantes, além de oferecer auxílios gerais aos recém-chegados. O governo de
Sarmiento instituiu, ainda, comissões de imigração nas principais cidades e portos do país e regulamentar o
exercício dos agentes de imigração que, entre outras funções, atuavam na propaganda argentina no exterior52.
Na década de 1880, um novo debate no ramo das políticas imigratórias surge na Argentina. A fim de
se contraporem às elites paulistas que na mesma época forneciam subsídios para a vinda de italianos para
São Paulo, a nação argentina também passa a oferecer incentivos financeiros para os imigrantes europeus.
A diferença entre os países é que, para o governo argentino, “o imigrante ideal era aquele vindo das regiões
do norte da Europa, considerado trabalhador e civilizado”53. Além disso, pensavam que os italianos em suas
terras já eram numerosos o suficiente e, como haviam vindo de forma espontânea, não viam a necessidade
em subsidiá-los. Dessa maneira, as passagens subsidiadas, durante esse período, privilegiaram os imigrantes
franceses e, sobretudo, espanhóis.

47 Cabe salientar que, no darwinismo social, tal degeneração não é apenas racial, mas também social (Schwarcz, 1993, p. 78).
48 SCHWARCZ, Op. cit., p. 77-8.
49 MOREIRA, Op. cit., p. 11.
50 Ibid., p. 10-11.
51 Ibid., p. 6.
52 OLIVEIRA, M. Políticas de imigração na Argentina e no Brasil, 1886-1924: semelhanças e diferenças. In: Anais do
XXVI ANPUH. São Paulo, 2011, p. 4-5.
53 Ibid.
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Deve-se destacar que no começo dos anos 1890, a política de financiamento das passagens foi abandonada,
pois, além da crise financeira do Estado, pesou o fato da imigração subsidiada ter atraído “a ralé das cidades
europeias”. Até aqui o darwinismo social e o positivismo fazem-se presentes, uma vez que os imigrantes
vindos por vontade própria eram tidos como “mais fortes” e, assim, mais adaptados a levar adiante o progresso
e desenvolvimento da nação54.
Por fim, pensando nos marcadores estatísticos da imigração argentina, o historiador Márcio Oliveira
(2011) apresentou que, se em 1869 estimava-se a população estrangeira em território argentino próximo a
10%; em 1895 o censo nacional revelou uma porcentagem de 25%. Com o crescimento constante do número
de imigrantes na Argentina até a Grande Depressão na década de 1930, o governo precisou adotar estratégias
e políticas públicas visando a construção de uma identidade nacional. Nesse sentido, a implantação do serviço
militar obrigatório, a educação e a questão da nacionalização forçada dos imigrantes foram questões que
entraram em discussão nos setores políticos e intelectuais da época55.

Conclusão
Primeiramente, é importante destacar que ao tentar reconstruir o quadro étnico-racial do século XIX
na Argentina apresentando a influência de correntes e pressupostos científicos (como a teoria positivista
e o darwinismo social), teve-se como intuito destacar que os marcos históricos ressaltados não estavam
desacompanhados de justificativas no plano científico, intelectual e político.
O “desaparecimento” dos negros na Argentina oitocentista, a exemplo, cujas explicações desenvolvidas
pela historiografia tradicional foram aqui apontadas, pode também ser explicado como um projeto de
apagamento da negritude no país. Ao terem as linhas de frente das lutas armadas como uma das únicas
possibilidades de alforria, num primeiro momento, e de integração social por meio da inserção na carreira
militar, após a abolição, os negros do país foram, a cada conflito, sendo “varridos” do mapa populacional
argentino.
Entretanto, como foi visto, tal processo não se deu sem uma ancoragem nas teorias raciais europeias.
A chamada “Geração de 1837” na Argentina, que inclusive Sarmiento e Alberdi se inseriram, já pensava um
modelo de nação apoiado nas ideias de ordem, progresso, evolução social e civilização56. Dessa maneira,
as políticas de incentivo à imigração de mão de obra europeia, destacadas aqui, cujo auge se deu a partir da
segunda metade do século XIX, se inserem numa lógica racista que não enxergava espaço para negros ou
mestiços na constituição da sociedade argentina. Logo, é evidente que a civilização versus a barbárie, tema
caro aos estudos das ciências humanas, surgiria nesse recorte temático-temporal a todo instante.
Por fim, é importante ressaltar que não só os afro argentinos, mas também os descendentes das
sociedades ameríndias que, segundo o censo demográfico de 2010, se aproximam de um milhão de
indivíduos57, permanecem na Argentina reivindicando seus espaços e suas memórias58. Junto a isso, os estudos
antropológicos, históricos, culturais, arqueológicos, etc., - sem falar nos museus, centros de memórias e as
recordações familiares individuais - não permitem que as nações varram por completo seus passados, apesar

54 DEVOTO, F.. Historia de la Inmigración en La Argentina. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2003, p. 252-6.
55 OLIVEIRA, Op. cit., p. 6.
56 MOREIRA, Op. cit., p. 4.
57 Anexo 04: Quadro da população indígena ou descendente dos povos originários, segundo as províncias
58 Ver RODRIGUEZ, Javier. “Resistencia y confrontación en Argentina. Negación y exclusión de los pueblos indígenas”.
Gazeta de Antropología, Nº 22, 2006, Artigo 22.
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das tentativas constantes e, tal como no caso argentino, estruturadas nos planos intelectuais e políticos.

REFERÊNCIAS
Anexos

1. Quadro da população auto-identificada afrodescendente, segundo o local de nascimento

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3. Resultados de oito censos da cidade de Buenos Aires (1778-1887), de acordo com o historiador George

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4. Quadro da população indígena ou descendente dos povos originários, segundo as províncias

Fonte: INDEC. Censo Nacional de Población, Hogares y Viviendas, 2010

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