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Uma carroça passeia pelos campos rochosos, resultados das catástrofes da guerra que se

alastrou. Restando apenas a lembrança de um belo vilarejo que outrora foi bem agitado. O
único ruído que se pode ouvir são os galopes dos cavalos.

— Pare aqui. — Um homem de aparência nobre enquanto emana uma aura bruta, ordena.

— Senhor, tem certeza disto? Ainda estamos em território inimigo — o Cocheiro questiona.

— Há algo que eu procuro e eu preciso ter certeza de não ter deixado passar. Novamente digo
que, pare esta carroça.

Assim é feito. Aquele mesmo nobre desce do transporte e caminha por entre as casas. Sua
expressão de repulsa conforme avança, se intensifica, tornando sua face num olhar de nojo. Ele
passa por entre as vísceras de diversos cadáveres largados ao chão, despedaçados. O som
incessante das moscas que voam ao redor dos corpos o perturba, e o cheiro de morte penetra
em suas narinas.

— Senhor, isso é mesmo necessário? Todos na vila já estão mortos.

O cocheiro é ignorado, assim, eles seguem adiante até chegar a uma casa, seu servente torna a
falar novamente:

— É perigoso, senhor.

— Cale a boca, seu único trabalho é manusear os cavalos. Se veio para incomodar é melhor
que retorne para eles.

A casa a qual ele caminha, parece ter sido afetada assim como as outras, pela violência. Tem a
sua porta derrubada e um rastro de sangue vindo do interior daquela residência.

— Céus, que Deus tenha misericórdia dos filhos iníquos. — E com essas palavras, o aristocrata
entra, passando pelo corpo já sem vida de uma mulher adulta de cabelos escuros que parece
ter sido violada e logo em seguida, morta com uma lança em seu peito. A casa está escura, sua
fonte de luz havia acabado e não houve quem restaurasse. Não era um problema, os invasores
ali presentes tinham consigo uma lamparina. Encandeou a sua luz por entre as paredes
danificadas, passando pelos cômodos daquele lugar em busca de algo.

— O que está procurando, meu senhor?— Sua resposta é seguida de um silêncio breve.

— Eu não sei. A busca não foi conforme as minhas expectativas — ele indaga enquanto tateia
uma estante de livros olhando para seus títulos — Me dê a sua faca.

— Claro, aqui está — ele entrega a arma — No entanto, o senhor tem certeza de que aquilo
que procuras está aqui? Nesta casa.

— Esta é a localização fornecida. Não tenho dúvidas. O homem decidido a encontrar, segura a
faca e a pressiona contra seu pulso direito. Se ouve o gotejar caindo e se espalhando por
aquele piso, é o sangue. O homem responsável pela busca, passa a desenhar e escrever no
chão com o próprio sangue, numa língua estranha que até seu seguidor desconhece.

— Isso é…

— O Acordo de Sangue. — continuou — Infelizmente, mesmo tendo sangue nobre eu não fui
abençoado com a dádiva dos espíritos. Não que isso seja um problema.
Seus olhos tomam a coloração vermelhada e passeia olhando para várias direções em
sequência numa velocidade surreal. Ele talvez esteja vendo tudo.

— Senhor! Está bem!?

— Estou, Jervich.

— Não parece, seus olhos estão vermelho! Seria conjuntivite? Meu Deus, precisamos procurar
um médico. . . Senhor?

— POUPE-ME DE SUA IGNORÂNCIA SERVO TOLO! APENAS SIGA-ME!

— Mas senhor!

— NADA DE “MAS”, VOCÊ FALA DEMAIS!

— Por que está gritando , senhor!?

— PORQUÊ!? — Ele olha para o lado e ao seu arredor — PORQUE ISSO DÓI PRA CARALHO!!!
MAS EU ACHEI QUEM ESTAMOS PROCURANDO.

O homem em seu estágio de dor pulsante em seus olhos, caminha firmemente até que chega
em frente a uma parede, como todas as outras paredes daquela casa. Num chute, a parede cai
dando acesso a um quarto secreto onde uma criança brande seu machado visivelmente maior
que seu próprio corpo, assustado e em fúria ele os insulta:

— Deixem a minha casa em paz! Seus pau-mandado!

— Huhuhu, vê isto, Jervich? Esse é o olhar de alguém que já entendeu seu destino. Não há
muito o que possa ser feito.

— Meu senhor, parou de gritar de repente?

— A dor cessou e o acordo tamb— O nobre é interrompido quando o machado passa por ele,
cortando levemente seu rosto, o garoto havia arremessado com todas as suas forças — Minha
nossa, é muita força para alguém com sua aparência. Você poderia ter me matado. . . Tem um
lenço, Jervich? Estou sangrando.

Ele olha para trás, e ali está o cocheiro morto, com um machado gravado o meio de sua cabeça,
o sangue desde continuamente e a vida não reside mais ali.

— Poxa, terei de conduzir os cavalos eu mesmo. Ei, seu nome é Hideki não é?

— E se for?

— É, talvez seja. Você talvez se pergunte porque um nobre como eu estaria pisando num lugar
podre desses apenas para buscar um garoto.

— Não.

— Ah. . . Nem um pouco? Bom, deixa eu me apresentar: Me chamo Maigrey, espero que possa
colaborar comigo.

Hideki o ignora e corre, logo sendo acertado por uma adaga em seu pai caindo sobre uma pilha
de escombros. O aristocrata então começa a pisar em seu rosto até que o garoto esteja
completamente nocauteado.
— Que coisa... Por que você é tão necessário?

A criança então é levada.

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