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BENS PÚBLICOS

Resumo cap. 9 Direito Adm Facilitado

Domínio público:

A) em sentido amplo: também denominado domínio eminente,


está relacionado ao poder exercido pelo Estado sobre todos
os bens, sejam eles públicos ou privados, que se localizem
em seu território. É utilizado para fundamentar as limitações
estatais impostas aos particulares.
B) em sentido estrito: está relacionado ao conjunto de bens
pertencentes ao Estado. É, literalmente, o próprio patrimônio
público, ou seja, são os bens públicos.

➔ Art. 98, CC. São públicos os bens do domínio nacional


pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno;
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.

Portanto, são considerados públicos os bens pertencentes aos entes


federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), às
autarquias (incluindo as associações públicas) e às fundações
públicas que utilizarem o regime de direito público.

As Empresas Estatais, só terão seus bens tratados como de domínio


público (assunção de prerrogativas) quando exercerem prestação de
serviço público, e enquanto durar a atividade.

Em resumo, podemos dizer que, enquanto o Código Civil (corrente


dominante) se importa com a titularidade do bem, classificando como
públicos os bens apenas se pertencentes às pessoas de direito
público, a corrente mista (minoritária) entende como públicos os bens
utilizados para a prestação de serviços públicos, ou seja, não leva
em consideração quem é o titular do bem, e, sim, para qual tipo de
atividade ele serve.

Os bens públicos podem ser federais, estaduais, distritais ou


municipais. A Constituição Federal não elencou quais os bens
pertencentes ao Distrito Federal e aos Municípios, mencionando,
apenas, quais os bens de titularidade da União e dos Estados.

➔ Bens da União (art. 20, CF)


➔ Bens dos Estados (art.26, CF)

A classificação mais importante envolvendo os bens públicos é


aquela que considera sua destinação. Segundo o Código Civil, os
bens públicos podem ser de uso comum do povo, de uso especial ou
dominical.

➔ arts. 98 - 103 CC.

A) Bens públicos destinados ao uso comum do povo: podemos


dizer que esses bens servem para o uso geral das pessoas,
não possuindo uma finalidade específica em sua utilização.
Pode ser pago ou a título gratuito.

B) Bens públicos destinados ao uso especial: são bens públicos


com destinação específica. Podem ser bens móveis ou
imóveis. Em regra, a administração é usuária direta do bem.

C) Bens públicos destinados a uso dominical: de forma simples,


podemos classificar os bens dominicais como aqueles
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público que,
entretanto, não estão sendo usados para nenhuma finalidade,
seja genérica ou específica. Assim, teremos bens
desafetados, ou seja, que não possuem uma utilidade
pública. Pode ser bem móvel ou imóvel.

** bens afetados (consagrados) são os bens com utilidade pública e


desafetados os sem utilidade pública, entretanto, tal classificação
não é estanque, ou seja, um bem afetado poderá se tornar
desafetado e vice-versa.

O procedimento de afetação é bastante simples, pois bastará a


destinação do bem para que este se torne de uso comum do povo ou
especial.

O procedimento de desafetação (desconsagrados) , por sua vez, é


bem mais complexo, pois, para que se efetive, faz-se necessária a
edição de uma lei específica ou a produção de um ato administrativo
expresso. Assim, o não uso do bem não o torna de maneira
automática bem de uso dominical; faz-se imprescindível a
manifestação expressa do Poder Legislativo (lei específica) ou do
Executivo (ato administrativo).
Cumpre observar que poderá existir a desafetação em virtude de
fatos da natureza. **

Atributos dos bens públicos:


São quatro os atributos principais: imprescritibilidade,
impenhorabilidade, não onerabilidade e alienabilidade condicionada.

➔ Art. 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a


usucapião.
➔ Art. 183, § 3.º, CF. Os imóveis públicos não serão adquiridos
por usucapião.

Os bens públicos não estão sujeitos à penhora; eles são


impenhoráveis. Então, pergunta-se: como o Estado paga seus
débitos? Simples, pelo sistema de precatórios instituído pelo art. 100
da Constituição Federal.

➔ Art.100 CF: Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas


Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de
sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos
créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de
pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim.

Entretanto, no tocante aos bens públicos, eles não podem ser objeto
de nenhum ônus real de garantia, tais como hipoteca, penhor e
anticrese.

Só poderão ser alienados os bens de uso dominical, ou seja, aqueles


que não estejam sendo utilizados para nenhuma finalidade pública
específica.

O procedimento da venda dos bens públicos encontra-se disciplinado


na lei geral de licitação e contratos (Lei 8.666/1993).

Alienação de bens móveis: a) os bens devem estar desafetados b)


deve existir interesse público c) deve haver avaliação prévia d) há
necessidade de licitação (no caso dos bens móveis, como regra,
deverá ser adotado o leilão como modalidade licitatória, salvo se o
valor da venda for superior a R$ 1.430.000,00 (um milhão,
quatrocentos e trinta mil reais), pois, nesse caso, deverá ser usada a
modalidade concorrência.)

➔ Art. 17, Lei 8.666/1993. A alienação de bens da


Administração Pública, subordinada à existência de interesse
público devidamente justificado, será precedida de avaliação
e obedecerá às seguintes normas: [...] II – quando móveis,
dependerá de avaliação 1. 2. 3. 4. prévia e de licitação (...).

➔ Art. 22, § 5.º, Lei 8.666/1993. Leilão é a modalidade de


licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens
móveis inservíveis para a administração ou de produtos
legalmente apreendidos ou penhorados [...].

➔ Art. 17, § 6.º, Lei 8.666/1993. Para a venda de bens móveis


avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior
ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea “b” desta Lei, a
Administração poderá permitir o leilão.

Alienação de bens imóveis:

➔ Art. 17, Lei 8.666/1993. A alienação de bens da


Administração Pública, subordinada à existência de interesse
público devidamente justificado, será precedida de avaliação
e obedecerá às seguintes normas: I – quando imóveis,
dependerá de autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e fundacionais,
e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá
de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência [...].

Perceba que, no caso dos bens imóveis, além dos requisitos


analisados (bem desafetado, interesse público, avaliação prévia e
licitação), deverá existir uma autorização legislativa no caso de a
alienação ser relacionada a um bem público.

➔ Art. 22, § 3.º, Lei 8.666/1993. A concorrência é a modalidade


de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto,
tanto na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o
disposto no art. 19 [...].

➔ Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja


aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de
dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da
autoridade competente, observadas as seguintes regras: [...]
III – adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de
concorrência ou leilão.

➔ Art. 23. A alienação de bens imóveis da União dependerá de


autorização, mediante ato do Presidente da República, e será
sempre precedida de parecer da SPU quanto à sua
oportunidade e conveniência. § 1.º A alienação ocorrerá
quando não houver interesse público, econômico ou social
em manter o imóvel no domínio da União, nem
inconveniência quanto à preservação ambiental e à defesa
nacional, no desaparecimento do vínculo de propriedade. §
2.º A competência para autorizar a alienação poderá ser
delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, permitida a
subdelegação.

O Uso dos bens públicos pelos particulares:

Os bens públicos podem ser usufruídos pelos particulares de forma


normal ou anormal. O uso normal é aquele dentro do escopo do bem,
por exemplo, o particular que usa uma praça pública para lazer e as
ruas para se locomover em seu carro está gozando desses bens
dentro da finalidade esperada. Entretanto, em algumas situações, o
particular almeja uma finalidade diversa para aquele bem, por
exemplo, a utilização da praça pública para a realização de um
casamento privado. Nesse caso, estaremos diante de um uso
anormal (também denominado especial), que pode ser do tipo
remunerado ou privativo.

Formas de consentimento estatal para uso especial de bens


públicos:

Autorização de uso - quando o particular almeja utilizar, de forma


privativa, determinado bem público para seu interesse puramente
privado, deverá solicitar ao Poder Público uma autorização; logo,
precisarão receber do Poder Público uma liberação.

Principais características da autorização: Ato administrativo


(unilateral); Ato discricionário; Precário; Interesse particular; Não
precisa de licitação; O uso pode ser gratuito ou oneroso

Permissão de uso - a permissão é ato administrativo unilateral,


discricionário e precário. No entanto, diferentemente do que ocorre
na autorização, o uso do bem público será feito em prol do interesse
predominantemente público.

A regra é que a permissão seja ofertada a título precário, logo, em


caso de revogação desta por parte do Poder concedente, não será
oferecido ao particular direitos indenizatórios.

Cite-se, como exemplo, a permissão para que o particular instale


uma banca de jornal na calçada. Perceba que, nesse caso, existe o
interesse coletivo relacionado ao acesso à informação.

Principais características da permissão: Ato administrativo


(unilateral). Ato discricionário. Precário (regra). Interesse público.
Precisa de licitação. O uso pode ser gratuito ou oneroso.

Concessão de uso Diferentemente dos institutos da autorização e


permissão, que são concedidos mediante um ato administrativo, a
concessão de uso de bem público é um contrato administrativo
formalizado após prévio procedimento licitatório.

A finalidade desse instituto é conceder ao particular o uso mais


duradouro de determinado espaço público. Podemos citar como
exemplo a concessão para instalação de um Box em um mercado
público.
Por fim, assim como nas outras formas de consentimento estatal, a
concessão pode ser ofertada de forma gratuita ou onerosa.

Principais características da concessão: Contrato administrativo.


Prazo determinado. Uso mais duradouro do bem público. Interesse
público. Precisa de licitação. O uso pode ser gratuito ou oneroso.

Concessão de direito real de uso - É um contrato administrativo que


transfere a um particular o direito real de uso de um bem público,
podendo, inclusive, o concessionário transferir esse título por ato
inter vivos ou por sucessão legítima ou testamentária.

➔ Decreto 271/1967.Art. 7.º É instituída a concessão de uso de


terrenos públicos ou particulares remunerada ou gratuita, por
tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel,
para fins específicos de regularização fundiária de interesse
social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da
terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação
das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência
ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas.
[...] § 4.º A concessão de uso, salvo disposição contratual em
contrário, transfere-se por ato inter vivos, ou por sucessão
legítima ou testamentária, como os demais direitos reais
sobre coisas alheias, registrando-se a transferência.

Concessão de uso especial para fins de moradia - Essa concessão


será ofertada de forma gratuita ao homem ou à mulher,
independentemente do estado civil, que preencha os requisitos
instituídos pela Medida Provisória 2.220/2001:

➔ Art. 1.º Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu


como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público
situado em área com características e finalidade urbanas, e
que o utilize para sua moradia ou de sua família, tem o direito
à concessão de uso especial para fins de moradia em relação
ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou
concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou
rural. § 1.º A concessão de uso especial para fins de moradia
será conferida de forma gratuita ao homem ou à mulher, ou a
ambos, independentemente do estado civil. § 2.º O direito de
que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo
concessionário mais de uma vez. § 3.º Para os efeitos deste
artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, na posse
de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião
da abertura da sucessão.
Cessão de uso - Segundo a doutrina majoritária, tratando-se de
bens dominicais, poderá o Poder Público transferir bens públicos de
um órgão para outro com o escopo de buscar maior eficiência no
desempenho das atividades estatais. Como regra, esse repasse se
efetiva por meio de convênios ou de termos de cooperação.

Parei na pág 560

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