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Antes de adentrar na ideia de Rogers sobre grupos, vamos tentar entender como ele
entendia o ser humano, qual era a sua visão sobre a nossa espécie.
Pra isso, nós partimos da ideia de um conhecido nosso, Skinner, pra fazer uma
contraposição.
Inclusive existe um livro chamado Skinner X Rogers: maneiras contrastantes de encarar
educação, de 1972, escrito por dois professores universitários norteamericanos que
colocam em análise a programação de ensino de Skinner e a liberdade para aprender de
Rogers, ou seja, o comportamentalismo de Skinner X a fenomenologia de Rogers.
Para Skinner: nossos comportamentos são sempre controlados, independentemente de
reconhecermos isso ou não. A liberdade seria uma ilusão, pois são muitas as
contingências que interferem nos nossos comportamentos, sendo que Herança genética,
experiências vividas e o ambiente CONTROLAM nossas ações. Lembrando que
controle, aqui, significa influência.

Já para Rogers, embora muitos de nossos comportamentos sejam controlados,


previsíveis e regulados por certas leis, existem valores e escolhas importantes que estão
no âmbito do controle pessoal.
Então Rogers tem uma visão positiva sobre o ser humano (o primeiro item do slide).
Para ele, pessoas são, geralmente, amistosas, construtivas, buscam o desenvolvimento.
Mas, se inseridas em um ambiente de pessoas que as valorize, compreenda e aceite.

Pessoas que não são assim, segundo Rogers, cresceram em um ambiente sem afeto,
aceitação ou segurança. Mas, mesmo assim, existem fortes tendências para a realização,
que estão soterradas nos níveis mais profundos do ser. Rogers não nega os processos
mentais inconscientes, dos quais raramente nos damos conta, e que podem ser altamente
destrutivos, mas enfatiza nossa habilidade de escolher conscientemente o que faremos
de nós mesmos.
Os processos psicológicos conscientes predominam nas pessoas que não apresentam
nenhum transtorno. Elas, normalmente têm alguma compreensão do porquê das suas
ações.
O ser humano é, também, capaz de LIVRE ESCOLHA E AUTODIRECIONAMENTO.
Tem a tendência de mover-se adiante. Se as condições forem favoráveis, ele vai se
direcionar para a autoatualização, quer dizer, para o crescimento pessoal, para o
desenvolvimento de todas as potencialidades .
O ser humano é, portanto, um ser em movimento e ativo no mundo,

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Também carregamos tendências atualizadoras e realizadoras, que têm uma base
biológica: assim como plantas e animais têm uma tendência inata para o crescimento e a
maturidade biológicos, os seres humanos também apresentam essa tendência.
Contudo, nós temos algo mais: nosso diferencial é a AUTOCONSCIÊNCIA: ou seja,
somos capazes de fazer escolhas livres e de ter um papel ativo na formação das nossas
personalidades. Por isso não somos apenas atualizadores, mas
AUTOATUALIZADORES: somos capazes de decidir quem queremos ser.
Também temos a característica da UNICIDADE, que significa que pertencemos a uma
mesma espécie, compartilhamos similaridades, mas Rogers enfatiza as diferenças
individuais, a unicidade de cada indivíduo, no lugar das similaridades.
Então, embora o ser humano tenha uma tendência inata para a autoatualização, o
crescimento psicológico não é automático. Por que? A influência social é fator
importante para o nosso desenvolvimento.

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Em um ambiente acolhedor, cada pessoa vai se desenvolver à sua maneira, tornando-se


mais aberta às próprias experiências e desenvolvendo uma maior aceitação de si
mesmas e dos outros.
Quando esse ambiente acolhedor é oferecido, o indivíduo se sente capaz de escolher e
de autodirigir-se. Todo indivíduo tem o potencial, a necessidade, o desejo pelo
crescimento. Ele vai buscar isso. Mas apenas em um ambiente livre de ameaças os seres
humanos podem fazer desabrochar seus potenciais para a EMPATIA, LEALDADE,
AUTENTICIDADE, AUTODIRECIONAMENTO, AUTOACEITAÇÃO.

E é assim, aceitando-se, que as pessoas mudam. (esse é o conhecido paradoxo de


Rogers)
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“Poder-se-ia dizer, em outras palavras, que tenho a impressão de me ter tornado mais
capaz de me deixar ser o que sou. Tornou-se mais fácil, para mim, aceitar a mim mesmo
como um indivíduo irremediavelmente imperfeito e que, com toda certeza, nem sempre
atua como eu gostaria de atuar. Tudo isso pode parecer uma direção muito estranha a
seguir. Parece-me válida pelo curioso paradoxo que encerra, pois, quando me aceito
como sou, estou me modificando. [...] não podemos mudar, não nos podemos afastar
do que somos enquanto não aceitarmos profundamente o que somos. [...] Uma outra
consequência dessa aceitação de mim mesmo é que as relações se tornam reais.”
(ROGERS, 200?, p. 20) Da obra “Tornar-se pessoa”.
Rogers apostava na autenticidade das relações.

É a partir dessa ideia de ser humano que Rogers vai trabalhar com os grupos: UM SER
AUTODIRECIONADO, APTO PARA O DESENVOLVIMENTO, ATIVO, ÚNICO.

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Durante mais de trinta anos, ele trabalhou com aconselhamento individual e
psicoterapia. Mas, houve um momento em que ele percebeu a força da mudança em
atitudes e comportamentos que poderiam ser conseguidos em um grupo, em uma
vivência grupal planejada e intensiva. Essa foi, para Rogers, a invenção social do século
XX.
A origem do trabalho com grupos desenvolvida por Rogers encontra em Kurt Lewin um
dos nomes mais importantes. Anteriormente a 1947, Lewin desenvolveu com sua equipe
e com estudantes do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (o MIT), a ideia de que o
treino das capacidades em relações humanas era um importante, porém esquecido, tipo
de educação na sociedade moderna. O primeiro tipo de grupo criado foi o T group
(training group), realizado após a morte de Lewin, em 1947, em Bethel, no estado de
Maine. A equipe de Lewin continuou seus trabalhos, não só no MIT, mas também na
Universidade de Michigan. Os grupos de verão de Bethel ficaram famosos, formou-se
uma organização, os Laboratórios nacionais de treinamento (N T L), com escritórios em
Washington. As primeiras tentativas foram com grupos do campo industrial, atingindo
administradores e diretores. Os T groups, então, eram para treino das capacidades das
relações humanas, nas quais se ensinava aos indivíduos a observarem a natureza de suas
interações e do processo de grupo. Eles observaram que, desse modo, os participantes
poderiam compreender melhor a sua própria maneira de funcionar num grupo e os
impactos que teriam sobre os outros, tornando-se mais competentes para lidar com
situações interpessoais difíceis. Então, era uma tentativa de ligar a aprendizagem
experiencial com a cognitiva, num processo que tinha valor terapêutico para os
indivíduos e extrapolava os limites do setting de trabalho.
Inspirado nessa proposta, Rogers começou a praticar, entre 1946 e 1947, o treinamento
de conselheiros do Centro de Aconselhamento psicológico da Universidade de
Michigan.
Comparando suas atividades com as de Lewin, Rogers sugere que os grupos T
acentuavam as capacidades do indivíduo para as relações interpessoais, enquanto o
grupo de encontro enfatizava o crescimento pessoal e o desenvolvimento e
aperfeiçoamento da comunicação e das relações interpessoais. Isso favorecia que a
pessoa expressasse seus desejos e necessidades antes das necessidades das instituições.
Ou seja, uma maior independência pessoal, maior oposição à rigidez institucional.
Quem receasse mudanças, que não se juntasse a um grupo de encontro.
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Mas o que é um grupo, dentro da perspectiva de Rogers?
Espaço privilegiado para o crescimento pessoal dos indivíduos.
Ambiente onde indivíduos  se aproximam como pessoas, e não desempenhando 
papéis ou vestindo máscaras.
Oportunidade de explorar novas maneiras de ser com segurança.
É propiciar que as pessoas se aproximem pelos elementos humanos que há em cada
um.

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Quais seriam os Efeitos do grupo?

Apoderamento dos sentimentos, autodeterminação, compromisso e direção interiores,


autoestima e autoaceitação, confiança, congruência entre o eu percebido e o “eu ideal”,
diminuição do autoritarismo em relação ao outro, menos interesse no controle de outros,
maior competência para o trabalho em equipe, ressonâncias no âmbito familiar e
institucional. 
A base das relações: empatia, a autenticidade e a aceitação incondicional.

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À medida em que o interesse pela experiência intensiva dos grupos foi crescendo, foram
surgindo várias modalidades diferentes (Rogers cita mais de 10 no seu livro), mas
mantendo algumas características comuns: grupos pequenos, entre 8 e 18 membros; a
intensidade da experiência, eram grupos relativamente não estruturados, escolhendo os
próprios objetivos e direções pessoais. Há diferenças em relação ao tempo, que pode ser
de um final de semana até várias semanas. Há os grupos maratona, que se reúnem
durante 24 horas corridas ou mais.
Os alicerces conceituais de todo esse movimento foram, inicialmente, o pensamento de
Lewin, a psicologia gestáltica e a terapia centrada no cliente. Os dois últimos
marcadamente fenomenológicos: QUER DIZER, o ser humano percebe o mundo de
formas diferentes.

AGORA vamos começar a falar do GRUPO DE ENCONTRO


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Diferenças entre aconselhamento e intervenção psicológica


As diferenças encontradas referem-se a: (a) tempo da intervenção, sendo o
aconselhamento mais breve; (b) complexidade do caso e intensidade do atendimento,
sendo a psicoterapia mais profunda; (c) demanda apresentada, sendo o aconselhamento
mais voltado para situações contextuais e situacionais; (d) intervenções em
aconselhamento focam a ação, mais do que a reflexão, e são mais centradas na
prevenção do que no tratamento; (e) o aconselhamento é mais focado na resolução de
problemas. As semelhanças referem-se ao escopo do processo de ajuda, às atitudes do
psicólogo e à necessidade de desenvolvimento de recursos terapêuticos para
estabelecimento de uma relação que possa ser considerada efetiva e atingir os objetivos
delineados. Destaca-se a necessidade de que mais pesquisas sejam desenvolvidas sobre
o aconselhamento psicológico no Brasil, haja vista a farta produção científica no campo
das psicoterapias.

INCONSCIENTE

Para que possa se movimentar em direção ao crescimento e à realização, ele


precisa ser COMPREENDIDO E VALORIZADO INCONDICIONALMENTE
POR UMA PESSOA CONGRUENTE, GENUINA, AUTÊNTICA.

Natureza essencialmente positiva


Movemo-nos em busca da autorrealização.
Era um fenomenologista, entendia que cada indivíduo percebia o mundo de maneira
única.
As percepções que o indivíduo tem sobre o mundo formam o seu campo fenomenal,
formado pelas percepções conscientes e inconscientes.
As conscientes são aquelas sobre as quais podemos pensar e refletir objetivamente: se
vejo uma flor, sou capaz de pensar sobre sua cor, sua textura, sentimentos ou
lembranças que ela evoca em mim.
As percepções inconscientes escapam à minha capacidade de pensar sobre elas de forma
objetiva, como valores que vou incorporando à minha vida pela convivência em um
determinado ambiente.
Rogers considera que são as percepções conscientes e as capazes de se tornarem
conscientes que são determinantes do nosso comportamento.
Quanto mais saudável psicologicamente, mais meu comportamento será determinado
por aspectos conscientes, os que tenho capacidade de pensar sobre.

CAMPO FENOMENAL
Formado pelas percepções conscientes e inconscientes que temos sobre a realidade é o
nosso mundo privado. Cada pessoa tem o seu próprio campo fenomenal, inacessível aos
outros de forma integral.
Mas é possível fazermos um esforço para tentar perceber o mundo da forma como ele é
percebido por outras pessoas e entender o significado que esse mundo tem para elas.

O SELF
É parte do campo fenomenal, onde estão as percepções que formam nosso autoconceito:
a forma como nos vemos. Ao longo da vida, o self se modifica, aprendemos coisas
novas, vivenciamos experiências, e isso interfere na forma como nos vemos.
O processo de mudança do self é gradual e mantem relações com outras percepções.
Existe uma coerência entre
a forma como eu me vejo
a forma como eu vejo o mundo
a forma como eu me vejo no mundo
O self, que é esse conceito que tenho sobre mim, é formado por percepções e
experiências conscientes ou que podem se tornar.
Ele não é formado por material que não possa ser acessado pela consciência.
Ao contrário de outras teorias que consideram que uma parte do meu eu é inconsciente,
Rogers defende que somos capazes de ter total consciência do nosso autoconceito se nos
propusermos a investigá-lo.
SELF IDEAL
Conceito que cada pessoa gostaria de ter. É constituído por aqueles aspectos altamente
valorizados por cada indivíduo. É a idealização que cada um faz de si mesmo, a pessoa
que gostaríamos de ser.
AUTORREALIZAÇÃO
A busca por ela é que move o ser humano. Desenvolver nossas potencialidades de
maneira plena é uma tendência fundamental nos seres humanos.
VIDA é um processo ativo. Contra todas as adversidades, nos adaptamos, nos
desenvolvemos e nos tornamos quem somos.
Autorrealização é a nossa tendência de crescer a partir de uma entidade simples para
uma complexa, de um ser dependente para um ser independente, da rigidez para a
liberdade e a mudança.
CONGRUÊNCIA
Outra tendência do ser humano é tentar manter certa harmonia entre as percepções que
fazem parte do seu campo fenomenal, ou seja, de evitar a coexistência de percepções
discrepantes, particularmente no self. Procuramos manter uma visão de nós mesmos que
seja coerente, não conflitante. Não significa que as contradições não existam em nossa
personalidade, mas nos esforçamos para tentar conciliar, harmonizar todos os elementos
que estruturam nosso autoconceito.
A MAIOR PARTE DOS NOSSOS COMPORTAMENTOS ESTÁ ALINHADA COM
A FORMA COMO NOS VEMOS
Evitamos fazer o que consideramos que esteja em conflito com a pessoa que somos.
Uma pessoa tímida enfrentará ansiedade ao ter que falar um público. A ansiedade é o
sintoma que emerge da discrepância entre o self e a experiência que está sendo vivida.
Por isso deixamos que buscar nosso crescimento, pois pensamos que os caminhos que
levam a ele não estão de acordo com as nossas capacidades. Isso ocorre porque, apesar
de termos a tendência de buscar a autorrealização, também temos a tendência de
preservar a integridade do self, ou seja, de preservar a ideia que temos de nós mesmos.
Fugimos de experiências que estejam em desacordo com as crenças que temos sobre as
nossas capacidades, nosso merecimento, nossas noções sobre o que é certo ou errado.
NECESSIDADE DE ACEITAÇÃO
À medida em que crescemos, a parte do campo fenomenal que chamamos de self torna-
se cada vez mais complexa. Nesse processo, o indivíduo desenvolve a necessidade de
ser aceito, de fazer parte da coletividade, desenvolver relações. Em alguns, essa
necessidade pode se tornar maior do que a necessidade de se conectar com seus próprios
sentimentos. Então o indivíduo começa a negar elementos que fazem parte de sua
personalidade para manter a aceitação dos outros.
Crianças que crescem em um ambiente no qual o afeto dos pais é moeda de troca para o
bom comportamento, tendem, quando adultos, a negar seus próprios sentimentos para
manter a aceitação dos outros.
O ambiente de desenvolvimento psicologicamente saudável é aquele onde a criança
sabe que é amada, mesmo que seja repreendida.
O adulto que ameaça com a perda do afeto, ensina que a criança só é digna de ser amada
quando se comporta como os outros acham certo.
O PAPEL DO TERAPEUTA OU ACONSELHADOR é ajudar o cliente a remover os
entraves mentais que o impedem de liberar seu potencial de autorrealização. Uma vez
removidas as crenças limitadoras desse potencial, as pessoas se tornam capazes de
resolver seus próprios problemas e buscar sua autorrealização.

AFONSO FONSECA
Rogers foi pioneiro de uma concepção e método não só de uma psicoterapia
fenomenológica existencial, mas de uma concepção fenomenológica de trabalho com
grupos.
Ele não assume, de fato, o enraizamento fenomenológico existencial, mas ele cita isso
no final de “Psicoterapia e relações humanas”.
Rogers passou por um processo particular, derivado do lugar dele nos EUA, em uma
cultura acadêmica eminentemente objetivista, da qual ele tentou se libertar evoluindo na
direção da fenomenologia existencial.
Todo movimento de concepção, de metodologia, de experiência de trabalho com grupos
parece um streap-tease teórico. Rogers entende que essa metodologia não é explicativa,
mas compreensiva, da vivência. É, também implicativo, e não explicativo. Rogers vai
tentando despir-se da influência religiosa, altamente moralista, do objetivismo, da
teorização, para chegar em uma das bases de sua prática: a empatia, o ponto zero da
teoria.
Para Fonseca, a teoria de Rogers é frágil, vulnerável, diferentemente da sua prática, do
seu aspecto metodológico. Desse ponto de vista, ele é um dos maiores produtores de
uma abordagem fenomenológica existencial, quer seja em terapia, quer seja em
psicologia, quer seja no trabalho com grupos.
Influenciado pelos movimentos de grupo da sua época, especialmente de Kurt Lewin, os
movimentos de sensibilização, os T- groups, todos esses grupos que pululavam nos
EUA, Rogers vai se convencendo da necessidade de desenvolver um trabalho com
grupos. Num primeiro momento, a ideia era trazer pro grupo o que ele tinha feito em
terapia individual. Antes de 1974, os grupos de encontro são uma tentativa de utilizar o
método que ele havia desenvolvido em psicoterapia individual num contexto de grupo.
A parir de 74, esse modelo vai ser modificado, principalmente a partir de um grupo
novo de jovens psicólogos da Califórnia e a partir de Maurin Miller, que trazia um
modelo gestáltico de trabalho com grupos do instituto de Cleveland. A partir dessas
influências ele lança m paradigma novo de trabalho com grupos, que era um paradigma
fenomenológico existencial. Eles começam a experimentar o modelo dos grupos
vivenciais a partir dessa radicalização do método de trabalho com grupos.
Ele vai entender que não só a pessoa, quando não é reprimida de entrar em uma
vivência fenomenológica, mas também o grupo, o grupo começa a desenvolver todo um
processo coletivo de vivência, compartilhado, de vivência de possibilidades e de ação
tanto no nível pessoal, quanto grupal.
O grupo segue seu fluxo natural, sem ser reprimido.

TV CULTURA
O que são os grupos de encontro?
É uma maneira das pessoas se aproximarem como pessoas, e não como papeis. Não
como um psiquiatra e um ator de TV, por exemplo.

Eles têm se desenvolvido, nas últimas décadas, especialmente nos EUA, mas em outros
países também.
É uma oportunidade para um grupo de pessoas, conhecidas ou não, de ficarem
conhecendo uma à outra em um nível mais profundo. É uma oportunidade para uma
comunicação mais aberta e mais real do que acontece na vida diária. Nesses momentos,
as pessoas podem descartar-se dos papeis e máscaras que usam em sua vida diária, e
expressar o seu verdadeiro interior. É também uma oportunidade de explorar novas
maneiras de comunicação. Uma pessoa pode não ter jamais se confrontado com outra,
deixando vir á tona seus sentimentos reais. Mas, num grupo de encontro, há segurança
para fazer isso. Assim os participantes experimentam novas maneiras de ser. É uma
chance de se conhecerem, simplesmente, como uma pessoa encontrando outra pessoa.
O propósito é quebrar as barreiras de comunicação, mesmo entre grupos culturais
diferentes. É propiciar que as pessoas se aproximem pelos elementos humanos que há
em cada um.

O que é um facilitador?
Há uma boa razão para a escolha do termo. O grupo de encontro não é um tipo de grupo
onde um indivíduo conduz o outro para um determinado objetivo. O facilitador deve
apenas tornar possível às pessoas se expressarem como são. São elas que determinam a
direção, são elas que tentam tornar-se, cada uma, um ser humano mais completo. Ele
não tem ideia da direção exata que cada pessoa pode vir a tomar, nem o grupo. Ele sabe
apenas que, quando consegue um certo tipo de clima, ambiente, as pessoas emergem e
começam a encontrar a sua própria direção.
O facilitador é alguém que os encoraja a encontrar-se, e não um líder que guia ou aponta
objetivos.

Ele se envolve ou fica distante dos membros do grupo?


No tipo de abordagem centrada na pessoa, nossa ideia é que, no início, o facilitador
ajude o grupo a tomar impulso. À medida em que o grupo caminha, ele se torna, cada
vez mais, um membro do grupo, expressando seus próprios sentimentos, sendo ele
mesmo para os demais. Ao chegar ao final de um GE, o facilitador não é mais uma
pessoa à parte, mas um membro do grupo idêntico aos demais.
Quanto mais ele se sente livre para expressar seus sentimentos, mais os membros do
grupo conseguem se expressar tal como são.

O grupo: desconforto inicial, não sabiam o que falar, pois não havia um tema.
A dificuldade é quando cada um deve trazer a sua própria ideia, seu tema.
Queriam acabar logo.
Pouca espontaneidade.
Rogers:
Foi um bom exemplo do início de um grupo de encontro: lento, temeroso, com as
pessoas temerosas. Tudo bem devagar, com essa relutância cautelosa que vimos aqui.
Inicialmente há um desejo de corresponder às expectativas: o que devo fazer, falar?
Depois percebem que não há nada determinado.
Depois tem o medo dos outros: será que eu confio em vocês?
Será seguro dizer o que realmente estou sentindo?
Leva tempo para que a confiança se desenvolva.
Primeiro todos se dirigiam á facilitadora, só depois passaram a falar uns com os outros.
Depois passaram a expressar sentimentos simples: estou nervoso.
Gradualmente, outros sentimentos não tão simples brotaram, como: gosto de me
arriscar. Começamos a conhecer um pouco dessa pessoa quando ela disse isso.
É típico do começo dos grupos: todos falavam baixinho. É parte do medo que todos
sentem n começo.
Depois o volume aumenta.
Há ambivalência no compartilhar coisas. Será que devo? Não tenho certeza. Leva um
tempo para saber em que pé vc está sobre isso.
Outro sentimento: alguém disse que gostaria de dizer ao grupo que o amor existe, que é
possível comunicá-lo, que se pode aceitar alguns riscos. Mas isso é algo que não se
pode dizer aos outros. Cada um tem que sentir isso.
Uma das funções do facilitador é perceber quando alguém expressa vontade de dizer
algo, mas tem medo. Aí é o caso de encorajá-la, dar atenção.
Uma das coisas mais difíceis, no grupo, é assumir a responsabilidade pelo que diz. Ser
espontâneo implica seriedade, implicação, assumir os riscos do que diz.
Não estamos acostumados a ser, ao mesmo tempo, espontâneos e responsáveis.
Por que é tão difícil falar quando não há um tema?
Quando falo sobre um tema, é sobre algo que está fora de mim. Mas num GE a questão
é: o que tenho eu a dizer de mim? Isso exige muito mais responsabilidade.
Para quem nunca teve essa experiência, pode ser muito maçante, desinteressante. Mas
essa etapa é muito importante.
Se o grupo ficasse junto por 5 ou 6 horas, veríamos as pessoas compartilhando umas
com as outras, conhecendo-se mais profundamente.

A facilitadora iniciou dizendo como se sentia, isso encorajou os demais.


Os corpos falam, no começo: muito tensos.
Outra característica do GE: alguém disse eu queria falar, mas não se sentia à vontade.
Maria o deixou em paz, ela aceitou o que ele disse. Essa é a diferença entre um
facilitador centrado na pessoa e de alguém mais direcional, que tentasse forçar, como
em outros grupos.
Haverá momentos em que alguns membros preferirão mudar o comportamento, outros
não. Isso precisa ser respeitado. O grupo não precisa ser uníssimo.
Tudo que vem à tona é de pura responsabilidade da pessoa, e não da interferência de
outra pessoa. Eu consegui encontrar um sentido em mim mesmo. Essa é a essência da
atuação de uma pessoa num grupo.
Cada um deve ser respeitado genuinamente. Cada um deve ser o que realmente é. Cada
um é senhor de si mesmo.

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