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FACE/UFMG – Macroeconomia III

Curso de Ciências Econômicas – Prof. Lízia de Figueiredo

Mini-prova I (cinco pontos)– Modelo de Solow - 27/03/2018

Nome/número:
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Responda (V) ou (F) :

Sobre o Modelo de Solow sem progresso tecnológico:

1.( F ) O modelo supõe que duplicando o capital há duplicação do produto, tudo o mais
permanecendo constante;

Retornos constantes em todos os fatores

2.( F ) A renda per capita independe do valor do capital per capita;

y=f(k)

3. ( V ) O investimento líquido é igual ao investimento bruto menos o valor da depreciação


efetiva do capital. O investimento bruto é igual ao produto da taxa de poupança pela renda por
trabalhador;

Equação de acumulação de capital por trabalhador

4. ( V ) Um forte crescimento populacional requer a destinação de um valor maior da poupança


para manter estável a relação capital/trabalho (o capital por trabalhador);

Se k cair, y cai. Havendo crescimento população, se não houver uma compra de máquinas
somente destinada a equipar os novos trabalhadores, k cai e y cai.

5.( V ) No equilíbrio de longo prazo, o valor da poupança será somente suficiente para financiar o
valor da depreciação efetiva;

Em função dos retornos marginais decrescentes do capital, que fazem o valor da poupança crescer
a taxas decrescentes, enquanto a depreciação efetiva cresce a uma taxa constante.

6. ( V ) Quanto maior a taxa de depreciação, menor o capital por trabalhador, ceteris paribus;

Se não houver reposição das máquinas quebradas, k também cair.

7. ( V ) Quanto maior a taxa de crescimento da força de trabalho, tudo o mais constante, menor o
pib por trabalhador;

Já discutido em (4)

8.( - ) O modelo conclui que o pib por trabalhador de qualquer região cresce, no longo prazo, à
taxa do progresso tecnológico;

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Ops, não dei ainda o progresso tecnológico. Sem progresso, não há crescimento da renda per
capita de longo prazo. Rigorosamente, a resposta é F, mas não quero reforçar muito isto, pois a
ordem da exposição é somente por simplificação.

9.( V ) O produto por trabalhador não cresce no longo prazo pois há rendimentos marginais
decrescentes do capital;

Sim, a poupança por trabalhador é função da renda por trabalhador. Esta é produzida em
condições de rendimentos decrescentes do capital por trabalhador. Quando o capital por
trabalhador aumenta, a produção por trabalhador aumenta, mas a taxas decrescentes. Como a
poupança por trabalhador é função da renda por trabalhador, o mesmo ocorre com a poupança
por trabalhador. Esta poupança por trabalhador é o fundo disponível para os investimentos por
trabalhador (s=i, pois no longo prazo a taxa de juros equilibra o mercado de fundos de
empréstimo).

Por outro lado, enquanto o capital por trabalhador cresce, a depreciação efetiva do capital cresce,
demandando mais recursos para somente manter a relação k.

Dadas as diferenças de ritmos de crescimento dos recursos para investimento por trabalhador e
da demanda por investimentos de reposição por trabalhador, inevitavelmente haverá um
momento em que os recursos somente serão suficientes para manter um determinado k e, logo,
uma determinada y.

10.( F ) Diferenças em taxas de poupança não afetam diferenças em rendas per capita, embora
afetem diferenças no capital per capita;

Se afeta k, tem que afetar y.

11. ( V ) O estoque de capital total cresce à taxa de crescimento populacional; (ops, no longo
prazo)

Sim, lembre-se que k = K/L. Tire o ln e diferencie todas as variáveis no estado estacionário.

(veja apêndice)

12. ( F ) O modelo não é capaz de explicar a estabilidade da relação capital/produto observada


nos países;

Como o capital e o produto crescem à mesma taxa, segundo o modelo, a relação é prevista como
constante.

13.( F ) As inferências que podemos tirar do modelo são incompatíveis com o fato de que haja
diferenças persistentes entre as rendas per capita dos países;

Se os países tiverem diferentes s, n e d, o modelo prevê diferenças de renda per capita.

14. ( V ) A Coréia do Sul possui uma taxa de poupança muito maior do que a do Brasil. Com base
no modelo de Solow você pode afirmar que, tudo o mais constante, este seria um fator que
explicaria o melhor poder aquisitivo da Coréia do Sul.
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Tudo o mais constante, a Coréia teria mais recursos para financiar compra de k. Logo, o ponto de
equilíbrio de longo prazo teria um k maior.

Per Capita Income -


Output-side real GDP at chained PPPs (in mil. 2011US$)/population millions

  1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Brazil 1.593 2.350 3.328 5.246 5.879 8.576 13.440

China 1.139 1.267 1.578 2.332 4.022 9.389

USA 14.619 17.525 23.373 29.289 36.400 46.066 49.215

Fonte: PWT 9.0

Feenstra, Robert C., Robert Inklaar and Marcel P. Timmer (2015), "The Next Generation of the Penn World Table" American Economic
Review, 105(10), 3150-3182, available for download atwww.ggdc.net/pwt

Com base na Tabela acima e usando o modelo de Solow é possível inferir:

15.( V )Ao longo do período, os EUA possuem maiores taxas de poupança e/ou menores taxas de
crescimento populacional em relação ao Brasil e à China;

É sempre mais rico em termos per capita.

16.( V ) Nos anos indicados, a China parece ter superado o Brasil em taxa de poupança e/ou taxa
de crescimento populacional; (pergunta mal formulada – no período 50-2010)

Brasil 3.5 % de taxa de crescimento e China 4,2 nos últimos 50 anos.

17. ( F ) A China cresce 2,21% acima dos EUA no período 60-2010. O Brasil cresce 1,46% a mais
do que os EUA, no mesmo período. Somente a China passa por um “milagre” (há crescimento dos
EUA (2,09%), pois o progresso tecnológico gera um crescimento permanente da renda por
trabalhador, compensando os rendimentos marginais decrescentes do capital);

Olhando somente estes dados, é o que eu responderia. Nós sabemos que não é verdade. O
problema é que o Brasil passou por milagres e desastres.

18. ( V ) A China aumentou sua taxa de poupança ao longo do período.

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N era fixo por lei.

Estabilidade do equilíbrio

1.( F ) Se a economia estiver fora do estado estacionário e se o capital por trabalhador for inferior
ao seu valor de estado estacionário, pode-se inferir que a taxa de depreciação supera a taxa de
poupança do produto médio;

O contrário, a produtividade marginal do capital per capita alta gera uma poupança do produto
médio do capital (y/k) alta em relação à taxa de depreciação efetiva.

2.( F ) No caso de (1), a economia terá menor pib per capita, no longo prazo, correspondente ao
nível inferior de capital per capita;

Está em fase de taxa de crescimento positiva da renda per capita.

3. ( V ) Se o capital por trabalhador supera seu valor de estado estacionário, a poupança do


produto médio é inferior à taxa de depreciação efetiva;

A produtividade marginal do capital per capita baixa gera uma poupança do produto médio do
capital (y/k) baixo em relação à taxa de depreciação efetiva.

4. ( V ) No caso acima (3), haverá investimento líquido negativo. Com o decréscimo do estoque
de capital por trabalhador, haverá aumento do produto médio e logo da poupança do produto
médio, o que reduzirá o valor do (negativo) investimento líquido.

k declina, e quando declina sua produtividade marginal aumenta, logo seu y/k aumenta, logo sua s
y/k aumenta...etc.etc.etc

Choque positivo em s:

1.( V ) Um aumento na taxa de poupança, estando a economia originalmente em equilíbrio,


aumenta a poupança do produto médio (pelo efeito direto do aumento do s), que passa a superar
a taxa de depreciação, no nível original de k ;

Sim, no ponto original, a única diferença é o maior s.

2.( V ) Após o choque, há então investimento líquido positivo, ou seja, há um aumento do capital
por trabalhador. O crescimento do capital por trabalhador é acompanhado por crescimento da
renda por trabalhador;

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Y=f(k)

3. ( F ) O aumento da produção por trabalhador é acompanhado pelo aumento da relação y/k,


logo pelo aumento de sy/k, que se mantém superior à taxa de depreciação, enquanto não
atingirmos o estado estacionário;

Pela queda...

4.( F ) Com o choque em s, a economia entra numa fase de crescimento permanente do capital
por trabalhador;

Falso, transitório pois inevitavelmente....

5. ( V ) Quando há investimento líquido do capital por unidades efetivas de trabalho, o produto


por unidades efetivas de trabalho cresce alfa vezes o crescimento do capital por unidades efetivas
de trabalho. O capital per capita, por sua vez, cresce acima do progresso tecnológico (ops, usando
uma CD).

Usando uma Cobb-Douglas, y = kexp alfa

Ln y = alfa ln k

Taxa de crescimento de y = alfa taxa de crescimento de k, em transição. Logo, a relação k/y cai.

6.( V ) No novo equilíbrio de longo prazo, o valor da poupança será somente suficiente para
financiar o valor da depreciação efetiva do capita).

Blá blá blá

Aplicações para o Brasil: as questões abaixo, sobre Economia Brasileira, têm como base os
trabalhos de Bacha & Bonelli (2005) , Gomes et al (2003) , Borges Ferreira (2012) e Barro & Lee
(2010) (assuma que “tudo mais esteja constante” em todas as questões). Use o Modelo de Solow
como referência.

Responda V ou F:

1. ( V ) o desempenho da taxa de poupança (cai de 24%, em 1980, para 19%, em 2000)


pode ter colaborado para o crescimento negativo (-0,23% ao ano) do pib por hora
de trabalho, no período 1981-1994 ;

Queda de s – um determinante do nível de renda per capita de equilíbrio, gera desastre.

2. ( V ) a relação capital produto aumenta de 1,8, em 1970 para 2,8, em 1980.


Nitidamente, houve uma transição para um nível mais elevado de capital per capita na
década de 70 e o Brasil passa a ter maior capital por trabalhador;

Importante ver a questão 5 acima. k/y é obviamente o inverso de y/k


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3. ( V ) o pib por trabalhador no período 67-76 cresceu a 5,1% ao ano, logo podemos
inferir que o capital por trabalhador também cresceu;

Sem k cresce, y cresce.

4. ( V ) no período 1950-2000, o pib por trabalhador brasileiro cresceu à taxa de 2,1% ao


ano. Pode-se interpretar que este foi o valor do progresso tecnológico da economia
brasileira, numa análise baseada no modelo de Solow;

5. ( F ) o “Milagre Econômico” brasileiro poderia ter durado para sempre, não fosse o
choque do petróleo e a elevação da taxa de juros dos EUA na década de 70;

Inevitavelmente..blá blá blá

6. ( F ) O “Milagre” efetivamente aumentou nosso estoque de capital por trabalhador.


Se conseguíssemos alterar a taxa de poupança e a taxa de crescimento da força de
trabalho na mesma magnitude hoje, teríamos um “Milagre” da mesma magnitude do
que observamos no passado;

A primeira parte é verdadeira. No entanto, como hoje temos maior k, sua produtividade
marginal é menor. Haveria que ter maior esforço para aumentar significativamente sy/k
por meio deste instrumento.

7. ( V ) segundo Bacha & Bonelli (2005), o preço do investimento (o preço das máquinas
e equipamentos) no Brasil subiu a partir de 1976. Este fator pode ser interpretado com
um choque negativo na taxa de poupança (=taxa de investimento);

Pode ser interpretado no modelo por meio de queda de s.

8. ( F ) no período 1950-2000, a acumulação de capital por trabalhador contribuiu com


53% do crescimento da produtividade do trabalho. Podemos afirmar que, no período
como um todo, a economia brasileira estava em estado estacionário.

No estado estacionário a contribuição do capital per capita para o crescimento tem que
ser zero.

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