A respiração é um processo fundamental para garantir a sobrevivência dos
vegetais, assim como todos os outros seres vivos, esse processo consiste basicamente na degradação de carboidratos e outras moléculas, através da oxidação. A respiração pode ser definida como o processe em que compostos reduzidos são oxidados de forma controlada e gradativa. Ademais, é um processo metabólico/bioquímico no qual moléculas são reduzidas, ou seja, moléculas com muita energia associadas as suas estruturas vão ser gradativamente oxidadas. Ao longo desse processo de oxidação a energia livre liberada dessas moléculas serão armazenadas em moléculas passiveis de serem utilizadas pelas células para impulsionar processos fisiológicos, essas moléculas são comumente chamadas de ATP – Adenosina Trifosfato. A energia livre desprendida desses compostos reduzidos por causa das reações de oxidação também pode ser armazenada transitoriamente na forma de outras moléculas que funcionam como baterias celulares (NADPH, NADH, FADH2). Embora o processo respiratório possa iniciar a partir de diversas moléculas, como: trioses, hexoses, sacaroses, lipídeos, aminoácidos e etc., a principal fonte de energia e principal carboidrato transportado no corpo da planta é a sacarose (figura 1), conhecida por apresentar 12 carbonos, com a seguinte formula: C12 H22 O11 + 12 O2 -> 12 CO2 + 11 H2O
Figura 1: Molécula de sacarose.
A respiração aeróbica, que possui esse nome devido a necessidade de presença de oxigênio, possui três etapas principais: glicólise – que ocorre no citosol e plastídios, e ciclo dos ácidos tricarboxilicos e fosforilação oxidativa – cadeia de transporte de elétrons mitocondrial, que ocorrem na mitocôndria. A glicólise consiste diretamente na quebra de açucares para formação de ATP e NADH. Ao longo da glicólise, açucares de diferentes origens e de diferentes características são canalizados a um produto final em comum, o piruvato. Após a obtenção do piruvato, essa molécula é transportada para a mitocôndria. Na fase inicial, existem duas vias de quebra da sacarose, a sacarose sintase e a invertase. Nessas vias ocorrem a quebra da sacarose em hexoses, ou seja, ocorre a quebra da sacarose ao meio. Na via da sacarose sintase, ocorre a quebra da sacarose em uma frutose e um UDP glicose. A frutose é rapidamente fosforilada pela hexoquinase, esse fosfato adicionado é removido de uma molécula de ATP, que é adicionado ao carbono 6 da frutose, gerando uma glicose-6-fosfato. Enquanto a UDP glicose sofre a reação da enzima UDP glicosipirofosforilase, essa enzima transfere um fosfato inorgânico para o carbono 1 da glicose, tornando-se então uma glicose-1-fosfato. Em seguida, a enzima fosfoglucomutase muda esse fosfato de posição, para o carbono 6, transformando em glicose-6-fosfato, na próxima etapa, a hexose fosfato isomerase vai converter glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato. Na via invertase é gerado uma frutose, que pela fosforilação a partir da hexoquinase inseri um fosfato do ATP que se torna uma frutose-6-fosfato. Além disso, é gerado uma glicose, que também passa pela fosforilação promovida pela hexoquinase, inserindo um fosfato do ATP, tornando-se uma glicose-6-fosfato. Através da enzima hexose fosfato isomerase essa glicose-6-fostato é convertida em frutose-6-fosfato. As duas vias resultam na formação de duas frutoses-6-fosfato, a diferença é que na via da sacarose sintase ocorre o gasto de apenas um ATP, enquanto na via invertase, ocorre o gasto de dois ATPs. Posteriormente, as duas moléculas de frutose-6-fosfato passam por uma nova reação de fosforilação, podendo ser catalisadas pela fosfofrutoquinase dependente de ATP ou a fosfofrutoquinase dependente de pirufosfato. De qualquer forma, o produto final da glicólise são duas moléculas de frutose-1,6-bisfosfato. Na etapa de conservação de energia, cada uma das moléculas geradas (frutose- 1,6-bisfosfato) são quebradas ao meio, ou seja, se eram moléculas de 6 carbonos, após essa quebra serão moléculas de 3 carbonos. Essa molécula de frutose-1,6-bisfosfato é quebrada em um gliceroaldeido-3-fosfato e dihidroxicetona fosfato, essa quebra ocorre pela enzima aldolase. Após a ação dessa enzima, ocorre a ação da triose fosfato isomerase, que promove a interconversão desses carboidratos. A molécula de dihidroxicetona fosfato será convertida em gliceroaldeido-3-fosfato. Essa reação resulta em 4 moléculas de gliceroaldeido-3-fosfato, e cada uma passa por ação de oxidação. O gliceroaldeido-3-fosfato sofre uma reação oxidativa catalisada pela enzima gliceroaldeido-3-fosfato desidrogenase. Parte da energia liberada nessa reação é utilizada para reduzir o NAD+ em NADH, e utilizada para acoplar um fosfato no carbono 1 dessa molécula, onde ao terá se obtém a molécula 1,3-bisfosfoglicerato e a geração de 4 moléculas de NADH. Na próxima reação, as moléculas de 1,3- bisfofoglicerato sofrem ação da enzima fosfoglicerato quinase, que promove a fosforilação a nível de substrato, e transfere o fosfato do carbono 1 para o ADP, gerando então ATP. Na próxima reação, a molécula 3-fosfoglicerato sofre ação da enzima fosfoglicerato mutase, transferindo o fosforo do carbono 3 para o carbono 2. Assim, o 2- fosfoglicerato sofre ação da enzima enolase, que catalisa uma desidratação extraindo uma molécula de água do 2-fosfoglicerato, que se converte em fosfoenolpiruvato. Na última reação da glicólise, fosfoenolpiruvato é convertido em piruvato a partir da enzima piruvato quinase, que catalisa outra fosforilação em nível de substrato. O fosfato do fosfoenolpiruvato é transferido para um ADP, formando um ATP. E assim, para cada molécula de sacarose, ocorre a geração de 4 NADH e 8 ATP. Na respiração anaeróbica, quando não há presença de oxigênio, o piruvato formado na glicólise, ao invés de seguir para a mitocôndria, permanece no citosol e entra nas vias fermentativas, onde pode seguir dois caminhos. Ele pode sofrer ação da enzima piruvato descarboxilase, onde ocorre a liberação de CO2 e geração da molécula de acetaldeído, e na última ação, a enzima de álcool desidrogenase promove a conversão do acetaldeído em etanol – esse processo demanda energia metabólica na forma de NADH que é oxidado a NAD+. Ou seguir pela via lactato desidrogenase, onde o piruvato é convertido a lactato – nessa reação também ocorre o gasto de energia metabólica na forma de NADH, que é oxidado a NAD+. Independente da via, ambas demandam o consumo de energia. Na presença de oxigênio, o piruvato é transferido do citosol para a mitocôndria, onde precisa ser convertido em Acetil-CoA. Inicialmente, enzima piruvato desidrogenase promove uma grande reação de oxidação, esse processo vai liberar uma grande quantidade de energia livre, que resulta na redução de NAD+ em NADH, ocorre também a liberação de CO2, e parte dessa energia é utilizada para acoplar o CoA nessa molécula, ao final, o resultado dessa reação é a formação de Acetil-CoA e geração de NADH. Na primeira reação após a formação de Acetil-CoA, essa molécula é conjugada em oxaloacetato, reação catalisada pela enzima citrato sintase, o produto dessa reação é a molécula de citrato. Na próxima reação a enzima aconitase promove alteração de uma hidroxila, e gera o isocitrato. Em seguida, o isocitrato sofre uma descarboxilação oxidativa catalisada pela enzima isocitrato desidrogenase, promovendo a liberação de CO2, e parte da energia livre liberada por essa oxidação é utilizada para reduzir NAD+ em NADH, e ocorre a formação da molécula 2-oxoglutarato. Na próxima reação, a molécula de 2-oxoglutarato é descarboxilada pela enzima 2-oxoglutarato desidrogenase, promovendo a liberação de CO2 e formação de NADH, e a formação da molécula de Succinil-CoA. Em seguida ocorre a conversão da molécula Succinil-CoA em succinato, a partir da catalização da Succinil-CoA sintetase, promovendo a hidratação e fosforilação em nível de substrato. Parte da energia dessa reação é utilizada para acoplar um fosfato no ADP, gerando ATP. Na próxima reação, a molécula de succinato é oxidada pela succinato desidrogenase, onde parte da energia dessa reação vai reduzir o FAD+ em FADH2, e a formação de fumarato. A molécula de fumarato vai sofrer uma hidratação pela enzima fumarase, gerando assim a molécula de malato. Por fim, a molécula de malato é oxidada pela enzima malato desidrogenase, e com isso ocorre a regeneração do percursor desse ciclo, o oxaloacetato. A oxidação do malato, libera a energia utilizada para reduzir NAD+ em NADH. Para cada molécula de piruvato que entra no ciclo do ácido cítrico, ocorre a geração de 4 NADH, 1 FADH2 e 1 ATP, porém, para cada sacarose ao final da glicólise, tem-se 4 piruvatos, então todas as moléculas mencionadas acima são multiplicadas por 4. Então, para cada molécula de sacarose, ocorre a formação de 16 NADH, 4 ATP e 4 FADH2. O ATP gerado no ciclo de Krebs, assim como na glicólise já está pronto para ser utilizado. Entretanto, a energia que foi transitoriamente armazenada em NADH e FADH2 precisa ser convertida em ATP para consumo das plantas. Essa conversão ocorre na próxima etapa, na cadeia de transporte de elétrons mitocondrial.