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BREVES CONSIDERAÇÕES
Resumo: O presente trabalho tem por finalidade fazer um estudo sobre o aproveitamento de
recursos hídricos em terras indígenas. Tal estudo se faz necessário diante da importância do
tema na atualidade. Os recursos hídricos são recursos naturais renováveis e limitados de
extrema importância para a manutenção da vida. Os recursos hídricos são bens ambientais de
uso comum do povo, insuscetíveis de apropriação pelo homem, no entanto o aproveitamento
dos recursos hídricos em terras indígenas se dá somente com a autorização do Congresso
Nacional. Essa autorização se faz necessária para dar mais segurança e proteção aos direitos
indígenas, vez que estes têm uma íntima ligação com o meio ambiente, e também são
amparados pela Constituição Federal ao direito de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado. A realização do presente trabalho se deu mediante a pesquisa bibliográfica sobre o
tema, operando-se o método dedutivo.
Abstract: This study aims to make a study of the use of water resources in indigenous lands.
Such a study is needed on the importance of the issue today. Water resources are renewable
natural resources and limited extremely important for sustaining life. Water resources are
environmental goods of common use, insusceptible of appropriation by man, however the use
of water resources in indigenous lands is only possible with the authorization of Congress. This
authorization is needed to provide more security and protection of indigenous rights, since they
have an intimate connection with the environment, and are also protected by the Constitution
the right to an ecologically balanced environment. The completion of this work has been done
by the literature on the subject, operating the deductive method.
1
STUANI, Clari José. Acadêmico do X Termo do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Contábeis e
Administração do Vale do Juruena. E-mail: claristuani@hotmail.com
2
SILVA, Alan Jhones Rosa. Acadêmico do X Termo do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Contábeis e
Administração do Vale do Juruena. E-mail: alanjhones_20@hotmail.com
3
ADAME, Alcione. Bacharel em turismo e Direito pela PUC, especialista em Direito Processual pela PUC, Mestre
em Direito Ambiental pela Unisantos, doutoranda em Direito Público pela Universidade de Coimbra,
Coordenadora do Curso de Direito da AJES. E-mail: alcione@ajes.edu.br.
Keywords: Environmental Law. Indigenous rights. Exploitation of water resources.
Introdução
A população indígena goza o direito de usufruir de todos os recursos naturais
disponíveis nas áreas destinadas a população indígena sem qualquer restrição. Assim, podem
os índios dar livre destinação aos recursos naturais observando a conveniência para atender as
suas necessidades.
A Constituição Federal em seu art. 231 dispõe que os índios têm direito sobre as terras
que eles tradicionalmente ocupam destinadas as suas atividades produtivas. Se não bastasse
isso, o mesmo dispositivo garante usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
existentes em uma determinada área indígena.
Assim, é devida a terminologia “exclusiva” utilizada no texto constitucional que se
impera a proibição de outros povos se apropriem ou explorem os recursos naturais existentes
nas reservas indígenas. Deste modo, para que possa haver qualquer intervenção ou
aproveitamento dos recursos hídricos em terras indígenas o Congresso Nacional deve autorizar
essa ação, o qual levará em conta a real repercussão que tal medida causará aos povos indígenas.
Cumpre salientar que as terras indígenas não são suscetíveis de apropriação pelos
demais povos, não são alienáveis e indisponíveis. Tal fato serve para dar mais proteção aos
povos indígenas.
Doutro modo, esta garantia também visa assegurar a manutenção e preservação do
patrimônio cultural brasileiro. Assim, proteger e assegurar aos povos indígenas uma porção de
terras para que eles desempenhem suas atividades é, sem dúvida, uma forma de contribuir para
que as tradições dos índios sejam mantidas.
2
BRASIL. Lei 6001, de 19 de setembro de 1971.
há culturas, e sim uma única cultura, uma única fé, uma única maneira de
organização social, uma única língua. O termo contribuiu, enfim, para
falsamente diminuir a diversidade indígena brasileira ou, em outras palavras,
universalizar o diverso.
II – Silvícola ’ Este termo, por sua vez, traz uma implicação prática
discriminatória em relação aos índios que vivem nas zonas urbanas – aqueles
que, por vontade própria, em busca geralmente de educação e outros serviços
que não encontram nas terras indígenas, procuram as cidades; ou mesmo
porque as cidades estão cada vez mais próximas das aldeias e, por isso, os
índios vão deixando de ser considerados silvícolas; ou ainda porque há aqueles
que foram expulsos de suas terras tradicionais e estão tendo que buscar abrigo
mais perto dos centros urbanos. Daí, quem sabe, a explicação sobre a ausência
de políticas públicas desde sempre destinadas a esses “ex-silvícolas”.
Silvícola, além do mais, tem o mesmo significado de selvagem, a quem o
dicionário denota os significados de: bruto, bravio, feroz, aquele que não foi
amansado, domado, sem civilização, primitivo. Aliás, neste sentido, o
dicionário Aurélio assim nos esclarece: “[silvícola é o] que nasce ou vive nas
selvas; selvagem, selvático”. 3
Assim, muito embora o artigo supracitado dispor que o índio é a pessoa pertencente a
um grupo étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional, tal
distinção não deve ser vista de forma pejorativa, tampouco, preconceituosa.
Tal distinção diz respeito, exclusivamente, as suas culturas, pois a Constituição Federal
assegura seus direitos e os coloca a pé de igualdade com todos os cidadãos. Assim, os índios
são pessoas detentoras de direitos assegurados pela Constituição Federal, que merecem um
tratamento diferenciado em face das suas diversidades.
Destaca-se, que a Convenção n.º 169 da Organização Internacional do Trabalho sobre
os povos indígenas e tribais se destacou entre as demais legislações internacionais em relação
aos povos indígenas e tribais, assegurando a eles garantias e direitos, com a finalidade de manter
e fortalecer o seu modo de vida, tradições e culturas.
Frise-se, que a Convenção n.º 169 da OIT não serviu apenas para reafirmar os direitos
dos povos indígenas e tribais, mas também instituiu como uma obrigação dos Estados em
proteger e criar medidas para efetivar os seus direitos em todas as suas formas.
Neste contexto, os arts. 2.º e 3.º da Convenção n.º 169 da OIT dispõem:
Artigo 2º
1. Os governos deverão assumir a responsabilidade de desenvolver, com a
participação dos povos interessados, uma ação coordenada e sistemática com vistas a
proteger os direitos desses povos e a garantir o respeito pela sua integridade.
2. Essa ação deverá incluir medidas:
3
ARAÚJO, Ana Valéria; CARVALHO, Joênia Batista de; OLIVEIRA, Paulo Celso de; JÓFEJ, Lúcia Fernanda;
GUARANY, Vilmar Martins Moura; ANAYA, S. James. Povos Indígenas e a Lei dos Brancos: o direito à
diferença. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade;
LACED/Museu Nacional, 2006. p. 151
a) que assegurem aos membros desses povos o gozo, em condições de igualdade, dos
direitos e oportunidades que a legislação nacional outorga aos demais membros da
população;
b) que promovam a plena efetividade dos direitos sociais, econômicos e culturais
desses povos, respeitando a sua identidade social e cultural, os seus costumes e
tradições, e as suas instituições;
c) que ajudem os membros dos povos interessados a eliminar as diferenças sócio -
econômicas que possam existir entre os membros indígenas e os demais membros da
comunidade nacional, de maneira compatível com suas aspirações e formas de vida.
Artigo 3º
1. Os povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos direitos humanos e
liberdades fundamentais, sem obstáculos nem discriminação. As disposições desta
Convenção serão aplicadas sem discriminação aos homens e mulheres desses povos.
2. Não deverá ser empregada nenhuma forma de força ou de coerção que viole os
direitos humanos e as liberdades fundamentais dos povos interessados, inclusive os
direitos contidos na presente Convenção. 4
Assim, resultou como um marco para a história internacional por reafirmar os direitos
dos povos indígenas, estabelecendo que esses povos têm direito de manter as suas crenças,
tradições e culturas, da mesma forma que são detentores dos direitos fundamentais disponíveis
a todos os povos.
Os termos da Convenção n.º 169 da OIT foram ratificados pelo Brasil apenas em 2004
com o Decreto n.º 5.051, de 19 de abril de 2004, reafirmando os direitos humanos dos povos
indígenas.
Em 2007 foi aprovada a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas, a qual estabelece um respeito pelos povos indígenas e suas culturas, colocando-os
em pé de igualdade com as demais sociedades.
Os arts 1.º e 2.º da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas
assim dispõem:
Artigo 1
Os indígenas têm direito, como povos ou como pessoas, ao desfrute pleno de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais reconhecidos pela Carta das Nações
Unidas, pela Declaração Universal de Direitos Humanos e o direito internacional
relativo aos direitos humanos.
Artigo 2
Os povos e as pessoas indígenas são livres e iguais a todos os demais povos e pessoas
e têm o direito a não ser objeto de nenhuma discriminação no exercício de seus direitos
fundado, em particular, em sua origem ou identidade indígena.5
4
Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Disponível
em:http://www.oas.org/dil/port/1989%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20Povos%20Ind
%C3%ADgenas%20e%20Tribais%20Conven%C3%A7%C3%A3o%20OIT%20n%20%C2%BA%20169.pdf>.
Acesso em: 20 de set de 2015.
5
NAÇÕES UNIDAS. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Rio de Janeiro:
Nações Unidas, 2008. Disponível em:< http://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/DRIPS_pt.pdf> . Acesso
em 20 de set de 2015.
Assim, o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas se solidificou tanto no plano
internacional quanto nacional, como forma de assegurar a esses povos o direito de manter as
suas culturas, crenças e tradições, da mesma forma que os colocou como pessoas detentoras
dos mesmos direitos fundamentais das demais.
6
DANTAS, Fernando Antonio de Carvalho. As sociedades indígenas no Brasil e seus sistemas simbólicos de
representação: os direitos de ser. In Socioambientalismo, uma realidade: homenagem a Carlos Frederico Marés
de Souza Filho. Letícia Borges da Silva e Paulo Celso de Oliveira (coord.). Curitiba: Juruá Editora, 2007. p.103
7
BERTOLDI, Márcia Rodrigues; KISHI, Sandra Akemi Shimada. Direito ao desenvolvimento dos povos
tradicionais. In: PIOVESAN, Flávia; SOARES, Inês Virgínia Prado (Coord.). Direito ao desenvolvimento. p.337-
367. Belo Horizonte: Fórum, 2010. p 364.
A biodiversidade e os povos tradicionais que dela e nela vivem são partes interagentes
e interdependentes de um processo sistêmico de vida, a sociobiodiversidade. (...). Sem
biodiversidade não há povos tradicionais e sem povos tradicionais a perspectiva de
reduzirmos a deterioração ambiental torna-se insignificante. O desenvolvimento dos
povos tradicionais também passa pelo dever do Estado de oferecer condições ao
exercício dos direitos humanos e fundamentais e pela obrigação de instituir políticas
de promoção desse dever, tendo em conta o direito à participação. (...). Também,
promover o direito à terra, entendendo-a não como propriedade (recurso material),
mas como espaço de referência sociocultural determinante ao desenvolvimento
(recurso espiritual).
Pode-se dizer que a terra faz parte do patrimônio cultural dos povos indígenas, pois é
por meio dela que os índios transmitem suas tradições e crenças, é o espaço destinado a
reprodução deste povo.
Deste modo, a proteção e preservação das terras indígenas tem fundamental importância
para assegurar a existência de seu povo, da mesma sorte as suas crenças e tradições.
Assim, os recursos hídricos são considerados bens ambientais. É um bem de uso comum
de todos os cidadãos, não podendo ser apropriados pelo homem, tampouco dar destinação
diversa.
Dessa forma, os recursos hídricos podem ser entendidos como bem de uso comum do
povo, o doutrinador Celso Antônio Pacheco Fiorilo assim ensina:
Como já tivemos a oportunidade de analisar esta característica do bem ambiental, a
qualidade de ser um bem de uso comum do povo, importa apenas reafirmar que ele
consiste no bem que pode ser desfrutado por toda e qualquer pessoa, dentro dos limites
fixados pela própria Constituição Federal.
Não cabe, portanto, exclusivamente a uma pessoa ou grupo, tampouco se atribui a
quem quer que seja sua titularidade. Dissociado dos poderes que a propriedade atribui
a seu titular, conforme consagram o art. 524 do Código Civil de 1916 e seu “clone”
do Código Civil de 2002 (art. 1.228), esse bem atribui à coletividade apenas seu uso,
e ainda assim o uso que importe assegurar às próximas gerações as mesmas condições
que as presentes desfrutam.
O bem ambiental destaca um dos poderes atribuídos pelo direito de propriedade,
consagrado no direito civil, e o transporta ao art. 225 da Constituição Federal, de modo
que, sendo bem de uso comum como é, todos poderão utilizá-lo, mas ninguém poderá
dispor dele ou então transacioná-lo.10
Cabe ressaltar que, a finalidade de classificar os recursos hídricos como bens públicos
de uso comum do povo é, exatamente, para dar maior proteção a esses bens, assim como
8
AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito ambiental esquematizado. – 5.ª ed. – Rio de Janeiro :
Forense; São Paulo : MÉTODO, 2014. p. 204.
9
DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. São Paulo: Max Limonad, 2001, p. 260.
10
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 12. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 2011. p. 183 e 184.
transmitir a sociedade o dever de defender e preservar, não deixando essa função apenas a cargo
do Poder Público.
Ora, a expressão “uso do comum do povo” estabelecida pela Constituição Federal é
extremamente cabível, vez que veda qualquer tipo de apropriação do homem, cabendo a ele
apenas o direito de gozo.
Ademais, tal entendimento serve para dar poder ao Estado de intervir na propriedade
privada, no sentido de dar ao bem o fim que ele se destina. Neste Contexto, Celso Fiorillo
preleciona:
Como já afirmamos, o bem ambiental, segundo o art. 225 da Constituição, é “de uso
comum do povo”, ou seja, ninguém, no plano constitucional, pode estabelecer relação
jurídica com o bem ambiental que venha implicar a possibilidade do exercício de
outras prerrogativas individuais ou mesmo coletivas (como as de gozar, dispor, fruir,
destruir, fazer com o bem ambiental, de forma absolutamente livre, tudo aquilo que
for da vontade, do desejo da pessoa humana, no plano individual ou metaindividual),
além do direito de usar o bem ambiental. Enfim, a Constituição da República não
autoriza fazer com o bem ambiental, de forma ampla, geral e irrestrita, aquilo que
permite fazer com outros bens em face do direito de propriedade.11
11
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 12. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 2011. p. 188.
Ademais, cumpre destacar que é requisito obrigatório que seja ouvida a comunidade
indígena sobre a exploração de recursos hídricos em suas terras, a fim de prevalecer o interesse
da população indígena.
Ora, a própria Constituição Federal estabelece que as áreas indígenas são destinadas a
atender as necessidades, quer sejam, reprodução física e cultural, segundo seus usos, crenças e
tradições, assim, não ouvindo a população indígena sobre a exploração de recursos hídricos em
suas terras seria um total desrespeito aos preceitos da Carta Magna.
12
AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito ambiental esquematizado 5.ª ed. – Rio de Janeiro : Forense
; São Paulo : MÉTODO, 2014. p. 88
Quanto o entendimento de desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos, Celso
Fiorillo assim nos ensina:
O sentido exato das políticas de sustentabilidade, considerando a realidade brasileira,
portanto, é aquela que reconheça nas práticas sociais alternativas viáveis para o uso
racional dos recursos naturais, ou seja, a expressão demanda a busca de um ponto de
equilíbrio, de maneira que preservação ambiental e desenvolvimento econômico
possam coexistir, de modo que aquela não acarrete a anulação deste. 13
13
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 12. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 2011p. 501.
Para a exploração dos recursos hídricos é necessária a aprovação do Congresso Nacional
para que seja tomada qualquer procedência. Ressalta-se que esta autorização não é fácil de ser
alcançada, sendo que a parte que deseja a exploração dos recursos hídricos em terras indígenas
deve demonstrar que não causará nenhum impacto na vida dos índios.
Ademais, deve comprovar que houve um acordo entre os índios e a parte que pleiteia a
exploração. Caso não haja acordo o Congresso não aprova a exploração dos recursos hídricos,
vez que se trata de proteção aos direitos indígenas.
Considerações Finais
As terras indígenas são entendidas como uma porção de terra destinada a mantença da
cultura, crenças e culturas de um determinado povo. No entanto, este entendimento não deve
ser interpretado como uma propriedade privada dos índios, mas apenas como um local
destinado a um determinado grupo, com padrões étnico-culturais.
A exploração dos recursos hídricos se dá apenas com a autorização do Congresso
Nacional e com a oitiva dos povos indígenas que ocupam a área, essa medida visa dar mais
proteção aos interesses dos índios.
A Constituição Federal estabelece que as áreas indígenas são destinadas a atender as
necessidades, quer sejam, reprodução física e cultural, segundo seus usos, crenças e tradições,
assim, não ouvindo a população indígena sobre a exploração de recursos hídricos em suas terras
seria um total desrespeito aos preceitos da Carta Magna.
Somente com a anuência e comprovação de que não causará nenhum dano ou prejuízo
ao povo indígena é que a exploração pode ser concedida. Entretanto, é uma situação um pouco
complexa, pois em casos de insuficiência de abastecimento de água de uma sociedade, e que
somente tenha recursos hídricos necessários para atender as necessidades da população dentro
das reservas indígenas, o conflito pode não ser resolvido.
Atente-se que os recursos hídricos são bens de uso comum do povo, logo deveria ser
um bem disciplinado de forma igualitária entre todos os povos. Entretanto, o legislador optou
por apoiar as minorias, neste caso os índios, com a finalidade de preservar o seu direito
originário sobre a terra.
Referências
AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito ambiental esquematizado. 5.ª ed. – Rio
de Janeiro : Forense ; São Paulo : MÉTODO, 2014.
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