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CAPÍTULO IV
EQUAÇÕES DE PERCOLAÇÃO NUM AQUÍFERO LIVRE
E NUM AQUÍFERO CONFINADO. SOLUÇÕES ANALÍTICAS. SOLUÇÕES NUMÉRICAS
k
U=− ( grad p + ρ g grad z )
μ
(Eq.4.2)
p
h= +z
ρg
ρ = ρ0 exp(β ( p − p ))
0
De acordo com a lei de Darcy, se não há, por hipótese, componente vertical da
velocidade, deduz-se que não há componente vertical do gradiente hidráulico, logo
∂h
= 0, podendo considerar-se a superfície do lençol de água (nível piezométrico),
∂z
que consideraremos como incógnita, como dependendo apenas de (x,y), isto é o
cálculo do nível piezométrico, que é por hipótese (de Dupuit), independente de z,
passa pelo determinação de uma solução para um problema bidimensional.
h(x,y)
h(x,y)
σ(x,y)
σ (xy)
⎣ σ (x,y) σ ( x + dx , y ) ⎦
∂ ⎡ h ⎤dx
∂ x ⎢⎣ ∫σ x
Fx = − ρ dy U dz ⎥⎦
∂ ⎡ h ⎤dy
∂ y ⎢⎣ ∫σ y
Fy = − ρ dx U dz ⎥⎦
as duas equações que acabámos de escrever podem conter a lei de Darcy que permite
calcular as velocidades U x e U y a partir da condutividade hidráulica e do gradiente
hidráulico, que não depende de zz:
∂h
U x = − K xx ( x , y , z )
∂x
e analogamente
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 4
∂h
U y = − K yy ( x , y , z )
∂y
⎧∂ ⎡ h ∂h ⎤ ∂ ⎡ h ∂h ⎤ ⎫
F = ρ dx dy ⎨ ⎢ ∫ K xx dz ⎥ + ⎢ ∫ K yy dz ⎥ ⎬
⎩ ∂x ⎣ σ ∂x ⎦ ∂y ⎣ σ ∂y ⎦ ⎭
Não se considera o fluxo mássico que pode entrar pelo fundo do prisma porque se
considerou impermeável, nem pelo cimo, visto não haver, por hipótese, água acima da
superfície σ(x,y), além de isso contrariar a hipótese de Dupuit . Assim, qualquer
variação da massa total contida no prisma só pode resultar de uma variação da altura
e na figura, ou seja da altura h , que deverá ser multiplicada pela porosidade de
drenagem, ω d , ficando a variação mássica instantânea dada pela expressão:
∂h
ρ ωd dx dy
∂t
Até este ponto não se considerou a hipótese de poder haver uma troca com o
exterior no ponto em questão, caso que interessa considerar quando pretendemos
estudar o efeito de injecção ou de extracção num ponto. Se designarmos por q A o
caudal por unidade de área [LT-1] que está a ser adicionado ( q A será negativo) ou que
está a ser extraído do aquífero ( q será positivo), no prisma elementar em estudo, o
caudal correspondente é q A dx dy . Logo o fluxo mássico no prisma elementar é
ρ q A dx dy
[ML-3].[LT-1].[L].[L]=[MT-1]. Assim eliminando o termo ρ dx dy que aparece em
todas as expressões, podemos escrever a expressão da continuidade que se traduz pela
expressão matemática da afirmação que a variação de altura do prisma é provocada
pela água que entra pelas faces verticais do prisma e pela água que é extraída ou
injectada no prisma por trocas com o meio exterior:
dh ∂ ⎡ h ∂h ⎤ ∂ ⎡ h ∂h ⎤
dt ∂x ⎢⎣ ∫σ ∂x ⎥⎦ ∂y ⎣∫σ
ωd = + ⎢ −q
∂y ⎥⎦ A
K xx dz K yy dz
∂ ⎡ h ∂h ⎤ ∂ ⎡ h ∂h ⎤ ∂h
⎢ ∫
∂x ⎣ σ
Kxx dz ⎥ + ⎢∫ K yy dz ⎥ = ω d
∂x ⎦ ∂y ⎣ σ ∂y ⎦ ∂t
+ qA (Eq.4.6)
∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂h
⎜ Txx ⎟ + ⎜ Tyy ⎟ = ω d + qA (Eq.4.8)
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂t
expressão que ainda se pode tornar mais simples se o aquífero apresentar isotropia na
transmissividade:
∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂h
⎜ T ⎟ + ⎜ T ⎟ = ωd + qA
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂t
&& compacta,
ou, em notaçao (Eq.4.9)
∂ h ∂ h ω d ∂h q A
2 2
Δh = ∇ 2 h = + = +
∂x 2 ∂y 2 T ∂t T
que é uma equação às derivadas parciais de segunda ordem do tipo parabólico, que
também se encontra noutros problemas, por exemplo na difusão do calor ou na
passagem da corrente eléctrica através de um meio condutor, chamada equação de
Laplace.
No aquífero confinado a água circula num meio poroso isolado por duas fronteiras
que, em comparação com a permeabilidade do aquífero, se considera serem
impermeáveis. A extracção ou injecção de água podem ser explicadas se se invocar
um conjunto de mecanismos bastante complexo que envolve a convergência das
interfaces confinantes, a compressibilidade da água e a compressiblidade da matriz
sólido-água do meio poroso. Ainda assim, se aceitarmos a hipótese de que a
transmissividade, apesar de anisotrópica, mantém o mesmo elipsoide de anisotropia
em toda a extensão do aquífero, o que resulta da simplificação de se considerar que a
espessura do aquífero se mantenha constante e com as mesmas características
litológicas, que o gradiente piezométrico não sofra variação segundo a direcção
perpendicular às fronteiras confinantes, é possível obter uma expressão para a
equação da percolação semelhante à expressão 4.8, sendo o plano definido pelos eixos
xx e yy paralelo aos planos limites do aquífero:
∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂h
⎜ Txx ⎟ + ⎜ Tyy ⎟ = S + qA
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂t
(Eq.4.10)
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 6
∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂h
⎜T ⎟ + ⎜T ⎟ = S + qA
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂t
ou, em notaçao compacta,
∂ 2 h ∂ 2 h S ∂h q A
∇h= 2 + 2 =
2
+
∂x ∂y T ∂t T
(Eq.4.11)
∂h
div(K . gradh) = Ss + qV (Eq. 4.12)
∂t
∂h S ∂h q A
div(Tgradh) = S + q A ⇒ se T for isotropico ⇒ div(gradh) = + ou,
∂t T ∂t T
S ∂h q A
Δh = + (Eq.
T ∂t T
4.12A)
ω ∂h q A
Δh = + (Eq. 4.12B)
T ∂t T
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 7
É possível provar para estas equações (4.12, 4.12A e 4.12B), que uma função
h ( x , y , z , t ) que satisfaça as condições fronteira impostas e as condições iniciais, essa
função constitui a solução única do problema.
Sucede que equações do tipo (4.12, 4.12A e 4.12B), têm a propriedade de ser
lineares em h e q isto é, se para determinadas condições fronteira C1 se obtiver uma
solução h1 ( x , y , z , t ) q1 ( x , y , z, t ) e para outras condições fronteira C2 se obtiver uma
solução h2 ( x , y , z , t ) q2 ( x , y , z , t ) , então para condições fronteira C1+C2 obtém-se uma
solução que é a sobreposição das duas soluções h1 + h2 e q1 + q2 . Esta propriedade,
que no caso dos aquíferos confinados se aproxima bastante da realidade, deve ser
usada com precaução para o caso dos não confinados em que as condições de validade
da aproximação são, mesmo sob o ponto de vista teórico, mais delicadas. A
propriedade de linearidade das equações de difusão, que resulta directamente da
propriedade de linearidade do operador derivada, pode ser invocada com sucesso para
resolver por métodos analíticos determinadas situações tipo, que combinadas de
forma habilidosa podem ser aproximações analíticas de problemas reais; tal processo
de obtenção de soluções é aplicado no chamado método das imagens. Apesar de nos
último anos se ter desenvolvido software com inegável interesse e de utilização
universal, não deixa de ser importante obter soluções analíticas para determinadas
situações, visto as soluções analíticas constituírem sínteses notáveis que permitem um
enquadramento conceptual que as soluções numéricas não são capazes de fornecer.
h (r ) = a ln r + b
(Eq.4.15)
Q r
h( r ) = ln + H (Eq.4.17)
2πT R
ou, o que é equivalente
Q r
h( r ) − H = ln
2πT R
(Eq.4.17a)
r
h=H
Aparentemente esta fórmula terá pouco interesse prático, visto serem raras as
situações reais em que uma captação está centrada no meio de uma ilha circular. A
situação mais próxima seria uma praia fluvial, no meio de um rio, mas dificilmente
terá forma circular. O interesse prático da expressão permanece, no entanto, e usa-se
para situações bastante diferentes das que estão na origem da sua obtenção. Com
efeito, observa-se, na prática, que a influência no rebaixamento piezométrico de uma
captação situada em terra, é tanto menor quanto mais afastado se estiver em relação à
captação. Com efeito o aquífero, à medida que a circunferência em torno do ponto
central aumenta, vai sendo alimentado por uma fronteira progressivamente maior,
sendo a velocidade de filtração radial cada vez menor, isto é, cada vez menos se nota
a influência da captação. Surge assim o conceito de raio de influência de uma
captação, que é a distância a partir da qual o efeito da captação não se consegue
observar, ou que se considera, para efeitos práticos, como se já não fazendo sentir.
Assim, o raio da ilha passa a ser substituído pelo raios de influência e a expressão usa-
se inclusivamente para mais de uma captação simultaneamente, recorrendo ao
princípio da sobreposição.
Ainda sobre a expressão (4.17A) convém notar que, se pretendermos obter o
rebaixamento numa captação de raio r0 , devemos substituir r naquela expressão por
r0 . Se considerarmos r0 a tender para zero, o rebaixamento na captação tenderá para
− ∞ , o que corresponde, em termos físicos, a supormos que a água está ser extraída
por uma captação de raio infinitesimal. Ainda na mesma expressão convém verificar
se o nível da água no interior da captação fica mais baixa que o leito confinante
superior, caso em que deixa de ser válida, visto passar-se a uma situação de aquífero
livre na proximidade da captação. Como, na prática, o rebaixamento se faz
frequentemente para valores do nível piezométrico situados entre as cotas do tecto e
do muro do aquífero, deve usar-se de alguma prudência. Um erro ainda mais grosseiro
na utilização da expressão (4.17A) será o de impormos um caudal de bombagem que
faça rebaixar o nível piezométrico para valores abaixo do leito confinante inferior.
Para evitar este último tipo de erro, será preferível explicitar (4.17A) em ordem ao
caudal,
r
Q = (h(r ) − H ) * 2πT / (ln )
R
Por um processo análogo pode obter-se a solução do poço no meio da ilha a pescar de
um aquífero livre:
Q r
h2 = H 2 + ln
πK R
(Eq.4.18)
com o nível piezométrico medido a partir da “base da ilha, como indica a figura
seguinte
É possível obter uma família de soluções analíticas para aquíferos em que se possa
aceitar como razoável a aplicação do princípio da sobreposição. Vamos apenas referir
uma situação para ilustrar a forma como se utiliza o método.
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 12
Q Q'
h(x) = ln r + ln r '+ constante
2πT 2πT
Q r
h( x ) = ln + constante
2πT r '
(Eq.4.19)
o valor da constante anterior pode ser facilmente calculado se repararmos que nos
pontos do plano M (ver figura), equidistantes de O e de O’, isto é em que r=r’, a
constante é o valor do nível piezométrico e que este valor é o mesmo para qualquer
ponto situado na recta perpendicular ao meio do segmento OO’. A constatação desse
facto pode levar-nos a formular um outro raciocínio: se estivermos apenas
interessados com o que se passa no espaço entre o poço O e a recta m, podemos supor
que o poço O’ é um poço fictício, um poço imagem em relação à recta m do poço O,
que introduzimos para permitir impor uma condição fronteira estável sobre a recta m.
Por exemplo, o poço O existe, está instalado numa margem dum rio, cujo nível das
águas se impõe ser a constante da expressão anterior, e desse poço extrai-se um
caudal Q, que provoca um rebaixamento piezométrico que passa assim a poder ser
calculado pela equação (4.19).
Poder-se-ia aplicar o método para impor uma fronteira rectilínea
impermeabilizante, ou para resolver o problema de uma captação cercada por duas
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 13
fronteiras rectilíneas de altura piezométrica dada, etc… por vezes sucede que essas
soluções originam sucessivos “reflexos” que dariam origem a uma infinidade de
imagens progressivamente mais afastadas mas, na prática, pode-se truncar essas
séries, obtendo-se uma solução analítica com um número relativamente pequeno de
termos.
S ∂h
∇2h = em duas dimensões
T ∂t
Ss ∂h
∇2h = em três dimensões
K ∂t
T
vamos definir α = que se designa por difusividade do aquífero [L2T-1]; a solução
S
da equação anterior, pode ser obtida através da transformada de Laplace, e assume a
forma:
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 14
⎛ − r 2 ⎞ −n/2
hδ (r , t ) = C exp⎜ ⎟ (t) (Eq.4.20)
⎝ 4αt ⎠
com n=1,2,3 :
r=x (n = 1)
r = x2 + y2 (n = 2)
r = x 2 + y 2 + z2 (n = 3)
⎛ − r2 ⎞ ⎛ − r2 ⎞
exp⎜ ⎟ exp⎜ ⎟
⎝ 4αt ⎠ ⎝ 4ατ ⎠
∫
t
hδ (r , t ) = C h (r , t ) = C dτ (Eq.4.21)
t 0 τ
esta última expressão mostra que o caudal que atravessa um cilindro concêntrico com
o furo tende, quando t → ∞ ou quando r → 0 , para 4πTC , se supusermos que no
centro estamos a bombear a caudal constante. Ou seja, se o raio do poço tiver um raio
Q
negligível e se se estiver a bombear a caudal constante obtemos C = , que
4πT
⎛ − r2S ⎞
exp⎜ ⎟
Q t ⎝ 4 Tτ ⎠
4πT ∫0
substituída em (4.21) nos conduz a h (r , t ) = dτ ; se usarmos
τ
4 Tt
uma variável auxiliar u = 2 (Eq.4.22), podemos reescrever o integral anterior na
r S
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 15
Q ∞ exp ( − τ ) Q ⎡ ⎛ 1⎞ ⎤
forma h (r , t ) =
4πT ∫
1/ u τ
dτ =
4πT ⎢ − E i ⎜⎝ − u ⎟⎠ ⎥ sendo
⎣ ⎦ Ei a função
Q 4 Tt Q 2.25 T t
h(r , t ) = ln γ 2 = ln aproximaçao de Jacob
4πT e Sr 4πT Sr 2
(Eq.4.24)
Vimos, que pelo método da imagens é possível obter aproximações por séries
truncadas para diversas situações com interesse prático. Essas séries, podem ser por
vezes aproximadas por funções polinomiais pouco extensas. Assim é frequente
encontrar na literatura diversas fórmulas simplificadas, que permitem, de uma forma
expedita, encontrar soluções para problemas com interesse em engenharia, com é o
caso de barragens, de valas, de linhas de poços, etc…
Iremos descrever, no fim deste capítulo, um método numérico que permite, até
certo ponto, resolver problemas mais gerais.
∂h
segundo uma normal a uma superfície o gradiente hidráulico assuma
∂n
determinado valor, estamos a impor, segundo a lei de Darcy que o fluxo
∂h
−K assuma determinado valor nessa fronteira. Podemos então impor que
∂n
∂h
através de uma determinada superfície não haja fluxo, = 0 o que
∂n
corresponde a uma condição fronteira impermeável, ou impor que através de
uma determinada superfície, por exemplo a zona aflorante de um aquífero,
haja um determinado fluxo, o que corresponde, neste exemplo, que a recarga
será insuficiente para fazer aflorar a água na superfície do terreno junto ao
afloramento do aquífero da figura anterior.
c) Uma condição fronteira que envolve uma equação em que figura uma combinação
linear da variável dependente com a primeira derivada espacial
Diz-se uma condição fronteira de Fourier. Aplica-se a contactos entre dois
aquíferos de permeabilidade diferente, mas é mais raramente usada que as
duas anteriores.
Existem ainda outras condições fronteira tipo de que referiremos apenas mais
uma: condições fronteira no infinito, situação frequente em soluções analíticas. Nos
problemas em que se estuda a solução em regime transitório, então há que acrescentar
às condições fronteira as condições iniciais, isto é, as condições para t=0.
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 18
Este sistema estava instalado no Instituto Blaise Pascal no C.N.R.S. francês, sendo
constituído por um painel onde se podiam ligar em rede resistências eléctricas com ¼
Watt e 0,5% de tolerância, cujo valor podia variar de alguns ohms a alguns milhões de
ohms. Havia na época, anos cinquenta e sessenta, modelos analógicos a três
dimensões.
Modelo analógico usando uma cuba cheia de água, onde as barreiras impermeáveis
eram simuladas por materiais isoladores e as equipotenciais simuladas por eléctrodos
metálicos em latão ou cobre. As equipotenciais do modelo eram recuperadas através
de um pantógrafo com um eléctrodo mergulhado na água, e uma caneta no lado do
papel, sendo imposta, através de um potenciómetro, uma tensão no eléctrodo
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 20
O método das diferenças finitas tem a vantagem de ser bastante intuitivo e poder
lançar luz sobre a forma como outros programas, nomeadamente o de elementos
finitos, estão organizados. Iremos aqui desenvolver um algoritmo básico de diferenças
finitas.
Reescrevendo a expressão 4.10 para aquíferos confinados em duas dimensões
∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂h
⎜ Txx ⎟ + ⎜ Tyy ⎟ = S +q
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂t
∂h
vamos considerar o caso do regime permanente, ou seja =0
∂t
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 21
∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂ ⎛ ∂h ⎞
⎜T ⎟ + ⎜T ⎟ =q (Eq.4.24)
∂x ⎝ xx ∂x ⎠ ∂y ⎝ yy ∂y ⎠
W C E
x
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 22
∂h Hc − Hw
para as células W-C, ≈
∂x a
∂h HE − HC
para as células C-E, ≈
∂x a
∂h HC − HS
para as células S-C, ≈
∂y a
∂h H N − HC
para as células C-N, ≈
∂y a
⎡ E C⎤
⎢⎛ ∂h ⎞ - ⎛ ∂h ⎞⎥
⎢⎜ T ⎟ ⎜T ⎟ ⎥ ⎡ H E − HC H − HW ⎤
⎝ ⎠
∂ ⎛ ∂h ⎞ ⎢⎣ ∂x C
⎝ ∂x ⎠ W⎥ ⎢TEC − − TWC C ⎥
⎦ ⎣ a a ⎦
⎜T ⎟≈ = =
∂x ⎝ xx ∂x ⎠ a a
⎡ H E − HC H − HW ⎤
⎢TEC − TWC C ⎥ T (H − H ) T (H − H )
⎣ a a ⎦
= EC E 2 C
+ WC W2 C
a a a
ou seja
∂ ⎛ ∂h ⎞ TEC ( H E − HC ) TWC ( HW − HC )
⎜T ⎟≈ +
∂x ⎝ xx ∂x ⎠ a2 a2
∂ ⎛ ∂h ⎞ T ( H − HC ) TSC ( HS − HC )
⎜ Tyyx ⎟ ≈ NC N2 +
∂y ⎝ ∂y ⎠ a a2
A equação (4.25) diz respeito à célula C que é uma célula genérica da malha,
com a particularidade de não ser fronteira da malha. Os termos em H são as
incógnitas ou são condições fronteira impostas.
Exemplo
Consideremos a situação mais simples possível: uma malha constituída por 9
células, com condição fronteira :
1 2 3
4 5 6
7 8 9
x
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 24
TN 1 ( H N 1 − H1 ) + T21 ( H 2 − H1 ) + T41 ( H 4 − H1 ) + TW 1 ( HW 1 − H1 ) = 0
TN 3 ( H N 3 − H 3 ) + TE 3 ( H E 3 − H 3 ) + T63 ( H 6 − H 3 ) + T23 ( H 2 − H 3 ) = 0
T47 ( H 4 − H 7 ) + T87 ( H8 − H 7 ) + TS 7 ( H S 7 − H 7 ) + TW 7 ( HW 7 − H 7 ) = 0
T69 ( H 6 − H 9 ) + TE 9 ( H E 9 − H 9 ) + TS 9 ( H S 9 − H 9 ) + T89 ( H8 − H 9 ) = 0
A equação 4.10
∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂ ⎛ ∂h ⎞ ∂h
⎜ Txx ⎟ + ⎜ Tyy ⎟ = S +q
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂t
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 26
∂h 1 ∂ ⎛ ∂h ⎞ 1 ∂ ⎛ ∂h ⎞ q
= ⎜T ⎟+ ⎜T ⎟−
∂t S ∂x ⎝ xx ∂x ⎠ S ∂y ⎝ yy ∂y ⎠ S
∂H C
TNC ( H N − H C ) + TEC ( H E − H C ) + TSC ( H S − H C ) + TWC ( HW − H C ) = QC + a 2 S C
∂t
(Eq.4.26)
Para um caso concreto a equação anterior será escrita para cada uma das
células, dando origem a um sistema de tantas equações quantas as células, sejam n
equações a n incógnitas, que representamos de forma compacta
∂H
= S−1MH − S−1Q (Eq.4.27)
∂t
sendo S uma matriz diagonal cujos elementos são a 2 Sc , de dimensão n×n, M a matriz
dos coeficientes das incógnitas H, Q uma matriz coluna com os caudais de recarga
(negativos) ou de bombagem (positivos), H uma matriz coluna das incógnitas dos
níveis piezométricos. Vamos referir apenas um dos (muitos) métodos usados para
integrar 4.27, o método de aproximação diferencial explícita. Para isso consideremos
a aproximação em série de Taylor seguinte
∂H t Δt 2 ∂ 2 H t Δt 3 ∂ 3H t
H t + Δt = H t + + + +...
∂t 2 ∂t 2 3! ∂t 3
ΔH t = Δt (S−1MH t − S−1Qt )
ficando
H t + Δt = H t + ΔH t
O passo Δt tem que ser escolhido de modo assegurar estabilidade numérica à
(a 2 × Si )
integração numérica. Deverá ser tanto menor quanto o menor .
∑ Ti i
Além do método das diferenças finitas que foi aqui levemente aflorado,
existem métodos mais sofisticados que ultrapassam algumas das limitações deste
método. A malha passa a ser constituída por polígonos, por exemplo triângulos, que
PROTECÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS Capítulo IV 27