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Mestrado em Engenharia de Minas e GeoAmbiente - Hidrogeologia

Mestrado em
Engenharia do Ambiente

Hidrogeologia

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto


Departamento de Engenharia de Minas

Joaquim Eduardo Sousa Góis


Porto, 2018

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Mestrado em Engenharia de Minas e GeoAmbiente - Hidrogeologia

PROPIEDADES DOS AQUÍFEROS.

– Aquíferos, aquitardos e aquicludos.

– Porosidade.

– Condutividade hidráulica em meios porosos – Lei de Darcy.

– Circulação em meios fissurados.

– Medição da condutividade hidráulica.

– Coeficiente de armazenamento.

– Transmissividade.

– Representação das linhas de corrente, isopiezométricas.

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos.


Formações Hidrogeológicas
Aquífero - (fero : levar) - formações geológicas em que as
águas circulam facilmente. Têm interesse enquanto formações
adequadas à instalação de captações.

Aquitardo - (tardare : tardar) – a água armazenada pode ser


cedida lentamente. Apesar de não servirem para nelas serem
instaladas captações, podem desempenhar um papel essencial
na recarga dos aquíferos com que contactam, a nível local.

Aquicludo - (claudare : fechar) - absorvem a água mas não


permitem a sua circulação. Ainda mais impermeáveis que os
aquitardos podem, ainda assim, a nível regional ter uma acção
de recarga não negligenciável.
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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

O que distingue as diferentes unidades hidrogeológicas:

- maior ou menor facilidade com que se deixam atravessar


pela água circulante;

- capacidade de armazenamento;

- direcção de circulação das águas no interior das formações


(horizontal nos aquíferos, vertical nos aquitardos).

Aquíferos semi-confinados – classe intermédia de aquíferos


que exprime uma relação mistura de aquífero e aquitardo.

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Tipos de Aquíferos:

- Aquífero Livre → A superfície do aquífero está livre e a sua


base assenta numa formação relativamente impermiável;

- Aquífero confinado → A formações, a base e o tecto, que


contêm o aquíferos são relativamente impermiáveis;

- Aquíferos cativos → Depósitos de águas fósseis, onde não há


percolação e renovação da água;

- Aquíferos suspensos → A superfície livre do aquífero está


acima do nível freático vizinho.

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Aquífero livre

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Aquífero suspenso
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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Aquíferos livres e aquíferos confinados

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Tipos de aquíferos
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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Representação esquemática do nível de pressão nos aquíferos


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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Aquífero confinado e artesianismo

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Aquíferos confinados criados por sucessivas intercalações de unidades


aquíferas com unidades confinadoras numa região inclinada.

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Aquíferos confinados criados por deposição de leitos alternados de areias e


gravilhas permeáveis e argilas e silts impermeáveis depositados em bacias
no sopé de montanhas

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Aquífero confinado formado pelo dobramento ascendente de camadas, com


origem numa intrusão. A zona cortada pela erosão funciona como zona de
recarga.

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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Tipo de aquíferos e formações hidrogeológicas e artesianismo associado


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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Fontes por causas topográficas


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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Fontes no contacto permeável impermeável


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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Fontes no afloramento de uma falha


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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Fontes em depressões de terreno cársico


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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Fontes alinhadas (1 – diaclases)


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– Aquíferos, aquitardos e aquicludos. (continuação)

Fontes alinhadas (1 – fractura)


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– Porosidade

Porosidade nos aquíferos (zona Saturada e não saturada)


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– Porosidade. (continuação)

Porosidade versus Permeabilidade

volume dos vazios


Porosidade Total ω =
volume total de rocha

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– Porosidade. (continuação)

Porosidade efectiva ou cinemática associada a aquíferos confinados


volume da água que pode circular
Porosidade efetiva ωc =
volume total de rocha

Porosidade de drenagem associada a aquíferos livres


volume da água que pode ser drenada por gravidade
Porosidade de drenagem ωd =
volume total de solo

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– Porosidade. (continuação)

A Porosidade depende, entre outros factores:

• Forma e dimensão dos grãos;

• Disposição espacial dos grãos (empilhamento) dos grãos;

• Cimentação e grau de compactação dos grãos;

• Intercomunicação entre os espaços vazios ou entre as fissuras


(caso de rochas fissuradas);

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– Porosidade. (continuação)

Aquífero Poroso Aquífero Fissural Aquífero Cársico


Tipos de Aquíferos quanto à sua porosidade
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– Porosidade. (continuação)

Rochas compactas com fendas estreitas


• granitos, xistos, gnaisses……0,02 - 0,56%
• diabase, gabros …………….. 0,37 - 1,85%
• quartzitos …………………….. 0,84 - 1,13%

Rochas compactas com fendas largas


• calcários e dolomites ……….. 0,53 - 13,36%
• calcários oolíticos …………… 3,28 - 12,44%
• gesso …………………………. 1,32 - 3,96%
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– Porosidade. (continuação)

Rochas porosas e permeáveis


• grés ………………………….…22,2 - 37,2%
• areias uniformes …………….. 26 - 47%
• areias misturadas ………….. 35 - 40%
• areias finas …………………. 55%
• aluviões ……………………. 48%

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– Porosidade. (continuação)

Rochas porosas e impermeáveis


• argilas ………………………….…44 - 47%
• lôdo lacustre ……….………….. 36%
• solos de cultura ……………….. 45 - 65%

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– Condutividade hidráulica (permeabilidade) em meios porosos


Lei de Darcy

∆h
Q= AK lei de Darcy
L

Q
velocidade de filtraçao
A

Q
velocidade microscopica
ωA
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– Condutividade hidráulica em meios porosos – Lei de Darcy


(continuação)
Lei empírica de Darcy - Hipótese de Linearidade

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– Condutividade hidráulica em meios porosos – Lei de Darcy


(continuação)

Relação entre a porosidade e a condutividade hidráulica

A porosidade é adimensional.

A condutividade hidráulica exprime-se em [LT-1] .

Uma grande porosidade total pode não corresponder a uma boa


condutividade hidráulica. Exemplo argilas.

A uma maior porosidade efectiva corresponde, para o mesmo tipo


de formação hidrogeológica, uma maior condutividade hidráulica.
Exemplo: aquífero coincidente com uma camada sedimentar de
areia.
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– Condutividade hidráulica em meios porosos – Lei de Darcy


(continuação)

VALORES INDICATIVOS PARA A VELOCIDADE


DA ÁGUA NO SUBSOLO

Argilas ………………………………..…… 0 - 0,0003 m/dia


Areia fina ……………………………..…… 0,013 m/dia
Areia ou grés de grão médio ……………. 0,30 m/dia
Areia grossa ou gravilha siliciosa ………. 2 m/dia
Gravilha média ……………………………. 7,5 m/dia
Gravilha grossa …………………………… 35 m/dia

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– Condutividade hidráulica em meios porosos – Lei de Darcy


(continuação)

Lei empírica de Darcy - Aplicação

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– Condutividade hidráulica em meios porosos – Lei de Darcy


(continuação)

Estimativa Simplista - Lei de Darcy


Distância L= 30000 m
Desnível dH= 50 m

Gradiente piezométrico dH/L= 0.001666667


Condutividade hidráulica K= 0.00001 m/s
Velocidade de filtração V= 1.66667E-08 m/s
Porosidade= 0.08
Velocidade microscópica Vmic= 2.08333E-07 m/s
0.00075 m/h
0.54 m/mês
197.1 m/ano

Tempo de transp.sem dif. 152 anos

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– Circulação em meios fissurados.

Consideram-se meios fissurados as formações constituídas por rochas


relativamente compactas e quase impermeáveis, cortadas por fissuras e
mas quais pode circular água subterrânea.

vDh ρ 4S ε
Re = ; Dh = ; Rr =
µ p Dh

Re – Regime de escoamento numa fractura


Dh – Diâmetro hidráulico (com p – perímetro da fractura numa secção S)
Rr – Coeficiente de rugosidade (com ε – altura média da rugosidade)

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– Circulação em meios fissurados. (continuação)

Regimes de escoamento dentro das fracturas.

Tipo 1 : Macia laminar Tipo 2 : Macia turbulento


4

 ρge 2
  g  2 ρe5  4  1 7

V = −  J f V = −   J f 
 0,079  µ  
 12µ   

Tipo 3 : Rugosa turbulento Tipo 4 : Rugosa laminar


 3,7   ρge 2 
V = − 4 eg ln  J f V = −
 Rr  12 µ 1 + 8,(
8 R1, 5
r )J f

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– Circulação em meios fissurados. (continuação)

Regimes de escoamento dentro das fracturas.


Tipo 5 : Muito rugosa turbulento
 1,9 
V = − 4 eg ln  J f
 Rr 
Jf – Projecção segundo a perpendicular ao plano da fractura do
gradiente hidráulico
No caso de fracturas parcialmente fechadas dever-se-á multiplicar
o membro direito das igualdades pelo termo de correcção F
área da superfície aberta da fractura
F=
área total da superfície da fractura
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– Medição da condutividade hidráulica.

Meios porosos de elevada condutividade hidráulica

QL
K=
( h1 + L − h2 ) A

permeâmetro de carga constante

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– Medição da condutividade hidráulica. (continuação)

Meios porosos de baixa condutividade hidráulica

Q= K Ah/L

h AK
ln = − ( t − t0 )
h0 a L

Permeâmetro de nível piezométrico


decrescente
permeâmetro de nível decrescente

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– Medição da condutividade hidráulica. (continuação)

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– Coeficiente de armazenamento.

Coeficiente de armazenamento S (adimensional) é o quociente entre:

volume de água que se consegue extrair de um prisma de altura igual


à altura do aquífero de base quadrada com uma unidade de área
eo
volume do prisma quando se um provoca o rebaixamento piezométrico
de uma unidade de carga hidráulica do aquífero

S = ∫ Ssdx3 S s − Porosidade de drenagem


0

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– Transmissividade.

Um mesmo caudal pode provir de um aquífero de pequena possança


e grande condutividade hidráulica, ou de um aquífero de maior
possança e menor condutividade hidráulica. A “produtividade” de um
aquífero é caracterizada pela sua transmissividade.
Admitindo uma condutividade hidráulica isotrópica e idêntica em
todos os pontos do espaço, então a Transmissividade T:

e
T = ∫ K dz ⇒ T = Ke
0

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– Representação das linhas de corrente, isopiezométricas.

A visualização da circulação subterrânea da água é feita recorrendo


a linhas onde a carga hidráulica é constante – isopiezométricas ou
isopiezas, perpendicularmente às quais se representam as linhas
de corrente.

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