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Setembro de 2011
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Júri
Arguente: Doutor João Paulo Sousa Costa de Miranda Guedes, Professor Auxiliar da FEUP
Setembro de 2011
Agradecimentos
A realização da dissertação que ora se apresenta só se tornou possível, para além da
contribuição pessoal, pela participação empenhada de um conjunto de pessoas e entidades a
quem venho, publicamente, expressar o meu sincero reconhecimento:
Ao LNEC, por todas as facilidades concedidas na cedência dos meios, humanos e materiais,
necessários à realização dos trabalhos conducentes à presente dissertação;
I
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Ao Engenheiro Eduardo Matos, pela sua amizade e pelo incentivo e interesse constantemente
demonstrados;
Ao Miguel Pereira e ao Hugo Costa, pela sua importante colaboração nos trabalhos de
topografia, no campo, e em gabinete;
Ao Engenheiro Rui Luís, ao Dr. Luís Santos e a toda a equipa da Empresa Portuguesa de
Obras Subterrâneas (EPOS), responsável pelos trabalhos de escavação dos túneis (frente
nascente), pela acessibilidade aos elementos sobre os desmontes monitorizados;
Ao Engenheiro Tiago Pinto, pelo seu apoio incondicional na superação de algumas dificuldades
a nível informático, pela cedência de vários elementos bibliográficos e, especialmente, pelo seu
companheirismo;
À Elisabete, pela mãe dedicada que sempre tem sido e pela sua imprescindível ajuda ao
assegurar os meus deveres paternais, em particular neste período de muito labor;
E, por último, mas em primeiro, ao João Pedro, meu filho, pelo seu amor e compreensão,
especialmente nesta minha fase de algum alheamento. É a ele que dedico este trabalho!
II
Resumo
O uso de explosivos nas actividades de construção, nomeadamente no desmonte de rochas
para escavação de obras subterrâneas, dá origem a impactes ambientais mais ou menos
significativos, com particular importância quando as populações e o seu património são
afectados. Esses efeitos traduzem-se na geração de ondas cuja propagação nos terrenos pode
induzir, através das fundações, vibrações excessivas nas estruturas e, em resultado da
propagação de ondas de choque através da atmosfera, designadas por onda aérea, pode levar
ao desconforto humano e até mesmo a danos estruturais nas edificações. O controlo das
vibrações provocadas por explosões ou solicitações semelhantes constitui actualmente um
domínio importante da Mecânica das Rochas devido às implicações económicas na segurança
das estruturas e na qualidade de vida das pessoas.
Com recurso à aplicação informática Grapher, versão 4, foram obtidas leis de propagação de
vibrações para o meio analisado, em função das litologias presentes e dos resultados dos
ensaios de campo.
III
Abstract
The explosives used in construction activities, including rock blasting for underground works,
gives rise to environmental impacts more or less significant, with particular importance when the
people and their property are affected. These effects result in the generation of wave
propagation in which ground can induce, through foundations, excessive vibration on structures
and as a result of propagation of shock waves through the atmosphere, called the air wave, can
lead to human discomfort and even structural damage to buildings. Blast vibrations control is
currently a major area of Rock Mechanics due to the economic implications on the safety of
structures and quality of life.
One of the goals of the present work was the evaluation of blast vibration control in tunnel works
to the security of surrounding structures. Associated with this objective the propagation of
seismic waves and vibration control, was studied to ensure the implementation of controlled of
blasting work in order to mitigate vibration effects.
The dynamic characterization of building soil foundations subject to impulsive actions from
explosions was studied with geophysical methods. For this purpose some refraction seismic
profiles were performed near vibration measurements sites to determine the propagation
velocity of the particles in the soil/rock mass nearby constructed structures. An electrical
resistivity profile was executed to investigate a local geological heterogeneity.
Using the computer application Grapher, version 4, vibration propagation laws were obtained as
function of local lithologies.
V
Índice de Texto
1. Introdução ............................................................................................................ 1
1.1. Enquadramento do tema da dissertação .................................................................... 1
1.2. Objectivos e organização do estudo ........................................................................... 2
ANEXO V - Exemplos de registo das vibrações com o equipamento Instantel ... 135
ANEXO VI - Exemplos de registo das vibrações com o equipamento Sinco ....... 153
VIII
Índice de Figuras
Capítulo 2
Figura 2.1 – Velocidade vibratória de acções características em função da distância
(adaptado de Sarsby, 2000, in Bernardo, 2004) ..................................................... 10
Figura 2.2 – Componentes vibratórias geradas na cravação de uma estaca (Sarsby, 2000,
adaptado por Dinis da Gama, 2003, in Bernardo, 2004)......................................... 12
Figura 2.4 – Ondas sísmicas (adaptado de Smoltczyk, 2002, in Bernardo, 2004) .................... 14
Figura 2.6 – Atenuação das vibrações com a distância (Jimeno et al., 1995) ........................... 18
Figura 2.7 – Efeito da litologia do terreno de fundação nas velocidades vibratórias, em duas
estruturas equidistantes de uma detonação (modificado de Jimeno et al., 1995,
in Paneiro, 2006) .................................................................................................... 21
Figura 2.8 - Fendas típicas devidas a movimentos sísmicos (Jimeno et al., 1995, in
Bernardo, 2004) ..................................................................................................... 27
Figura 2.9 – Problemática das vibrações em Geotecnia (Dinis da Gama, 2003) ...................... 29
Figura 2.10 - Variação da frequência, em altura, num edifício (Bernardo, 2004, in Jimeno et
al., 1995) ................................................................................................................ 32
Figura 2.11 – Funções de amplificação dinâmica – Rd, Rv, Ra (Serra, 2001) ............................ 34
Figura 2.12 – Comparação dos vários níveis de vibração, em função da frequência, que
produzem danos estruturais, segundo cada norma (Mota, 2009, adaptado,
in Athanasopoulos e Pelekis, 2000)................................................................. 37
Figura 2.13 – Norma alemã DIN 4150. Representação dos valores da velocidade de
vibração, em mm/s, em função da frequência em Hz e das características
estruturais dos edifícios (Bacci et. al, 2003a, modificado de Berta, 1985, in
Bacci 2000) ....................................................................................................... 40
Figura 2.14 – Diagrama proposto pela AFTES para as vibrações admitidas para as três
classes de estrutura (Bacci et. al, 2003a, adaptado de Anon, 1974, in Borla
1993 e Bacci, 2000) ........................................................................................... 43
IX
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 2.17 – Gráfico comparativo das normas, alemã DIN 4150 e norte-americana RI 8507
(Bacci et al., 2003b, modificado de Schillinger, 1994, in Bacci, 2000)................ 51
Capítulo 3
Figura 3.1 - Esquerda – Marreta e placa metálica. Direita – Tiro com marreta ......................... 60
Figura 3.2– Dromocrónicas obtidas na execução de um perfil com 5 tiros. (Em destaque o
tiro mais a montante. Dados de campo a cinzento e resultados da inversão a
azul) (Mota, 2010) ................................................................................................ 61
Figura 3.3 - Refracção de um raio através de uma interface entre dois meios de diferentes
velocidades de propagação das ondas sísmicas (Mota, 2006, adaptado de
Redpath, 1973) .................................................................................................... 62
Capítulo 4
Figura 4.1 - A – Panorâmica do emboquilhamento dos túneis. B – Caminho de acesso ao
emboquilhamento. C – Vista geral da povoação de Viariz da Santa. D – Vista
parcial da povoação de Viariz da Poça ................................................................ 68
Figura 4.2– Esboço Geológico do Sul da Serra do Marão (Coke et al., 2000, Estudo
Geológico e Geotécnico – Relatório Geológico e Geotécnico S3/S4-020-0-
RGG, adaptado) .................................................................................................. 69
Figura 4.3 – A: S6 Peak Vibration Monitor, B: Minimate Plus (Mota, 2009) .............................. 71
Figura 4.4 – Locais de instalação dos geofones em edifício a monitorizar (Dinis da Gama,
2009) ................................................................................................................... 72
Figura 4.6- Esquerda – preparação do afloramento rochoso no local T1, para instalação do
geofone. Direita - local de registo T6 ................................................................... 74
Figura 4.7– Identificação dos locais de realização dos trabalhos no decurso das três
campanhas .......................................................................................................... 80
Figura 4.8 – Vista geral da linha de água entre as duas vertentes (orientação NE-SW) ........... 81
X
Índice
_________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 4.9 - Esquerda - Vista geral da linha de água entre as duas vertentes (orientação
SW–NE). Direita – Instalação do geofone no local T3.......................................... 82
Figura 4.11 - Esquerda – Perfil PS3 (vista de NE para SW). Direita - Perfil PS4 (vista de
SW para NE). Assinalam-se os locais de registo de vibrações nas campanhas
anteriores............................................................................................................. 84
Figura 4.12- A – Alinhamento do perfil PS3. B – Casa 8, junto ao perfil PS3 (Viariz da
Poça). C – Trabalhos preparatórios para a realização do perfil PS5. D –
Captação das ondas sísmicas no perfil PS5. E - Leitura de coordenadas
geográficas no extremo oeste do perfil PS5 ......................................................... 84
Figura 4.14 - Esquerda -Vista do perfil de resistividade na zona da linha de água. Direita –
Montagem do equipamento ................................................................................. 85
Figura 4.15 - Modelos para os perfis de refracção sísmica PS1 (esquerda) e PS2 (direita) ..... 86
Figura 4.16 - Modelos para os perfis de refracção sísmica PS3 (esquerda) e PS4 (direita) ..... 86
Figura 4.18 - Modelos obtidos para o perfil de resistividade eléctrica executado, com os
dispositivos de Wenner (em cima) e dipolo-dipolo (em baixo) .............................. 87
XI
Índice de Tabelas
Capítulo 2
Tabela 2.1 - Parâmetros das ondas sísmicas (Bernardo, 2004, adaptado de Sleep e Fujita,
1997) ................................................................................................................... 17
Tabela 2.3 – Valores admitidos pela norma alemã DIN 4150 para danos em edifícios (Bacci
et. al, 2003a, adaptado de Berta, 1985, in Bacci 2000) ........................................ 39
Tabela 2.4– Valores sugeridos pela norma suíça. Os valores de Vp foram medidos para
fontes de vibração de tipo ocasional (Bacci et. al, 2003a e Paneiro, 2006,
adaptado de Borla, 1993, in Bacci, 2000) ............................................................ 41
Tabela 2.6 – Limites de velocidade de vibração de partícula (Vp) sugeridos pela Circular do
Ministério do Ambiente Francês (Bacci et al., 2003a, adaptado de Kiszlo,
1993, in Bolra 1993 e Bacci, 2000) .................................................................... 44
Tabela 2.8 – Valores limite de Vp, da componente vertical (mm/s), para danos em
estruturas civis (Bacci et al., 2003a, adaptado de Langefors e Kihlstrom,
1963, Persson et al., 1994, in Paneiro, 2006 e Bacci, 2000) .............................. 47
Tabela 2.9 – Níveis seguros de velocidade de vibração de partícula para estruturas civis
(Bacci et al., 2003b, adaptado de Siskind et al., 1980, in Bacci, 2000)................. 48
Tabela 2.11 – Critérios de dano para estruturas submetidas a vibrações (Dinis da Gama,
1998) ................................................................................................................. 50
Tabela 2.12 – Valores limite da velocidade de vibração de acordo com a norma NP 2074,
em função do terreno de fundação considerado para cada local e das
características do edificado (mais de três detonações diárias) (Bernardo e
Dinis da Gama, 2006) ........................................................................................ 53
XIII
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Capítulo 3
Tabela 3.1 - Valores característicos da velocidade da onda sísmica de compressão (Vp) em
alguns materiais (Mota, 2006, adaptado de Press,1966, in Darracott, 1976 e
Lavergne, 1989) ................................................................................................ 58
Tabela 3.2 - Resistividade da água e de alguns metais, minerais e rochas mais comuns
(Mota, 2006, adaptado de Reynolds (1997), Berkeley (2004) e Sheriff (1991)) .... 65
Capítulo 4
Tabela 4.1 – Características geotécnicas das rochas do xisto-grauváquico (Coke et al.,
2000) ................................................................................................................... 70
Tabela 4.2– Valores da vibração ambiente gerada pela circulação de viaturas, ou pessoas,
próximo dos locais de monitorização 1, 2, 8, I, N, O e P ...................................... 76
Tabela 4.3 – Valores registados e calculados em cada um dos locais de medição das
vibrações nas duas campanhas de 2009, dispostos por ordem cronológica de
registo* ................................................................................................................ 77
Tabela 4.4 - Valores registados e calculados em cada um dos 7 locais de medição das
vibrações na campanha de 2010 ......................................................................... 79
Tabela 4.6 – Valores limite da velocidade de vibração, de acordo com a norma NP 2074,
em função do terreno de fundação considerado para cada local e das
características do edificado (mais de três detonações diárias) .......................... 87
Tabela 4.9 – Coeficientes a, b e c, típicos de algumas litologias (Bernardo e Torres, 2005) .... 97
XIV
Simbologia
Símbolo Significado
XV
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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XVI
1. Introdução
1.1. Enquadramento do tema da dissertação
Desde os primeiros usos de explosivos em actividades mineiras e de engenharia civil que foi
colocado o problema dos efeitos nas edificações das vibrações dos terrenos e do ar originados
pelas detonações. Sabe-se que a utilização destas substâncias é susceptível de provocar
impactes vários de entre os quais se salientam, para além das solicitações dinâmicas referidas,
a transmissão de ruídos pelo ar e pelas estruturas, a geração e o movimento de nuvens de
poeiras, as ondas de choque resultantes dos níveis sonoros das detonações, a libertação de
gases nocivos em espaços fechados, como é o caso dos túneis, e a afectação dos níveis
freáticos. É do conhecimento geral que as vibrações dos terrenos causam desconforto humano
e eventuais danos nas estruturas das edificações circundantes, pelo que, a importante questão
relativa ao seu controlo, deverá contar com a envolvência de todos os agentes interessados,
desde a população em geral, às entidades oficiais, aos investigadores e projectistas, aos
fabricantes de explosivos, às empresas de construção e às seguradoras.
1
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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O estudo que ora se apresenta teve a sua génese num trabalho realizado pelo Núcleo de
Geologia de Engenharia e Geotecnia Ambiental do Departamento de Geotecnia do Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC), com a participação do autor, no âmbito da construção do
empreendimento A4/IP4 Amarante/Vila Real, a solicitação do Agrupamento Complementar de
Empresas Infratúnel, Construtores do Túnel do Marão, ACE, na sequência de algumas
reclamações de residentes em povoações circundantes do emboquilhamento nascente do
túnel, relacionadas com a alegação de incomodidade e de danos nas habitações devidos às
vibrações originadas pelo uso de explosivos nas actividades de escavação do maciço rochoso.
2
Capitulo 1 - Introdução
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
3
2. O Impacte Ambiental das Vibrações
A necessidade da realização de estudos de impacte ambiental (EIA) é hoje em dia essencial
nos vários domínios das actividades da engenharia, como um pré-requisito com vista à
implementação de um desenvolvimento sustentável. A sociedade contemporânea requer que
todas as acções potencialmente perturbadoras do meio ambiente sejam cuidadosamente
analisadas com antecedência, para que as autoridades responsáveis possam aprovar e
licenciar os projectos, a fim de cumprir com a legislação vigente (Dinis da Gama, 2002).
Existe abundante legislação, por meio da qual todas as organizações em causa podem ser
informadas sobre as regras a seguir, as etapas do processo de licenciamento e as restrições
de tempo associadas. De acordo com cada área específica de actividade, existem regras
detalhadas para cumprir e listas de verificação em ordem à produção do necessário EIA. Para
a indústria de construção pesada, incluindo a mineira, Kiely (1997), citado por Dinis da Gama
(2002), refere a seguinte lista de rubricas cuja inclusão considera importante nesses relatórios:
5
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Uma parte significativa das obras de natureza geotécnica envolve a geração de vibrações
provenientes de diversas fontes, as quais, na sua propagação através dos meios vizinhos,
podem atingir uma multiplicidade de alvos onde se incluem os edifícios sensíveis, populações e
muitos outros (Dinis da Gama e Paneiro, 2004). O uso de explosivos é geralmente inevitável
nas actividades de escavação de rochas: na indústria extractiva, em túneis, estradas e obras
hidráulicas. Grande parte destas infra-estruturas localiza-se perto de zonas residenciais, pelo
que frequentemente ocorrem problemas ambientais causados pelas vibrações dos terrenos e
pela onda aérea resultante das explosões. É, portanto, necessário, implementar a previsão,
avaliação e eventual correcção com vista à mitigação dos seus efeitos no meio envolvente
(Ozer, 2008).
Nos anos mais recentes, um dos problemas com que os técnicos responsáveis em obra se têm
confrontado relaciona-se com a propriedade ou a impropriedade das reclamações dos
particulares quer individualmente, quer organizados (Felice, 1993 e Kahriman et al., 2006),
referidos por Ozer (2008). O número destes casos, sejam os distúrbios reais ou psicológicos,
tem vindo a aumentar gradualmente com o incremento da população e das urbanizações.
Portanto, neste tipo de operações, deverá haver a preocupação dos responsáveis na procura
da forma de minimizar, ou até mesmo eliminar este tipo de problemas, o que não é
incompatível com os aspectos da economia e segurança dos projectos de escavação. Com o
6
Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
Nas proximidades da fonte emissora, a vibração do solo pode causar danos a edifícios e outras
estruturas originando tensões dinâmicas que excedem a resistência dos materiais de
construção, identicamente ao que acontece na fractura da rocha em si mesma. Um edifício,
sendo muito menos rígido do que o maciço rochoso, pode ser danificado mesmo a uma longa
distância de uma explosão, ainda que o diagrama de fogo tenha sido cuidadosamente
projectado.
Ainda segundo os mesmos autores, embora actualmente em Portugal haja uma, cada vez
maior, consciencialização dos organismos estatais e das grandes empresas de obras públicas,
quanto à necessidade da previsão dos impactes ambientais, particularmente na construção de
______________________
*Genericamente, pode considerar-se que as edificações mais recentes, com estrutura em betão armado, embora
transmitam melhor as solicitações, amortecem pior as vibrações do que as mais antigas, dada a sua elevada rigidez
e monolitismo. Analogamente, mas em sentido oposto, as construções e monumentos antigos apresentam uma
maior sensibilidade às vibrações (Azevedo e Patrício, 2003).
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Em todo o mundo têm vindo a desenvolver-se investigações e estudos em torno das vibrações,
nos seres humanos e nas estruturas. Estes trabalhos científicos contribuíram para o
surgimento, desde o final da década de 70, de Normas Regulamentadoras, hoje em dia de
aplicação corrente. Algumas das mais importantes serão referidas mais adiante neste Capítulo.
Esta norma fixa um valor limite da velocidade de vibração das partículas, expressa no seu valor
máximo (pico), em cm/s, como um produto de três factores onde são contemplados o tipo de
terreno de fundação, o tipo de construção e o número de solicitações diárias. Os valores
medidos são comparados com aquele critério de segurança, não podendo ser-lhe superiores
sob pena de ocorrerem danos nas estruturas vizinhas da fonte emissora das vibrações. Tem
vindo a ser discutida a necessidade da revisão desta norma, existindo alguns projectos de
revisão, a que se fará alusão ainda neste Capítulo.
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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As vibrações são a causa mais comum dos receios e protestos das populações residentes em
torno das zonas de trabalhos de escavação com uso de explosivos, pois o limiar da percepção
10
Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
humana, sujeito à susceptibilidade de cada indivíduo, pode atingir valores da ordem dos
0,3 mm/s*. Esta susceptibilidade está, muitas vezes, na origem de reclamações das pessoas
que, ao percepcionar as acções impulsivas, atribuem desde logo a esses trabalhos a totalidade
dos danos e patologias nas suas habitações, ainda que os níveis vibratórios daí resultantes
fiquem consideravelmente aquém dos limites máximos admissíveis, preconizando outros
fenómenos na génese daqueles problemas (Bernardo, 2010).
_________________________
* Outras actividades há, no entanto, que apresentam valores de velocidades vibratórias muito superiores. Em alguns
casos, atingem mesmo os limites impostos pela legislação aplicável, como sejam certas actividades domésticas e
pequenas obras de reparação ou remodelação (Stagg et al., 1984, referidos por Dowding, 1992, citados por
Bernardo, 2004). São exemplos dessas actividades, e das respectivas afectações, o caminhar numa laje entre pisos
-1
(0,8 mm.s , análoga às máximas afectações atribuídas ao trânsito), o saltar energicamente sobre uma laje (7,1
-1 -1
mm.s ), o bater vigoroso de portas, por acção de correntes de ar (12,7 mm.s ) ou o pregar um prego numa parede
-1
(22,4 mm.s ).
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Figura 2.2 – Componentes vibratórias geradas na cravação de uma estaca (Sarsby, 2000, adaptado por Dinis da
Gama, 2003, in Bernardo, 2004)
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
Segundo Sarsby (2000), a intensidade das vibrações procedentes desta operação, assim como
de outras semelhantes, varia com certas propriedades do equipamento, nomeadamente as
características do martelo e vibrador, a deformação do encabeçamento da estaca, a distorção
elástica da estaca e a velocidade de penetração no terreno.
Segundo Holmberg (1982), citado por Bernardo (2004), os fenómenos de rotura da rocha, por
acção dinâmica, exigem velocidades vibratórias entre 700 a 1000 mm/s (Hustrulid, 1982, in
Bernardo, 2004), podendo afirmar-se que os impactes ligados às vibrações, decorrentes da
escavação de maciços rochosos, são essencialmente devidos aos desmontes com explosivos,
sendo que, em termos comparativos, as vibrações devidas aos equipamentos são menos
importantes (Bernardo, 2004).
A propagação destas ondas (Figura 2.3) provoca a vibração* das partículas do meio
atravessado, função das características de deformabilidade e da geometria do meio e do tipo
de impulso, com amplitudes vibratórias que dependem, de acordo com Dinis da Gama (2003),
dos seguintes factores:
A sua amplitude vai decaindo com a distância à fonte e com as reflexões registadas no seu
trajecto e eventuais fronteiras entre meios de impedância acústica diversa.
____________________________
* Entende-se por velocidade vibratória das partículas, a variação, no tempo, dos deslocamentos oscilatórios sofridos
pelas partículas de terreno à medida que a onda de tensão se propaga. As componentes do movimento vibratório
das ondas, segundo as três direcções espaciais, revestem-se de uma importância fundamental, na medida em que,
na realidade, os problemas se apresentam à escala tridimensional. Por esta razão, os sismógrafos actuais
individualizam essas componentes: longitudinal, transversal e vertical (Figura 2.3).
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Figura 2.3 – As três componentes de vibração no interior de um maciço submetido à detonação de uma carga
explosiva (Dinis da Gama, 2003)
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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Segundo Kuzmenko et al., (1993), na vizinhança dos locais de escavação com explosivos as
ondas volumétricas são predominantes, caracterizando-se por apresentar frequências
relativamente elevadas (10 a 40 Hz) e rápida atenuação, comparativamente às restantes. As
ondas superficiais (ondas R e ondas L), embora com uma velocidade inferior à das ondas
volumétricas, apresentam frequências reduzidas (2 a 8 Hz), fazendo sentir-se a grandes
distâncias devido à maior quantidade de energia que transportam (Konya e Walter, 1990, in
Bernardo, 2004).
As ondas longitudinais (ondas P), na sua propagação através dos terrenos, originam
compressões alternadas com dilatações, designando-se, por isso, por ondas de compressão
ou de dilatação sendo responsáveis pela modificação do volume em todas as massas
rochosas, independentemente da sua resistência ao corte (Bernardo, 2004). A velocidade de
propagação ( ) destas ondas no solo depende do seu tipo, módulo de elasticidade (E) e
massa específica (ρ), através da equação 2.1 (referida por Azevedo e Patrício, 2003).
" 8/9
6 7
(2.1)
A deformação ( associada à propagação de uma onda “P”, num determinado meio, relaciona-
se com a velocidade das partículas, “0”, pela expressão:
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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0 0
" 8/9
: ;
(2.2)
As frequências relevantes, nas ondas que se propagam através dos terrenos, apresentam uma
grande variedade e dependem do modo de excitação que as originou, podendo variar entre 2 e
100 Hz, enquanto, na proximidade de uma explosão, em solos rochosos muito competentes
(rijos), a velocidade de vibração das partículas pode incluir frequências superiores a 100 Hz
(Azevedo e Patrício, 2003).
As ondas transversais (ondas S) propagam-se dando origem a movimentos de corte, daí serem
designadas por ondas de corte, alterando os materiais atravessados na sua forma, mas não
em volume. A sua velocidade de propagação (Equação 2.3), é inferior à das ondas
longitudinais, mas superior às ondas de superfície (Kuzmenko et al., 1993, in Bernardo, 2004).
& "
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2 >1 ?
(2.3)
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
nos tipos de explosivos, diferentes tipos de ondas e diferenças na geometria das explosões,
tais como erros nos tempos de detonação e de medição (Vuolio, 1990).
Os vários tipos de ondas são ainda caracterizados pelas suas diferentes velocidades de
propagação. As ondas “P” são as que apresentam maior velocidade, as ondas “S” são
consideravelmente mais lentas e as ondas “R” são ainda um pouco mais lentas do que as
ondas “S”. A velocidade da onda é função das propriedades elásticas do material. Para longas
distâncias da fonte, as ondas “R” frequentemente apenas se distinguem devido às suas
características de muito menor atenuação.
Tabela 2.1 - Parâmetros das ondas sísmicas (Bernardo, 2004, adaptado de Sleep e Fujita, 1997)
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Segundo Sarsby (2000), em qualquer ponto do maciço circundante, o movimento máximo das
partículas postas a vibrar é devido apenas a uma das componentes e não à energia total da
onda, sendo que a que tem, geralmente, maior importância é a componente vertical. Vuolio
(1990) partilha da mesma opinião, ao referir que os dados coligidos entre 1970 e 1989 mostram
que, na prática, é a componente vertical que contribui maioritariamente para a velocidade de
pico de partícula (PPV). A desigualdade na distribuição da energia faz com que a velocidade
vibratória decresça de forma irregular com a distância percorrida, pelo que, na prática, a
atenuação da sua amplitude é determinada a partir dos valores de pico resultantes das três
componentes principais (longitudinal, transversal e vertical). Identicamente às vibrações no
terreno, na onda aérea o nível de pico da sobrepressão é função do peso da carga de
explosivo por retardo e da distância fonte-recepção. Ao contrário daquelas, a pressão do ar
pode ser descrita completamente com apenas um transdutor, pois, em qualquer ponto, é igual
nas três direcções ortogonais (Mohamed, 2010).
Os factores determinantes na redução das vibrações com a distância são (Figura 2.6), ainda de
acordo com Sarsby (2000), in Dinis da Gama (2003):
Figura 2.6 - Atenuação das vibrações com a distância (Jimeno et al., 1995)
Contudo, na realidade, as ondas nem sempre se atenuam com a distância. Por exemplo, em
meios estratificados, e se a sua geometria o favorecer, as ondas podem concentrar-se ou
18
Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
Dowding (1996) propõe, para a avaliação do efeito das vibrações produzidas por detonações
em estruturas, as três etapas seguintes:
Estas mesmas três etapas de avaliação também são consideradas no dimensionamento das
estruturas para resistir aos sismos e na concepção de estruturas para resistir aos efeitos do
movimento do terreno produzido por explosões nucleares. Os princípios de análise necessários
para avaliar os efeitos de vibrações causadas pela detonação de explosivos, sismos e
explosões nucleares sobre as estruturas são idênticos; as únicas diferenças são as amplitudes
relativas à aceleração do solo, a velocidade das partículas e o deslocamento, bem como a
frequência com que estes movimentos ocorrem. Embora a abordagem da dinâmica estrutural
seja obviamente utilizada na concepção das estruturas, de protecção e anti-sismícas, a
avaliação dos efeitos das actividades de construção ou mineiras nas proximidades de
19
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Azevedo e Patrício (2003) classificam os efeitos das vibrações nos seguintes três grupos, por
ordem crescente de gravidade e irreversibilidade dos danos:
Mesmo devidamente concebidos, os planos de fogo podem projectar pedras e rochas através
do ar e causar danos às propriedades vizinhas. Uma projecção excessiva pode ser devida ao
deficiente preenchimento dos furos com explosivo ou ao atravessamento de zonas fracturadas.
Segundo Correia (2003), os efeitos das vibrações nas estruturas não dependem apenas da
distância à fonte emissora e do tipo de estrutura, mas igualmente de outros factores, de entre
os quais sobressai a litologia dos terrenos de fundação onde as estruturas assentam, visto os
efeitos locais serem prevalecentes. As condições geotécnicas num determinado local podem
alterar de forma muito importante as características fundamentais dos movimentos sísmicos,
nomeadamente as consideradas como mais relevantes do ponto de vista da engenharia
sísmica: amplitude, conteúdo de frequências e duração.
Através de vários exemplos, esse facto tem sido inequivocamente comprovado por intermédio
de registos experimentais, num mesmo evento, de movimentos sísmicos em locais próximos
mas com características geotécnicas diferenciadas. Mesmo antes de se ter iniciado o registo
instrumental de movimentos sísmicos já existiam registos históricos relativos à abundante
constatação empírica da influência das condições geotécnicas locais, tendo sido muitas vezes
observado um acréscimo muito significativo dos efeitos destruidores de grandes sismos em
locais onde os terrenos superficiais são constituídos por solos brandos.
________________________
* Várias precauções podem e devem ser tomadas para minimizar, ou até mesmo evitar, a propagação da onda
aérea resultante das detonações. Mesmo considerando que se trata de um mal necessário, é importante lembrar
que as boas relações com os vizinhos são provavelmente o seguro mais eficaz contra as reclamações. Um residente
local que esteja devidamente informado sobre as operações e sobre os seus benefícios para a zona, e para a
sociedade em geral, é muito menos provável que reclame dos incómodos causados pelo ruído excessivamente alto
provocado por uma explosão (Persson et al., 1994).
20
Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
A figura seguinte ilustra a diferença dos efeitos das vibrações em dois edifícios, equidistantes
de uma detonação, um fundado em rocha e outro em solo.
Figura 2.7 – Efeito da litologia do terreno de fundação nas velocidades vibratórias, em duas estruturas equidistantes
de uma detonação (modificado de Jimeno et al., 1995, in Paneiro, 2006)
Segundo Bernardo e Dinis da Gama (2006), demonstra-se que, se a velocidade vibratória que
atinge o edifício fundado em rocha for 0@, que se considera igual à velocidade emitida pela
detonação (igualmente em rocha), a velocidade vibratória que atinge o edifício fundado em solo
(refractada na interface geológica), é dada pela expressão seguinte:
2 2'
0 A B AB 0B B AB C 0 1 ? ' 0B ,
1? A (2.4)
B AB
'
A (2.5)
A obtenção desta igualdade permite concluir que, para as mesmas cargas detonadas às
mesmas distâncias, as formações geológicas mais atenuadoras das amplitudes das ondas
provocam maiores velocidades vibratórias do que as formações menos dissipadoras de energia
vibratória. Esta contradição aparente resulta do tipo de relação entre as velocidades de
vibração e as tensões dinâmicas (Equação 2.6).
. 0. A
(2.6)
21
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Embora os efeitos nefastos que as vibrações podem causar em estruturas estejam limitados
pelos critérios de dano estrutural (valor de pico da velocidade vibratória de partícula),
consignados na NP 2074 de 1983, pode adoptar-se, na ausência de estudos específicos, uma
metodologia empírica que passa pela realização de desmontes experimentais para cada tipo de
maciço, devidamente instrumentados e visando o registo das vibrações ocorrentes. Estes
ensaios, ao possibilitarem o conhecimento da amplitude da velocidade de partícula, expressa
em função do peso de explosivo e da distância, permitem, através desta relação, o cálculo da
amplitude noutras condições, para o mesmo tipo de formação geológica. Simultaneamente,
permitem optimizar o plano de fogo, consubstanciado nas variáveis determinantes no processo:
carga de explosivo por furo, número de furos e de retardos, carga máxima instantânea e
distância (Bastos, 1998).
Uma vez conhecida a amplitude da velocidade de partícula, é possível prever com algum rigor
os efeitos causados por uma detonação em estruturas vizinhas, através da utilização das
relações empíricas entre a grandeza das vibrações e os danos físicos que podem provocar.
Estas relações, usadas no sentido inverso, são susceptíveis de dar informação acerca das
cargas máximas a detonar num desmonte, tendo em vista a protecção de edificações próximas
dos prejuízos decorrentes de níveis de vibração excessivos. A análise das circunstâncias que
originaram danos permite atribuir-lhes um grau de importância (em termos de segurança,
precaução, perigo e colapso, por exemplo) que, conjugado com a quantificação das vibrações
por intermédio de um parâmetro apropriado, visa estabelecer os critérios de dano estrutural
(Dinis da Gama, 1998).
Como se verá mais adiante, a generalidade das normas internacionais admite a correlação dos
danos estruturais com a amplitude das ondas sísmicas. De entre as grandezas físicas que a
caracterizam, são as velocidades vibratórias que melhor se ajustam a essa correlação (Dinis da
Gama, 1998). Nos Estados Unidos, as pesquisas levadas a cabo pelo Bureau of Mines desde
os anos 30 do século passado permitiram desenvolver métodos simples para classificar e
resolver o problema das vibrações prejudiciais e, desde logo, concluíram que a velocidade de
pico de partícula (PPV) era o descritor que poderia estar relacionado com a ocorrência de
danos nas estruturas. Investigações desenvolvidas noutros países chegaram às mesmas
conclusões, embora com ligeiras variações, sendo que todas as normas técnicas seguem as
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
Tabela 2.2 - Danos em habitações implantadas em diferentes terrenos (Langefors e Kihlström, 1963, in Esteves,
1993)
Granito, gnaisse,
calcáreos duros,
Areia, cascalho, Ardósia,
Natureza do terreno quartzitos Tipo de dano
silte calcáreos
arenosos,
diabase
Velocidade de propagação
-1 1 000 - 1 500 2 000 - 3 000 4 500 - 6000
C (ms )
40 80 160 Fendilhação
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Yang et al. (2008) consideram que, na análise das vibrações, um requisito básico é o de
expressar a velocidade de pico de partícula (PPV), ou a aceleração de pico de partícula (PPA),
J
√L
como uma função da relação , que designam por escala-distância* (SD). Enquanto para um
pico de partícula num local específico de monitorização. Esta carga dominante é a que está
J
√L
associada com o valor mínimo de . (MSD). Consequentemente, para um determinado campo
de observação, a distância e a carga de cada furo deverão ser verificadas para a correlação
com a medição de vibrações. Então, o valor mínimo da escala-distância (MSD) pode ser
definido como:
8 9 $
M+! NO' P , ,…, T
√Q8 √Q9 SQ$
(2.7)
onde,
' – número total de cargas usadas num desmonte;
$– distância entre a carga n e o ponto de registo;
Q$ – peso de explosivo da carga n.
(Yang, 2007).
Estes autores concluem assim que, quando a análise anterior é aplicada ao estudo das
vibrações com geração a longa distância do local em monitorização, o valor de MSD é dado
pela razão distância-carga correspondente à carga mais elevada.
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
Quando não existem registos de vibrações, pode usar-se, numa primeira aproximação, o
critério de dano do USBM (United States Bureau of Mines), segundo o qual, a distância de
segurança D (m), deverá relacionar-se com a carga de explosivo por retardo 5 (Kg) através da
relação (Dinis da Gama, 1998):
Esta expressão só deve ser aplicada na fase precedente das detonações iniciais e na falta de
qualquer tipo de monitorização.
Como referido anteriormente, a limitação dos níveis de vibrações é conseguida por intermédio
do controlo da carga de explosivo a detonar, concomitantemente com a distância da explosão
às edificações a proteger. Em complemento, deverão ser adoptadas outras disposições, tais
como a adequação do tipo de explosivo à rocha a desmontar, as dimensões e geometria do
furo, o tempo de retardo da detonação e ainda a frequência da vibração. A frequência pode ser
prevista, para efeitos de dimensionamento dos esforços dinâmicos máximos a aplicar (por
exemplo, através do cálculo das cargas explosivas máximas a usar por retardo) recorrendo a
casos práticos relativos a situações idênticas ou através de um conjunto de cargas-teste,
realizadas especificamente para o efeito. Dinis da Gama (2002) salienta que as equações de
propagação estabelecidas na situação de referência (através da realização de detonações com
cargas reduzidas de explosivo – cargas-teste) são essenciais na previsão das magnitudes dos
impactes ambientais quer no estabelecimento de factores de segurança com respeito pelos
valores máximos admissíveis, no caso de edifícios sensíveis localizados nas proximidades,
quer na definição de níveis de vibração aceitáveis para as pessoas, em ordem a acautelar
reclamações dos habitantes locais.
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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! XY
0 W6 7
5- (2.9)
onde,
0– velocidade máxima de vibração das partículas;
5– carga de explosivo por retardo;
!– distância entre o ponto de detonação e o de monitorização à superfície;
W, , Z – constantes que dependem das propriedades elásticas e das características estruturais
do meio de propagação, determinadas através de correlações estatísticas.
XY
[mms-1]
J
0 >]]0 W : ;
L [/\
(2.10)
Medvedev (1968), nos seus trabalhos experimentais, obteve o valor de 1900 para a constante
W e de -1,5 para a constante Z, donde a expressão assume a forma seguinte:
X8,e
[mms-1]
J
0 1900 :L [/\ ; (2.11)
Esta relação pode ainda ser apresentada sob a forma (Dinis da Gama, 1998):
0 . 5 Y . ! f (2.12)
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________ ____________________________
Relativamente ao tipo de dano, ocorrem com frequência fendas com a forma de “X”
“X (Figura
2.8), geralmente em paredes de alvenaria de tijolos cerâmicos, rebocadas e estucadas. Esta
fendilhação é devida ao facto de o movimento relativo das bases de uma estrutura originar
tensões de tracção nas diagonais dos paralelogramos que, ao vencerem a resistência
resistênc dos
materiais, causam esses danos (Jimeno et al., 1995, in Bernardo, 2004).
Figura 2.8 - Fendas típicas devidas a movimentos sísmicos (Jimeno et al., 1995, in Bernardo, 2004)
Os danos estéticos, ou até mesmo os estruturais, são frequentemente agravados por acção de
agentes atmosféricos, pelos problemas decorrentes da construção deficiente ou ainda da falta
de qualidade dos materiais aplicados.
aplicados Todavia, estas alterações, que se manifestam em
períodos de tempo consideráveis
ideráveis passam, amiudadamente, despercebidas, sendo notadas
apenas cumulativamente na presença de um qualquer fenómeno exterior, capaz de, por si só,
justificar os danos e, eventualmente, vir a ter uma solução cómoda, através da reclamação de
indemnizações. De uma forma geral, estas reclamações são respeitantes a possíveis danos
estruturais, causados por vibrações, terrestres e/ou aéreas e são desencadeadas pelo efeito
surpresa decorrente de uma detonação no seio de uma comunidade. É frequente, ainda que as
detonações ocorram conforme a legislação, e em horários adequados, o choque e a ansiedade
motivados pelos eventos vibratórios estimularem os proprietários a tentar encontrar danos
estruturais nas suas casas e, não raras vezes, a sentir-se
sentir se prejudicados
prejudicad (Bernardo, 2004).
Vuolio (1990) refere que as reclamações vêm principalmente de pessoas que vivem fora do
raio de acção da obra chegando a distâncias assinaláveis, entre 1 e 2 Km, quando se trata de
desmontes com explosivos que envolvem grandes volumes de rocha.
r
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Dowding (1996) considera que as vibrações induzidas pela não observância dos limites
regulamentares, nos níveis mais baixos, podem originar fissuras cosméticas, que embora de
espessura capilar, são observáveis visualmente. Todas as casas apresentam muitas fissuras
cosméticas e a distinção entre as provocadas pelas vibrações com origem em explosões e as
de ocorrência natural é um processo extremamente difícil e demorado. Uma vez que as
estruturas fissuram naturalmente, o registo dos danos estéticos e/ou estruturais imediatamente
antes (vistorias prévias), e depois do uso de explosivos, é essencial para isolar aqueles que
são causados pelas detonações. Este mesmo investigador concluiu que a comparação das
tensões nas paredes produzidas pelas vibrações nos eventos quotidianos, com as necessárias
para causar fissuras nos materiais de revestimento, dá a perspectiva para a observação de
fissuras em baixos níveis de vibração, afirmando que diversas medições efectuadas mostram
que, na sua vida diária, uma família activa ou ocupantes de edifícios históricos produzem
tensões nas paredes semelhantes às produzidas por vibrações resultantes da detonação de
explosivos, com velocidades vibratórias entre 2,5 a 12 mm/s. Nessas observações, os registos
mais surpreendentes foram as tensões relativamente grandes nas paredes, causadas pelas
mudanças diárias de temperatura e humidade, por si só suficientes para fissurar o estuque.
Trabalhos experimentais realizados por Siskind et. al (1980) concluíram que o limiar de danos
foi definido como a ocorrência de danos estéticos, isto é, a fendilhação superficial do tipo que
se desenvolve em todas as casas, independentemente da detonação. Casas com paredes
rebocadas interiormente são mais susceptíveis ao aparecimento de fissuras devidas às
vibrações com origem nas detonações, do que as mais recentes, com revestimento em gesso
cartonado, cuja integridade se encontra assegurada por um mínimo de velocidade de partícula
de cerca de 19 mms-1 para as frequências abaixo de 40 Hz.
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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_________________________________________________________________________________________ ____________________________
Bernardo (2004) cita a classificação em três classes de dano (propostas por Siskind et al.,
1980, e referidas por Dowding, 1992) relativas às respostas estruturais dos edifícios localizados
nas imediações de desmontes de maciços rochosos com explosivos. Essas classes
clas são as que
se indicam de seguida, por ordem decrescente de gravidade e por ordem crescente da
distância aos trabalhos.
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Sabe-se que apenas uma pequena parte da energia libertada aquando de uma detonação de
um explosivo em rocha é efectivamente utilizada na sua fragmentação. Dinis da Gama (1998)
estima-a entre 5 e 15%, o que significa que a parcela maior da energia contida nos explosivos
é transferida para o ambiente circundante sob a forma de efeitos colaterais, capazes de
produzir impactes relevantes. De entre esses efeitos, contam-se os já referidos em secções
anteriores: vibrações transmitidas aos terrenos e estruturas adjacentes, onda aérea, projecção
de blocos, criação de poeiras e sobrefracturação do maciço remanescente, com a possibilidade
de vir a criar instabilizações nos terrenos contíguos. Segundo Clayton (2001), citado por
Bernardo e Torres (2005), a cada um destes impactes, característicos das vibrações, pode ser
associada a noção de grau de risco, quantificado através do produto entre a probabilidade de
ocorrência daquele impacte e a sua gravidade, no que respeita ao seu efeito sobre os
descritores ambientais. Guerreiro (2003) adverte para a diferença entre os conceitos de Risco e
Perigo, que define da forma seguinte:
Risco – probabilidade do potencial agente exposto ser atingido nas condições de uso
e/ou exposição, interessando a amplitude do dano;
Perigo – propriedade ou capacidade intrínseca de algo (por exemplo: materiais,
equipamentos, métodos e práticas de trabalho) potencialmente causador de danos.
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
Newmark e Hall (1982), citados por Dowding (1992) e Bernardo (2004) comprovam, a partir de
estudos realizados no domínio da Engenharia Sísmica, que a frequência natural de vibração de
uma estrutura (Equação 2.13) é uma função inversa da sua altura, normalmente definida pelo
número de pisos (N) da edificação, e não excede o valor de 10 Hz.
# 8h
$g
(2.13)
i
Sabendo-se que, por norma, a altura de um piso tem cerca de 3 metros, a condição anterior
poderia ser escrita em termos da sua altura real. Porém, a sua aplicabilidade é reduzida.
Dowding (1992) propõe que esta expressão seja aplicada unicamente a estruturas de um ou
dois pisos. Outro parâmetro estrutural a ter em conta é a esbeltez da estrutura, definida pela
relação entre a altura e a base. Para as que apresentam uma esbeltez elevada deverão
realizar-se estudos pormenorizados para estimar a frequência natural destas estruturas
especiais.
No caso dos edifícios altos há ainda a considerar a acção dos ventos (que podem ter um efeito
significativo) e a probabilidade de amplificação das vibrações em altura, demonstrada em
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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registos de vibrações com diferentes frequências, a diferentes alturas, ao nível de cada piso, tal
como sugerido na Figura 2.10.
Figura 2.10 - Variação da frequência, em altura, num edifício (Bernardo, 2004, in Jimeno et al., 1995)
existência de diferenças (∆f) nos registos de frequência entre pontos próximos, neste
exemplo em particular, nomeadamente:
no piso térreo, entre os pilares da cave e a laje (∆f= 4 Hz);
no piso dois, a meio da laje e junto ao pilar (∆f= 2 Hz); e
no último piso, entre a laje e a cobertura (∆f= 16 Hz).
Para além da sua frequência natural, na resposta dinâmica de uma estrutura participa a sua
capacidade específica de amortecimento, ou taxa de amortecimento. Segundo Serra (2001), a
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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-jkBlmfnjm$lk Bm-o
= -jkBlmfnjm$lk fBílnfk 100 [%] (2.14)
Assim, conhecidas a taxa de amortecimento (, e a frequência natural (#$ ), de uma estrutura
atingida por um evento vibratório com uma determinada frequência (#, a sua função de
amplificação dinâmica (do deslocamento), também designada por factor de resposta à
deformação (deformation response factor, Rd) é dada pela expressão seguinte (Serra, 2001).
#$9
,
S#$9 # 9 9 ? 4 9 # 9 #$9
(2.15)
# ##$
,.g ,
#$ S>#$9 # 9 9 ? 4 9 # 9 #$9 (2.16)
# 9 #9
,-g , 6 7
#$ S>#$9 # 9 9 ? 4 9 # 9 #$9
(2.17)
As curvas relativas a cada uma das equações anteriores apresentam-se na Figura 2.11. A sua
análise permite verificar que é precisamente quando há igualdade de frequências (entre a
estrutura e o fenómeno vibratório, originado pela detonação) que as estruturas registam as
amplificações dinâmicas mais elevadas. Assim, o intervalo de valores na vizinhança do ponto
r
rs
de abcissa 1 (em termos da relação ), pode considerar-se perigoso, ou seja, a evitar nas
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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#
t#
$
#
t#
$
#
t#
$
A possibilidade das vibrações com origem em acções impulsivas, do tipo das detonações de
explosivos, desencadearem uma resposta estrutural que conduza à amplificação desses
fenómenos, está ainda envolta em alguma polémica. Assim, enquanto Dowding (1992) advoga
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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que, para que se verifique a ressonância de uma estrutura, deverão estar reunidas condições
similares a um regime estacionário, outros autores, (Levin, 1969, citado por Svinkin et al., 2003
ou Jimeno et al., 1995) referidos por Bernardo (2004) dão nota que, embora se trate de
propagações de curta duração, é possível acontecerem respostas ressonantes bastando, para
tal, que a frequência dominante das vibrações seja próxima da frequência natural da estrutura,
em três ou quatro ciclos.
Nesta linha de pensamento, poderá afirmar-se que este risco se agrava em actividades
distintas da escavação com recurso a explosivos como, por exemplo, nos trabalhos de
cravação de estacas ou outros da mesma natureza, onde aumenta a probabilidade da
repetição dos picos de frequências dominantes e, consequentemente, da sua sobreposição aos
que são característicos da estrutura. Por conseguinte, e tendo em conta o amplo espectro de
aplicação da NP 2074, inclusivamente a este tipo de solicitações, manifesto na sua própria
designação, “Avaliação da influência em construções, de vibrações provocadas por explosões
ou solicitações similares”, verifica-se ser necessária a inclusão da frequência vibratória na
normalização para contemplar as referidas situações de solicitações dinâmicas repetidas
(Bernardo, 2004). Na secção 2.10, a propósito do projecto de revisão da Norma Portuguesa,
voltará a abordar-se a importância daquele parâmetro.
Ainda segundo aquele autor, mesmo nas escavações com explosivos, a repetição da
frequência dominante afigura-se como muito provável, na medida em que o controlo das
vibrações, na perspectiva da velocidade vibratória, de acordo com a legislação vigente, tende a
obrigar os projectistas a prever o uso de tempos de disparo (retardos) distintos e consecutivos.
Jimeno e Abad (1986) advertem para o risco da redução das cargas por furo e do aumento das
temporizações entre furos, condições em que podem ser originadas gamas de frequências
consideradas perigosas. Por isso, nos diagramas de fogo, os tempos de retardo dos
detonadores entre os furos deverão ser ajustados, a fim de impedir sobreposições das
frequências, de vibração do terreno e de ressonância das estruturas. De acordo com este
critério, deverão ser evitados tempos de retardo elevados, frequentemente usados para
proporcionar a criação de faces livres, já que são os que mais se aproximam das frequências
naturais das estruturas.
As respostas das estruturas acontecem não apenas devido à acção das vibrações transmitidas
pelo terreno (actuando, especialmente, ao nível das fundações), mas também pelas
solicitações dinâmicas transportadas pela onda aérea (com consequências mais imediatas na
superestrutura). Verificou-se (Dinis Gama, 1998) que o efeito da onda aérea, numa pega de
fogo adequadamente dimensionada e executada (traduzida, sobretudo, num bom confinamento
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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A ideia de usar as sequências de disparo no controlo das vibrações é quase tão antiga como
os próprios retardos. Thoenen e Windes (1942) demonstraram, a partir de um disparo de teste,
que os tempos de atraso podem ter um papel determinante no cancelamento do efeito
vibratório, tendo concluído que a frequência das vibrações não era regular devido, em parte, à
dispersão dos tempos de queima. Constataram ainda que a dispersão era tão grande que o
espectro resultante se alteraria de explosão para explosão, ainda que se mantivessem os
mesmos tempos de disparo nominal. A amplitude resultante não podia ser alterada porque a
amplitude máxima está muitas vezes relacionada com elevadas frequências de vibração.
Entretanto, passaram-se mais de cinquenta anos até virem a obter-se tempos de disparo
verdadeiramente flexíveis e precisos.
Contudo, a correlação entre os parâmetros tempo de disparo e a resultante das frequências foi
observada ocasionalmente. Cerca de uma década após o trabalho de Thoeren e Windes, Fish
(1951) demonstrou, através de pequenos disparos experimentais, que a vibração resultante
poderia ser modificada por interferência destrutiva. Frantti (1963) e Pollack (1963) provaram o
efeito dos retardos na frequência resultante. Tornava-se então claro haver uma associação
entre os tempos de atraso e as frequências. Greenhalgh (1980) mostrou que esse efeito era
persistente, sendo observável a uma distância de 170 Km.
As acções dinâmicas actuantes nas estruturas são caracterizadas por uma faixa de frequências
próprias cujos valores não excedem as, poucas, dezenas de Hertz. Internacionalmente existem
vários documentos normativos sobre os valores máximos da velocidade de vibração aceitáveis
nas fundações dos edifícios. São disso exemplo a Norma Portuguesa, NP- 2074, de 1983, a
Norma Internacional ISO 4866, a Norma Alemã DIN 4150 e a Norma Suíça SN 640312.
Cada uma das normas internacionais mencionadas, exceptuando a Portuguesa, fixa os valores
limite da velocidade vibratória das partículas, em conjugação com a frequência do movimento,
a partir dos quais podem ocorrer danos directos nas edificações provocados pela vibração dos
solos de fundação (Figura 2.12).
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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Figura 2.12 – Comparação dos vários níveis de vibração, em função da frequência, que produzem danos estruturais,
segundo cada norma (Mota, 2009, adaptado, in Athanasopoulos e Pelekis, 2000)
Para além daquelas solicitações, existe um conjunto de outras que, embora menos intensas,
também podem induzir danos nas estruturas, ainda que menos relevantes, como é o caso das
detonações de explosivos em actividades mineiras e de construção próximo de zonas
habitadas ou o funcionamento de maquinaria junto a edifícios. Sabe-se que as vibrações
provenientes destas actividades são susceptíveis da indução de fenómenos de fendilhação em
elementos não estruturais e de provocar o aparecimento de fissuras em elementos estruturais,
podendo ainda dar origem a estados de tensão elevados nos materiais e provocar a sua fadiga
como resultado da sucessiva repetição dos ciclos de solicitação (Moutinho, 2007).
37
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Segundo Fornaro (1980), os valores máximos das velocidades de vibração não dependem
unicamente dos danos que a velocidade de vibração de partícula pode causar nas estruturas,
mas igualmente do tipo de estrutura em si mesma. Foi provado que, frequentemente, a
vibração originada por explosivos, largamente utilizados na indústria mineira, é apenas o
instante detonador de um processo de instabilidade atribuído a outras causas como sejam a
dilatação térmica, a insuficiência de material e erros de projecto.
Quando não é possível, com base apenas nas medições de velocidade, atingir os valores de
deslocamento e os impulsos, é necessário o recurso a tabelas empíricas de danos, através da
correlação das características mais evidentes do fenómeno, sendo esta a via preconizada pela
maior parte da normalização actual (Fornaro, 1980).
Até ao final da década de oitenta, antes da reunificação da Alemanha, vigoravam duas normas
distintas. Na Alemanha Oriental, a recomendação vigente considerava dois parâmetros:
________________________
*As recomendações do Report of Investigation (RI 8507) do United States Bureau of Mines (USBM) têm sido a base
de toda a regulamentação mundial neste domínio.
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
As frequências são analisadas em três intervalos: valores inferiores a 10 Hz, valores entre 10 e
50 Hz e valores entre 50 e 100 Hz. A norma prevê que, para valores superiores a 100 Hz, a
estrutura suporta níveis altos de vibração. Os valores de velocidade de vibração de partícula
definidos variam de 3 mm/s, para monumentos e construções delicadas com frequência inferior
a 10 Hz, até 50 mm/s, para estruturas industriais com frequência entre 50 e 100 Hz. Na
avaliação dos danos estruturais causados pelas vibrações do terreno, os valores limite da
velocidade vibratória (0 admitidos para diversos tipos de construções, em função da
frequência, são os da Tabela 2.3.
Tabela 2.3 – Valores admitidos pela norma alemã DIN 4150 para danos em edifícios (Bacci et. al, 2003a, adaptado
de Berta, 1985, in Bacci 2000)
Fundação
Andar mais alto
do edifício
Tipo de Estrutura Frequência (Hz)
Qualquer
< 10 10 - 50 50 - 100
frequência
Edifícios particularmente
3 mm/s 3 - 8 mm/s 8 - 10 mm/s 8 mm/s
delicados
Valores de frequência acima de 100 Hz podem ser aceites nos pontos mais elevados dos
edifícios. Outros valores, medidos abaixo dos limites especificados anteriormente, não são
considerados nocivos para as estruturas. Esta norma é adoptada em toda a União Europeia
como norma-padrão, sendo que um grande número de países europeus desenvolveu as suas
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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próprias normas, tomando como base a DIN 4150, ou relacionando-as com ela, entre os quais
Portugal (NP 2074, de 1983).
Figura 2.13 – Norma alemã DIN 4150. Representação dos valores da velocidade de vibração, em mm/s, em função
da frequência em Hz e das características estruturais dos edifícios (Bacci et. al, 2003a, modificado de Berta, 1985, in
Bacci 2000)
Na edição da Norma DIN 4150, parte 3, 1986, o critério de avaliação utilizado é o valor máximo
medido segundo cada uma das direcções de vibração, X, Y, e Z, e não o valor máximo da
resultante vectorial, como anteriormente. A norma americana do Office of Surface Mining
Reclamation Enforcement (OSMRE) segue igualmente este princípio.
Anteriormente a 1992, a Suíça tinha em vigor uma norma referente aos valores para
salvaguardar a integridade dos edifícios, na qual era considerada a componente vertical da
velocidade de vibração, medida na fundação das estruturas. Os limites de velocidade de
vibração de partícula, estabelecidos empiricamente, variavam de 25 mm/s para museus até
100 mm/s para construções em betão armado. Estudos posteriores passaram a introduzir a
frequência como parâmetro a ser avaliado, de que resultou a Tabela 2.4, na qual o tipo de
estrutura e o tipo de fonte de vibração são actualmente considerados. A distinção das fontes de
vibração, funcionamento de máquinas, tráfego e trabalhos de construção ou actividades que
envolvam o uso de explosivos, tem, de certa forma, a ver com o facto de as vibrações poderem
ter carácter contínuo ou ocasional.
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
Tabela 2.4 – Valores sugeridos pela norma suíça. Os valores de u foram medidos para fontes de vibração de tipo
ocasional (Bacci et. al, 2003a e Paneiro, 2006, adaptado de Bolra, 1993, in Bacci, 2000)
Velocidade máxima de
Tipos de Estruturas Fonte de vibração Frequência (Hz) vibração de partícula
(mm/s)
10 - 30 12
Maquinaria, tráfego
30 - 60 12 - 18
Edifícios de betão armado
10 - 60 30
Explosões
60 - 90 30 - 40
10 - 30 8
Maquinaria, tráfego
30 - 60 8 - 12
Edifícios de construção normal
10 - 60 18
Explosões
60 - 90 18 - 25
10 - 30 5
Maquinaria, tráfego
30 - 60 5-8
Habitações
10 - 60 12
Explosões
60 - 90 12-18
10 - 30 3
Maquinaria, tráfego
30 - 60 3-5
Edifícios sensíveis
10 - 60 8
Explosões
60 - 90 8 - 12
A norma BS 5228 - Parte 4 (1992), recomenda que estruturas livres e flexíveis apresentem
patamares limite (acima dos quais ocorrerão danos) de 20 mm/s, para vibrações intermitentes,
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
e 10 mm/s para vibrações contínuas. Por sua vez, as construções pesadas e rígidas
apresentam patamares superiores a 30 mm/s para vibrações intermitentes e 15 mm/s para
vibrações contínuas. Na gama das baixas frequências, abaixo de 10 Hz, grandes
deslocamentos e deformações elevadas necessitam de valores de 0 mais baixos (50 %
inferiores), enquanto em alta frequência, acima de 50 Hz, deformações bem mais reduzidas
permitem que o limite de Vp aumente para 100%.
A norma BS 7385 – Parte I (1990), analisa as medições de vibração em termos gerais, com
maior incidência na investigação de danos na BS 7385 – Parte II (1993), e para a percepção
humana na BS 6472 (1992). Define quatro parâmetros que podem ser utilizados para definir a
magnitude da vibração no terreno, sendo estes: deslocamento, velocidade e aceleração de
partícula e frequência. O parâmetro mais usado em todas as normas é a velocidade máxima
(0), medida em três direcções: longitudinal, vertical e transversal. Segundo esta norma, os
registos das vibrações são feitos no exterior da propriedade, no terreno imediatamente
adjacente ao local da detonação. Se existirem reclamações, pode ser necessário monitorizar
as vibrações dentro da propriedade, no local onde os reclamantes considerarem os efeitos
mais significativos. O limite de variação da frequência é de 5 a 40 Hz, com níveis
predominantes de 20 a 30 Hz, no caso de rochas mais duras, e de 5 a 15 Hz em escavações
de rochas de menor competência.
A norma BS 7385 – Parte 2 (1993) define três tipos de danos em residências: danos estéticos,
danos menores e danos maiores, ou estruturais, baseados em termos de 0 e de frequência.
Para danos estéticos, os valores de referência são de 15 mm/s a uma frequência de 4 Hz,
aumentando para 20 mm/s a 15 Hz e 50 mm/s para frequências superiores a 40 Hz. Os danos
menores são possíveis com magnitudes de vibração maiores que duas vezes as consideradas
para os danos estéticos. Os danos maiores, ou estruturais, são possíveis quando os valores
são o quádruplo dos valores estipulados para danos estéticos.
42
Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________ ____________________________
Figura 2.14 – Diagrama proposto pela AFTES para as vibrações admitidas para as três classes de estrutura (Bacci
(
et. al, 2003a,, adaptado de Anon, 1974,
1974 in Bolra 1993 e Bacci, 2000)
Tabela 2.5 – Valores de velocidade de vibração de partícula, segundo a AFTES, 1974 (Bacci
(Bacci et al.,
al 2003a, adaptado
de Weber et al., 1974, in Fornaro, 1980,
19 in Bacci, 2000)
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Tabela 2.6 – Limites de velocidade de vibração de partícula (u) sugeridos pela Circular do Ministério do Ambiente
Francês (Bacci et al., 2003a, adaptado de Kiszlo, 1993, in Bolra 1993 e Bacci, 2000)
Frequência (Hz)
u (mm/s)
Edifícios resistentes 8 12 15
Edifícios sensíveis 6 9 12
A circular não é específica para os trabalhos com explosivos em explorações mineiras a céu
aberto. Uma lei posterior (nº 93-3, de 4 de Outubro de 1993) e uma nova circular, de Setembro
de 1993, estenderam a circular anterior às explorações a céu aberto, com os valores seguintes:
Tabela 2.7 – Valores admissíveis de velocidade de vibração de partícula (u) em função da amplitude (Bacci, et al.,
2003a)
2-8 5
8 - 30 9
30 - 159 12
Figura 2.15 – Diagrama representativo dos valores de velocidade de vibração admitidos, sugeridos pelo projecto de
recomendação francês relativo às vibrações induzidas exclusivamente pela detonação em pedreiras. As curvas a
tracejado representam o limite inferior que, para as duas categorias de edifícios, pode ser superado com uma
probabilidade de 10% (Bacci et al., 2003a, modificado de Anon, 1991, in Bolra, 1993 e Bacci, 2000)
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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A norma tem um carácter geral e não se refere aos efeitos das vibrações. Considera os
fenómenos vibratórios, não necessariamente produzidos por desmontes, com cargas
explosivas caracterizadas por bandas de frequência entre 0,1 e 150 Hz, levando em conta que
fenómenos vibratórios, caracterizados por frequências superiores a 150 Hz, não influenciam
significativamente a resposta de um edifício à vibração. Os parâmetros adoptados para a
caracterização das vibrações são:
Para edifícios com menos de quatro pisos, sugere a colocação dos geofones próximo da
fundação e no último piso; para edifícios com mais de quatro pisos, aconselha colocá-los nos
pisos intermédios. Os geofones devem estar fixos sobre a estrutura, evitando o uso de
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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suportes, de modo a que se permita uma reprodução fiel das vibrações, impedindo alterações
atribuídas ao sistema de acoplamento geofone-superfície de medição. A norma italiana segue
os conceitos básicos e limites da norma DIN 4150.
A norma sueca foi aprovada em 1989 e revista em 1991. Esta norma prevê a medida da
componente vertical do vector de velocidade de vibração da partícula como parâmetro de
controlo das vibrações nos edifícios (Bacci et al., 2003a, in Bolra, 1993). Os níveis estipulados
não consideram, porém, a perturbação nos seres humanos ou eventuais danos em aparelhos
sensíveis. O valor da velocidade medido deverá ser menor que a velocidade 0, calculada como
segue:
0 0h vw v vl (2.18)
onde,
Não estão previstos coeficientes específicos que tenham em conta a frequência de vibração ou
que considerem o tipo de fonte de vibração (irregular ou contínua). No entanto, os parâmetros
Fd e Ft levam esses aspectos em consideração, uma vez que a frequência principal é função da
distância e da natureza do terreno e a duração e repetitividade dos eventos dependem do tipo
de explosivo utilizado, ou seja, da fonte de energia.
A Tabela 2.8, cujos elementos já foram apresentados (Tabela 2.2), exibe a compilação dos
limites recomendados, usados na Suécia para desmontes de rocha em áreas residenciais,
definidas como aquelas que são ocupadas por habitações com fundação e vigas em betão, e
paredes exteriores em alvenaria de tijolo rebocado.
Para casas antigas, com fundações de reduzida qualidade, o valor de 0 permitido é reduzido de
70 mm/s para 50 mm/s e, para edifícios de betão leve, o limite chega a 35 mm/s. Nos estudos
de definição desta norma, muitos dos valores que excederam 110 mm/s foram registados sem
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
________________________________________________________________________________________________________________________
causar qualquer tipo de dano em construções com fundações sólidas. Construções de betão
armado, escavadas directamente em rocha, suportaram valores de 0. acima de 150 mm/s. O
valor limite recomendado para áreas residenciais normais é de 50 mm/s para frequências
acima de 40HZ.
Tabela 2.8 – Valores limite de u , da componente vertical (mm/s), para danos em estruturas civis (Bacci et al.,
2003a, adaptado de Langefors e Kihlstrom, 1963, Persson et al., 1994, in Paneiro, 2006 e Bacci, 2000)
Granito, gnaisse,
calcáreos duros, Possíveis danos observados em
Areia, cascalho, silte Ardósia, calcáreos
quartzitos arenosos, residências
diabases
2.8.7. Norma Norte-Americana USBM (RI 8507 e OSMRE (Office of Surface Mining
Reclamation and Enforcement)
O United States Bureau of Mines (USBM) desde sempre se evidenciou pelo seu pioneirismo no
controlo das vibrações, tendo como preocupação o estabelecimento de um limite de segurança
que não causasse danos estruturais em edificações civis. A maioria dos seus trabalhos
correlaciona os parâmetros deslocamento, frequência, velocidade máxima de partícula e
distância segura com a energia libertada na detonação.
Duvall e Fogelson (1962), in Bacci et al. (2003b), concluíram que os danos em residências são
proporcionais à velocidade de vibração de partícula e que os danos mais significativos, queda
do reboco ou fissuração, podem ser esperados a partir de 0 de 190 mm/s. Já os danos
menores, pequenas fissuras no reboco e abertura de fissuras pré-existentes, são expectáveis a
partir de 140 mm/s e o valor de 50 mm/s representa um valor razoável de fronteira entre a zona
de segurança e uma zona de prováveis danos.
O boletim 656, publicado pelo USBM em 1971, intitulado “Blasting Vibrations and Their Effects
on Structures”, propôs uma velocidade máxima de partícula de 50 mm/s como nível de
segurança para edificações civis. A probabilidade de danos numa estrutura residencial varia
conforme aumenta ou diminui, proporcionalmente, o nível de vibração acima ou abaixo de
50 mm/s.
O critério actual de danos desenvolvido pelo United States Bureau of Mines baseia-se nas
pesquisas realizadas em explorações a céu aberto e publicadas em 1980 no RI 8507, intitulado
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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“Structure Response & Damage Produced by Ground Vibration from Surface Mine Blasting”
(Siskind et al, 1980). Neste trabalho, foi constatada a existência de um problema sério com a
ressonância estrutural, desencadeada em resposta à vibração de baixa frequência propagada
no terreno, apresentando como resultado aumentos em deslocamentos e deformações, o que
veio reforçar a ideia de que os danos podem ser causados pela frequência.
Os limites de danos adoptados no RI 8507 foram definidos para “danos estéticos do tipo mais
superficial”, isto é, fissuras internas que se desenvolvem em todas as residências,
independentemente das vibrações geradas pela detonação de explosivos. Os níveis de
vibração de partícula seguros foram definidos como “níveis com improbabilidade de produzir
fissuras no interior de residências ou quaisquer outros danos”. Estes níveis, apresentados na
Tabela 2.9, são definidos como conservadores. Os valores foram objecto de muitas críticas
pela indústria extractiva a céu aberto por serem desfavoráveis à produção.
Tabela 2.9 – Níveis seguros de velocidade de vibração de partícula para estruturas civis (Bacci et al., 2003b,
adaptado de Siskind et al., 1980, in Bacci, 2000)
u (mm/s)
Tipo de estrutura
A baixas frequências A altas frequências
f < 40 Hz f > 40 Hz
O USBM e o Office for Surface Mining Reclamation (OSMRE) estabeleceram dois critérios para
o controlo dos danos provocados pelas vibrações do terreno. Esses critérios, representados na
Figura 2.16, constituem uma referência da velocidade máxima de vibração de partícula (0) em
função da frequência.
Figura 2.16 – Diagrama representativo dos limites de u e de deslocamento, sugeridos pelo USBM e OSMRE,
medidos em mm/s e mm, respectivamente, em função da frequência, em Hz. A linha tracejada, em baixo, refere-se
aos valores propostos pelo USBM para paredes rebocadas (Bacci et al., 2003b, modificado de Berta, 1985, in Bacci,
2000)
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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A SPCC adoptou como critério para a velocidade de vibração de partícula o de não exceder
7 mm/s e as detonações deverem ocorrer no período das 9 às 15 horas, de forma a evitar
inversões térmicas, sendo requisitada a monitorização de todos os desmontes. A norma
AS2187 (1983) adoptou critérios relativos ao pico de velocidade de vibração de partícula,
medido no terreno próximo à fundação da estrutura, de acordo com a Tabela 2.10.
Tabela 2.10 – Valores máximos de velocidade de vibração de partícula, adoptados pela Norma AS2187, segundo os
tipos de construções civis (Bacci et al., 2003b, adaptado de Scott, 1996, in Bacci, 2000)
Velocidade máxima de
Tipo de construção vibração de partícula
(mm/s)
A norma foi reeditada em 1993, não considerando limites de 0 para construções históricas e
monumentos, ressaltando contudo que aqueles requerem condições especiais, muitas vezes
resultando em medições adicionais na sua própria estrutura.
Para além das normas internacionais referidas, existem outros critérios abordados em diversos
estudos como sejam os do Instituto Tecnológico Geominero de España (ITGE) (1989), Esteves
(1993), Jimeno et. al (1995) e Dinis da Gama (1998), cujo objectivo fundamental é o
estabelecimento de limites admissíveis para os vários parâmetros incluídos nos fenómenos
vibratórios. Alguns dos mais conhecidos estão resumidos, cronologicamente, na Tabela 2.11.
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Tabela 2.11 – Critérios de dano para estruturas submetidas a vibrações (Dinis da Gama, 1998)
Como se verifica pela leitura da tabela, os primeiros critérios de dano usavam a aceleração das
vibrações, mais tarde substituída pela velocidade vibratória máxima, visto que as correlações
com os danos observados assim o sugeriam. De facto, existe uma proporcionalidade directa
entre a velocidade de vibração e a tensão dinâmica associada às ondas sísmicas, sendo que
esta última é facilmente correlacionável com a resistência das estruturas.
Para além da velocidade, a maioria dos critérios de dano actuais engloba também a frequência
característica das vibrações, fundamentalmente devido ao fenómeno da ressonância. De facto,
a regulamentação vigente em diversos países destaca a importância da aplicação deste
parâmetro como medida essencial à prevenção de danos em estruturas pela acção de
vibrações sendo, por isso, de consideração indispensável nos projectos dos planos de fogo.
Essa importância tem a suportá-la uma explicação física patente em numerosas investigações
(referidas por Svinkin et al., 2003) que são unânimes em considerar a frequência da vibração
como um factor essencial no comportamento dinâmico das estruturas, em particular se a
frequência dominante da onda sísmica originada, por exemplo, por uma detonação no terreno,
for próxima da frequência natural da estrutura em causa (Equação 2.10), dando lugar ao
aparecimento de fenómenos de ressonância (Bernardo, 2004).
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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Segundo Schillinger (1994), in Bacci et al. (2003b), a comparação entre a norma alemã
DIN 4150 e a norma norte-americana USBM RI8507 evidencia uma variação dos valores de 0
admitidos, como mostra a figura seguinte:
Figura 2.17 – Gráfico comparativo das normas, alemã DIN 4150 e norte-americana RI 8507 (Bacci et al., 2003b,
modificado de Schillinger, 1994, in Bacci, 2000)
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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A relação entre a USBM RI 8507 e a DIN 4150, para residências e monumentos históricos,
mostra um factor 3 a 4 vezes maior para a norma americana, no intervalo de frequência entre 1
e 100 Hz, significando que as estruturas residenciais dos Estados Unidos seriam 3 a 4 vezes
mais resistentes do que as construções europeias. Porém, o próprio autor não aceita essa
hipótese, argumentando que as regulamentações possuem um carácter conservador e não
estão isentas de referências políticas, as quais, de um modo geral, estão concentradas na
determinação da probabilidade de aceitação social da ocorrência de danos e incómodos.
Actualmente, a incomodidade humana vem sendo até mais considerada que os danos em
edifícios, embora com maior dificuldade de regulamentação devido à sua subjectividade,
atendendo a que a susceptibilidade às vibrações varia de indivíduo para indivíduo.
Esta norma fixa um valor limite da velocidade de vibração das partículas, expressa no seu valor
máximo (de pico), em cm/s, (Equação 2.19), como um produto de três factores onde são
considerados:
Os valores medidos são comparados com aquele critério de segurança, não podendo ser-lhe
superiores sob pena de poderem ocorrer danos na estrutura.
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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Tabela 2.12 – Valores limite da velocidade de vibração de acordo com a norma NP 2074, em função do terreno de
fundação considerado para cada local e das características do edificado (Bernardo e Dinis da Gama, 2006)
c p <= 1 000 m/s 1 000 m/s < c p < 2 000 m/s c p > 2 000 m/s
γ - constante aplicada com vista à redução em 30% (γ= 0,7) dos valores da velocidade de vibração, para mais de três detonações
diárias, isto é, se for aplicada uma fonte vibratória contínua ou quase
A Norma Portuguesa NP-2074 (1983) não contempla os critérios de dano actuais de outras
Normas e Recomendações Internacionais em que, para além da velocidade de vibração, estão
envolvidas a frequência das vibrações e o tipo de estrutura a proteger, independentemente do
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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tipo do solo de fundação. A ausência daquela grandeza física constitui por isso uma
significativa limitação à sua aplicabilidade.
Foram propostos projectos de revisão desta Norma por Esteves (1993) e Bernardo e Dinis da
Gama (2006), pela pertinência quanto a incluir, de forma criteriosa, a frequência nos critérios de
dano em vigor em Portugal, identicamente ao que já acontece noutros países onde a aplicação
daquele parâmetro constitui uma medida essencial no comportamento dinâmico das estruturas
e na prevenção de danos por acção das vibrações. Parece ser consensual a necessidade da
introdução da frequência na definição dos limites admissíveis da velocidade vibratória, embora
de forma indirecta, considerando que, numa determinada estrutura, deverão ser os elementos
de fundação a ser instrumentados e não o terreno onde se encontram fundados. Contudo, caso
este parâmetro venha a ser incluído na regulamentação nacional, há que atender às diferenças
entre os materiais constituintes da fundação (onde, de acordo com o ponto 5. “Técnica de
Medição”, da NP 2074, deve ser registada a velocidade de vibração) e os da superestrutura, já
que poderão apresentar respostas distintas a uma mesma solicitação dinâmica (Bernardo,
2004).
Segundo Bernardo e Dinis da Gama (2006), a inclusão do tipo de terreno é inadequada, já que
os valores da velocidade vibratória devem ser medidos sobre um elemento da fundação da
estrutura o que, por conseguinte, já contempla os efeitos do terreno na propagação e refracção
das ondas. É por este motivo que, a nível internacional, nenhum dos critérios de dano em vigor
inclui o tipo de terreno.
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Capitulo 2 - O Impacte Ambiental das Vibrações
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Não obstante, a relação frequência vs. litologia, de importância inquestionável, deverá ser
usada, à partida, para preconizar, mas não para normalizar.
Tabela 2.13 – Projecto de revisão da NP 2074, adaptado de Azevedo e Patrício, 2003, e Esteves, 2003
Construções sensíveis 1,3 - 1,8 - 2,5 2,5 - 3,5 - 5,0 5,0 - 7,0 - 10,0
Construções correntes 2,5 - 3,5 - 5,0 5,0 - 7,0 - 10,0 10,0 - 14,0 - 20,0
Construções reforçadas 6,5 - 9,0 - 12,5 12,5 - 17,5 - 25,0 25,0 - 35,0 - 50,0
Notas:
1 - os primeiros valores são adequados para um número total de solicitações superior a cem; os segundos para um número diário de
solicitações superior a três; os terceiros valores são válidos para três ou menos solicitações diárias;
2 - a grandeza a medir é a componente mais significativa da velocidade de vibração (PPV);
3 - "f" é a frequência predominante no espectro de velocidade.
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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A opção de ter em conta as frequências por cada direcção é importante nos casos em que as
normas definem os valores máximos da velocidade somente através da maior amplitude dos
picos, tal como preconizado no projecto de revisão, em detrimento do maior vector resultante,
como sucede na norma vigente. A este propósito, parece conveniente assinalar que, em
relação à análise que pode ser efectuada acerca dos modos de vibração, especialmente se se
tratar de fundações esbeltas (por exemplo, estacas profundas), a consideração de uma única
frequência, associada ao pico, pode não ser representativa e nem ser a mais conservadora,
pelo que a recomendação de Bernardo e Dinis da Gama (2006) é sempre o recurso às análises
da transformada de Fourier (FFT), procurando o valor da frequência dominante
correspondente. Assim, com base no seu estudo, e tirando partido do exemplo de
normalizações semelhantes, nomeadamente a norma alemã (DIN 4150), sugerem a revisão da
NP 2074, mas de forma relativamente mais simples e adequada ao estado actual do
conhecimento, procurando evitar situações de arbitrariedade acerca de parâmetros cujas
relações com as respectivas respostas estruturais não são bem conhecidas.
Esteves (1993) apresenta duas sugestões para a revisão da NP 2074. Uma delas, veio a ser
seguida na proposta de Bernardo e Dinis da Gama (2006), no que respeita à introdução do
parâmetro “frequência da vibração do fenómeno vibratório medido na fundação da construção”,
aproximando-a assim da generalidade das restantes normas, enquanto não é produzida uma
Norma Europeia (objecto da segunda sugestão). Com este objectivo, sugere a organização, no
âmbito da União Europeia, de um grupo de trabalho que deverá ter em conta o documento
“Suggested Method for Blast Vibration Monitoring” (Dowding et al., 1992).
56
3. Técnicas de Geofísica aplicadas à
problemática das Vibrações
3.1. Métodos sísmicos de prospecção geofísica
Neste capítulo, faz-se uma descrição sucinta do conceito de prospecção geofísica e dos dois
métodos utilizados (de refracção sísmica e de resistividade eléctrica) nos trabalhos de campo
realizados no âmbito da dissertação, aos quais se fará referência no capítulo seguinte.
57
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
A prospecção geofísica por métodos sísmicos consiste, em termos gerais, na geração de uma
onda sísmica no local que se pretende investigar e à medição do tempo de propagação da
onda ao longo de um determinado percurso no subsolo, até a um conjunto de geofones
instalados a uma distância conhecida da fonte e espaçados entre si de igual distância. A fonte
sísmica pode ser uma explosão, uma pancada aplicada com uma marreta sobre uma placa
metálica ou um pilão sísmico. Por questões de simplificação, a fonte sísmica é geralmente
designada por explosão ou tiro.
Tabela 3.1 - Valores característicos da velocidade da onda sísmica de compressão (xy) em alguns materiais (Mota,
2006, adaptado de Press,1966, in Darracott, 1976 e Lavergne, 1989)
Material z{ (m/s)
Aluvião 500 - 2100
Argila 1100 - 2500
Areia 200 - 2000
Arenito 1400 - 4500
Calcáreo brando 1700 - 4200
Calcáreo rijo 2800 - 6400
Calcáreo cristalino 5700 - 6400
Granito 5700 - 6400
Basalto 5400 - 6400
Xisto 4200 - 4900
Gelo 3400 - 3800
Água 1450
Ar 335
58
Capitulo 3 - Técnicas de Geofísica aplicadas à problemática das Vibrações
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Sob a influência da excitação das ondas sísmicas, as partículas do terreno são colocadas em
movimento. Às superfícies onde estes movimentos se encontram em fase, dá-se o nome de
superfícies de onda. A interface entre a região onde as partículas estão em repouso e aquela
onde estão em movimento é designada por frente de onda. Em meio anisotrópico, a normal à
frente de onda tem o nome de raio sísmico. Contrariamente à frente de onda, o raio sísmico
não tem significado físico, tendo sido introduzido com o objectivo da simplificação da
representação da propagação das ondas sísmicas (Hagedoorn, 1959, in Mota, 2006).
Os terrenos mais instáveis são os que exigem maiores precauções na concepção das
estruturas a construir e, enquanto tal, constituem o alvo principal da prospecção geofísica para
geotecnia. Estes terrenos são normalmente constituídos por aluviões e rochas sedimentares,
as quais possuem uma estrutura granular com vazios entre os grãos podendo, ou não, estar
preenchidos. A relação existente entre o volume de grão e o volume de vazios denomina-se de
porosidade*. Este parâmetro é um dos factores que maior influência tem na velocidade de
propagação das ondas sísmicas, pois, quanto menor for o volume de vazios, mais elevada é a
velocidade de propagação das ondas (Han et al., 1986, in Mota, 2006).
O material que preenche estes vazios influi igualmente na velocidade de propagação das
ondas sísmicas, porquanto, se estes se encontrarem preenchidos com um líquido, a velocidade
é mais elevada do que se estiverem cheios com gás ou apenas ar.
As interfaces identificáveis através da refracção sísmica são aquelas que limitam meios em que
a velocidade de propagação da onda sísmica é maior no meio inferior face ao superior; porém
há situações em que as camadas inferiores do subsolo apresentam velocidades inferiores às
sobrejacentes – nestas condições está-se em presença da denominada inversão de
velocidades (Mota, 2006).
Este mesmo autor considera que cada método de prospecção geofísica é adequado a
diferentes propriedades físicas do meio em estudo, pelo que, para cada situação, são
seleccionadas as técnicas mais apropriadas ao objectivo em questão. Assim, por exemplo, a
refracção sísmica deverá ser usada para avaliar a ripabilidade de um terreno, a resistividade
eléctrica para detecção de zonas de fracturação e/ou circulação de águas subterrâneas e o
georadar para detecção de pequenas cavidades no terreno.
______________________
4|
, onde *. é o volume de vazios e * o volume de partículas sólidas.
*
4| }~
59
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
A sua aplicação, com sucesso, em trabalhos de prospecção para obras de engenharia civil,
apresenta, comparativamente aos métodos de prospecção directa, como por exemplo as
sondagens mecânicas, a vantagem da rapidez de execução e o custo reduzido. Porém,
sobrevêm algumas dificuldades se utilizado a pequena profundidade (apenas algumas dezenas
de metros), com as consequentes influências das variações laterais da velocidade e o desvio
das condições teóricas da sua aplicabilidade – isotropia e homogeneidade -, condições que
raramente ocorrem a profundidades tão superficiais (Fialho Rodrigues,1979).
Este método de prospecção caracteriza-se pela obtenção de tempos de percurso das ondas
sísmicas longitudinais ou de compressão, ondas “P”, geradas por uma fonte de energia,
normalmente uma carga explosiva ou uma pancada, aplicada com um pilão ou uma marreta
(Figura 3.1).
Figura 3.1 - Esquerda – Marreta e placa metálica. Direita – Tiro com marreta
Para materializar no terreno um perfil de refracção sísmica utiliza-se um sistema constituído por
um conjunto de receptores de energia sísmica, geofones, dispostos ao longo de um
alinhamento rectilíneo e afastados entre si de uma determinada distância constante. A fonte de
energia responsável pela emissão de ondas sísmicas é localizada sucessivamente em vários
pontos ao longo deste alinhamento.
60
Capitulo 3 - Técnicas de Geofísica aplicadas à problemática das Vibrações
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
O conjunto de dados obtidos é constituído por valores de tempo de percurso desde a fonte até
ao receptor (geofone) e pela respectiva distância geofone-fonte. O processo de tratamento dos
dados começa com a identificação, em cada sismograma obtido, dos primeiros tempos de
chegada da onda aos vários geofones. Após este tratamento é produzido um gráfico dos
tempos de chegada, em função da distância percorrida pela onda. As curvas tempo-distância
assim alcançadas, dromocrónicas, permitem obter valores para a velocidade de propagação
das ondas sísmicas longitudinais em cada horizonte sísmico e respectivas espessuras (Figura
3.2).
Figura 3.2– Dromocrónicas obtidas na execução de um perfil com 5 tiros. (Em destaque o tiro central. Dados de
campo a cinzento e resultados da inversão a azul) (Mota, 2010)
Sabe-se que, em meios homogéneos, a propagação da energia sísmica, através das várias
camadas geológicas, apresenta um comportamento similar ao dos raios ópticos,
experimentando assim idênticos processos físicos de transmissão. A propagação de raios de
luz é descrita pela Lei de Snell, da óptica. Esta lei, conjuntamente com o princípio do tempo
mínimo de Fermat e o fenómeno da incidência crítica, constituem as bases físicas do método
de refracção sísmica. A partir do esquema apresentado na Figura 3.3A, onde 8 e 9 são os
ângulos que os raios, incidente e transmitido, fazem com a normal à interface entre os meios 1
e 2, respectivamente, e 8 e 9 as velocidades de propagação das ondas sísmicas nos
respectivos meios, onde 8 9, a lei de Snell, ou a lei da refracção de Fermat (in Robinson e
Clark, 2006, in Mota, 2006) é dada por:
' 8 8
' 9 9 (3.1)
61
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 3.3 - Refracção de um raio através de uma interface entre dois meios de diferentes velocidades de
propagação das ondas sísmicas (Mota, 2006, adaptado de Redpath, 1973)
Quando 9 90° está-se perante uma incidência crítica, a qual corresponde, em termos
sísmicos, à refracção da onda sísmica (Figura 3.3B) e a Lei de Snell toma a seguinte forma:
8
' f
9 (3.2)
Na interface entre os dois meios, a onda sísmica propaga-se à maior das duas velocidades e
vai gerando continuamente para a superfície ondas sísmicas segundo um ângulo crítico, f ,
onde são detectadas nos diversos geofones aí instalados a iguais distâncias entre si, ao longo
de um alinhamento, no qual também estão as fontes sísmicas. Para a determinação das
profundidades a que se encontram os refractores e os eventuais ângulos de inclinação das
interfaces são necessários, no mínimo, dois tiros, um em cada extremidade do alinhamento,
designados por tiro directo e tiro inverso. Na Figura 3.4 é apresentado esquematicamente um
meio constituído por três camadas horizontais e homogéneas, onde as velocidades de
propagação das ondas sísmicas são constantes em cada uma delas, e crescentes em
profundidade, i.e., > 9 > 8 . Na parte inferior da figura está representado um gráfico de
tempo-distância com o registo dos vários tempos de chegada. Os primeiros tempos de chegada
registados correspondem às chegadas directas através da camada superficial (geofones 1 e 2),
e o declive da recta que passa por esses pontos é o inverso da velocidade de propagação na
primeira camada (8 ). A partir de uma determinada distância da fonte, em inglês denominada
crossover distance, os primeiros tempos de chegada correspondem à onda refractada na
interface entre as camadas 1 e 2 (geofones 3, 4, e 5), uma vez que a velocidade de
propagação, 9 , desta onda, é superior à da primeira camada. O declive da recta que passa
pelos pontos do gráfico tempo-distância, correspondentes a estes geofones, é igual ao inverso
da velocidade de propagação na segunda camada (9 ). Aos geofones 6 e 7 chega a onda que
se propagou na interface entre as camadas 2 e 3, à velocidade , que pode igualmente ser
obtida a partir do gráfico tempo-distância.
62
Capitulo 3 - Técnicas de Geofísica aplicadas à problemática das Vibrações
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
propagação crescentes com a profundidade (z >z > z , e respectivo gráfico tempo-distância (Mota, 2006)
Figura 3.4 - Exemplo de um meio estratificado horizontalmente, composto por três camadas de velocidades de
Uma última referência para os diversos métodos de interpretação de dados obtidos através da
refracção sísmica, cuja descrição e análise não se justificam no âmbito do presente trabalho.
São vários os métodos existentes, baseados unicamente nos tempos de chegada, referidos por
Mota (2006), como por exemplo o “plus-minus” (Hagedoorn, 1959), o dos tempos de atraso (do
inglês delay-times) (Redpath, 1973) ou o da recíproca generalizada (ou GRM, “Generalized
Reciprocal Method”) (Palmer, 1980).
Nas últimas décadas, a prospecção pelo método de resistividade eléctrica tem conhecido um
desenvolvimento assinalável, em parte devido ao aparecimento de sistemas automáticos de
aquisição de dados com recurso a cabos multi-condutores que, em poucas horas, permitem
fazer perfis de resistividade eléctrica com os dispositivos tetraelectródicos de dipolo-dipolo,
polo-dipolo, polo-polo ou de sondagens eléctricas verticais contínuas (SEVC) com o dispositivo
de Wenner com grande densidade de leituras (Barker (1981), Griffiths et al. (1990) e Griffiths e
Barker (1993), in Mota (2006). À semelhança da secção anterior, também no presente método
se pretende apenas descrever alguns dos seus aspectos mais relevantes, porquanto não se
entrará no detalhe de cada um dos dispositivos ora mencionados.
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Água 0,2 - 1
Água do mar 2 - 100
Alumínio 2,8 x 10-8
Cobre 1,7 x 10-8
Prata 1,6 x 10-8
Aço 15 - 90 x 10-8
Pirite 3,0 x 10-5 - 1,5
Granito 300 - 1 x 106
Granito alterado 30 - 500
Basalto 10 - 1,3 x 107
Xistos (calcáreo e mica) 20 - 10 000
Xistos (grafite) 10 - 100
Mármore 100 - 2,5 x 108
Arenitos 1 - 7,4 x 108
Calcáreo 100 - 2,5 x 108
Argilas 1 - 100
Aluvião e areias 10 - 800
Solo (40% argila) 8
Solo (20% argila) 33
Argila (seca) 50 - 150
64
Capitulo 3 - Técnicas de Geofísica aplicadas à problemática das Vibrações
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 3.5 - Esquema do sistema de multi-eléctrodos (ABEM Terrameter 4000 e Sistema Lund) (Mota, 2006)
65
4. Caso de Estudo, de análise das vibrações
na construção dos túneis do Marão
4.1. Considerações gerais
Pretende-se, neste capítulo, apresentar os resultados, a interpretação e respectivas
conclusões, do estudo levado a efeito no âmbito das eventuais influências ambientais do
emprego de explosivos em obras subterrâneas, incidindo particularmente na segurança das
edificações do meio envolvente à zona de trabalhos. Com este objectivo, foi estabelecida uma
metodologia composta pela realização do registo, processamento e interpretação das
vibrações originadas pelas detonações provenientes do uso daquela tecnologia na escavação
de túneis, à luz da regulamentação portuguesa em vigor, tendo por base um suporte técnico
credível e imparcial, ao mesmo tempo enquadrado na regulamentação internacional de
referência.
67
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Cabe aqui mencionar o trabalho preliminar de inventariação, levado a efeito por indicação da
construtora, no decurso do qual foram vistoriadas mais de quatrocentas edificações em torno
de todas as zonas de trabalhos do empreendimento, na sua maioria habitações unifamiliares.
Parte destas edificações, aquelas que, pela sua localização, se afiguravam como mais
susceptíveis a eventuais efeitos nocivos em resultado das escavações dos túneis, foram
objecto de vistorias técnicas prévias para avaliar o seu estado de conservação, nas quais
foram observadas e registadas, por escrito e em fotografia, interior e exteriormente, as
patologias existentes. De cada um dos Relatórios de Vistoria produzidos, um exemplar foi
entregue no Cartório do Registo Notarial e outro ao proprietário ou seu representante.
B
A
C D
68
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 4.2– Esboço Geológico do Sul da Serra do Marão (Coke et al., 2000, Estudo Geológico e Geotécnico –
Relatório Geológico e Geotécnico S3/S4-020-0-RGG, adaptado)
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Tabela 4.1 – Características geotécnicas das rochas do xisto-grauváquico (Coke et al., 2000)
E ns a io c a rga
M a s s a e s pe c í f ic a e po ro s ida de C o m pre s s ã o s im ple s Lo s A nge le s
po nt ua l S la k e
M a rs a l e
S o nd. P ro f . T est
Is s 0 Is s 0 Is s 0 R e s e ndiz
G e o l. A pa r. R eal A bs o r. P . e s p. qu E I d2 D e s g.
( M pa ) ( M pa ) ( M pa )
P o ro s . G ra n.
S 168 X 6,3 6,0 26,8 27,8 3,7 1,4 26,9 51,0 10.817,0 5,8 5,8 98,7
S 169 X 18,5 19,0 26,9 27,8 3,2 1,2 26,9 40,4 44.171,0 6,1 13,4 9,3 98,6
S 177 X 12,3 12,8 27,7 27,7 0,5 0,2 27,2 76,0 27.025,0 9,3 15,5 99,1
4.3. Metodologia
A elaboração deste trabalho compreendeu as seguintes fases:
No registo de vibrações foram usados dois sismógrafos digitais, o modelo S-6-Peak Vibration
Monitor, fabricado pela empresa norte-americana Slope Indicator Co. (Sinco), Figura 4.3 A, e o
modelo Minimate Plus, Figura 4.3 B, da canadiana Instantel, ambos equipados com dois
geofones triaxiais.
70
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
O equipamento Sinco S-6 opera na gama de frequências 4-200 Hz, com um limite mínimo de
actuação de 0,075 mm/s. Para além de um sistema de arranque automático, para diversos
limites escolhidos, este sismógrafo dispõe ainda de um sistema de cálculo que permite
efectuar, em tempo real, o cálculo da transformada de Fourier (FFT), numa larga faixa de
frequências, indicando o valor resultante das três componentes e a respectiva frequência.
O equipamento Minimate Plus opera no intervalo de frequências 2-250 Hz, sendo que o mínimo
nível de arranque automático do sistema é de 0,127 mm/s. Ambos os equipamentos têm seis
canais de entrada (três por cada geofone), de modo a permitir o registo das vibrações segundo
três componentes, em dois locais ou pontos distintos. Em cada ponto, as componentes da
vibração, ortogonais, são registadas segundo as direcções longitudinal (na direcção da recta
horizontal que passa pelos pontos de detonação e de registo), transversal (perpendicular à
longitudinal) e vertical, perpendicular às duas anteriores.
A B
De acordo com a Norma Portuguesa 2074/83, os locais de instalação dos geofones deverão
ser solidários com as estruturas e, por consequência, com as fundações dos edifícios objecto
de monitorização. Nessa medida, são instalados sistematicamente nas proximidades de vigas
de fundação ou soleiras, em cantaria, de portas (Figura 4.4), com a exclusão de locais em que
exista um assinalável efeito atenuador dos materiais de revestimento.
71
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Figura 4.4 – Locais de instalação dos geofones em edifício a monitorizar (Dinis da Gama, 2009)
As medições foram realizadas com base em desmontes da Abóbada, sendo que, em alguns
dos turnos, foram realizadas detonações de menor amplitude, correspondentes ao
rebaixamento do túnel norte, designado nos diagramas de fogo por Destroça.
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Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Tal como é do domínio público, entre aqueles dois períodos e a terceira campanha, verificaram-
se, por razões legais, três interrupções nos trabalhos de abertura dos túneis. Apesar disso, um
ano depois, as frentes de escavação registavam um progresso de algumas centenas de
metros, face ao período de medições anterior, pelo que se considerou já não ser justificável
proceder a novos registos de vibrações junto a edifícios. Em sua substituição, procuraram-se,
para instalação dos geofones, afloramentos rochosos o mais próximo da vertical das frentes de
trabalho (túnel norte e túnel sul), com o objectivo do registo das vibrações à menor distância
possível da sua fonte (Figura 4.6).
Figura 4.6- Esquerda – preparação do afloramento rochoso no local T1, para instalação do geofone. Direita - local de
registo T6
O critério usado na selecção dos locais respeitantes à terceira campanha, T1 a T7, baseou-se
na procura de afloramentos rochosos à menor distância possível das frentes de escavação e,
nos casos dos pontos T3 e T4, de cada um dos lados da linha de água identificada na figura
4.7, com o objectivo de reproduzir as condições verificadas entre a primeira e a segunda
campanha (surgimento de uma falha geológica). A escolha deste local decorreu da
amplificação dos níveis de vibração na segunda campanha, face à primeira, apesar da redução
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Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Na Tabela 4.2 apresentam-se alguns dos valores registados pela circulação de viaturas e
pessoas junto a diversos locais. A análise comparada desta tabela com os resultados
apresentados no Anexo I permite verificar que a gama de velocidades de vibração devidas ao
trânsito rodoviário apresenta, na generalidade das leituras, a mesma ordem de grandeza das
originadas pelo uso de explosivos na obra.
Tabela 4.2– Valores da vibração ambiente gerada pela circulação de viaturas, ou pessoas, próximo dos locais de
monitorização 1, 2, 8, I, N, O e P
Em dois dos locais de registo, casa 1 e casa 6, relativamente próximas da fonte, os valores
medidos situaram-se na vizinhança dos limites de actuação dos aparelhos, pelo que se optou
por não efectuar registos nas restantes habitações, mais afastadas da fonte e, por conseguinte,
com probabilidades reduzidas de qualquer registo de vibrações. O processo de monitorização
foi assim alargado a uma área mais vasta que não incluísse apenas as habitações cujos
proprietários tinham apresentado reclamações junto da construtora.
Após a consulta aos planos de fogo monitorizados na primeira campanha, verificou-se que a
carga máxima instantânea utilizada no túnel sul era de cerca de metade da empregue no túnel
norte quer na Abóbada, quer na Destroça. Considerando que a escavação do túnel norte se
aproximava da povoação de Viariz da Poça, o LNEC propôs à empresa construtora a
realização de uma campanha de medições complementar, com o objectivo de registar as
vibrações induzidas pelos trabalhos de escavação deste túnel. A análise dos diagramas de
fogo permitiu ainda verificar que, se a carga máxima instantânea fosse reduzida, os níveis das
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Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
vibrações ocorrentes, teoricamente, seriam menores e, com isso, o incómodo causado aos
habitantes.
No decurso desta campanha os trabalhos viriam a ser prejudicados pela realização de uma
sondagem geológica de avanço no túnel norte e por uma avaria no equipamento de perfuração
no túnel sul, pelo que só foi possível o registo das vibrações na manhã do dia 28. Segundo
informação dos responsáveis pela produção nesta frente da obra, com esta sondagem foi
identificada uma zona de falha. Na Tabela 4.3 indicam-se os registos das medições efectuadas
nos locais monitorizados no decurso das duas primeiras campanhas.
Tabela 4.3 – Valores registados e calculados em cada um dos locais de medição das vibrações nas duas
campanhas de 2009, dispostos por ordem cronológica de registo*
Distância Fonte - Velocidade de
Recepção Recepção vibração medida
Cam panhas Túnel Data e hora
Local
D (m ) vR (mm /s)
* foram retirados da tabela os pontos onde a velocidade de vibração registada ficou aquém dos valores mínimos de
actuação dos sismógrafos, os quais constam no Anexo I – “Valores de vibração medidos e calculados”
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Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Nos trabalhos desta segunda campanha, levados a cabo, tal como havia sido sugerido, apenas
em Viariz da Poça, optou-se pela instalação do sismógrafo mais sensível (Sinco S-6) no local
mais próximo da casa 8 (soleira do anexo) e, no local mais afastado (P), na soleira da
garagem, onde, teoricamente, a vibração registada seria menor. Procedeu-se ainda à alteração
do local de registo na casa M, deslocando o geofone do portão de entrada na propriedade para
o patamar da entrada principal da habitação.
Nas habitações, os valores mais significativos ocorreram na casa 1 e na casa 8, esta última na
segunda campanha. Na casa 1, verificou-se existir um fenómeno de amplificação para os pisos
superiores, conforme evidenciado nos registos. Como foi referido anteriormente, neste local
foram feitas leituras na cave, (1c), rés-do-chão, (1a), e 1º andar, (1b).
Na casa 8, constatou-se existir entre as duas primeiras campanhas, por comparação das
detonações de um mesmo túnel, um aumento do nível vibratório, pese embora a redução da
carga máxima instantânea adoptada na implementação do plano de fogo modificado.
Os trabalhos efectuados nas duas primeiras campanhas de medição permitiram concluir, com
os dados então disponíveis, através da aplicação da NP 2074, pela insuficiência dos níveis de
vibração registados quanto a potenciais danos de carácter estrutural nas edificações
monitorizadas (equação 4.1).
78
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Tabela 4.4 - Valores registados e calculados em cada um dos 7 locais de medição das vibrações na campanha de
2010
Na Figura 4.7 - Identificação dos locais de realização dos trabalhos no decurso das três campanhasidentificam-
se os 7 locais onde foram instalados os geofones para medição das vibrações, assim como os
perfis de prospecção geofísica. Visando o enquadramento de todos os trabalhos realizados nas
três campanhas, reproduzem-se também os 23 locais monitorizados nas duas primeiras
campanhas.
79
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
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Figura 4.7 - Identificação dos locais de realização dos trabalhos no decurso das três campanhas
80
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
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Com o equipamento Minimate foi possível obter em 2010 dois registos em cada desmonte,
devido ao facto de a janela de tempo utilizada para recepção das vibrações ser inferior à
duração total do conjunto de disparos que constituem cada desmonte, para além de o nível de
vibração ser superior ao nível de actuação programado no aparelho. Os planos de fogo foram
iguais, em qualquer dos desmontes monitorizados, sendo a carga máxima instantânea de
43,63 kg aos 500 ms, para um total de 704,51 kg de explosivo distribuído por 147 furos (Anexo
IV).
Alguns exemplos dos registos de vibração obtidos, de ambos os sismógrafos, constam nos
Anexos V e VI.
Um dos objectivos da terceira campanha era verificar em que medida a existência de uma zona
de falha, detectada na frente de trabalho à data da segunda campanha, poderia conduzir à
existência de uma direcção preferencial de propagação das vibrações. Recorda-se que, entre a
primeira e a segunda campanha, se assistiu a um aumento do nível vibratório junto ao local 8,
ainda que, nesta última, tenha havido uma alteração no plano de fogo com vista a reduzir a
carga máxima instantânea (Anexos II e III), o que, à luz dos elementos então disponíveis,
poderia ficar a dever-se à presença daquele acidente geológico.
Para avaliar aquela hipótese, na terceira campanha, procedeu-se ao registo das vibrações em
cada uma das vertentes que formam entre si uma linha de água acentuada, pontos T3 e T4
(Figura 4.8 e Figura 4.9), investigando-se se as incidências geológicas que estiveram na sua
génese poderiam, de algum modo, ser a causa da alteração do nível de vibrações. Foram
efectuados registos com ambos os sismógrafos (Minimate e Sinco-6) em diferentes locais, para
acções impulsivas distintas, alternando-se a posição dos dois equipamentos (pontos T3, T4 e
T5, em dois desmontes, e T3, T6 e T7, num outro desmonte) para confirmar o fenómeno da
amplificação do nível vibratório nestes locais, especialmente notório no ponto T3,
comparativamente aos pontos T1 e T2.
Figura 4.8 – Vista geral da linha de água entre as duas vertentes (orientação NE-SW)
81
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 4.9 – Esquerda - Vista geral da linha de água entre as duas vertentes (orientação SW–NE). Direita –
Instalação do geofone no local T3
A partir destes resultados, e para uma leitura mais simples dos valores obtidos, foi produzido
um mapa de velocidades de vibração com os valores máximos registados em cada local,
independentemente da fonte (Figura 4.10).
179300 P
Mb
179200 8c M
8b8a 5
6
179100 1b
1a
1c N F 2b
2a
BAD C H
O
179000 I
178900
178800
21600 21700 21800 21900 22000 22100 22200 22300 22400 22500 22600 22700 22800
179400
179200 8b MbM
8a
8c 5
6
1b
1a
1c N F 2b
2a
BA C H
D O
179000 I
T3
T1
T4
178800 T2
T6 T7
T5
178600
21000 21200 21400 21600 21800 22000 22200 22400 22600 22800
Legenda
Explosões da campanha inicial
0.5 1.5 2.5 3.5 4.5 5.5 6.5 7.5
Explosões da campanha complementar
Velocidade de vibração (mm/s)
Explosões da campanha de 2010
Figura 4.10 – Mapas da velocidade de vibração das campanhas de 2009 (topo) e do conjunto das três campanhas
(baixo); encontram-se assinalados a negro (marcas +) os locais de registo de vibrações considerados para a
elaboração do mapa).
82
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Estes mapas deverão ser interpretados tendo em conta que as medições não foram realizadas
simultaneamente em todos os pontos, pelo que a sua origem é diversa, sendo que as
vibrações registadas eram provenientes de desmontes em ambos os túneis, encontrando-se o
avanço da frente sul cerca de 100 m mais próximo do emboquilhamento do túnel.
É especialmente evidente nas duas primeiras campanhas, figura de topo, que, com o
afastamento dos locais de registo à fonte, se assistiu à redução progressiva do nível vibratório.
Assinala-se também que, pelo facto dos locais seleccionados para a medição de vibrações na
campanha de 2010 (Anexo I) se situarem sobre os túneis, os valores mais elevados de cada
disparo foram registados na componente vertical, contrariamente ao que havia sucedido nas
duas anteriores, onde as componentes longitudinal e transversal apresentaram, na
generalidade, os valores mais altos. Essa constatação pode ser confirmada, por exemplo, na
Tabela 4.5, relativa aos resultados obtidos na campanha de Outubro de 2009. Verificou-se, a
partir dos dados obtidos, que, para distâncias idênticas, em 2009 e em 2010, os valores de
vibração são igualmente idênticos.
21.880,63 178.846,98 780,40 P 21.789,17 179.262,30 793,94 425,5 0,239 0,194 0,298 0,298 40
28/10/2009 - 07:55 (1) (1) (1)
T V L
21.880,63 178.846,98 780,40 Mb 21.723,75 179.184,73 812,02 373,7 0,175 0,190 0,222 0,270 13,1 12,8 12,3
21.880,63 178.846,98 780,40 8c 21.703,73 179.163,19 813,02 363,8 0,429 0,444 0,206 0,449 77,8 53,6 9,38
21.755,18 178.843,04 778,92 8b 21.669,71 179.167,70 808,20 337,0 0,403 0,283 0,403 0,477 ---
21.755,18 178.843,04 778,92 P 21.789,17 179.262,30 793,94 420,9 0,209 0,194 0,239 0,254 51
28/10/2009 - 08:02 (1) (1) (1)
T V L
21.755,18 178.843,04 778,92 Mb 21.723,75 179.184,73 812,02 344,7 0,175 0,222 0,222 0,240 13,2 42,1 13,9
21.755,18 178.843,04 778,92 8c 21.703,73 179.163,19 813,02 326,0 0,365 0,317 0,540 0,553 85,4 53,6 19,7
V - Direcção Vertical
T - Direcção Transversal a L
Nas figuras seguintes apresentam-se alguns registos fotográficos da execução dos perfis de
refracção sísmica.
83
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
8a P
8b
8c
Figura 4.11 - Esquerda – Perfil PS3 (vista de NE para SW). Direita - Perfil PS4 (vista de SW para NE). Assinalam-se os
locais de registo de vibrações nas campanhas anteriores
A
D
B E
Figura 4.12– A – Alinhamento do perfil PS3. B – Casa 8, junto ao perfil PS3 (Viariz da Poça). C – Trabalhos
preparatórios para a realização do perfil PS5. D – Captação das ondas sísmicas no perfil PS5. E - Leitura das
coordenadas topográficas no extremo oeste do perfil PS5
84
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 4.14 - Esquerda -Vista do perfil de resistividade na zona da linha de água. Direita – Montagem do
equipamento
Nas figuras seguintes, apresentam-se os modelos obtidos para os perfis de refracção sísmica.
Atendendo a que, na norma portuguesa NP-2074, a velocidade de propagação das ondas de
compressão tem por fronteiras os valores de 1 000 m/s e de 2 000 m/s, destacam-se, em cada
modelo, as isolinhas correspondentes. Em cada perfil encontram-se representadas as edificações
vizinhas, nas quais se procedeu à monitorização de vibrações nas campanhas anteriores.
85
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
W E 1 SE NW
Distância ao início do perfil (m) Distância ao início do perfil (m)
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
2 2
3
4 3
5 854 4
800 5
852
795
Cota (m)
Cota (m)
850
790
848
785 846
844
10 iterações com erro RMS=2.7 %
780 10 iterações com erro RMS= 2.2 %
Figura 4.15 - Modelos para os perfis de refracção sísmica PS1 (esquerda) e PS2 (direita)
810
3
795 5
805
Cota (m)
Cota (m)
800 790
795
785
10 iterações com erro RMS = 1.9 % 10 iterações com erro RMS = 2.4 %
1000 2000 3000 4000 5000 1000 2000 3000 4000 5000
Figura 4.16 - Modelos para os perfis de refracção sísmica PS3 (esquerda) e PS4 (direita)
792
790
Velocidade (m/s)
86
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Tabela 4.6 – Valores limite da velocidade de vibração, de acordo com a norma NP 2074, em função do terreno de
fundação considerado para cada local e das características do edificado (mais de três detonações diárias)
VL
α β
(mm/s)
NW SE
Figura 4.18 - Modelos obtidos para o perfil de resistividade eléctrica executado, com os dispositivos de Wenner (em
cima) e dipolo-dipolo (em baixo)
87
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Os valores de vibração obtidos na terceira campanha foram, na sua grande maioria, mais
elevados do que os registados nas duas primeiras. Esta realidade ficará a dever-se à
conjugação dos seguintes factores:
A análise dos perfis de refracção (Figuras 4.15 a 4.17) evidencia que as habitações se
encontram fundadas em terrenos com velocidades de propagação das ondas de compressão
inferiores a 1000 m/s, pelo que o coeficiente , da equação 2.19, assume o valor 0,5. Nestas
circunstâncias, e considerando que estamos em presença de construções frágeis/de fraca
qualidade (situação mais desfavorável prevista na norma), o coeficiente toma o valor 0,5,
submetidas a mais de três solicitações diárias (em cada desmonte são gerados múltiplos
impulsos, um por retardo) donde, 0,7. Teremos, assim, pela aplicação da NP 2074, que o
valor da velocidade de vibração, a partir do qual pode ocorrer fendilhação, é de 1,75 mm/s:
Este valor é o mais restritivo para as condições presentes no local e não foi alcançado no
decurso das duas primeiras campanhas, aquando da monitorização das habitações (Tabela 4.3
e Figura 4.19).
No local onde foi instalado o ponto de registo T1, no extremo NW do perfil PS2, onde a
velocidade de propagação excede os 2000 m/s, registou-se uma velocidade vibratória de
0,476 mm/s, valor da mesma ordem de grandeza dos registados junto às habitações, cujas
distâncias aos desmontes então monitorizados são idênticas à distância entre o ponto T1 e o
desmonte correspondente. Se as habitações se encontrassem fundadas em afloramento
rochoso com as mesmas características deste local, segundo a norma portuguesa, o limite da
88
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
10
7
Velocidades de vibração (mm/s)
Locais
Verifica-se, por conseguinte, que os valores de vibração mais expressivos desta campanha,
ficam ainda muito aquém do valor regulamentar e, nessa medida, insuficientes para provocar
quaisquer danos estruturais nas construções. Embora se tivesse atingido o valor de 8,61 mm/s,
superior aos 7 mm/s da norma, num dos eventos registados no ponto T3, não havia quaisquer
possibilidades de infligir danos a edificações, visto que se trata de uma zona inabitada.
89
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Outra particularidade está relacionada com a anomalia geofísica, identificada com o perfil de
resistividade eléctrica, que pode estar associada a uma descontinuidade geológica
correspondente à linha de água. Os pontos de registo T3 e T4 situam-se, cada um deles, de
um dos lados da linha de água atravessada pelo perfil de resistividade eléctrica, T3 no lado
oeste (W) e T4 no lado este (E). No túnel norte, os desmontes foram realizados a W da linha de
água. No túnel sul, os desmontes encontravam-se na vertical do início da linha de água.
Verificou-se que, independentemente dos locais de desmonte – túnel norte ou túnel sul -, os
níveis de vibração medidos em T3 foram sempre expressivamente superiores aos registados
em T4, factos que permitem concluir que, naquela eventualidade, a referida descontinuidade
geológica teria influência nas vibrações registadas nestes dois pontos, funcionando como
barreira à propagação das vibrações para T4 e ampliando a propagação para T3. Esta
conclusão vem corroborar o facto de na segunda campanha de 2009, com metade da carga
instantânea relativamente à primeira (ver Anexos II e III), se ter registado um valor de vibração
superior junto ao local 8 (habitação em Viariz da Poça).
De entre as várias expressões referidas na literatura por diversos investigadores, foi usada uma
expressão equivalente à apresentada no Capítulo 2 (equação 2.10), de Ambraseys- Hendron
J XY
(1968), e que aqui se recorda: 0 >]]0 W :L [/\ ; , em que ! é a distância entre o ponto de
daquela equação.
90
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
monitorização, !;
3ª coluna: distância entre a fonte das vibrações e o local de
Tabela 4.7 - Valores registados e calculados em cada um dos 30 locais de medição de vibrações
Carga
Dis tância Fonte - Velocidade de
m áxim a Quocie nte (D/W 1/3) da
Re ce pção vibração m e dida
Local ins tantâne a equação de Am bras e ys-
He ndron
D (m ) (W) kg vR (m m /s)
91
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Carga
Distância Fonte - Velocidade de
m áxim a Quociente (D/W 1/3) da
Recepção vibração m edida
Carga
Distância Fonte - Velocidade de
m áxim a Quociente (D/W 1/3) da
Recepção vibração m edida
Local instantânea equação de Am braseys-
Hendron
D (m ) (W) kg vR (m m /s)
Os dados foram objecto de processamento por análise de regressão linear, com recurso ao
programa informático Grapher, versão 4. O objectivo centrou-se na determinação da constante
da equação 4.3., operação realizada pela mencionada aplicação ao longo de um processo
iterativo, com o objectivo de se encontrar a simulação conducente ao coeficiente de correlação
(R squared) mais favorável. Quanto mais próximo de 1, melhor a correlação. Foram
92
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
considerados três cenários, cada um com várias simulações, apresentadas nas secções
seguintes.
Atendendo a que as cargas máximas instantâneas dos vários diagramas de fogo apresentavam
valores relativamente próximos entre si, foram considerados, num primeiro cenário, todos os
registos de detonações (num total de 54) no conjunto das três campanhas. No segundo cenário
excluíram-se os pontos com velocidades de vibração residuais (inferiores a 0,2 mm/s) e, no
terceiro e último cenário, individualizou-se cada uma das quatro cargas máximas instantâneas.
J
É importante referir que o coeficiente (expoente da relação L [/\
) da equação adoptada neste
Neste cenário, foram consideradas todas as detonações realizadas em ambos os túneis, norte
e sul, no decurso das três campanhas de medição de vibrações, bem como a totalidade dos
locais monitorizados (30), num total de 54 valores registados.
anteriormente apresentada. O programa Grapher permite determinar, como foi dito, através de
um processo iterativo, o parâmetro na equação seguinte, do mesmo tipo da equação 2.10.
expoente da mesma equação. Do conjunto das várias iterações realizadas com o programa
Grapher, fazendo variar o expoente , foram seleccionadas seis, cujas representações gráficas
se encontram indicadas na Figura 4.20. Nesta figura está também assinalado o segmento de
recta correspondente a valores de velocidades de vibração seguindo a equação de Medvedev,
(2.11), e ainda uma “mancha” de delimitação dos valores obtidos em trabalhos realizados pelo
LNEC até 1993 (Esteves, 1993).
93
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
Legenda
Área de delimitação dos
valores históricos do LNEC
velocidades de vibração segundo a equação de Medvedev
equação de Medvedev
velocidades de vibração medidas no Túnel do Marão
v= 121,4 (D/W1/3)-1,50
v= 233,7 (D/W1/3)-1,75
v= 16,5 (D/W1/3)-0,80
v= 440,5 (D/W1/3)-2,00
v= 816,6 (D/W1/3)-2.25
100
10
v (mm/s)
0.1
0.01
Tendo em vista um ajuste mais preciso e, por conseguinte, a procura de uma lei de vibração
mais adequada ao meio, no presente cenário foram considerados 42 dos 54 pontos de registo
da simulação anterior, ignorando-se os doze pontos com velocidades de vibração inferiores a
0,2 mm/s, no sentido de conferir uma maior homogeneidade ao conjunto (Figura 4.21).
94
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Legenda
Área de delimitação dos
valores históricos do LNEC
velocidades de vibração segundo a equação de Medvedev
equação de Medvedev
velocidades de vibração medidas no Túnel do Marão
v= 127,5 (D/W1/3)-1.50
v= 242,7 (D/(W1/3))-1,75
v= 18,4 (D/W1/3)-0.80
100
v (mm/s)
10
0.1
X
Figura 4.21 – Leis de propagação de vibrações em função da equação u : /; , (exclusão dos doze pontos
com menores velocidades de vibração)
4.10.3. Cenário 3 - utilização individual de cada uma das quatro cargas máximas
instantâneas
Considerando que, para uma determinada quantidade de carga explosiva por retardo,
detonada num certo instante, os níveis de vibração transmitidos a uma dada distância são
definidos e correspondem a esta fonte, em cada ponto de avaliação a amplitude vibratória será
diferente, dependendo da quantidade de explosivo detonado. Este pressuposto visou a
determinação de uma lei de propagação de vibrações para cada uma das quatro cargas
máximas instantâneas.
Dinis da Gama (1998) estabelece que, para distâncias superiores a 1 000 m, a lei de
propagação deverá ser formulada a partir das ondas sísmicas resultantes da carga explosiva
total. Para distâncias inferiores, recomenda o uso da equação das ondas provenientes das
95
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
cargas detonadas por retardo. Atendendo a que os locais monitorizados neste estudo, edifícios
e outros, se localizam a distâncias, na sua generalidade, inferiores a 1 000 m, procurou-se
formular uma lei de propagação a partir das quatro cargas máximas instantâneas usadas nos
planos de fogo, adoptando a que melhor se ajuste ao meio.
Legenda
Área de delimitação dos
valores históricos do LNEC
equação de Medvedev
velocidades de vibração segundo a equação de Medvedev
velocidades de vibração medidas no Túnel do Marão (Wmáx.inst.= 27,79Kg)
100
10
v (mm/s)
0.1
0.01
X
Figura 4.22 – Leis de propagação de vibrações em função da equação u : /; , considerando cada carga
máxima instantânea individualmente
96
Capitulo 4 - Caso de Estudo, de análise das vibrações na construção dos túneis do Marão
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
a R2 Soma
Nº de Leis de propagação
(coeficiente (coeficiente residual
Nª de eventos pontos de b de vibrações
da relação de de
registo (Equações)
D/W) regressão) quadrados
54 1/3 0,80 0= 16,55 (D/(W1/3)-0,80 0,26 124,92
54 1/3 1,50 0= 121,39 (D/(W ) 1/3 -1,50
0,35 109,47
Cenário 1: 54 1/3 1,75 0= 233,67 (D/(W ) 1/3 -1,75
0,35 109,34
0=301,81 (D/(W )
(total dos pontos 1/3 -1,85
medidos) 54 1/3 1,85 0,35 109,89
54 1/3 2,00 0=440,51 (D/(W1/3)-2,00 0,34 111,22
54 1/3 2,25 0=816,55 (D/(W ) 1/3 -2,25
0,32 114,61
97
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
De acordo com este critério, e considerando o conjunto de equações da tabela 4.8, verifica-se
ser no cenário 3, cargas máximas instantâneas individualizadas, (excepção feita ao , 9 0,12),
que foi possível obter os melhores coeficientes de correlação. Por conseguinte, poderá
concluir-se que a equação que melhor traduz a lei de propagação de vibrações no local em
estudo é a que está destacada a “negro” na tabela (Wmáx= 49,50 Kg), cujo coeficiente de
correlação (, 9 é de 89%.
Observa-se ainda que, de uma forma geral, e como seria expectável, os resultados melhoram
substancialmente com a restrição do universo de valores de registo, como o demonstram os
obtidos no referido cenário.
Contudo, o valor obtido para o parâmetro (52,22) fica muito aquém dos valores
característicos para terrenos xistosos, como indicado na tabela 4.9. Para esta discrepância
poderão contribuir as variações de massa do maciço rochoso (xisto-grauváquico) de local para
local, o que pode levar à ocorrência de níveis de vibração bastante diferenciados. Para além
deste aspecto, outras razões poderão justificar esta deficiente aderência dos parâmetros e
aos valores típicos, nomeadamente a anisotropia da propagação ao longo de direcções
diferentes do terreno.
Ainda a propósito da dispersão dos parâmetros da tabela 4.8, e da justificação para tal, parece
interessante referir as “Vibrações induzidas pela queda de corpos”, trabalho experimental
descrito por Dinis da Gama (2002). Em diversos locais da cidade do Porto foram realizadas
várias experiências para determinar a lei básica de propagação de vibrações, deixando cair
livremente uma esfera metálica com uma massa de 70,56 N, a partir de várias alturas, tendo
sido registada a velocidade de pico de partícula para várias distâncias. Depois de uma série de
testes deste tipo, a equação obtida foi:
onde,
( – energia potencial;
! – distância entre a fonte e a recepção.
com uma correlação de 0,996, valor que, comparado com a dispersão de valores das equações
da tabela 4.8, põe em evidência as diferenças na forma de propagação das ondas. Para além
de serem geradas através de diferentes mecanismos, existem também outros caminhos de
transmissão e de atenuação que justificam o contraste.
98
5. Conclusões Finais
Com o presente capítulo pretende-se sintetizar as conclusões principais do estudo
desenvolvido no âmbito das vibrações e da sua conjugação com a prospecção geofísica
(Capítulo 4).
A análise e a interpretação dos resultados dos trabalhos de campo realizados levou a várias
conclusões, das quais se realçam as seguintes:
Ficou comprovado, como o demonstram os resultados obtidos nas três campanhas de medição
de vibrações, não ter havido indução de danos nas habitações vizinhas dos trabalhos em
resultado das ondas sísmicas transmitidas às fundações e à superestrutura dos edifícios. De
facto, e embora a regulamentação portuguesa aplicável à segurança das estruturas não
contemple a componente da frequência vibratória, verificou-se que os valores conjugados da
velocidade de vibração das partículas com a respectiva frequência se encontram, no âmbito da
regulamentação internacional, abaixo dos valores mais restritivos.
Verificou-se também a importância dos locais de instalação dos geofones. Assim, os valores de
vibração obtidos na terceira campanha foram, na sua generalidade, mais elevados do que os
registados nas duas primeiras, o que terá ficado a dever-se à conjugação dos factores
seguintes: colocação dos geofones em afloramentos rochosos, mais propícios à propagação
das vibrações pelas ondas sísmicas, e menores distâncias entre a fonte e os pontos de
recepção. Conclui-se ainda que, com o afastamento dos locais de registo à fonte, se assistiu à
redução progressiva do nível de vibrações, facto especialmente evidente nas duas primeiras
campanhas.
99
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
A conjugação dos resultados obtidos nas três campanhas de medição de vibrações, com os
obtidos pela prospecção geofísica, através da execução de perfis, de refracção sísmica e de
resistividade eléctrica, possibilitou completar o conhecimento da litologia e das características
dinâmicas dos terrenos da zona em estudo, em concomitância com o objectivo de uma
aplicação mais adequada dos parâmetros constantes na NP 2074. Este propósito foi alcançado
com os perfis de refracção, que permitiram determinar as velocidades de propagação da onda
de compressão e, por consequência, as características dos terrenos de fundação
(representadas pelo coeficiente da norma) das edificações monitorizadas. Recorda-se que,
no decurso das duas primeiras campanhas de trabalhos de campo, pelo desconhecimento das
velocidades de propagação das ondas sísmicas, se admitiu, para efeitos de aplicação da
norma portuguesa, que as edificações estariam fundadas em solos coerentes rijos (0
2000 N X8 . Com a refracção sísmica verificou-se que a velocidade de propagação das ondas
P era inferior a 1000 N X8 , pelo que, segundo a norma, o valor limite da velocidade vibratória é
menor do que o inicialmente considerado. Fica assim demonstrada a importância deste método
de prospecção geofísica na caracterização dos terrenos, recomendando-se esta abordagem
em estudos de vibrações induzidas por desmontes com recurso a explosivos.
As equações de vibração obtidas, a partir dos dados de campo, denotam uma deficiente
aderência de alguns dos seus parâmetros aos coeficientes típicos de terrenos com
características xisto-grauváquicas. Tal poderá ficar a dever-se às variações de massa do
100
Capitulo 5 - Conclusões Finais
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Tanto quanto se sabe, não existe regulamentação nacional no âmbito da prevenção de danos
estruturais induzidos pela propagação da onda aérea. Sugere-se, assim, em futuras obras
geotécnicas, com recurso a explosivos, a realização de estudos experimentais de campo, por
101
Vibrações Induzidas pela Escavação Subterrânea de Maciços Rochosos com recurso a Explosivos e seus eventuais Impactes nas Estruturas
________________________________________________________________________________________________________________________
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110
ANEXO I - Valores de vibração medidos e calculados
111
ANEXO I - Valores de vibração medidos e calculados
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
1ª Campanha
Explosão de 22 de Setem bro de 2009, às 19:48 h, no Túnel Norte (Pk 19+410,7), com um a carga m áxim a instantânea de 59,29 kg, para um a carga total
de 519,76 kg, em furos com 3,2 m de com prim ento (Abóbada).
Explosão de 23 de Setem bro de 2009, às 07:40 h, no Túnel Sul (Pk 19+543,6), com um a carga m áxima instantânea de 27,79 kg, para um a carga total de
245,46 kg, em furos com 1,4 m de com prim ento (Abóbada).
Explosão de 23 de Setem bro de 2009, às 13:57 h, no Túnel Sul (Pk 19+575), com um a carga m áxim a instantânea de 49,50 kg, para um a carga total de
138,18 kg, em furos com 3,6 m de com prim ento (Destroça).
Explosão de 23 de Setem bro de 2009, às 19:10 h, no Túnel Norte (Pk 19+571), com um a carga m áxim a instantânea de 49,50 kg, para um a carga total de
138,18 kg, em furos com 3,6 m de com prim ento (Destroça).
Explosão de 23 de Setem bro de 2009, às 22:20 h, no Túnel Norte (Pk 19+407), com um a carga m áxim a instantânea de 59,29 kg, para um a carga total de
519,72 kg, em furos com 3,2 m de com prim ento (Abóbada).
Explosão de 24 de Setem bro de 2009, às 07:39 h, no Túnel Sul (19+541,4), com um a carga m áxim a instantânea de 27,79 kg, para um a carga total de
245,46 kg, em furos com 1,4 m de com prim ento (Abóbada).
Explosão de 24 de Setem bro de 2009, às 22:19 h, no Túnel Norte (Pk 19+403), com um a carga m áxim a instantânea de 59,29 kg, para um a carga total de
519,72 kg, em furos com 3,2 m de com prim ento (Abóbada).
Fonte Recepção Distância Velocidade de vibração (mm/s) Freq. dominante
Data e hora Tiro-geofone Equip.
X Y Z Local X Y Z T (1) V (1) L(1) vR (2) (Hz)
(m)
21.877,44 178.870,20 772,70 E 22.469,34 179.039,08 805,09 616,4 < 0,075 < 0,075 < 0,075 < 0,075 --- Sinco
21.877,44 178.870,20 772,70 F 22.441,50 179.065,85 798,70 597,6 0,119 0,119 < 0,075 0,164 50 Sinco
24/09/2009 - 22:19 T (1) V (1) L(1)
21.877,44 178.870,20 772,70 2a 22.478,33 179.059,34 801,40 630,6 0,095 0,111 0,159 0,162 13,5 12,5 12,1 BE 8751
21.877,44 178.870,20 772,70 2b 22.477,16 179.060,03 798,25 629,6 0,079 0,095 0,064 0,098 12 2,38 2,31 BE 8751
113
ANEXO I - Valores de vibração medidos e calculados
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
1ª Campanha
Explosão de 25 de Setem bro de 2009, às 07:43 h, no Túnel Sul (Pk 19+538,7), com um a carga m áxim a instantânea de 27,79 kg, para um a carga total de
245,46 kg, em furos com 1,4 m de com prim ento (Abóbada).
Fonte Recepção Distância Velocidade de vibração (mm/s) Freq. dominante
Data e hora Tiro-geofone Equip.
(1) (1) (1) (2)
X Y Z Local X Y Z T V L vR (Hz)
(m)
22.019,09 178.877,92 772,45 3a 22.871,16 178.897,11 778,87 852,3 < 0,075 < 0,075 < 0,075 < 0,075 --- Sinco
22.019,09 178.877,92 772,45 I 22.758,79 178.969,61 782,86 745,4 0,119 0,119 < 0,075 0,164 --- Sinco
25/09/2009 - 07:43
22.019,09 178.877,92 772,45 J 22.858,20 179.078,60 763,10 862,8 < 0,127 < 0,127 < 0,127 < 0,127 --- BE 8751
22.019,09 178.877,92 772,45 K 22.912,40 178.789,44 766,20 897,7 < 0,127 < 0,127 < 0,127 < 0,127 --- BE 8751
Explosão de 26 de Setem bro de 2009, às 08:13 h, no Túnel Sul (Pk 19+536,6), com um a carga m áxim a instantânea de 27,79 kg, para um a carga total de
245,46 kg, em furos com 1,4 m de com prim ento (Abóbada).
Fonte Recepção Distância Velocidade de vibração (mm/s) Freq. dominante
Data e hora Tiro-geofone Equip.
(1) (1) (1) (2)
X Y Z Local X Y Z T V L vR (Hz)
(m)
22.017,14 178.877,50 772,47 3a 22.871,16 178.897,11 778,87 854,3 < 0,075 < 0,075 < 0,075 < 0,075 --- Sinco
22.017,14 178.877,50 772,47 O 22.736,74 178.992,91 784,24 728,9 < 0,075 < 0,075 < 0,075 0,164 5 e 18 Sinco
26/09/2009 - 08:13
22.017,14 178.877,50 772,47 H 22.360,62 179.039,35 797,46 380,5 0,302 0,444 0,254 0,537 --- BE 8751
22.017,14 178.877,50 772,47 N 22.397,44 179.068,21 796,08 426,1 0,095 0,206 0,127 0,226 --- BE 8751
Explosão de 26 de Setem bro de 2009, às 10:19 h, no Túnel Norte (Pk 19+398,5), com um a carga m áxim a instantânea de 59,29 kg, para um a carga total
de 519,72 kg, em furos com 3,2 m de com prim ento (Abóbada).
Fonte Recepção Distância Velocidade de vibração (mm/s) Freq. dominante
Data e hora Tiro-geofone Equip.
X Y Z Local X Y Z T
(1)
V
(1)
L
(1)
vR (2) (Hz)
(m)
21.873,54 178.869,33 772,68 3b 22.873,24 178.900,57 778,87 1.000,2 < 0,075 < 0,075 < 0,075 < 0,075 --- Sinco
21.873,54 178.869,33 772,68 O 22.736,74 178.992,91 784,24 872,1 < 0,075 < 0,075 < 0,075 0,164 12 Sinco
26/09/2009 - 10/19
21.873,54 178.869,33 772,68 4 22.838,05 179.106,22 765,13 993,2 < 0,127 < 0,127 < 0,127 < 0,127 --- BE 8751
21.873,54 178.869,33 772,68 G 22.976,32 178.768,88 770,69 1.107,4 < 0,127 < 0,127 < 0,127 < 0,127 --- BE 8751
Explosão de 26 de Setem bro de 2009, às 18:35 h, no Túnel Norte (Pk 19+546,5), com um a carga m áxim a instantânea de 49,50 kg, para um a carga total
de 138,18 kg, em furos com 3,6 m de com prim ento (Destroça).
Fonte Recepção Distância Velocidade de vibração (mm/s) Freq. dominante
Data e hora Tiro-geofone Equip.
(1) (1) (1) (2)
X Y Z Local X Y Z T V L vR (Hz)
(m)
22.018,05 178.901,31 772,83 8a* 21.691,73 179.163,19 813,02 420,3 --- --- --- --- --- Sinco
22.018,05 178.901,31 772,83 8b* 21.669,71 179.167,70 808,20 440,0 --- --- --- --- --- Sinco
26/09/2009 - 18:35
22.018,05 178.901,31 772,83 7a 22.516,79 178.763,54 707,32 521,5 < 0,127 < 0,127 < 0,127 < 0,127 --- BE 8751
22.018,05 178.901,31 772,83 7b 22.524,88 178.743,97 705,39 535,0 < 0,127 < 0,127 < 0,127 < 0,127 --- BE 8751
* - Em fase de instalação quando ocorreu a pega.
Explosão de 26 de Setem bro de 2009, às 19:44 h, no Túnel Sul (Pk 19+534,8), com um a carga m áxim a instantânea de 27,79 kg, para um a carga total de
245,46 kg, em furos com 1,4 m de com prim ento (Abóbada).
Fonte Recepção Distância Velocidade de vibração (mm/s) Freq. dominante
Data e hora Tiro-geofone Equip.
X Y Z Local X Y Z T (1) V (1) L(1) vR (2) (Hz)
(m)
22.015,19 178.877,07 772,48 8a 21.691,73 179.163,19 813,02 433,7 0,477 0,373 0,388 0,567 45 Sinco
22.015,19 178.877,07 772,48 8b 21.669,71 179.167,70 808,20 452,9 0,164 0,179 0,119 0,224 56 Sinco
26/09/2009 - 19:44
22.015,19 178.877,07 772,48 7a 22.516,79 178.763,54 707,32 518,4 < 0,51 < 0,51 < 0,51 < 0,51 --- BE 8751
22.015,19 178.877,07 772,48 7b 22.524,88 178.743,97 705,39 531,0 < 0,51 < 0,51 < 0,51 < 0,51 --- BE 8751
Explosão de 27 de Setem bro de 2009, às 07:52 h, no Túnel Sul (Pk 19+532), com um a carga m áxim a instantânea de 27,79 kg, para um a carga total de
245,46 kg, em furos com 1,4 m de com prim ento (Abóbada).
Fonte Recepção Distância Velocidade de vibração (mm/s) Freq. dominante
Data e hora Tiro-geofone Equip.
X Y Z Local X Y Z T (1) V (1) L(1) vR (2) (Hz)
(m)
22.012,26 178.876,42 772,50 M 21.743,75 179.181,73 809,26 408,2 0,149 0,149 0,224 0,224 40 Sinco
22.012,26 178.876,42 772,50 P 21.789,17 179.262,30 793,94 446,2 0,194 0,268 0,254 0,328 27 Sinco
27/09/2009 - 07:52
22.012,26 178.876,42 772,50 8a 21.691,73 179.163,19 813,02 432,0 < 0,51 < 0,51 < 0,51 < 0,51 --- BE 8751
22.012,26 178.876,42 772,50 8c 21.703,73 179.163,19 813,02 423,2 < 0,51 < 0,51 < 0,51 < 0,51 --- BE 8751
114
ANEXO I - Valores de vibração medidos e calculados
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
2ª Campanha
Explosões de 28 de Outubro de 2009, às 07:55 h, no Túnel Sul (Pk 19+401), do tipo Destroça e Abóbada, sendo esta a prim eira da sequência.
A Abóbada, com um a carga m áxim a instantânea de 29,28 kg, para um a carga total de 596,46 kg, em furos com 4,2 m de com prim ento e, a Destroça, com um a
carga m áxim a instantânea de 29,172 kg, para um a carga total de 84,6 kg, em furos com 4,0 m de com prim ento.
21.880,63 178.846,98 780,40 P 21.789,17 179.262,30 793,94 425,5 0,239 0,194 0,298 0,298 40 Sinco
28/10/2009 - 07:55 (1) (1) (1)
T V L
21.880,63 178.846,98 780,40 Mb 21.723,75 179.184,73 812,02 373,7 0,175 0,190 0,222 0,270 13,1 12,8 12,3 BE 8751
21.880,63 178.846,98 780,40 8c 21.703,73 179.163,19 813,02 363,8 0,429 0,444 0,206 0,449 77,8 53,6 9,38 BE 8751
Explosões de 28 de Outubro de 2009, às 08:02 h, no Túnel Norte (Pk 19+281,3), do tipo Destroça e Abóbada, sendo esta a prim eira da sequência.
A Abóbada, com um a carga m áxim a instantânea de 29,28 kg, para um a carga total de 596,46 kg, em furos com 4,2 m de com prim ento e, a Destroça, com um a
carga m áxim a instantânea de 29,172 kg, para um a carga total de 84,6 kg, em furos com 4,0 m de com prim ento.
21.755,18 178.843,04 778,92 P 21.789,17 179.262,30 793,94 420,9 0,209 0,194 0,239 0,254 51 Sinco
21.755,18 178.843,04 778,92 Mb 21.723,75 179.184,73 812,02 344,7 0,175 0,222 0,222 0,240 13,2 42,1 13,9 BE 8751
21.755,18 178.843,04 778,92 8c 21.703,73 179.163,19 813,02 326,0 0,365 0,317 0,540 0,553 85,4 53,6 19,7 BE 8751
V - Direcção Vertical
T - Direcção Transversal a L
3ª Campanha
2 2 2 1/2
(1) L - Direcção Fonte - Receptor (2) v R=(v L +v V +v T )
V - Direcção Vertical
T - Direcção Transversal a L
115
ANEXO II - Plano e Diagrama de Fogo 1
(1ª Campanha de medição de Vibrações realizada entre 22 e 27 de Setembro de 2009)
117
ANEXO II - Plano e Diagrama de Fogo 1
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
119
ANEXO II - Plano e Diagrama de Fogo 1
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
120
ANEXO II - Plano e Diagrama de Fogo 1
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
121
ANEXO II - Plano e Diagrama de Fogo 1
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
122
ANEXO II - Plano e Diagrama de Fogo 1
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
123
ANEXO II - Plano e Diagrama de Fogo 1
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
124
ANEXO III - Plano e Diagrama de Fogo 2
(2ª Campanha de medição de Vibrações realizada entre 28 e 29 de Outubro de 2009)
125
ANEXO III - Plano e Diagrama de Fogo 2
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
127
ANEXO III - Plano e Diagrama de Fogo 2
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
128
ANEXO III - Plano e Diagrama de Fogo 2
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
129
ANEXO III - Plano e Diagrama de Fogo 2
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
130
ANEXO IV. Plano e Diagrama de Fogo 3
(3ª Campanha de medição de Vibrações realizada entre 21 e 23 de Setembro de 2010)
131
ANEXO IV. Plano e Diagrama de Fogo 3
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
133
ANEXO IV. Plano e Diagrama de Fogo 3
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
134
ANEXO V - Exemplos de registo das vibrações com o
equipamento Instantel
135
equipamento Instantel
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
137
equipamento Instantel
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
138
equipamento Instantel
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
139
equipamento Instantel
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
140
equipamento Instantel
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
141
equipamento Instantel
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
142
equipamento Instantel
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
143
equipamento Instantel
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
144
equipamento Instantel
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
145
equipamento Instantel
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
146
equipamento Instantel
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
147
equipamento Instantel
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
148
equipamento Instantel
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
149
equipamento Instantel
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
150
equipamento Instantel
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
151
equipamento Instantel
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
152
ANEXO VI - Exemplos de registo das vibrações com o
equipamento Sinco
153
equipamento Sinco
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
155
equipamento Sinco
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
156
equipamento Sinco
___________________________________________________________________________________________________________________________________________
157
equipamento Sinco
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
158