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A ventilação não-invasiva (VNI) é definida como uma técnica de ventilação mecânica na qual
não é empregado qualquer tipo de prótese traqueal (tubo orotraqueal, nasotraqueal, ou cânula de
traqueostomia), sendo a conexão entre o ventilador e o paciente feita através do uso de uma máscara.
É uma importante ferramenta ventilatória dentro e fora das unidades de terapia intensiva e pode ser
aplicada principalmente nas doenças respiratórias, neuromusculares e cardíacas. São utilizados dois
modos ventilatórios básicos durante a VNI: suporte ventilatório com dois níveis pressóricos (BIPAP)
e a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) (FERREIRA; SANTOS, 2008).
A aplicação de pressão positiva reduz a freqüência respiratória, a PaCO2 , a pressão
transpulmonar e o trabalho respiratório, melhora as trocas gasosas e a qualidade de vida dos
pacientes. Adicionalmente, facilita o desmame da ventilação mecânica e a manutenção dos pacientes
fora da prótese ventilatória.
Interfaces
As máscaras nasais e oronasais são as interfaces mais utilizadas para a aplicação da VNI no
ambiente hospitalar. A máscara nasal é, provavelmente, a interface mais confortável; porém, a
resistência das narinas ao fluxo de ar e a presença do vazamento de ar pela boca podem limitar o seu
uso em alguns pacientes. A máscara oronasal, também conhecida como facial, é a interface mais
utilizada para pacientes com insuficiência respiratória aguda, permitindo maior volume corrente
quando comparada com a máscara nasal e, conseqüentemente, correção mais rápida das trocas
gasosas (FERREIRA; SANTOS, 2008; CARDOZO, 2004).
Mais recentemente, tem-se difundido o uso da máscara facial total e de novas interfaces como
o “Hemet”, ou capacete. A máscara facial total tem a vantagem de diminuir o vazamento e
possibilitar o uso de maiores pressões inspiratórias. Os capacetes têm a vantagem de eliminar o
contato da interface com a face do paciente, evitando assim a complicação mais freqüente da VNI,
que é a lesão de pele.
CPAP
É um modo ventilatório empregado com freqüência e conta com a presença de um fluxo
contínuo nas vias aéreas, e a pressão positiva ao final da expiração é mantida em todo o ciclo
respiratório. O valor de pressão pré-determinado permanece constante durante todo o ciclo
respiratório e o trabalho respiratório é inteiramente realizado pelo paciente.
BIPAP
Pressão de suporte (PS) e pressão positiva ao final da expiração (PEEP), também conhecido
como IPAP. Nessa modalidade, a PS (ou IPAP) deve ser ajustada para gerar um volume corrente por
volta de 6 a 8 mL/kg e freqüência respiratória menor que 30 incursões respiratórias por minuto. O
valor da PEEP (ou EPAP) deve ser ajustado de acordo com a patologia de base do paciente. Durante
a ventilação com dois níveis de pressão (BIPAP), a pressão é maior durante a inspiração e diminui
para um nível mais baixo durante a expiração. Trata-se, portanto, de uma modalidade que assiste a
inspiração e, com isso, reduz o trabalho respiratório do paciente de forma direta.
O que diferencia o BIPAP para o CPAP é a capacidade de gerar dois diferentes níveis de
pressão durante o ciclo respiratório, de tal maneira que na inspiração tem-se uma pressão mais
elevada do que na expiração. O CPAP, ao contrário, gera pressões positivas que são iguais tanto na
inspiração quanto na expiração (REIS, 2007).
Contra-indicações
Parada respiratória ou necessidade imediata de intubação traqueal devido a respiração em
“gasping” (ritmo irregular, superficial, com apnéia);
Hipotensão com necessidade de administração de drogas vasoativas, arritmias incontroladas,
isquemia miocárdica;
Trauma facial;
Inabilidade de deglutir ou eliminar secreções;
Rebaixamento importante do nível de consciência, agitação ou falta de cooperação;
Sangramento gastrointestinal ativo;
Obstrução mecânica das VAS;
Intolerância à interface, desconforto e claustrofobia;
Cirurgia gastrointestinal alta ou de via aérea superior recente.
Vantagens da VNI
Evita a intubação traqueal;
É de fácil aplicação e remoção, permitindo uso intermitente;
Proporciona conforto, reduzindo a necessidade de sedação;
Possibilita a preservação da fala e da deglutição;
Mantêm livres as vias aéreas superiores, com aquecimento e umidificação do ar inspirado e
preservação das funções de defesa do aparelho mucociliar;
Há menor incidência de traumas associados à ventilação mecânica (FERREIRA; SANTOS,
2008).
Complicações
Necrose da pele da face;
Distensão gástrica;
Irritação ocular;
Retenção de secreções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS