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Grupo: Paulo carvalho; Ailton Rodrigues de Oliveira e Del Fabio Araujo dos

Santos.
Entrevista com a Professora Lucimara Santos
Graduada em Pedagogia e Direito. Pós em Educação Inclusiva e Gestão
Escolar.
Somente em escolas do Ensino Fundamental e Médio como coordenadora.
Formação professores do AEE, acompanhamento do desenvolvimento do trabalho
pedagógico.
Acreditava-se que o desafio maior seriam as barreiras arquitetônicas. Hoje o
principal desafio são as barreiras humanas. A não aceitação do aluno especial e a não
participação do professor da área em participar das formações ofertadas tanto pela
SEDUC/Porto Velho, bem como das formações em EAD gratuitas.
São ofertadas de forma individual ou em grupo, dependendo da necessidade
de cada aluno, visando suplementar ou complementar o currículo. Os professores
acompanham o desenvolvimento do aluno e são responsáveis em orientar toda equipe
da escola para melhor atender as necessidades específicas de cada um.

Entrevista com a Professora Maria Lúcia Ferreira dos Santos


Graduação em Pedagogia, Orientação Educacional. Pós-Graduação em
Recreação e Motricidade Humana, Psicopedagogia, Libras, Metodologia do Ensino de
Português e Matemática para Séries Iniciais, Metodologia do Ensino Superior,
Neuropsicopedagogia, TEACCH — Abordagem de Pessoas com Autismo, Análise do
Comportamento ligado ao Autismo e Análise do Comportamento Autista e Deficiência
Intelectual. Cursando Mestrado na Área de Desenvolvimento Psicológico.

Hoje eu tenho três dimensões diferentes de trabalho, nas nessa área da


tecnologia, a gente trabalha com aconselhamento, consultoria de alunos surdos (a
orientação básica para os trabalhos, vocabulário, compreensão de contextos),
realizando consultorias explicativas e contextos. Também trabalhamos com alunos
autistas e temos iniciado trabalhos com pessoas da graduação de Pedagogia e
Psicologia para instrumentação e manejo de pessoas com autismo. No ensino
superior, prezamos para que o profissional tenha o melhor conhecimento possível a
fim de que não desista ou se sobrecarregue com o trabalho. Além disso, também
treinamos estagiários para instrumentalizar o mesmo com o conhecimento referente
ao autismo — tendo em vista que temos melhores resultados em relação a surdez do
que com o autismo. Acreditamos que se algo tivesse sido feito a fim de desenvolver
melhor pessoas autistas entre as podas (3 a 12 anos), os mesmos teriam resultados
melhores.

É a parte mais difícil de todo o processo, pois se apropriar do conhecimento e


realizar um trabalho juntamente com a escola é um desafio que ultrapassa a
inteligência emocional, por exemplo: trabalhamos com autistas de forma intensiva,
tanto em casa quanto com escola, e orientamos a construção do PEI (Clínico, como:
psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta e afins) e a AEE. Nem sempre o professor possui
o preparo mínimo para fazer um relato das vivências deste aluno dentro da sala de
aula ou, de igual modo, ou promover uma integração do mesmo em sala de aula, a fim
de ocorra a inserção das habilidades básicas no contexto dessa criança. Durante essa
semana tivemos uma situação relativamente desagradável em relação a uma criança
de 4 anos de uma escola particular que implantou o AEE (e não é da cidade, e não
forneceremos detalhes a respeito a fim de não a expor). A professora fez um relatório
muito “pejorativo” em relação ao aluno (o relatório em si nem diz muito a respeito da
criança, e mais sobre o professor que demonstrou falta de conhecimento e preparo).
Ao chegar a escola em uma visita, as crianças levaram brinquedos, exceto a criança
com autismo, que foi posta para assistir televisão separada das outras — que
representa uma terrível segregação, apoteótica, lamentável e desprezível da nossa
capacidade de compreensão, nos dando uma vontade de gritar para o mundo e se irar
com essa tamanha situação desagradável. Porém, nos recolocamos no lugar, usamos
a inteligência emocional, a fim de reconstruir e dispor de coisas que o outro — muitas
vezes — não está disposto. Essa situação implica muitas coisas que nem convém
falarmos, mas tudo gira em torno do Professor, do seu preparo, do conhecimento que
possui e da maneira como trabalha com isso dentro da sala de aula e em seu próprio
aprendizado — faltando critério de manejo, situação, instrumentalização. Não é difícil
fazer, porém, se faz necessário o desejo de se aprender a fazer — sendo este o maior
empecilho nestes casos. Em relação ao aluno autista, é preciso aprender
compreendê-lo, falar seu idioma e se localizar dentro do próprio mundo em que o
mesmo se encontra, partindo da premissa de devemos adaptar a nós mesmos a fim
de alcançar estes alunos e abraçá-los.

Em nosso caso nós trabalhamos com indígenas o AEE, e nisso entramos em


uma situação ainda mais complexa: temos 3 idiomas, duas culturas fragmentadas — o
que retarda a aquisição da aprendizagem, prejudicando o cognitivo e social, sendo um
obstáculo considerável. Se puxarmos um pouco mais, nós perdemos o aluno. Se
afrouxarmos, perdemos nosso emprego (risos). Nosso dever é encontrar o equilíbrio.
Eu acredito ser o trabalho mais difícil que já fiz em minha vida, pois sabemos que a
língua portuguesa não será ensinada a termo, as libras não serão ensinadas da
maneira como conhecemos socialmente, e o idioma natural deles também é
prejudicada, afastando a criança do ensino, dando ritmo diferente a cada uma. O
ensino é itinerante, sendo feito dois dias na semana (e agora será retomado),
realizando um atendimento integral e individualizado (de manhã todos, de tarde os
pequenos e a noite os adultos), sendo diferenciado na outra aldeia (trabalhando os
irmãos juntamente a fim de não fragmentar o ensino). Em uma das aldeias nós
contávamos com um professor da língua materna, e ele realizava a evocação, sendo
que ele fazia para libras, eu fazia do paiter para libras, e das libras para o português.
Alguns alunos da outra aldeia possuíam resíduo auditivo, facilitando um pouco mais o
ensino.

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