Você está na página 1de 58

UNIDADE I

Teoria Geral
do Direito Civil

Prof. Geraldo Romanello


Direito Privado

Introdução ao estudo do Direito privado:


1. Onde estiver a pessoa humana será ela alvo da proteção jurídica.
2. As normas, escritas ou tácitas, imperam mostrando o que deve ser feito e o que deve
ser evitado.
3. Nesse relacionamento contínuo encontramos a pessoa como sujeito de direitos e deveres
e os bens sobre os quais incidem os interesses desse sujeito.
4. Essa relação jurídica nasce, modifica-se e extingue-se.
5. Foi Gaio (Institutas) que dividiu em direito das pessoas (ius personarum), direito das coisas
(ius rerum) e direito das ações (ius actionum).
6. Nos Códigos Civis de 1916 e 2002, a parte Geral do Código
Civil estuda as pessoas (natural e jurídica), os bens
(patrimônio), os negócios e atos jurídicos (vontade
das pessoas sobre este patrimônio para a realização
de seus interesses).
Direito Privado

Conceito de pessoa:

1. Do Latim – persona, do verbo personare (soar através de), significando ser humano.
Pessoa é o ser humano, pessoa natural ou física.

2. Quando a pessoa adquire direitos e deveres ela é sujeito de relação jurídica.

3. A pessoa diante da norma agendi (direito objetivo), mostra


como deve ser o comportamento humano e quais as sanções
em caso de descumprimento desse dever (lícito ou ilícito).
Direito Privado

Personalidade:

 É a situação de ser pessoa, a ela inerente. Os animais não têm personalidade, mas recebem
proteção do Direito, que edita leis em sua defesa contra atos de crueldade, maus-tratos
e de extermínio.

1. Em uma relação jurídica de compra e venda existe o direito do


comprador de receber a coisa vendida e o consequente direito
do vendedor de receber o preço. Por outro lado, existe a
obrigação do comprador de pagar o preço e a obrigação do
vendedor de entregar a coisa.

2. Código Civil – Art. 1º. “Toda pessoa é capaz de direitos


e deveres na ordem civil”.
Direito Privado

Começo da personalidade natural (Art. 2º)

 “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos dos nascituros”.

1. Logo, o primeiro requisito para a aquisição da personalidade é a separação completa


do organismo materno, seja natural ou artificialmente (cordão umbilical e a respiração
pulmonar).

2. Nascendo com vida, o recém-nascido adquire direitos e os


transmite aos seus herdeiros e sucessores nos moldes legais.
O natimorto não adquire personalidade.

3. No direito romano a criança deveria apresentar qualquer


manifestação de vida (Justiniano).
Direito Privado

Nascituro

1. Do latim nascar, significa aquele que vai nascer. A concepção é a primeira manifestação
de vida da pessoa humana, no útero materno. Ocorre pela nidação, que é a fixação do
óvulo na parede uterina (VILLAÇA, 2019).

2. A jurisprudência reconheceu capacidade processual do nascituro, e continua reconhecendo


o nascituro como sujeito de direito, ativo e passivo, acolhendo a teoria conceptualista.

3. A teoria conceptualista ficou reforçada com a vigência da


Lei No 11.804/08 – Lei dos Alimentos Gravídicos – que admitiu
o pagamento complementar, no período da gravidez, da
concepção ao parto, de alimentos ao nascituro, considerando-
o sujeito de direito, com personalidade jurídica (TARTUCE,
2008).
Direito Privado

Direitos do nascituro

1. Os direitos da personalidade do nascituro foram assegurados pelo STJ (2002) ao conceder


a ele reparação por danos morais quando perdeu seu pai, vítima de atropelamento por
composição férrea.
2. Com a Lei 11.804/2008 disciplinou os alimentos gravídicos, destinados à despesas
adicionais do período gravídico, desde a concepção até o parto.
3. Com o nascimento com vida, esses alimentos convertem-se em pensão alimentícia em
favor do menor (art. 6º, parágrafo único).
4. Pelo art. 542 do Código Civil ele tem direito a receber doação,
se aceita por seu representante legal.
5. Pelo art. 1779 do Código Civil ele tem o direito a curador
(curator ventris), se seu pai falecer estando grávida sua mãe,
sem o poder familiar.
Direito Privado

Direitos do nascituro

6. Pelo art. 1798 do Código Civil, tem legitimidade para suceder (concebido no momento
da abertura sucessória).

7. O nascituro, quando recebe doação de um imóvel ou recebe uma herança, é contribuinte,


por seus responsáveis legais, do imposto de transmissão inter vivos (no caso de doação)
e causa mortis (no caso de herança).

8. O nascituro também pode ser adotado (CHINELATO, 2004).


Direito Privado

O estado das pessoas naturais

Origem:
1. Estado – Do Latim: sto, are – estar de pé, ocupar um espaço.
2. O estado das pessoas naturais é a maneira pela qual a pessoa se coloca na sociedade;
seu estado é sua posição social.

No direito romano:
a) status libertatis (seres humanos livres);
b) status civitatis (libertos, escravos alforriados);
c) status familiae (o chefe da família romana).
Direito Privado

O estado das pessoas naturais

Na atualidade:
a) estado político – pessoas nacionais, naturalizadas e estrangeiras (a CF/88 declara que
todos são iguais perante a lei);
b) estado familiar – solteiro, casado, viúvo, separado judicialmente ou de fato, divorciado,
companheiro ou convivente);
c) estado profissional – funcionário público, o empregado, o empregador, o estudante, o
profissional liberal, o trabalhador autônomo, o professor, o magistrado, o membro do MP, o
político, o militar, o comerciante, o industrial, o sacerdote, etc. e;
d) estado individual ou físico – relacionado à idade, à situação
física e psíquica, sexo e à saúde em geral.
 O estado das pessoas naturais reflete-se na capacidade de
exercício de seus direitos.
Direito Privado

1. Caracteres de estado: Pela natureza do estado civil, ele é indivisível, indisponível


e imprescritível (GOMES, 2010). Sendo assim, ninguém pode ostentar ser casado
e solteiro, ao mesmo tempo. Excepcionalmente, pode-se ter dupla nacionalidade.
2. Ações de estado: Estas ações objetivam a criação, a modificação ou a extinção de um
estado, constituindo uma nova situação jurídica. Essas ações são personalíssimas,
intransmissíveis e imprescritíveis. Exemplo: Ação Investigatória de Paternidade (ação
imprescritível – a qualquer tempo pode buscar sua origem biológica).
3. Capacidade: Existindo a pessoa, ela se apresenta com capacidade, porque toda pessoa
é capaz de direitos e deveres/obrigações na ordem jurídica.
4. Capacidade de direito (ou de gozo): é a aptidão para adquirir
direitos e capacidade de fato ou de exercício. É a aptidão de
exercer esses direitos na vida civil.
Direito Privado

Legitimação:
1. É a autorização legal de que pode a pessoa capaz agir em certas circunstâncias protegidas
pelo direito. Exemplo: Dispensa-se consentimento do cônjuge se o regime de bens do
casamento for o da separação total de bens.
Incapacidade absoluta:
1. Os absolutamente incapazes não podem praticar, por si, quaisquer atos ou negócios
jurídicos. A lei os impede de fazê-lo, sob pena de nulidade. Art. 166 do Código Civil:
“É nulo o negócio jurídico, quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz”.
Exemplo: Os menores de 16 anos.
Incapacidade relativa:
1. São os que não podem praticar alguns atos ou negócios,
ou não podem exercê-los, de algum modo, sem a devida
assistência, sob pena de nulidade. Art. 171, I do Código Civil:
É anulável o negócio jurídico por incapacidade relativa do
agente”. Exemplo: Os de 16 anos e menores de 18 anos.
Direito Privado

Fim da personalidade natural:


1. A personalidade da pessoa natural cessa com a morte real, necessitando da participação
da Medicina. A vida humana está ligada diretamente à atividade cerebral, terminando com
a “morte encefálica”.
2. Há efeitos que perduram, após a morte real, e que têm a proteção legal da pessoa como,
a sua vontade de transplante de órgãos para fins humanitários ou científicos, etc.

Comoriência ou morte simultânea:


1. Ocorre quando duas ou mais pessoas morrem no mesmo
momento em razão do mesmo fato, acontecimento, e serão
tidas como simultaneamente mortas, caso não seja possível
provar-se a precedência da morte de um com relação ao outro.
Os seus patrimônios transferem-se diretamente a seus
herdeiros, não passando direitos e obrigações entre si. Tudo
porque são considerados mortos ao mesmo tempo.
Interatividade

Quanto à comoriência, é incorreto afirmar que:

a) Os patrimônios transferem-se diretamente a seus herdeiros, não passando direitos


e obrigações entre si.
b) Ocorre quando duas ou mais pessoas morrem ao mesmo tempo em razão do mesmo fato.
c) Ocorre quando não é possível provar a precedência da morte de um com relação ao outro.
d) Ocorre quando é possível provar a precedência da morte de um com relação ao outro.
e) Ocorre quando há presunção de simultaneidade de fato.
Resposta

Quanto à comoriência, é incorreto afirmar que:

a) Os patrimônios transferem-se diretamente a seus herdeiros, não passando direitos


e obrigações entre si.
b) Ocorre quando duas ou mais pessoas morrem ao mesmo tempo em razão do mesmo fato.
c) Ocorre quando não é possível provar a precedência da morte de um com relação ao outro.
d) Ocorre quando é possível provar a precedência da morte de um com relação ao outro.
e) Ocorre quando há presunção de simultaneidade de fato.
Direito Privado

Atos de registro civil:

 O registro público é um ato de anotação que serve para qualificar e individualizar a pessoa.

1. Código Civil: Art. 9º – Serão registrados em registro público: I. os nascimentos,


casamentos, óbitos; II. A emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III. A interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV. A sentença declaratória da
ausência e de morte presumida.
2. Os atos registrados marcam momentos importantes na vida
das pessoas, alertando a comunidade sobre esses fatos
marcantes, que durante a existência do ser humano, e depois
dela, necessitam ser provados.
3. Constituição Federal – art. 5º, LXXVI – São gratuitos o registro
civil de nascimento e a certidão de óbito para os
reconhecidamente pobres.
Direito Privado

Direitos da personalidade:

 São reconhecidos no Art. 5º, X da CF/88 – “São invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação”. Esses direitos estão regulados nos Arts. 12 a 21
do Código Civil.

1. Conceito: São as faculdades jurídicas cujo objeto são os


diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem
assim as suas emanações e prolongamentos. Esses direitos
asseguram a existência do ser humano, constituindo sua
essência.
Direito Privado

Direitos da personalidade:

1. Natureza jurídica: Os direitos da personalidade são direitos subjetivos privados


(asseguram a satisfação do próprio ser físico e espiritual); não patrimoniais,
extrapatrimoniais, tipicamente pessoais (não visam utilidade econômica); são originários ou
inatos (pois adquirem-se naturalmente); são absolutos, pois são oponíveis erga omnis; são
intransmissíveis (pois são da pessoa titular, não podendo ser dispostos); são irrenunciáveis
(não podem ser rejeitados) e imprescritíveis (porque podem ser exercidos
a qualquer tempo).
Direito Privado

Exemplos de direitos da personalidade:

1. Direito à vida: Testemunhas de Jeová – a CF/88 garante a liberdade de cultos e de


crenças religiosas e declara inviolável os direitos da personalidade (art. 5º, X) e art. 15 do
Código Civil – “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida (morte),
a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Sempre há risco de morte em uma
transfusão de sangue (Aids, Chagas, Sífilis, Hepatite, etc.); assim, existe o direito de morrer
com dignidade.

2. Proteção ante ameaça ou lesão à personalidade do morto:


A simples ameaça de lesão poderá causar situação de ilicitude
(dano moral e material). Quem faleceu pode ter seu direito da
personalidade violado. Exemplo: Violação de túmulo ou de
cadáver.
Direito Privado

3. Disposição do próprio corpo e doação de órgãos em vida

 Art. 13: Proíbe ato de disposição do próprio corpo, quando isso acarreta diminuição
permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes.

 Exemplo: Só é permitida a doação de órgão quando se tratar de órgãos duplos, cuja retirada
não implique em risco de vida ao doador e não cause mutilação ou deformação inaceitável
ou grave comprometimento da saúde.
Direito Privado

Exemplos de direitos da personalidade:

 Disposição do próprio corpo e doação de órgãos em vida

 O ser humano não pode se sentir feliz se não está satisfeito com seu sexo. Há que respeitar
a dignidade humana.
 A cirurgia de transgenitalização situa-se na órbita da opção
sexual da pessoa, que é, indiscutivelmente, direito da
personalidade. Essa cirurgia causa mutilação permanente,
atentando contra a integridade física, entretanto, o transexual
dela necessita como um remédio inevitável para adequar seu
estado psicológico sexual, bem como sua integridade moral.
Sem essa cirurgia o transexual pode ser levado ao desespero e
até ao suicídio. O fundamento desta cirurgia é o respeito à
dignidade humana de quem precisa mudar seu sexo ao sexo
oposto, sob pena de ser levado à loucura.
Direito Privado

 Disposição do corpo após a morte – (Art. 14)

 A finalidade é científica quando o corpo morto serve de objeto de estudos em universidades,


no Departamento de Anatomia.

 Tratamento médico ou cirurgia de risco – Art. 15


 “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica”. Este dispositivo é uma manifestação da dignidade da pessoa humana,
primando pela autonomia da vontade.
 O tratamento médico ou intervenção cirúrgica deve existir em
prol do paciente, em seu benefício (visando a preservação da
integridade do corpo humano). Esta regra do art. 15, sob
o ângulo do paciente, se situa no campo dos direitos da
personalidade, no campo da responsabilidade civil, devendo
o médico ter autorização do paciente.
Direito Privado

Direito à identidade – (Art. 16)


 “Toda pessoa tem o direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”.
 O nome é um importante direito da personalidade, pois serve de meio de identificação da pessoa. O
nome compreende o prenome e o sobrenome.
 Na Grécia adotavam um nome singular (Exemplos: Platão, Homero, etc.); em Roma o cidadão era
designado pelo prenome (prenomen), relativo à pessoa (nomen) e pelo cognome (cognomen),
indicativo da família (Exemplo: Caio Julius Cesare).
O nome hoje:
1. Não é só um direito subjetivo na identificação da pessoa, mas um dever de cadastramento de
interesse da sociedade (RG, CPF, CTB, CNH, etc.).
2. Sem nome não pode o ser humano casar-se, contratar, praticar atos
ou negócios da vida civil.
3. O prenome pode ser simples (Exemplo: Antônio) ou composto
(Exemplo: José Antônio), é imutável ou definitivo, salvo por motivos
que possam colocar as pessoas em situações ridículas ou
depreciativas.
4. O prenome pode ser escolhido pelos pais, podendo ser corrigido em
caso de erro gráfico (Exemplo: Eloísa e não Heloísa).
Direito Privado

O nome hoje:

5. O sobrenome relaciona-se com a procedência familiar da pessoa, podendo advir do


sobrenome materno ou paterno.
6. A disciplina legal do direito ao nome está regulamentada na Lei de Registros Públicos
(No 6.015/73).
7. Qualquer dos nubentes poderá acrescer ao seu nome o sobrenome do outro (art. 1.565,
parágrafo 1º do Código Civil).
8. No divórcio o ex-cônjuge perde o sobrenome do outro, exceto
em caso de evidente prejuízo para sua identificação.
9. Na adoção poderá alterar o nome do adotado (ECA, art. 47,
parágrafo 5º).
10. Está autorizado pelo STF o transexual mudar seu nome
independentemente da cirurgia ou decisão judicial – ADI 4.275
e RE 670.422.
Direito Privado

 Nome em publicações ou representações nocivas – (Art. 17)

 O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

1. Incluem-se a divulgação escrita (livros, jornais, revistas, folhetos, etc.) e por meio da
palavra falada (microfones, meios de comunicação, etc.). Será considerado ato abusivo
ou seja, ato ilícito (art. 187), com consequente indenização por danos materiais e morais,
publicando-se o desagravo.

2. O uso de nome e de imagem de alguém não pode ocorrer sem


o consentimento prévio ou posterior do prejudicado.
 Nome alheio em propaganda – (Art. 18)
 “É proibida a utilização de nome de outrem em propaganda comercial”.

1. A proibição é objetiva e inibe qualquer vantagem por parte do transgressor.

2. Poderá o titular recorrer ao Poder Judiciário para fazer cessar essa utilização indevida,
sob pena de pagamento de multa diária, requerendo o pagamento das perdas e danos,
materiais e morais, que se fizerem sentir. Exemplo: Usar o nome de um jogador de futebol
famoso na venda de produto (café).
Direito Privado

 Proteção ao pseudônimo – (Art. 19)

 “O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome”.

1. Pseudonimo (do grego) significa falso, suposto, fictício.

2. Geralmente é usado por autor de obra literária, científica, desportiva ou artística, que não
quer ou não pode identificar-se.

3. Somente poderá ser adotado para atividades lícitas, para


ter a mesma proteção concedida ao nome.

4. O pseudônimo é um dos direitos morais do autor.


Interatividade

Quanto ao nome, assinale a incorreta.

a) O sobrenome relaciona-se com a procedência familiar da pessoa.


b) O sobrenome pode advir da mãe ou do pai.
c) Qualquer dos noivos poderá acrescer ao seu nome o sobrenome do outro.
d) O direito ao nome está regulamentado na Lei de Registros Públicos (No 6.025/73).
e) Todas as alternativas estão incorretas.
Resposta

Quanto ao nome, assinale a incorreta.

a) O sobrenome relaciona-se com a procedência familiar da pessoa.


b) O sobrenome pode advir da mãe ou do pai.
c) Qualquer dos noivos poderá acrescer ao seu nome o sobrenome do outro.
d) O direito ao nome está regulamentado na Lei de Registros Públicos (No 6.025/73).
e) Todas as alternativas estão incorretas.
Direito Privado

 Proteção da palavra falada, escrita e imagem – (Art. 20)


 Este artigo protege os escritos, a palavra falada e a imagem da pessoa.

1. Escritos são documentos sigilosos, de interesse exclusivo de seu titular, como os que
dizem respeito à sua intimidade.
2. Transmissão da palavra é a expressão verbal, como uma entrevista que tenha sido gravada
em um programa de rádio ou televisão.
3. A imagem é protegida quanto à sua divulgação, seja em jornal ou por sua exposição em
local público, como um museu.
4. A imprensa tem o dever e o direito de informar, mas não
a intenção de macular a imagem da pessoa.
5. A proibição legal não é automática, dependendo de
requerimento da pessoa prejudicada.
Direito Privado

 Inviolabilidade da vida privada – (Art. 21)

 “A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado,


adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário
a esta norma”.

1. Art. 5º, X, CF/88 – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação. Este artigo cuida da vida privada da pessoa.

2. Ao Poder Judiciário, a pedido do interessado, cabe adotar


as medidas necessárias para impedir a violação
ou fazer cessá-la.
Direito Privado

 Do ausente – (Art. 22)

 “Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência
e nomear-lhe-á curador.

1. É a pessoa que desapareceu de seu domicílio, não havendo notícias de seu paradeiro.

2. Se o agente deixou representante ou procurador com


incumbência de administrar-lhe os bens, estes poderão
administrar os bens por um período de 3 anos.
Direito Privado

 Do ausente

3. É possível ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência


(Exemplo: Quem desapareceu em um desastre aéreo).

4. Em caso de ausência, sem que exista representante ou procurador, ela será declarada pelo
juiz, a requerimento de qualquer interessado (cônjuge, companheiro, parente, credor) ou do
Ministério Público.

5. Declarada a ausência, o juiz nomeará o curador do ausente


para que proceda à arrecadação dos bens, administrando-os
e, ao final, entregando o produto da administração ao ausente
ou aos seus sucessores.
Direito Privado

 Da morte presumida

 Art. 78 – Por morte presumida, declarada pela autoridade judicial competente, depois de seis
meses de ausência, será concedida pensão provisória aos dependentes, independentemente
de declaração e do prazo aludido (parágrafo 1º.), havendo prova do desaparecimento do
segurado em razão de acidente, desastre ou catástrofe.
 14.1. Se o segurado reaparecer, cessará imediatamente o pagamento da pensão, sem a
obrigação dos dependentes de restituição dos valores recebidos, salvo prova de má-fé
(parágrafo 2º).
 14.2. O desaparecimento por mais de dois anos, sem quaisquer
notícias, com registro em Delegacia de Polícia, é suficiente para
fundamentar declaração de morte presumida, para fins
exclusivamente previdenciários, sendo competente para esses
litígios a Justiça Federal (STJ, 1998).
Direito Privado

 Sucessão provisória – (Art. 26)

 “Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a
ausência e se abra provisoriamente a sucessão”.

1. Sem a declaração da ausência não pode haver arrecadação.

2. Após um ano de arrecadados os bens do ausente, poderão


os interessados requerer ao juiz a abertura da sucessão
provisória e, posteriormente, serão entregues os bens
aos sucessores.
Direito Privado

 Sucessão provisória – (Art. 26)

3. Decorridos esses prazos sem notícias do ausente, ele é considerado


presumidamente morto.

4. Os sucessores provisórios poderão prestar caução (garantia), para o caso de reaparecer


o ausente, até que se lhe declare a sucessão definitiva; exceto para os ascendentes,
descendentes e o cônjuge (e companheiro) – art. 30, parágrafo 2º.

5. O STF, em sua súmula 331, diz que “é legítima a incidência


do Imposto de Transmissão Mortis Causa no inventário por
morte presumida. E se o ausente reaparecer, haveria
devolução deste imposto?
Direito Privado

 Conservação dos bens do ausente – (Art. 27)

1. O patrimônio que fique sem titular necessita, sempre, da proteção de uma curadoria, com a
presença do Ministério Público.

2. Pelo artigo 27, I, o primeiro interessado é o cônjuge não separado judicialmente. Perde
legitimidade o separado de fato de seu cônjuge e o divorciado.

3. Presumida a morte, com ausência, surgem como mencionado


no art. 27, II, os herdeiros presumidos, sejam os legítimos
e os testamentários.
Direito Privado

 Conservação dos bens do ausente – (Art. 27)

4. O art. 27, III, contempla as pessoas que tiverem direitos sobre os bens do ausente,
dependente de sua morte. (Exemplo: as pessoas vinculadas ao ausente em razão de
contrato social, com cláusula de repasse de cotas).
5. O art. 27, IV, destaca a situação dos credores de obrigações vencidas e que, certamente,
não tenham sido pagas. (Exemplo: o credor de uma nota promissória vencida poderá
cobrá-la do espólio. Se vencida após o término da partilha do inventário, poderá cobrá-la
dos herdeiros).
Direito Privado

 Efeitos da sentença da sucessão provisória – (Art. 28)

1. Cuida este artigo da eficácia da sentença que determina a abertura da sucessão provisória.

2. Os efeitos dessa decisão só fluirão 180 dias após sua publicação pela imprensa.

3. É um prazo que se dá na expectativa de que o ausente reapareça e retorne


à administração de seu patrimônio.

4. Após o trânsito em julgado desse decisório, será aberto o


testamento, se houver.
Direito Privado

 Inventário e partilha – (Art. 29)

1. Proceder-se-á à abertura do inventário e à partilha dos bens do ausente, como se


falecido fosse.

2. No art. 28, parágrafo 1º, o MP está legitimado para requerer a abertura da sucessão
provisória, quando os interessados não a requerem, no prazo do art. 26.

3. Não havendo requerimento dos interessados, o juiz


geralmente nomeia um curador de sua confiança, dativo.
Direito Privado

 Inventário e partilha – (Art. 29)

4. O art. 28, parágrafo 2º determina que o herdeiro ou interessado deverá requerer o


inventário dos bens do ausente, até 30 dias, a contar do trânsito em julgado da sentença
que ordenar a abertura da sucessão provisória, arrecadando-se os bens do ausente (os
novos bens que não tenham sido arrecadados anteriormente).

5. Sem herdeiros e sem interessados, a herança torna-se jacente.

6. O juiz poderá avaliar a situação e estado dos bens e o perigo


de perda, determinando a mudança de local e providências
de conservação.
Interatividade

Quanto ao ausente, é correto afirmar que:


a) Não é possível ser declarada a morte presumida sem decretação da ausência.
b) Em caso de ausência sem que exista representante ou procurador, ela será declarada pelo
juiz e, apenas, por requerimento do Ministério Público.
c) Declarada a ausência, o juiz nomeará o Ministério Público para que proceda à arrecadação
dos bens.
d) É a pessoa que desapareceu de seu domicílio, não havendo notícias de seu paradeiro.
e) Caso o agente tenha deixado representante ou procurador com incumbência de
administrar-lhe os bem, estes poderão administrar os bens por um período de 9 anos.
Resposta

Quanto ao ausente, é correto afirmar que:


a) Não é possível ser declarada a morte presumida sem decretação da ausência.
b) Em caso de ausência sem que exista representante ou procurador, ela será declarada pelo
juiz e, apenas, por requerimento do Ministério Público.
c) Declarada a ausência, o juiz nomeará o Ministério Público para que proceda à arrecadação
dos bens.
d) É a pessoa que desapareceu de seu domicílio, não havendo notícias de seu paradeiro.
e) Caso o agente tenha deixado representante ou procurador com incumbência de
administrar-lhe os bem, estes poderão administrar os bens por um período de 9 anos.
Direito Privado

 Garantias pelos herdeiros – (Art. 30)


 “Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias de restituição
deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos”.

1. Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste
artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do
curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia (art. 30,
parágrafo 1º.), ficando impedido de entrar na posse dos bens de seu quinhão.
2. Não necessitam prestar garantias os ascendentes, os
descendentes e o cônjuge, desde que comprovada sua
situação (art. 30, parágrafo 2º.).
3. A garantia será os próprios bens a serem possuídos.
Direito Privado

 Estado de bens – ( Art. 31)

1. Pode acontecer que os imóveis do ausente encontrem-se em estado de ruína (rachaduras,


infiltrações, perigo de desabamento ou perda considerável). O juiz, para evitar a ruína,
poderá aliená-los ou hipotecá-los, com ordem judicial.

2. Em caso de desapropriação, prevalece o interesse público, devendo o valor da indenização


somar-se ao acervo do espólio, com a preocupação de uma sub-rogação sem perda
de valor.

3. É de cautela que o juiz se ampare em um trabalho pericial de


engenheiro, pelo menos.
Direito Privado

 Representação do ausente – (Art. 32)

 “Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa


e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes
e as que de futuro àquele forem movidas”.

1. A sucessão é somente provisória, porque se espera que retorne o ausente,


presumidamente morto, à posse de seu patrimônio.
Direito Privado

 Frutos e rendimentos – (Art. 33)

 “O descendente, ascendente e cônjuge que for sucessor provisório do ausente fará seus
todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém,
deverão capitalizar metade destes frutos e rendimentos, segundo o dispositivo no art. 29, de
acordo com o representante do MP, e prestar anualmente contas ao juiz competente”.

1. Vê-se que o art. 33 privilegia o descendente, o ascendente


ou o cônjuge do ausente, que for seu sucessor provisório,
no tocante ao direito de aquisição de todos os frutos
e rendimentos dos bens do ausente,
que possuírem precariamente.
Direito Privado

 Frutos e rendimentos – (Art. 33)

2. O art. 33, parágrafo único estabelece uma espécie de punição ao ausente, se este
aparecer e se ficar provado que sua ausência foi voluntária e sem justificativa. Nesse caso,
perderá ele sua parte nos frutos e rendimentos, em favor do sucessor não privilegiado, ou
seja, a metade não capitalizada.

3. Seria voluntária e justificada, por exemplo: a ausência ante uma grave ameaça de morte ou
ante a necessidade de um tratamento de saúde, em que o ausente queira guardar sigilo.

4. Seria voluntária e injustificada quando o ausente quer se


beneficiar de um seguro de vida, simulando sua própria morte.
Direito Privado

 Prova da época do falecimento – (Art. 35)

 “Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente,


considerar-se-á, nesta data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram
àquele tempo”.

1. Provada a época do falecimento, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros


legítimos e testamentários (art. 1.784, CC).
2. Essa prova do falecimento do ausente deve ser insofismável,
absoluta, para que a sucessão definitiva ocorra.
3. Uma vez que a redação expressa época exata do falecimento,
é melhor que se mantenham as regras relativas
à sucessão provisória.
Direito Privado

 Reaparecimento do ausente – (Art. 36)

 “Se o ausente aparecer ou se provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória,


cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a
tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono”.
1. Com a abertura da sucessão provisória, estabelece-se uma presunção relativa de que o
ausente está morto e, então, os herdeiros são imitidos na posse dos bens do ausente. Se
entretanto o ausente aparecer ou sendo-lhe provada a existência, após a imissão
possessória, terá ele o direito a recuperar sua posse direta desses bens, pois é proprietário
desse patrimônio dado provisoriamente como vago.
2. Até essa restituição os sucessores continuarão a agir em
nome do sucedido-reaparecido, em juízo ou fora dele, até o
momento da entrega dos bens a este último.
Direito Privado

 Preocupação patrimonial excessiva

1. O cônjuge do ausente pode pedir a qualquer tempo o divórcio, com fundamento


no art. 226, parágrafo 6º da CF/88, rompendo o vínculo conjugal.

2. Pode, porém, esse cônjuge, aguardar o prazo de 11 anos quando for aberta
a sucessão definitiva.
Direito Privado

 Sucessão de finitiva – domínio dos bens da herança – (Art. 37)

 “Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão
provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das
cauções prestadas”.

1. Com a sucessão definitiva, os sucessores adquirem o domínio dos bens da herança.

2. A legitimidade para requerer a sucessão definitiva e o


levantamento das cauções prestadas cabe aos interessados,
os que vinham sendo beneficiados pela sucessão provisória.
Eles é que têm faculdade que lhes concede a lei.
Direito Privado

 Idade avançada – (Art. 38)

 “Pode ser requerida a sucessão definitiva, também provando-se que o ausente conta oitenta
anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele”.

1. A presunção de falecimento aos 80 anos é bastante arriscada para abertura


de sucessão definitiva, sem qualquer caução em benefício do ausente,
ante seu possível reaparecimento.
Direito Privado

 Regresso do ausente – (Art. 39)

 “Se o ausente regressar nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum
de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no
estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e
demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo”.

1. Se o ausente regressar nos dez anos seguintes da sucessão definitiva, ou de algum de


seus descendentes ou ascendentes, três situações podem ocorrer:
a) Ou recebem os bens que ainda estejam no patrimônio dos
sucessores, no estado em que se encontram;
b) Ou os bens sub-rogados em lugar dos primitivos;
c) O preço dos bens que tiverem sido alienados pelos herdeiros
ou demais interessados.
Interatividade

Quais as situações que podem ocorrer quando do regresso do ausente no prazo de dez anos
seguintes à abertura da sucessão definitiva?

a) Receberem os bens que ainda estejam no patrimônio dos sucessores.


b) Receberem os bens sub-rogados, em lugar dos primitivos.
c) O preço dos bens que tiverem sido alienados pelos herdeiros ou demais interessados.
d) Receberem os bens no estado em que se encontram.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta

Quais as situações que podem ocorrer quando do regresso do ausente no prazo de dez anos
seguintes à abertura da sucessão definitiva?

a) Receberem os bens que ainda estejam no patrimônio dos sucessores.


b) Receberem os bens sub-rogados, em lugar dos primitivos.
c) O preço dos bens que tiverem sido alienados pelos herdeiros ou demais interessados.
d) Receberem os bens no estado em que se encontram.
e) Todas as alternativas estão corretas.
Referências bibliográficas

AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de Direito Civil: teoria geral do direito civil – parte geral.
Saraiva: São Paulo, 2019.
CHINELATO, Silmara Juny. Comentários ao Código Civil: In: Azevedo, Antônio Junqueira de
(Coord.). São Paulo: Saraiva, 2004, v.18, p. 173-182.
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. In: Brito, Edvaldo; Brito, Reginalda Paranhos
(Coord.). 20 ed. Forense: Rio de Janeiro,2010, p. 130.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. 14 ed. Forense: Rio de Janeiro, 2018, p. 127-128
ATÉ A PRÓXIMA!

Você também pode gostar