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Teoria Geral
do Direito Civil
Conceito de pessoa:
1. Do Latim – persona, do verbo personare (soar através de), significando ser humano.
Pessoa é o ser humano, pessoa natural ou física.
Personalidade:
É a situação de ser pessoa, a ela inerente. Os animais não têm personalidade, mas recebem
proteção do Direito, que edita leis em sua defesa contra atos de crueldade, maus-tratos
e de extermínio.
“A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos dos nascituros”.
Nascituro
1. Do latim nascar, significa aquele que vai nascer. A concepção é a primeira manifestação
de vida da pessoa humana, no útero materno. Ocorre pela nidação, que é a fixação do
óvulo na parede uterina (VILLAÇA, 2019).
Direitos do nascituro
Direitos do nascituro
6. Pelo art. 1798 do Código Civil, tem legitimidade para suceder (concebido no momento
da abertura sucessória).
Origem:
1. Estado – Do Latim: sto, are – estar de pé, ocupar um espaço.
2. O estado das pessoas naturais é a maneira pela qual a pessoa se coloca na sociedade;
seu estado é sua posição social.
No direito romano:
a) status libertatis (seres humanos livres);
b) status civitatis (libertos, escravos alforriados);
c) status familiae (o chefe da família romana).
Direito Privado
Na atualidade:
a) estado político – pessoas nacionais, naturalizadas e estrangeiras (a CF/88 declara que
todos são iguais perante a lei);
b) estado familiar – solteiro, casado, viúvo, separado judicialmente ou de fato, divorciado,
companheiro ou convivente);
c) estado profissional – funcionário público, o empregado, o empregador, o estudante, o
profissional liberal, o trabalhador autônomo, o professor, o magistrado, o membro do MP, o
político, o militar, o comerciante, o industrial, o sacerdote, etc. e;
d) estado individual ou físico – relacionado à idade, à situação
física e psíquica, sexo e à saúde em geral.
O estado das pessoas naturais reflete-se na capacidade de
exercício de seus direitos.
Direito Privado
Legitimação:
1. É a autorização legal de que pode a pessoa capaz agir em certas circunstâncias protegidas
pelo direito. Exemplo: Dispensa-se consentimento do cônjuge se o regime de bens do
casamento for o da separação total de bens.
Incapacidade absoluta:
1. Os absolutamente incapazes não podem praticar, por si, quaisquer atos ou negócios
jurídicos. A lei os impede de fazê-lo, sob pena de nulidade. Art. 166 do Código Civil:
“É nulo o negócio jurídico, quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz”.
Exemplo: Os menores de 16 anos.
Incapacidade relativa:
1. São os que não podem praticar alguns atos ou negócios,
ou não podem exercê-los, de algum modo, sem a devida
assistência, sob pena de nulidade. Art. 171, I do Código Civil:
É anulável o negócio jurídico por incapacidade relativa do
agente”. Exemplo: Os de 16 anos e menores de 18 anos.
Direito Privado
O registro público é um ato de anotação que serve para qualificar e individualizar a pessoa.
Direitos da personalidade:
São reconhecidos no Art. 5º, X da CF/88 – “São invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação”. Esses direitos estão regulados nos Arts. 12 a 21
do Código Civil.
Direitos da personalidade:
Art. 13: Proíbe ato de disposição do próprio corpo, quando isso acarreta diminuição
permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes.
Exemplo: Só é permitida a doação de órgão quando se tratar de órgãos duplos, cuja retirada
não implique em risco de vida ao doador e não cause mutilação ou deformação inaceitável
ou grave comprometimento da saúde.
Direito Privado
O ser humano não pode se sentir feliz se não está satisfeito com seu sexo. Há que respeitar
a dignidade humana.
A cirurgia de transgenitalização situa-se na órbita da opção
sexual da pessoa, que é, indiscutivelmente, direito da
personalidade. Essa cirurgia causa mutilação permanente,
atentando contra a integridade física, entretanto, o transexual
dela necessita como um remédio inevitável para adequar seu
estado psicológico sexual, bem como sua integridade moral.
Sem essa cirurgia o transexual pode ser levado ao desespero e
até ao suicídio. O fundamento desta cirurgia é o respeito à
dignidade humana de quem precisa mudar seu sexo ao sexo
oposto, sob pena de ser levado à loucura.
Direito Privado
O nome hoje:
O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
1. Incluem-se a divulgação escrita (livros, jornais, revistas, folhetos, etc.) e por meio da
palavra falada (microfones, meios de comunicação, etc.). Será considerado ato abusivo
ou seja, ato ilícito (art. 187), com consequente indenização por danos materiais e morais,
publicando-se o desagravo.
2. Poderá o titular recorrer ao Poder Judiciário para fazer cessar essa utilização indevida,
sob pena de pagamento de multa diária, requerendo o pagamento das perdas e danos,
materiais e morais, que se fizerem sentir. Exemplo: Usar o nome de um jogador de futebol
famoso na venda de produto (café).
Direito Privado
2. Geralmente é usado por autor de obra literária, científica, desportiva ou artística, que não
quer ou não pode identificar-se.
1. Escritos são documentos sigilosos, de interesse exclusivo de seu titular, como os que
dizem respeito à sua intimidade.
2. Transmissão da palavra é a expressão verbal, como uma entrevista que tenha sido gravada
em um programa de rádio ou televisão.
3. A imagem é protegida quanto à sua divulgação, seja em jornal ou por sua exposição em
local público, como um museu.
4. A imprensa tem o dever e o direito de informar, mas não
a intenção de macular a imagem da pessoa.
5. A proibição legal não é automática, dependendo de
requerimento da pessoa prejudicada.
Direito Privado
1. Art. 5º, X, CF/88 – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação. Este artigo cuida da vida privada da pessoa.
“Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência
e nomear-lhe-á curador.
1. É a pessoa que desapareceu de seu domicílio, não havendo notícias de seu paradeiro.
Do ausente
4. Em caso de ausência, sem que exista representante ou procurador, ela será declarada pelo
juiz, a requerimento de qualquer interessado (cônjuge, companheiro, parente, credor) ou do
Ministério Público.
Da morte presumida
Art. 78 – Por morte presumida, declarada pela autoridade judicial competente, depois de seis
meses de ausência, será concedida pensão provisória aos dependentes, independentemente
de declaração e do prazo aludido (parágrafo 1º.), havendo prova do desaparecimento do
segurado em razão de acidente, desastre ou catástrofe.
14.1. Se o segurado reaparecer, cessará imediatamente o pagamento da pensão, sem a
obrigação dos dependentes de restituição dos valores recebidos, salvo prova de má-fé
(parágrafo 2º).
14.2. O desaparecimento por mais de dois anos, sem quaisquer
notícias, com registro em Delegacia de Polícia, é suficiente para
fundamentar declaração de morte presumida, para fins
exclusivamente previdenciários, sendo competente para esses
litígios a Justiça Federal (STJ, 1998).
Direito Privado
“Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a
ausência e se abra provisoriamente a sucessão”.
1. O patrimônio que fique sem titular necessita, sempre, da proteção de uma curadoria, com a
presença do Ministério Público.
2. Pelo artigo 27, I, o primeiro interessado é o cônjuge não separado judicialmente. Perde
legitimidade o separado de fato de seu cônjuge e o divorciado.
4. O art. 27, III, contempla as pessoas que tiverem direitos sobre os bens do ausente,
dependente de sua morte. (Exemplo: as pessoas vinculadas ao ausente em razão de
contrato social, com cláusula de repasse de cotas).
5. O art. 27, IV, destaca a situação dos credores de obrigações vencidas e que, certamente,
não tenham sido pagas. (Exemplo: o credor de uma nota promissória vencida poderá
cobrá-la do espólio. Se vencida após o término da partilha do inventário, poderá cobrá-la
dos herdeiros).
Direito Privado
1. Cuida este artigo da eficácia da sentença que determina a abertura da sucessão provisória.
2. Os efeitos dessa decisão só fluirão 180 dias após sua publicação pela imprensa.
2. No art. 28, parágrafo 1º, o MP está legitimado para requerer a abertura da sucessão
provisória, quando os interessados não a requerem, no prazo do art. 26.
1. Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste
artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do
curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia (art. 30,
parágrafo 1º.), ficando impedido de entrar na posse dos bens de seu quinhão.
2. Não necessitam prestar garantias os ascendentes, os
descendentes e o cônjuge, desde que comprovada sua
situação (art. 30, parágrafo 2º.).
3. A garantia será os próprios bens a serem possuídos.
Direito Privado
“O descendente, ascendente e cônjuge que for sucessor provisório do ausente fará seus
todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém,
deverão capitalizar metade destes frutos e rendimentos, segundo o dispositivo no art. 29, de
acordo com o representante do MP, e prestar anualmente contas ao juiz competente”.
2. O art. 33, parágrafo único estabelece uma espécie de punição ao ausente, se este
aparecer e se ficar provado que sua ausência foi voluntária e sem justificativa. Nesse caso,
perderá ele sua parte nos frutos e rendimentos, em favor do sucessor não privilegiado, ou
seja, a metade não capitalizada.
3. Seria voluntária e justificada, por exemplo: a ausência ante uma grave ameaça de morte ou
ante a necessidade de um tratamento de saúde, em que o ausente queira guardar sigilo.
2. Pode, porém, esse cônjuge, aguardar o prazo de 11 anos quando for aberta
a sucessão definitiva.
Direito Privado
“Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão
provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das
cauções prestadas”.
“Pode ser requerida a sucessão definitiva, também provando-se que o ausente conta oitenta
anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele”.
“Se o ausente regressar nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum
de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no
estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e
demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo”.
Quais as situações que podem ocorrer quando do regresso do ausente no prazo de dez anos
seguintes à abertura da sucessão definitiva?
Quais as situações que podem ocorrer quando do regresso do ausente no prazo de dez anos
seguintes à abertura da sucessão definitiva?
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de Direito Civil: teoria geral do direito civil – parte geral.
Saraiva: São Paulo, 2019.
CHINELATO, Silmara Juny. Comentários ao Código Civil: In: Azevedo, Antônio Junqueira de
(Coord.). São Paulo: Saraiva, 2004, v.18, p. 173-182.
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. In: Brito, Edvaldo; Brito, Reginalda Paranhos
(Coord.). 20 ed. Forense: Rio de Janeiro,2010, p. 130.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. 14 ed. Forense: Rio de Janeiro, 2018, p. 127-128
ATÉ A PRÓXIMA!