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O PICOLÉ ROUBADO

Durante toda a manhã daquele sábado, Daniel se divertiu muito, brincando com Sérgio e Rodrigo.
Era a primeira vez que Sérgio tinha convidado Daniel para ir à sua casa, sugerindo que levasse
também o Rodrigo, seu melhor amigo. Mas agora... de repente, algo parecia estar errado! Daniel
estava assustado. Primeiro, Sérgio levou-os até seu quarto e fechou a porta, para que sua mãe
não ouvisse a conversa. Depois, ele começou a explicar sobre um clube que pretendia começar.
- É assim - disse ele, com os olhos faiscando de animação. - Para se tornar membro do clube,
cada um só tem que... bem, cada um precisa roubar alguma coisa!
Daniel mal podia acreditar no que estava ouvindo. - Você está brincando! - ele reclamou.
Rodrigo, porém, queria saber mais. - Roubar o quê? - ele perguntou.
- Somente um doce, ou qualquer coisa - respondeu Sérgio. - Estão vendo este chocolate?
Peguei-o na loja de doces da velha d. Ana, hoje de manhã. Foi fácil!
Daniel sabia que roubar não era certo. Desde que havia recebido Jesus, o Filho de Deus, como
seu Salvador, ele tentava fazer somente o que agradaria ao Senhor (Efésios 4:27,28). Agora,
sentia-se mal ao ver Sérgio tirar o chocolate do bolso e abri-lo. Sérgio ofereceu um pedaço ao
Rodrigo, que comeu com gosto. Daniel recusou. Ele sabia que não devia aceitar uma coisa
roubada.
- Que há com você? - perguntou Sérgio. - Não me diga que não tem coragem de roubar uma
coisinha de nada! Será que você é só mais um medroso aluninho de Escola Dominical?
- Eu não acho que roubar é prova de coragem - disse Daniel, meio sem jeito e esforçando-se para
não chorar. - Aliás, é prova de que você não é um "cara legal". E ainda mais, mostra que não
entende nada sobre Jesus! Eu não faria parte do seu clube, nem que me pagasse um milhão de
reais! Se o roubo faz parte, estou fora.
Daniel caminhou até a porta. - Vamos, Rodrigo – ele disse.
Rodrigo continuou sentado, por um instante, em silêncio, com uma expressão séria no rosto.
Daniel podia ver que seu amigo estava tentando tomar uma decisão.
- Ora, Daniel, quanto vale um chocolate, afinal? - resmungou Rodrigo. Não é como roubar um
banco ou coisa assim. Eu gostaria de experimentar!
Espantado, Daniel viu Rodrigo levantar-se e sair correndo.
- Volto já! - disse Rodrigo, desaparecendo em seguida.
- Vou para casa - disse Daniel. Mas Sérgio agarrou-o pelo braço e fez com que se sentasse de
novo.
- Você vai ficar aqui até o Rodrigo voltar. Quero que você veja como ele é corajoso.
Sérgio era um menino bem maior, e Daniel achou melhor ficar. Mas o tempo todo ele orava em
seu coração:
- Senhor Jesus, por favor, ajuda-me a falar para o Rodrigo e o Sérgio a Teu respeito. Ajuda-me a
explicar-lhes sobre o preço que Tu pagaste pelos nossos pecados. (Romanos 6:23; I Coríntios
15:3,4.)

Parecia que Rodrigo ia demorar muito. Mas, depois de uns dez minutos, ele voltou correndo e
entrou no quarto.
- Querem saber? - ele gritou, ofegante. - Foi facílimo!
Ele balançou um picolé debaixo do nariz de Daniel e continuou:
- Vejam, este eu comprei. Mas agora olhem... - Ele enfiou a mão no bolso e tirou outro picolé. -
Enquanto o homem procurava o troco, peguei outro. Ele nem percebeu!
Mas Daniel sabia que havia Alguém que tinha visto Rodrigo roubar o picolé. Deus tinha visto. Não
podemos esconder as coisas de Deus. Ele sabe tudo sobre nós. Mesmo assim, Ele nos ama.
Deus não gosta do nosso pecado, mas Ele nos ama.
- Você é mesmo corajoso, Rodrigo! - gritou Sérgio. - Você passou no teste. Já faz parte do meu
clube!
Entretanto, Daniel estava triste, e falou para o amigo:
- Rodrigo, você não podia fazer isso. Isso é roubo! Deus não quer que a gente roube. Roubar é
pecado!
- Ah, não comece a fazer pregação! - reclamou Sérgio. - O Rodrigo foi ótimo. Mostrou que tem
coragem.
- Eu já disse que roubar não é prova de coragem - insistiu Daniel.
Rodrigo estava ficando inquieto. Ele disse:
- Acho... acho que não faz mal só uma vez. Quanto vale um picolé, afinal? Não faz diferença
nenhuma.
Mas enquanto Rodrigo falava, Daniel podia notar que ele não parecia tão contente como quando
entrou. Será que Deus estava começando a responder a oração de Daniel, pedindo que seu
amigo chegasse a entender sobre o pecado e a sua necessidade de um Salvador?
Rodrigo entregou um picolé para Sérgio, que foi logo tirando o papel e mordendo um grande
bocado. Sérgio nem notou quando Daniel saiu, silenciosamente. Daniel foi para sua casa e
sentou-se largadamente na escada da frente. Ele imaginava que Rodrigo iria segui-lo, e esperava
que fosse logo. Queria conversar com seu amigo, sem a interferência de Sérgio. Queria explicar
melhor sobre o pecado e o preço que o Senhor Jesus pagou por ele.

Daniel orou enquanto esperava... e esperava. Finalmente, viu Rodrigo vindo lentamente,
arrastando os pés pela calçada. Dava para ver que ele não estava com muita vontade de encarar
Daniel.

Rodrigo deixou-se cair na escada e ficou mexendo com o pé no chão, cabisbaixo. Depois de uns
instantes, procurou se desculpar:
- Eu não sabia que ia ser preciso roubar para ser membro do clube dele. Mas, foi apenas um
sorvetinho! Não tem muita importância, não é?
- Para mim, tem - disse Daniel. - Roubar não é bom. Além disso, é um pecado contra Deus. A
Sua Palavra, a Bíblia, nos diz para não roubarmos. Rodrigo ficou pensativo por um instante.
Então disse: - Realmente, não sei muito sobre Deus. Só fui umas duas vezes à Escola Dominical,
junto com você. Teria ido mais vezes, mas você sabe que meu pai gosta de pescar aos
domingos, ou passear. Ele diz que religião é só para velhos.
- Meu pai diz que ser cristão é mais do que apenas religião - respondeu Daniel. - Ser um cristão
significa ter recebido Jesus em seu coração. É amar a Deus e querer obedecê-LO, fazendo as
coisas que Ele nos diz na Bíblia para fazer. E a Bíblia diz: "Não furtarás" (Êxodo 20: 15).
Rodrigo permanecia calado, pensativo, e Daniel continuou:
- Jesus ama você, Rodrigo. Ele morreu por seus pecados, pagando por eles com Seu próprio
sangue quando foi crucificado. Ele foi sepultado, mas três dias depois ressuscitou. Jesus está
vivo! Aprendi alguns versículos da Bíblia que dizem que isto é verdade: "... Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras... foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras" (I Coríntios 15:3,4).
- Não posso entender - disse Rodrigo. - Você está dizendo que Jesus pagou pelos meus
pecados. Mas não vejo como isso é possível. Por que Ele se importaria tanto comigo?
Justamente neste instante, d. Laura, a mãe de Daniel, apareceu na porta, dizendo:
- Rodrigo, sua mãe acabou de telefonar, perguntando se você poderia ficar aqui e almoçar
conosco. Ela vai sair com seu pai. Bem, meninos, entrem pois o almoço está pronto.
Enquanto entravam, Rodrigo disse:
- Gosto de ficar aqui. Minha mãe não pára em casa. Ela trabalha fora e depois gosta de sair com
papai. Às vezes, fico sozinho. Na sua casa é mais "legal".
Daniel estava admirado. Ele achava a casa de Rodrigo muito superior à sua. Lá havia dois
computadores com dezenas de jogos, um potente aparelho de som, uma enorme TV em cores e
móveis tão bonitos nos quais ele e Rodrigo nem podiam sentar. O pai de Rodrigo também tinha
um grande carro novo.
Na casa de Daniel havia uma TV pequena, mas a família não passava muito tempo assistindo
televisão. À noitinha, durante a semana, seus pais geralmente o ajudavam nos estudos e depois
jogavam algum jogo de mesa com Daniel e sua irmãzinha Mônica. Todos apreciavam fazer coisas
juntos. - Gosto de sua mãe e seu pai, também - disse Rodrigo.

Os meninos lavaram as mãos e se apressaram à mesa, pois os pais e Mônica já estavam


sentados. O sr. José, pai de Daniel, cumprimentou os meninos e disse:
- Vamos dar graças. Todos baixaram a cabeça e o pai orou:
- Pai celeste, nós Te agradecemos pelo alimento e porque Tu supres todas as nossas
necessidades. Damos-Te graças porque Tu entregaste o Teu Filho para morrer por nós. Damos-
Te graças porque Ele tomou sobre Si os nossos pecados e pagou por nossos pecados com Seu
precioso sangue. Somos pecadores, mas o Senhor Jesus pagou por nossos pecados quando
morreu na cruz. Damos-Te graças por Teu grande amor por nós. Em nome de Jesus. Amém.
A comida sobre a mesa parecia tão gostosa e tinha um cheiro tão bom! Mas logo d. Laura notou
que algo não estava bem, e perguntou:
- Qual é o problema, meninos? Nenhum dos dois está comendo. Será que comeram demais na
casa do Sérgio?
- Não, mamãe - respondeu Daniel. - É só que não estou com fome hoje.
- Nem eu - disse Rodrigo.
Daniel estava pensando na oração que papai tinha feito. lembrou novamente o preço que o
Senhor Jesus pagou para que nossos pecados fossem perdoados. Pagar por nossos pecados
custou muito ao Senhor Jesus. Daniel queria encontrar uma maneira de poder explicar isto ao
Rodrigo, pois ele parecia não entender. Por isso, Daniel fez outra oração silenciosa, em seu
coração:
"Por favor, Senhor Jesus, ajuda-me a saber como fazer o Rodrigo entender."
- Espero que você não esteja ficando doente, Daniel - disse sua mãe, preocupada.
- O sorveteiro está trabalhando muito hoje - comentou papai, ouvindo o sininho do homem que
vendia sorvete pelas ruas. - Esta é a segunda vez que ouço ele passar.
De repente, Daniel levantou-se. Mesmo sem pedir licença, saiu correndo em direção à porta,
enquanto seu pai perguntava, surpreso:
- Ei, o que será que ele tem?
O menino desceu a escada da frente quase voando e correu pela rua.

Mas, em poucos minutos, Daniel estava de volta e disse:


- Desculpem-me por ter saído desse jeito, mas eu precisava cuidar de um negócio urgente, que
não podia esperar.
Todos olhavam para ele, como se quisessem perguntar algo, mas ninguém disse nada.
- É que... bem... um amigo meu estava devendo dinheiro ao sorveteiro por um picolé, sabem?
Mas agora ele não deve mais nada, porque já paguei pelo picolé.
Silêncio. Rodrigo baixou os olhos, enquanto Daniel continuou:
- Quando papai agradeceu pelo Senhor Jesus que pagou por nossos pecados, fiquei pensando.
Pensei... bem... vejam só, pensei que se pagasse o picolé, meu amigo poderia entender melhor o
que custou ao Senhor Jesus pagar pelos pecados dele.
Rodrigo começou a chorar.
- Fui eu! Eu roubei o picolé. Eu...eu... sinto muito. Eu... eu... não queria que você pagasse. Eu...
O sr. José estendeu a mão, tocou o braço de Rodrigo e disse gentilmente:
- Rodrigo, que bom que você está arrependido. Realmente o que Daniel acaba de fazer é apenas
uma pequena ilustração do que o Senhor Jesus fez para pagar por todos os meus pecados e os
seus. Você merecia ser castigado por roubar o picolé, mas Daniel pagou pelo seu erro. Todos nós
merecíamos morrer por causa do nosso pecado, mas Jesus tomou o castigo em nosso lugar
quando morreu na cruz. Todos nós somos pecadores e ninguém pode pagar por seus próprios
pecados. Somente o sangue de Jesus pode tirar o pecado. Se você crê que Jesus morreu por
seus pecados, pode falar com Ele agora mesmo. Ele o perdoará, Rodrigo. A Bíblia afirma
isto. (Efésios 1:7; I Coríntios 15:3.4.) E Jesus não apenas morreu por seus pecados, mas Ele
ressuscitou dos mortos. Ele está vivo e quer morar em seu coração.
- Mas como... como posso dizer a Jesus que estou arrependido por ter roubado o picolé, e por
todas as outras coisas erradas que fiz? - perguntou Rodrigo, passando as mãos pelo rosto para
enxugar as lágrimas.
- Bem, você pode baixar a cabeça e falar com o Senhor Jesus - disse o sr. José. - Ele ouvirá.
Agradeça porque Ele pagou por todos os seus pecados e peça Lhe que perdoe você. Diga-Lhe
que quer recebê-LO como seu Salvador. A Bíblia diz: "Todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo" (Romanos 10: 13).
Rodrigo baixou a cabeça, ali mesmo, e pediu para o Senhor Jesus ser o seu Salvador. Depois,
disse animado:
- Estou salvo. É como a Bíblia diz.
Ele estava realmente contente por saber que todos os seus pecados tinham sido perdoados.
Como se lembrasse de algo, ele continuou:
- Vou dizer ao sorveteiro que roubei o picolé. Vou contar como Daniel pagou o sorvete por mim e
como Jesus pagou pelos meus pecados quando morreu na cruz. Será que o sorveteiro sabe
alguma coisa sobre Jesus?
Sem esperar resposta, Rodrigo sorriu para Daniel e disse:
- Obrigado, Daniel, por me ajudar a entender o que Jesus fez para pagar pelos meus pecados.
Cada vez que eu vir um picolé vou me lembrar do amor de Jesus. E todo dia vou agradecer-Lhe
por derramar Seu sangue para pagar por meus pecados. O coração de Daniel quase explodia de
tanta felicidade.
- Vamos comer! - disse ele, voltando a sentar-se e enchendo o prato.
Rodrigo provou um pedaço do bife e disse:
- Sabem, o almoço agora tem outro gosto, muito melhor.
Mas, por um instante, Rodrigo parou de comer novamente. Seu rosto se abriu em outro grande
sorriso e ele disse para Daniel:
- Ei, sabe o que mais? Preciso também falar com o Sérgio sobre o que Jesus fez por mim. Talvez
eu possa ajudá-lo a entender como Jesus pagou pelos pecados dele.
- Ótima ideia - disse Daniel, enquanto orava silenciosamente, agradecendo a Deus por responder
sua oração por seus amigos. Com um largo sorriso, ele declarou:
- Mamãe, até as cenouras estão gostosas agora!

Aliança Pró Evangelização das Crianças


(APEC)

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