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Primeira Epístola de

PEDRO
~·· Autor O autor se identifica como "Pedro, apóstolo entre elas (a) um posto militar no Egito, (b) a própria antiga cidade
li' de Jesus Cristo" (1.1). Que ele é o bem conhecido da Mesopotâmia, e (c) Roma. Várias evidências apóiam esta últi-
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apóstolo,dos Evangelhos e de Atos é confirmado tanto
por ev1denc1as internas como externas. O autor des-
ma alternativa. Sabe-se que Marcos, que acompanhava Pedro
quando ele escreveu esta carta (5.13), estava com Paulo em
creve a si próprio como "testemunha dos sofrimentos de Cristo" Roma (CI 4.1 O; Fm 24). Roma é muitas vezes vista como sendo a
(5.1), e existem vários ecos do ensinamento e dos feitos de Jesus na "Babilônia" do Apocalipse (Ap 17.5,9). Esta interpretação tem
epístola (p. ex., 5.2-3; Jo 21.15-17). Vários paralelos de pensamen- sido geralmente aceita desde o século li. Otestemunho uniforme
tos e frases entre 1Pedro e os discursos de Pedro em Atos dão ainda da história da igreja primitiva é de que Pedro estava em Roma no
apoio adicional à autoria de Pedro (p. ex., 2. 7-8; At 4.10-11). final da sua vida.
O testemunho externo de 1Pedro como sendo uma epístola Se Roma for o lugar de origem, a epístola deve ter sido escrita
genuína de Pedro é amplo, antigo e claro; não existe evidência de entre 60-68 d.C. Oprimeiro limite é estabelecido pela familiaridade
que a autoria tenha sido atribuída a outra pessoa em tempo algum. de Pedro com os livros de Efésios e Colossenses (cf. 2.18 com CI
Além do possível testemunho de 2Pe 3.1 (nota), lrineu (c. 185 d.C.; 3.22; 3.1-6 com Ef 5.22-24) e o segundo limite, pela tradição de
Contra Heresias 4.9.2), Tertuliano (c. 160-225 d.C.), Clemente de que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo em Roma, no máxi-
Alexandria (c. 150-215 d.C.), e Orígenes (c. 185-253 d.C.), todos mo até 68 d.C.
atribuíram a epístola a Pedro. Até a época de Eusébio (c. 265-339 Enquanto que a introdução (a "Dispersão", 1.1 e nota) e as fre-
d.C.) não houve questionamento sobre a sua autenticidade (Histó- qüentes citações e referências ao Antigo Testamento na epístola
ria Eclesiástica 3.3.1 ). parecem indicar que os destinatários eram cristãos judeus (assim
Ainda que os argumentos a favor da autoria de Pedro sejam concorda Calvino), existem indicações mais fortes de que a maioria
fortes, objeções lingüísticas e históricas têm surgido nos últimos era de origem pagã. A referência em 1.18, por exemplo, ao "fútil
dois séculos. Diz-se que o grego de 1Pedro é refinado demais e procedimento que vossos pais vos legaram" dificilmente se encai-
muito influenciado pela Septuaginta (a tradução grega do Antigo xaria a judeus. Além disso, os pecados relacionados em 4.3 são ti-
Testamento) para um pescador galileu sem instrução como Pedro picamente pagãos.
(At 4.13). Alega-se que as perseguições citadas na epístola Infere-se da carta que os leitores aparentemente estavam so-
(4.12-19; 5.6-9) refletem uma situação posterior à vida de Pedro. frendo perseguições por causa da sua fé (1.6-7; 3.13-17; 4.12-19;
Nenhuma dessas objeções é conclusiva contra a autoria de 5.8-9). Mas nada na carta indica perseguição oficial ou legislativa
Pedro. Em resposta à objeção lingüística, várias pontos podem ser ou sequer uma data de composição posterior à década de 60. Os
destacados. A Galiléia do século 1era bilíngüe (aramaico e grego), e seus sofrimentos eram os processos de justiça comuns aos cris-
é provável que um pescador comercial tenha conhecido a lingua- tãos do século 1e incluíam insultos (4.4, 14) e acusações falsas de
gem do comércio. A descrição de Pedro e João como sendo "ho- má conduta (2.12; 3.16). Espancamentos (2.20), ostracismo soci-
mens iletrados e incultos", em At 4.13, pode-se referir somente à al, violência esporádica pela multidão e ações policiais locais po-
sua falta de treinamento formal nas Escrituras. Os trinta anos que dem também ter ocorrido.
se passaram entre os dias de Pedro como pescador e o tempo em


que a epístola foi escrita representariam ampla oportunidade para ~ Caracteristicas e Temas Pedm '"''·
que ele melhorasse a sua proficiência no grego. Finalmente, o pos- ve para encorajar cristãos perseguidos e confusos e
sível papel de Silvano como seu auxiliar (5.12) poderia ser a razão para exortá-los a permanecer firmes na sua fé (5.12).
do estilo mais refinado de 1Pedro, quando comparada com 2Pedro. Para este fim, repetidamente direciona as suas refle-
Com respeito às objeções históricas, os sofrimentos de que xões às alegrias e glórias de sua herança eterna (1.3-13; 4.13;
Pedro fala poderiam ser explicados tanto por perseguição local e 5.1,4) e os instrui sobre o comportamento cristão correto no meio
esporádica, que era a experiência rotineira dos cristãos primitivos de sofrimento injusto (4 1, 19). Ainda que seja dirigida primaria-
desde os dias dos apóstolos, quanto pela perseguição nos dias de mente aos cristãos perseguidos, os princípios que Pedro ensina se
Domiciano (c. 95 d C.) ou de Trajano (c 111 d C.) aplicam a todo tipo de sofrimento, não importa a causa, desde que
não seja ocasionado pelo próprio pecado. Baseado nesta epístola,

/
·~ Data e Ocasião Coofo,me 5.13. Pedm " Pedro tem sido, com justiça, chamado de "o apóstolo da esperan-
1 " ..... ~ tava na "Babilônia" quando escreveu a epístola. Vá- ça" (cl. 1.3, 13,21; 3.15). A exortação central da epístola toda pode
l _~ rias identificações do local têm sido sugeridas, ser resumida na frase "crer e obedecer" (cl. 4.19).
1 PEDRO 1 1494

Esboço de 1Pedro
1. Saudações (1.1-2) 3. Olar(2.18-3.7)
li. A salvação garantida do cristão {l .3-12) 4..Resumo (3.8-12)
Ili. As implicações da salvação (1.13-3.12) IV. O s~frimento e o serviço cristão (3.13-5.11)
A. Santidade pessoal (1.13-16) A. A bênção de sofrer pela justiça 13.13-22)
B. Temor reverente (1.17-21 I B. Vivendo para a glória de Deus (4.1-11)
C. Amor mútuo (1.22-2.3) C. Sofrendo como cristão (4.12-19)
O.'Condição de membro na comunidade espiritual D. Humildade e atenção no sofrimento (5.1-11)
{2.4-10) 1. A liderança fiel e humilde (5.1-4)
E. Ocristão e os relacionamentos sociais (2.11-3.12) 2. Humildade e atenção (5.5-9)
1. Omundo em geral (2.11-121 3. Promessa de força e vindicação (5.10-11)
2. Oestado (2.13-17) V. Saudações finais (5.12-14)

Prefácio e saudação isegundo a sua muita misericórdia, nos hegenerou para uma
Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são 1 '.oras· viva esperança, 1mediante a ressurreição de Jesus Cristo den-
1teiros ªda Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Asia e
Bitinia, 2 beleitos, csegundo a presciência de Deus Pai, dem
tre os mortos, 4 para uma herança 2 incorruptível, sem mácu-
la, imarcescível, mreservada nos céus para vós outros s nque
santificação do Espírito, para a e obediência e a !aspersão do sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a sal-
sangue de Jesus Cristo, ggraça e paz vos sejam multiplicadas. vação preparada para revelar-se no último tempo. 6 ºNisso
exultais, embora, no presente, Ppor breve tempo, se necessá-
Ação de graças rio, osejais 3 contristados por várias provações, 7 para que,
3 hBendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, uma vez confirmado 'o valor da vossa fé, muito mais preciosa

• CAPÍTULO 1 1 a Tg 1.1 1peregrinos, residentes temporariamente 2bEf1.4 C[Rm 8.29] d2Ts 2.13 eRm 1.5/Hb 10.22; 12.24gRm 1.7
3 h Ef 1.3 i GI 6.16 j[Jo 33,5] l 1Co 15.20 4 m CI 1.5 2 imperecível 5nJo10.28 6 ºMt 5.12 P2Co 4.17 oTg 1.2 3afligidos 7'Tg1.3
•1.1 Pedro. Esse nome, que significa "pedra", foi dado por Jesus (Mt 16.18; Jo da vítima estabelecia uma aliança, e a aspersão dava participação aos
1.42). antecipando o papel do discípulo na Igreja Primitiva. O nome hebraico que adoradores, tornando-os publicamente sujeitos aos benefícios e responsabilida-
recebera provavelmente tenha sido "Simeão" ou, no grego, "Simão". "Celas" (Jo des da aliança (Êx 24.8).
1.42; 1Co 1.12) é a transliteração da palavra aramaica para "pedra". graça e paz. Essa saudação também é uma bênção e teria relevância especial
apóstolo. Ver nota em 2Co 1.1. para cristãos sofredores. Graça é o favor amoroso de Deus em Cristo aos pecado-
forasteiros. Ver nota textual. Essa palavra (ela reaparece em 2.11) enfatiza a na- res, enquanto que paz é a condição objetiva de estar bem com Deus através de
tureza temporária da estada de um viajante num lugar. Na qualidade de forastei- Cristo (Rm 5.1-2). juntamente com tudo quanto provém desse relacionamento.
ros. os cristãos vivem no mundo, mas sua verdadeira pátria está no céu (Fp 320; Este versículo proclama as três pessoas do único Deus que abençoa. Ver "Um e
Hb 11.13-16) e sua esperança está alicerçada lá. Três: A Trindade", em Is 44.6.
da Dispersão. Essa palavra (grego diáspora) era um termo técnico entre judeus •1.3 segundo a sua muita misericórdia. Isso enfatiza que a salvação está in-
de fala grega aplicada a judeus que viviam fora da Palestina (Jo 7.35). Possivel- teiramente alicerçada sobre a iniciativa amorosa de Deus.
mente ela é usada aqui figuradamente para descrever cristãos como um povo nos regenerou. Embora o verbo usado aqui e em 1.23 não ocorra em nenhuma
que está longe de sua verdadeira terra natal. outra parte do Novo Testamento, o pensamento é freqüentemente encontrado
Ponto. Embora 1Pedro tenha o caráter duma carta geral (como Tiago, 2Pedro, (Jo 1.12-13; 3.3-8; Tt 3.5; Tg 1.18).
1João, Judas), ela difere das outras cartas gerais por especificar as regiões onde viva esperança. Uma palavra chave nesta carta é "esperança" (1.13.21; 315).
os leitores viviam Na Bíblia, esperança não é incerteza ou expressão de desejo, mas uma expectati-
•1.2 eleitos. Pedro lembra os leitores da sua posição privilegiada e segura como va confiante de futura bênção, baseada em fatos e promessas. "Viva" indica oca-
alvos da escolha soberana, graciosa e eterna de Deus para serem o seu povo em ráter imortal e permanente dessa esperança.
e através de Jesus Cristo (2.9-10). •1.4 herança. Como filhos de Deus através do novo nascimento. os cristãos são
presciência. Inclui a escolha soberana, amorosa, eficaz de Deus, bem como seu herdeiros de Deus eco-herdeiros com Cristo (Rm 8.16-17). Sua herança é cha-
propósito (Rm 8.29, nota). O verbo correspondente !"conhecido ... antes") é apli- mada "salvação" lv. 5: Hb 114).
cado a Cristo no v. 20. •1.5 que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé. Este versículo
em santificação do Espírito. Observe a ligação íntima entre o amor eletivo do enfatiza tanto a prioridade da graça divina quanto a importância da ação humana
Pai e a obra do Espírito de aplicar a redenção aos eleitos 12Ts 2.13). Essa "santifi- que resulta da graça. Fé é dom de Deus, mas crentes são responsáveis pelo exer-
cação" inclui todas as operações do Espírito de retirar pecadores do pecado (in- cício dessa fé. ou firme confiança, na batalha espiritual (5.8-9; Ef 6.16; Fp
cluindo a regeneração e a fé) e purificá-los para o serviço de Deus (santificação no 2.12-13). A força da proteção de Deus é expressa através dum termo militar, aqui
seu sentido progressivo). traduzido por "guardados". com o significado de defesa vigilante de uma fortaleza.
obediência. Oato inicial de obediência é a fé em Cristo (Jo 6.28-29). e o elemen- salvação. Aqui. a palavra significa futura libertação completa e final do pecado e
to fundamental de toda obediência é a fé contínua. Sugerir que a eleição se ba- pleno usufruto de glória eterna (v. 9; 4.13-14; 5.1,4).
seia na presciência de Deus listo é, mera previsão) quanto à fé introduziria uma no último tempo. Oretorno de Cristo e a manifestação final de seu poder e gló-
contradição neste versículo, pois a eleição é "para" a fé ou objetivando fé (obe- ria.
diência). e não por causa dela (Ef 1.3-4; 2Tm 1.9). •1.6 se necessário. Embora Deus nunca tente ninguém a pecar (Tg 1.13). ele
do sangue de Jesus Cristo. A aspersão de sangue fazia parte do culto ritual do permite ou envia provações quando necessário e na correta medida para fortale-
Antigo Testamento. Em geral, o aparecimento de sangue anunciava a morte de cimento da fé (v. 7).
uma vítima. Osangue de Abel clamou por vingança (Gn 4.10) e o sangue de Cristo •1.7 Isso explica porque é "necessário" que venham provações (v. 6; cf. Rm
clama por perdão (Lc 2334; Hb 12.24). No culto do Antigo Testamento, a morte 5.3-4; Tg 1.2-4)
1495 1 PEDRO 1
do que o ouro perecível, 5 mesmo apurado por fogo, 1redunde si mesmos, mas 5 para vós outros, ministravam as coisas
em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; 8 "a que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo
quem, não havendo 4 visto, amais; vno qual, não vendo ago- Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho,
ra, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de gló- coisas essas que zanjos anelam perscrutar.
ria, 9 obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.
10 Foi a respeito desta salvação que os profetas indaga- A santidade na vida
ram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a 13 Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios
vós outros destinada, 11 investigando, atentamente, qual a e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida
ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo na revelação de Jesus Cristo. 14 Como filhos da obediên-
xEspírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão tes- cia, não vos ªamoldeis às paixões que tínheis anteriormen-
temunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as te na vossa ignorância; 15 bpelo contrário, segundo é santo
glórias que os seguiriam. 12 A eles foi revelado que, não para aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós

• s Jó 23.1 Ol[Rm 2. 7] 8 u 1Jo 4.20 vJo 20.29 4 M conhecido 11 x2Pe 1.21 12 zEf3.10 5Cf. NU e M; TRparanós 14ª[Rm12.2]
15 b[2Co7.1]
apurado por fogo. Da maneira que os homens usam fogo para purificar metais coisas ... anunciadas. Os sofr"1mentos e as glórias de Cristo (v. 11) são o conteú-
preciosos, assim Deus usa provações para diferenciar fé genuína de profissão su- do do evangelho (Lc 24.25-27,45-47). Os eventos preditos pelos profetas são os
perficial e, ao mesmo tempo, fortalecer a fé (Jó 23.10). que se cumpriram em Cristo e foram transmitidos à igreja pelos mensageiros do
redunde em louvor, glória e honra. Opropósito final das provações é a recom- evangelho.
pensa da glorificação (5.1,4). Espírito Santo enviado do céu. A origem da mensagem do evangelho é Deus.
na revelação de Jesus Cristo. A segunda vinda de Cristo (v 5; 4.13; 5.1; 1Co O mesmo Espírito que inspirou os profetas orientou os mensageiros do evange-
4.3-5). lho. O Antigo e o Novo Testamentos formam uma unidade centrada em Cristo e
•1.9 obtendo. Os crentes já desfrutam de certos elementos essenciais da salva- sua salvação.
ção (p. ex., a paz e a comunhão com Deus), mas a plena posse espera o retorno anjos anelam perscrutar. Seres celestiais estão muitíssimo interessados na
de Cristo (v. 5). redenção, mas seus conhecimentos e suas experiências da mesma são limtta-
alma. Aqui, significa "a si mesmo" ou "pessoa"; compare o mesmo uso em 3.20. dos. O plano de Deus lhes é revelado através da Igreja (Ef 3.10).
•1.11 qual a ocasião. Os profetas sabiam que o Messias viria (Is 7.14; 9.6; •1.13 cingindo o vosso entendimento. Como diríamos: "aperte o cinto" ou
11 .1), mas não sabiam quando ou como (cf. Dn 12.6,9). "arregace as mangas". Pedro pede que nos preparemos para um exercício espiri-
pelo Espírito de Cristo. Essa frase específica aparece somente aqui e em Rm tual vigoroso e firme.
8.9 (cf. At 16.6-7; GI 4.6; Fp 1.19). OEspírito Santo é chamado assim porque ele é • 1.15 aquele que vos chamou. A graciosa iniciativa de Deus efetivamente nos
enviado por Cristo (Jo 15.26) e porque, após a ressurreição, Cristo e o Espírito chama à nova vida em Cristo.
agem como um só, aplicando redenção ao crente. Ver notas em Rm 8.1 O; 1Co santos. Assim como Israel no Antigo Testamento foi separado por Deus dentre
15.45. as nações vizinhas para ser santo, assim também a igreja deve ser separada do
•1.12 A eles foi revelado. Pedro não diz como ou quando os profetas aprende- pecado para servir a Deus (2.9; Lv 19.2). O modelo cristão e a motivação para
ram que estariam, na verdade, servindo gerações futuras. santificação é a absoluta perfeição moral do próprio Deus (v. 16; Mt 5.48; Ef 5.1 ).

Mar Negro

Uma carta a cristãos


no exterior
A Primeira Epístola de Pedro
Mar Mediterrâneo é endereçado aos 'forasteiros da
Dispersão no Ponto. Galácia. Ca-
padócia, Ásia e Bitínia." Escre-
vendo de Roma (referência feita
pelo nome-código "Babilônia".
em 1Pe 5.13). o autor encoraja
os cristãos a serem fortes na fé
0 • • ao se defrontarem com perse-
1
L.....:::..o___1 -=.30:.:'Ô:..:k::..m:.__ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __,..L__ _,._'-_u.__:._:._= guições.
1 PEDRO 1, 2 1496
mesmos em todo o vosso procedimento, 16 porque escrito corruptível, ºmediante a palavra de Deus, a qual vive e 4 é
está: permanente. 24 Pois
csede santos, porque eu sou santo. Ptoda carne é como a erva, e toda 5 a sua glória, como a
17 Ora, se invocais como Pai aquele que, d sem acepção de flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor;
pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com 25 qa 6 palavra do Senhor, porém, permanece eterna-
temor durante o tempo da vossa 6 peregrinação, 18 sabendo mente.
que não foi mediante coisas 7 corruptíveis, como prata ou rora, esta é a palavra que vos foi evangelizada.
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que
vossos pais vos legaram, 19 mas epelo precioso sangue/como Os crentes são a casa espiritual edificada em Cristo
de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sàngue de Cristo, ªDespojando-vos, portanto, de toda maldade e do\o, de
20 g conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, po-
rém ªmanifestado hno fim dos tempos, por amor de vós
2 hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências,
2 desejai ardentemente, bcomo crianças recém-nascidas, o
21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, 1o qual o ressusci- genuíno CJeite espiritual, para que, por ele, vos seja dado cres-
tou dentre os mortos e ilhe deu glória, de sorte que a vossa fé cimento 1 para salvação, 3 se é que já tendes a d experiência de
e esperança estejam em Deus. que o Senhor é bondoso. 4 Chegando-vos para ele, a pedra
que vive, erejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus
A santidade no amor eleita e preciosa, s também vós mesmos, como pedras que vi-
22 1Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à vem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio
verdade, 9 tendo em vista o mamar fraternal 1 não fingido, santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a
amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, 23 pois Deus por intermédio de Jesus Cristo. 6 Pois isso está na Escri-
nfostes regenerados não de semente 2 corruptível, mas de 3 in- tura:
o~~~~~
16 e Lv_ 11.44-45; 19.2; 20. 7 17 d At 10.34 ô residência temporária, habitação como residentes estrangeiros 18 7 perecíveis 19 e At
20.28/Ex 12.5 20 gRm 3.25 hGI 4.4 Breve/ado 21 iAt 2.24 i At 2.33 22IAt15.9 mJo 13.34; Rm 12.10; Hb 13.1; 1Pe2.17; 3.8 9Cf. NU;
TR e M acrescentam através do Espírito, NU omite 1Lit. não hipócrita 23 nJo 1.13o1Ts 2.13; Tg 1.18 2perecível 31mperecível 4 Cf. NU; TR e
M dura para sempre; NU omite 24 P Is 40.6-8; Tg 1.1 O5 Cf. NU; TR e Ma glória do homem como 25 q Is 40.8 r [Jo 1 1] ô palavra falada
CAPITULO 2 1 ªHb 12.1 2 b [Mt 18.3; 19.14; Me 10.15; Lc 18.17]; 1Co 14.20 C1 Co 3.2 1Cf. NU; TR e M omitem para salvação 3 d SI
34.8; Tt 3.4; Hb 6.5 4 e SI 118.22
•1.17 Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga. Embora os cristãos causa do amor que Deus nos mostrou primeiro ao efetuar em nós o novo nasci-
não serão condenados pelos seus pecados 12.24; Is 53.4-5), eles serão julgados mento em Cristo (Jo 13.35; 1Jo 4. 7-11)
como cristãos por suas ações e recompensados de acordo IRm 14.10-12; 1Co regenerados. Ver nota em 1.3; "Regeneração: ONovo Nascimento", em Jo 3.3.
3.12-15). Porém, a recompensa prometida não está baseada exatamente sobre corruptível ... incorruptível. Pedro compara e contrasta a procriação humana
mérito; embora é concedida de acordo com as obras, ainda assim a recompensa com o poder vivificante da palavra de Deus (Lc 8.11 ).
é graciosa. Agostinho chamou isso de Deus coroando os seus próprios dons. mediante a palavra de Oeus. A palavra de Deus é usada pelo Espírito Santo
portai-vos. Ver nota textual. A palavra grega sugere aqueles que vivem num lu- como um instrumento que leva pecadores ao conhecimento da graça de Deus
gar como estrangeiros não naturalizados e enfatiza a peregrinação temporária do em Jesus Cristo IHb 4.12; Tg 118)
cristão no mundo. •2.2 crianças recém-nascidas. Pedro prossegue com a figura do novo nasci-
com temor. Deus é tanto Pai como juiz, e os crentes devem aproximar-se dele mento 11.23). Os crentes deviam ter o mesmo desejo ardente por alimento espiri-
com humilde reverência e respeito (SI 34.11 ). tual que um bebê saudável tem pelo leite de sua mãe.
•1.18 resgatados. Libertos da escravidão do pecado mediante o pagamento genuíno leite. Embora as igrejas às quais Pedro escreve indubitavelmente con-
de um preço (Rm 8.2; GI 3.13; Ef 1.7). Opreço da redenção é o sangue de Cristo tavam com muitos recém convertidos, a ênfase aqui não é que o ensino devesse
lv 19) ser elementar, como o "leite" de 1Co 3.1-3, mas que deveria ser puro. Se o ensino
fútil procedimento que vossos pais vos legaram. O vazio e a futilidade do está fundamentado sobre a palavra de Deus, ele será puro e nutritivo (1 22-25)
culto pagão é tema freqüente nos escritores bíblicos (Jr 2.5; At 14.15) Embora o •2.4 Chegando-vos para ele. "Chegar-se" a Cristo inclui, primeiramente, arre-
Novo Testamento condene certas tradições judaicas que faziam acréscimos às pendimento e fé, mas o tempo verbal no grego implica igualmente um achegar-
exigências da lei do Antigo Testamento (Me 7.8-13), aqui Pedro parece ter em se contínuo.
mente o paganismo gentílico 11.14; 4.3). pedra que vive. Cristo é esse pedra (1Co 10.4) A imagem da "rocha" e da "pe-
•1.19 cordeiro. Ocqrdeiro é do sistema sacrifícial do Antigo Testamento, espe- dra" é comum no Antigo Testamento (SI 118.22; Is 8.14; 28.16) e é aplicada por
cialmente a Páscoa (Ex 12.3; Is 53. 7; Jo 1.29). Jesus a si mesmo (Mt 21.42). "Que vive" indica que Cristo é afonte e o doador da
sem defeito e sem mácula. Para ser aceitável, um sacrifício tinha que ser isen- vida (Jo 1.4; 1Co15.45). Jesus muitas vezes usa figuras extraídas da profissão de
to de qualquer defeito llv 22.20-25). A vida santa de Cristo qualificou-o para mor- pedreiro, um negócio com o qual ele estava intimamente familiarizado. Na anti-
rer pelos pecados dos outros (Hb 4.15; 7.26-27). guidade, carpinteiros trabalhavam tanto com pedras como com madeira.
•2.5 pedras que vivem. Uma frase que enfatiza tanto a união dos cristãos com
•1.20 conhecido.... antes. Lit. "pré-conhecido" (v 2, nota).
Cristo como a semelhança a ele, a "pedra que vive" (v. 4).
antes da fundação do mundo. Cristo foi escolhido como o Redentor dos eleitos
casa espiritual. Opano de fundo do simbolismo é o templo do Antigo Testamen-
na eternidade passada IJo 17.24; Ef 1.4).
to como casa ou residência de Deus. A Igreja, habitada pelo Santo Espírito, é o
fim dos tempos. Inclui todo o período entre a primeira e a segunda vinda de Je- verdadeiro templo de Deus 12Co 6.16; Ef 2.19-22; Hb 3.6).
sus IAt 2.17; Hb 1.2). sacerdócio santo. Todo crente verdadeiro é um sacerdote (v. 9) no sentido de
•1.21 por meio dele, tendes fé em Deus. Na qualidade de mediador entre ter acesso igual e imediato a Deus e de servi-lo pessoalmente.
Deus e a humanidade, Cristo provê o único acesso a Deus IJo 14.6). OPai é reve- sacrifícios espirituais. Enquanto que o sacrificio propiciatório de Cristo oferecido
lado em Cristo (Jo 1.18), e a morte redentora de Cristo abriu o caminho que dá na cruz uma vez por todas cumpriu o sistema sacrificial do Antigo \estamento e o
acesso a Deus (3 18) tornou obsoleto IHb 8.13; 10.9-1O,18), a conveniência do "sacrifício" (entendido
•1.23 Amor genuíno e perseverante por outros lv. 22) somente é possível por como resposta de gratidão de um povo remido) permanece. Esses sacrifícios são
1497 1PEDRO2
!Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e pre- A nda exemplar cristã: deveres
ciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, enver- para com os não-crentes e para com as autoridades
gonhado. 11 Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que
7 Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosida- sois, a vos absterdes das paixões carnais, nque fazem guerra
de; mas, para os 2 descrentes, contra a alma, 12 ºmantendo exemplar o vosso procedimento
g A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós
principal pedra, angular outros como de malfeitores, Pobservando-vos em vossas boas
Be: obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação.
hPedra de tropeço e rocha de ofensa. 13 qSujeitai-vos a toda 3 instituição humana por causa do
São iestes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, Senhor, quer seja ao rei, como soberano, 14 quer às autorida-
ipara o que também foram postos. des, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores
9Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, como para louvor dos que praticam o bem. IS Porque assim é
povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar- a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer
des as virtudes daquele que vos chamou das 1trevas para a sua a ignorância dos insensatos; 16 'como livres que sois, não
maravilhosa luz; lOvós, sim, mque, antes, não éreis povo, 5
usando, todavia, a liberdade por pretexto da 4 malicia, mas
mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado mi- vivendo como servos de Deus. 17Tratai todos com honra,
sericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. amai os irmãos, 1temei a Deus, honrai o rei.

6/ls 28.16; Rm 9.32-33; 10.11, 1Pe 2.8 7 gs1118.22; Mt 21.42; Lc 2.34 2Cf. NU; TR e M desobedientes 8 h Is 8.14 i1Co 1.23; GI
5.11 iRm 9.22 9 lls 9.2; 42.16; [At 26.18; 2Co 4.6] to mos 1.9-10; 2.23; Rm 9.25; 10.19 11 n [Rm 8 13]; GI 5.17; Tg 4.1 12 º2Co
8.21; Fp 2.15; Tt 2.8; 1Pe 2.15; 3.16 PMt 5.16; 9.8; Jo 13.31, 1Pe4.11, 16 13 qMt 22.21 3ordenança 16 'Rm 6.14,20,22; 1Co7.22;
[GI 5.1] SGI 5.13 4maldade 17 IPv 24.21
"espirituais", em contraste com todos os sacrifícios materiais prescritos no sistema ga traduzida por "povo" (!aos) é usada na Septuaginta, tradução grega do Antigo
sacrificial do Antigo Testamento. Tal sacrifício está presente tanto no culto do cris- Testamento, primariamente a Israel. Continuando a aplicar à Igreja textos do Anti-
tão quanto no padrão de vida (Rm 12.1; Fp 4.18; Hb 13.5; Ap 8.3-4; cf. SI 51 16-17). go Testamento referentes a Israel, Pedro recorre à Septuaginta em Os 1.6,9-1 O;
agradáveis a Deus por intennédio de Jesus Cristo. O sacerdócio de todos 2.23. No seu contexto original, essa é uma profecia que mostra Deus aceitando
os crentes depende do eterno sumo sacerdócio de Cristo. Por meio de seu sacrifí- Israel depois de havê-lo rejeitado. Semelhante a Paulo (Rm 9.25-26), Pedro inter-
cio oferecido uma vez por todas e de sua intercessão contínua, cristãos são pes- preta as passagens de Oséias para incluir os gentios no povo de Deus. A miseri-
soalmente aceitáveis a Deus, bem como seus sacrifícios (Hb 13.15-16). córdia de Deus estende-se indistintamente, e de uma forma não meritória, a
judeus e gentios. Há, portanto, continuidade essencial entre o Israel do Antigo
•2.6 pedra angular. A grande pedra colocada por alicerce no lugar onde duas
Testamento e a Igreja do Novo Testamento.
paredes se juntam. Ela desempenha especial importância na estabilidade de todo
o edifício. A Igreja está construída sobre os profetas e apóstolos, os quais são •2.11 paixões carnais. Desejos físicos não são errados em si mesmos. mas
conservados unidos pela principal pedra angular - Cristo (Ef 2.20). são pervertidos pela natureza humana pecaminosa. A expressão inclui não ape-
nas pecados do corpo, mas outros desejos de nossa natureza caída (GI 5.19-21 ).
•2.7 principal pedra, angular. Lit. "a cabeça do canto".
•2.12 falam contra vós outros como de malfeitores. Entre as acusações fei-
•2.8 também foram postos. Este versículo ensina tanto a soberania divina tas contra os cristãos na época de Pedro, estavam a deslealdade ao imperador
quanto a responsabilidade humana. Pessoas são condenadas ("tropeçam") por- (Jo 19.12), propagação de costumes ilegais (At 16.20-21), difamação dos deu-
que são "desobedientes" Mas essa desobediência não ocorre à parte da vontade ses (At 19.23-27) e transtornos em geral (At 17.6-7).
soberana de Deus (Rm 9.14-24). glorifiquem a Deus no dia da visitação. A "visitação" de Deus é a sua aproxi-
•2.9-1 OA linguagem de Pedro, nestes versículos, aplicando à Igreja os termos do mação para julgar ou para dar misericórdia.
Antigo Testamento referentes a Israel, atirma a continuidade entre o Israel do •2.13 Sujeitai-vos a toda instituição. Isso introduz o tema da submissão e
Antigo Testamento e a Igreja do Novo Testamento. Israel e a Igreja são represen- obediência voluntária aos que detêm a autoridade, desenvolvido em 2.13-3.6.
tados como o único povo de Deus.
por causa do Senhor. A pessoa deve submeter-se a ordens porque isso reco-
•2.9 Vós, porém. Isso assinala um nítido contraste entre o destino dos incrédu- mendará Cristo a outros e evitará censura ao seu nome. A submissão a outras
los (v. 8) e a posição dos eleitos. O tema da escolha soberana de Deus tanto de pessoas é em si mesma um serviço a Cristo (CI 3.23-24)
Cristo como da Igreja aparece claramente nesta passagem (vs. 6,9). ao rei, como soberano. Principalmente ao imperador romano, naquela época
a fim de proclamardes. A eleição e o chamado do povo de Deus não é somente Nero (54-68 d.C.). Orei é supremo em relação a governadores e outras autorida-
para a salvação mas também para o serviço. Todos os crentes são chamados a des. Embora Pedro não discuta a origem da autoridade real (cf. Rm 13.1-7), a
dar alegre testemunho dos atos salvíficos de Deus. Escritura ensina em outros lugares que submissão é requerida enquanto não en-
•2.1 Oantes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus. A palavra gre- volve transgressão da lei de Deus (Mt 22.21; At 4.19; 5.29).

A conduta cristã em uma sociedade pagã (2.11-12)


Os cristãos sãos exortados a ser... Porque ...

Esposnr~t3.1)
i J~~:{i~;;

Maridos dignos (3.7) Suas orações serão ouvidas (3.7)

.•rmãos éÇ).~~s~ur:·;~; ..
1•..
R4;!~berão a ~nçãÕ ij:!f,~eran98 (3.9)
1 PEDRO 2, 3 1498
A vida exemplar cristã: deveres A vida exemplar cristã: deveres dos casados
dos que prestam serviços a outrem
18 "Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso se-
3 Mulheres, sede vós, igualmente, ªsubmissas a vosso
próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à pa-
nhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao per- lavra, bseja ganho, sem palavra alguma, por meio do cproce-
verso; 19porque isto é vgrato, que alguém suporte tristezas, dimento de sua esposa, 2 dao observar o vosso honesto
sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para comportamento cheio de temor. 3 eNão seja o adorno da es-
com Deus. 20 Pois x que glória há, se, pecando e sendo esbofe- posa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de
teados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, ouro, aparato de vestuário; 4 seja, porém, f o homem interior
quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suporta- do coração, unido ao 1 incorruptível trajo de um espírito
is com paciência, isto é grato a Deus. 21 Porquanto zpara isto manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus.
mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em s Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, ou-
5vosso lugar, ªdeixando-vos 6 exemplo para seguirdes os seus trora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando
passos, 22 o qual bnão cometeu pecado, nem dolo algum se submissas a seu próprio marido, 6 como fazia Sara, que obe-
achou em sua boca; 23 pois e ele, quando ultrajado, não revi- deceu a Abraão, gchamando-lhe senhor, da qual vós vos tar-
dava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas nastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação
dentregava-se àquele que julga retamente, 24 e carregando ele alguma.
mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, 7 hMaridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar,
!para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa
gpor suas 7 chagas, fostes sarados. 2s Porque h estáveis desgar- mulher ;como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, por-
radas como ovelhas; agora, porém, vos convertestes iao Pas- que sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida,
tore 8 Bispo da vossa alma. /para que não se interrompam as vossas orações .

• 18 "Ef65:8~t-5~~xLc 6~2_;<)- 21-ZMt 16.24 ª[1Jo26J 5Cf~~;TReMnosso N~e ;TRnos~539


23 c,is 53.7 d Lc 23.46 24 e [Hb 9 28] /Rm 7.6 g1s 535 7 feridas 25 h Is 535-6 i[Ez 34 23] 8 Gr Episkopos
6Cf _ _ __

CAPITULO 3 ta Ef 5.22 bMt 18.15 C1Co 7.16 2 d1Pe212; 36 3e1Tm 2.9 4/Rm 2 29 1 imperecível 6 8Gn 18.12 7h1 Co
7.3; (Ef 5 25]; CI 319 i 1Co 12.23 i Já 42.8
•2.16 como livres. Submissão não significa negar a liberdade cristã, mas é o •3.1 Mulheres, sede vós, igualmente, submissas. A palavra "igualmente"
ato do povo de Deus verdadeiramente livre. refere-se, remetendo-nos de volta, ao princípio geral de submissão em 2.13, e
não ... por pretexto da malícia. A liberdade cristã não deve ser usada como não pretende equiparar a submissão da esposa ao marido com a submissão de
pretexto para rebelião 11Co7.20-24) ou como permissão para pecar (GI 5.13; 2Pe um escravo a um senhor. A palavra "igualmente" reaparece no v. 7, estabelecen-
219-20) do que, assim como a esposa submete-se ao marido, assim também o marido
como servos de Deus. A liberdade cristã não se baseia sobre o escape do ser- deve compreensão e honra à sua esposa (cf. Ef 5.25). D relacionamento entre ho-
viço, mas sobre uma mudança de senhores (Rm 6.22) mens e mulheres envolve igualdade espiritual ("juntamente herdeiros", v. 7; cf_ GI
•2.17 Tratai todos com honra. A exortação é ou para reconhecer o valor de 328) e algumas funções diferenciadas no lar e na igreja (Ef 5.22-33; 1Tm 2 8-15)
cada pessoa como portadora da imagem de Deus, ou, o que é mais provável nes- sem palavra alguma. Na antiga cultura romana, esperava-se que a esposa ado-
te contexto, para respeitar todos aqueles em posição de autoridade. tasse a religião do seu marido. Algumas das mulheres cristãs das igrejas da Ásia
temei a Deus, Ver nota em 1.17. tinham maridos incrédulos. Pedro exorta essas esposas cristãs a não se apoiarem
•2, 18 Servos. A vasta maioria de tais servos eram escravos e foram tratados num argumento, o que poderia ser visto como insubordinação pelos já desconfia-
como propriedade. A economia do mundo antigo dependia da escravidão em lar- dos maridos. Antes, a atitude gentil da esposa recomendará o evangelho a seus
ga escala. Tal como outros escritores do Novo Testamento, Pedro não condena a maridos incrédulos. Oprincípio envolvido nessa afirmação não é o silêncio (v. 15),
escravidão, e ordena aos escravos a obedecerem seus senhores. No entanto, o mas uma sensibilidade para com as preocupações do marido incrédulo, de modo
Novo Testamento requer que os escravos sejam tratados com respeito, e que os que o evangelho esteja presente na sua forma mais clara.
senhores não maltratem seus escravos (Ef 6 9; CI 4 1) Além disso, é muito enfa- •3.3 cabelos.,, ouro ... aparato. Não uma proibição geral de um adorno modes-
tizada na comunidade da igreia a igualdade espiritual de escravos e livres (GI 328; to, mas uma advertência contra a preocupação com aparências externas (1Tm
cf. 1Co 12.13; CI 3.11). Escravos são encorajados a buscar sua liberdade por meios 2.9-1 O). Oexcesso nesta área está bem exemplificado na literatura e arte pagãs
legais (1Co 7.21-24). No final do século XVIII, quando a escravidão foi atacada nos do primeiro século. O princípio expresso é a modéstia.
Estados Unidos, esses ensinos ajudaram a minar a instituição da escravatura. •3.6 chamando-lhe senhor. Uma expressão de respeito e submissão, comum
•2.21 para isto mesmos fostes chamados ... deixando-vos exemplo. Osofri- no Oriente (Gn 18.12).
mento faz parte da vocação cristã (2Tm 312) porque fazia da vocação de Cristo, filhas. Isto é, aquelas que se assemelham a Sara em sua atitude submissa.
primeiramente (Jo 15. 18-20). Cristãos estão unidos com Cristo nos seus sofrimen- o bem. Aqui, é visada principalmente a submissão aos maridos (cf. 2.15), mas
tos, bem como na sua ressurreição (2Co 15; 4.1 O; Fp 310-11). Dexemplo de Cris- isso provavelmente também inclua a submissão contínua a Cristo.
to fornece o padrão pelo qual cristãos devem entender suas próprias vidas. não temendo. Ao tratarem com maridos incrédulos (v. 1, nota), esposas cristãs
•2.22 Ver "A Impecabilidade de Jesus", em Hb 4.15. deviam preservar seu comprometimento a Cristo e, ao mesmo tempo, mostrar o
•2.24 carregando ... os nossos pecados. Ver Is 53.12. Cristo é mais do que devido acatamento a seus maridos. As dificuldades conseqüentes podiam levar o
um exemplo. Ele é o portador de pecados. Na qualidade de sacrifício perfeito marido ao desagrado e à intimidação, e a mulher, à "perturbação".
(1.19; 2.24), Cristo sofreu a maldição do pecado, aceitando a punição que os nos- •3. 7 parte mais frágil. "Mais frágil" refere-se à força física, e não à habilidade
sos pecados mereceram e provendo perdão e liberdade. moral, espiritual ou mental da esposa. A discrepância na força física é um motivo
madeiro. A cruz (At 10.39). Essa expressão do Antigo Testamento enfatiza que para especial consideração que o marido deve demonstrar à sua esposa.
Cristo morreu carregando uma maldição (Dt 21.22-23; GI 313) juntamente, herdeiros da mesma graça de vida. Comunhão na fé acrescen-
•2.25 porém, vos convertestes. Isso se refere à conversão inicial a Cristo dos ta outro motivo para demonstração de respeito. Aqui nesta situação, Pedro admi-
leitores e sugere um redirecionamento da vida e uma nova união pessoal. te que tanto marido como esposa estão na situação de cristãos \cl. v. 1)_ As
Pastor. Figura familiar do Antigo Testamento para o cuidado de Deus pelo povo mulheres desfrutam de plena igualdade espiritual com os homens (GI 328)_
da sua aliança (SI 23.1; Ez 34; 37.24) aplicada a Cristo (5.4; Jo 1O11; Hb 1320; não se interrompam as vossas orações. Afastamento de outras pessoas
Ap 717) afeta muitas vezes nosso relacionamento com Deus (Mt 5.23-24). Especialmente
1499 1 PEDRO 3, 4
A \lida exemplar cristã: o amorfraternal com mansidão e temor, ªcom boa consciência, de modo que,
s F\nâlmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonha-
fraternalmente amigos, misericordiosos, 2 humildes, 9 lnão dos os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo,
pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrá- 17 porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por
rio, mbendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, na praticardes o que é bom do que praticando o mal. 18 Pois tam-
fim de receberdes bênção por herança. 10 Pois bém Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pe-
ºquem quer amar a vida e ver dias felizes Prefreie 3 a lín- los injustos, para conduzir-vos 6 a Deus; morto, sim, na carne,
gua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; mas vivificado no espírito, 19 no qual também foi e pregou aos
11 qaparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz espíritos em prisão, 20 os quais, noutro tempo, foram desobedi-
e rempenhe-se por alcançá-la. entes 7 quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias
12 Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber,
se os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o oito pessoas, foram salvos, através da água, 21 a qual, bfiguran-
rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males. do o batismo, agora também vos salva, e não sendo a remoção
da imundícia da carne, dmas a indagação de uma boa cons-
A prática do bem. A longanimidade ciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cris-
segundo o exemplo de Cristo to; 22 o qual, depois de ir para o céu, e está à destra de Deus,
13 10ra, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos ficando-lhe subordinados /anjos, e potestades, e poderes.
do que é bom? 14 "Mas, ainda que venhais a sofrer por causa
da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, vpor- A morte para o pecado e a pureza de \lida
1
Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também
tanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; 15 antes,
4
...
4santificai a Cristo, como 5 Senhor, em vosso coração, estando vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na car-
sempre xpreparados para responder a todo aquele que vos pe- ne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na car-
2
dir razão da zesperança que há em vós, ló fazendo-o, todavia, ne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, ªmas
~~~~~~-~~~~~
~ 8 2Cf. NU; TR e M corteses9 l[Pv 17.13] mMt 5.44 n Mt 25.34 10 ºSI 34.12-16 PTg 1.26 3reprima 11qSI37.27 'Rm 12.18
12 SJo 9.31 13 IPv 16.7 14 UTg 1.12 Vis 8.12 15 xs1119.46Z[Tt 3.7] 4guardai 5Cf. NU; TR e M Senhor Deus 16a1Tm 1.5; Hb
13.18; 1Pe3.21 18 óCf. NU e M; TRnos 20 7NU e M quando a longanimidade divina aguardava pacientemente 21 bEf 5.26 C[Tt 3.5]
d[Rm 10.10] 22 es1110.1/Rm8.38
CAPÍTULO 4 1 I CI. NU; TR e M acrescentam por nós; NU omite 2 ª Jo 1.13
a falha da observação da vontade de Deus referente ao relacionamento conjugal das. Oargumento de Pedro seria então que, assim como Deus vindicou Noé na-
pode interromper nosso relacionamento espiritual com Deus. A importância de quela vez, assim ele vindica os cristãos hoje. (b) A pregação de Cristo no breve
relações familiares saudáveis é evidente a partir da comparação tipológica de espaço de tempo entre sua morte e ressurreição, durante a "descida ao inferno".
Cristo e sua Igreja com marido e esposa (E! 5.23-24) e pela insistente caracteriza- Diz-se que Cristo anunciou sua vitória aos espíritos dos perversos contemporâ-
ção da Igreja no Novo Testamento como a família de Deus 11.14-17; Rm 8.14-17; neos de Noé confinados no reino dos mortos. (e) Uma idéia semelhante é que
1Tm 3.14-15; 5.1-2). Cristo proclamou sua vitória aos anjos caídos, muitas vezes identificados com os
•3.8-9 Observe o ensino paralelo em Rm 12.9-21. "filhos de Deus" de Gn 6.2,4 (cf. Já 1.6; 2.1 ), no seu lugar de confinamento. (d)
•3.9 não pagando ... bendizendo. Cristãos não devem retaliar em resposta à Cristo proclamando sua vitória a anjos caídos após a ressurreição, no tempo de
perseguição; em vez disso. devem "'bendizer" seus inimigos (1Co 4.12; cf. 1Ts sua ascensão ao céu. O ponto das três últimas interpretações é: precisamente
5.15). Esse bendizer pode assumir a forma de oração (Mt 5.44). como Jesus foi vindicado, assim também cristãos serão vindicados.
•3.13 quem é que vos há de maltratar. Pedro não está negando que os cristãos •3.21 figurando o batismo, agora também vos salva. Obatismo é um sinal e
da Ásia (Introdução: Data e Ocasião) possam sofrer por causa da fé que abraçaram selo da graça de Deus em Jesus Cristo. A surpreendente afirmação de que o ba-
(4.12). Essa afirmação pode ser intenpretada ou como um ensino óbvio que mau tismo "vos salva" mostra quão íntima é a relação entre o sinal e a realidade que
trato é menos provável se o comportamento de alguém é exemplar, ou, mais prova- ele significa. A salvação física de Noé através das águas do dilúvio prefigurou as
velmente, como uma afirmação de que, seja o que quer que aconteça ao cristão, águas do batismo e a salvação que elas significam. Obatismo simboliza juízo so-
nenhuma força externa pode causar dano espiritual (SI 56.4; Lc 12.4-5). bre o pecado na morte de Cristo e também renovação de vida (Rm 6.4). As águas
•3.14 bem-aventurados. Lembra Mt 5.10-12. Cristãos que sofrem por causa do dilúvio foram juízo para os ímpios e, ao mesmo tempo, salvação física para os
da verdade são abençoados por Deus, mesmo que sua recompensa demore. justos: Noé e sua família.
•3.15 sempre preparados. Prontidão para confessar Cristo é um importante não sendo a remoção da imundicia da cama. Para que seus leitores não atri-
aspecto em colocar Cristo como Senhor. buíssem, equivocadamente, algum poder mágico ou mecânico ao sacramento,
responder. Essa palavra pode sugerir resposta a questionamentos abusivos ou Pedro afirma que o meio de salvação não é a realização do rito externo, mas o que
zombeteiros de pessoas hostis. Tal resposta inclui uma explanação dos pontos ele simboliza: união com Cristo na sua morte e ressurreição.
principais do cristianismo. •3.22 à destra de Deus. Olugar de supremo privilégio e soberania no universo
•3.16 difamam o vosso bom procedimento. Por sua conduta, cristãos mos- (Ef 1.20-23; Hb 1.3).
tram que acusações contra eles são infundadas (2.12, 15). •4.1 deixou o pecado. Alguns interpretam isso como referente aos efeitos da
•3.17 se for da vontade de Deus. Sofrimento injusto está incluso na providên- formação do caráter pelo sofrimento. Mas a referência anterior ao batismo (3.21;
cia de Deus e visa ao bem de seus filhos e à própria glória de Deus (1.6-7; 4.19). cf. Rm 6.1-1 O) indica que Pedro está pensando na união dos crentes com Cristo
•3.18 uma única vez. A morte vicária (substitutiva) de Cristo é suficiente. Sacri- no seu sofrimento e morte, uma união especialmente simbolizada pelo batismo
fícios adicionais não são necessários (Hb 9.12.26-28). (Rm 6.4). Embora Cristo sempre tenha sido sem pecado (2.22; 2Co 5.21; Hb
vivificado no espírito. Ver Rm 1.4; 8.11. 4.15), ele, porém, se identificou plenamente com a humanidade pecadora pela
•3.19 pregou aos espíritos em prisão. Poderíamos mencionar quatro inter- vinda "em semelhança de carne pecaminosa" (Rm 8.3) e sujeitando-se à tenta-
pretações principais dos vs. 19-20: (a) Cristo pré-encarnado e pregando através ção, ao sofrimento e à morte (Me 1.12-13; Hb 2.10; 4.15). Cristo "morreu para o
de Noé (2Pe 2.5) a pessoas que viveram antes do dilúvio (Gn 6--8). Noé cha- pecado" (Rm 6.10) no sentido de que, após sua morte e ressurreição, não estava
mou-as ao arrependimento, mas elas desobedeceram e agora estão aprisiona- mais sujeito ao poder do pecado e da morte.
1 PEDRO 4, 5 1500
segundo a vontade de Deus. 3 Porque basta o 2 tempo decorri- meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa
do para terdes executado a vontade dos gentios, tendo anda- extraordinária vos estivesse acontecendo; 13 pelo contrário,
do em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, ºalegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos so-
bebedices e em detestáveis idolatrias. 4 Por isso, difaman- frimentos de Cristo, para que também, Pna revelação de sua
do-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo glória, vos alegreis exultando. 14 Se, pelo nome de Cristo,
excesso de devassidão, 5 os quais hão de prestar contas àque- sois 5injuriados, qbem-aventurados sois, rporque sobre vós
le que é competente bpara julgar vivos e mortos; 6 pois, para repousa o Espírito da glória e de Deus. 6 15 Não sofra, po-
este fim, foi co evangelho pregado também a mortos, para rém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfei-
que, mesmo julgados na carne segundo os homens, dvivam tor, ou como 7 quem se intromete em negócios de outrem;
no espírito segundo Deus. 16 mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; an-
tes, glorifique a Deus 8 com esse nome. 17 Porque a ocasião
Alguns deveres dos crentes uns para com os outros de começar 5 0 juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se pri-
7 Ora, e o fim de todas as coisas está próximo; sede, portan- meiro vem por nós, 1qual será o fim daqueles que não obe-
to, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações. B Acima de decem ao evangelho de Deus? 18 E, "se é com dificuldade
tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, por- que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pe-
que o /amor cobre multidão de pecados. 9 gSede, mutuamen- cador? 19 Por isso, também os que sofrem segundo a vonta-
te, hospitaleiros, hsem murmuração. to Servi uns aos outros, de de Deus vencomendem a sua alma ao fiel Criador, na
;cada um conforme o dom que recebeu, i como bons despensei- prática do bem.
ros 1da multiforme graça de Deus. li mse alguém fala, fale de
acordo com 3 os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na Os deveres do ministério
Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbíte-
força que Deus supre, para que, /1 em todas as coisas, seja Deus
glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória
e 4 o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!
5 ro como eles, e ªtestemunha dos sofrimentos de Cristo,
e ainda co-participante da bglória que há de ser revelada:
2 cpastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, d não por
O sofrermos por Cristo é privilégio glorioso constrangimento, mas espontaneamente, 1 como Deus quer;
12 Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no enem por sórdida ganância, mas de boa vontade; 3 nem como

e~3J~ N~;e~t;~p~d;:id;;-;-b,,;_;~4;- ~ c~~e~1~3~9 ;iR:8;1; ;;;m~3~1 ~8frPv~0~2]~ ;;H~ 1;:2~c:97- ~


10 iRm 12.6-8/1 Co 4.1-21[1Co 12.4] 11 m Ef 4.29 n [1 Co 1031) 3as declarações 4a soberania 13 °Tg 1.2 P 2Tm 2.12 14 q Mt
e

5.11 rMt 5.16 5insultados ou reprovados ôCf. NU; TR e M acrescentam Da parte deles, ele é blasfemado, mas da vossa parte, ele é glorificado;
NU OJ11ite 15 7 quem intervém 16 8Cf NU; TR e Ma esse respeito 17 s Is 10.12 ILc 10.12 18 u Pv 11.31 19 vzTm 1.12
CAPITULO 5 1 a Mt 2637 b Rm 8.17-18 2 e At 20.28 d 1Co 9.17 e 1Tm 33 1 Cf. NU; TR e M omitem como Deus quer
•4.3 Este catálogo de pecados assemelha-se bastante a Rm 13.13 e GI 5.19-21. doa em resposta ao perdão de Deus (Pv 10.12; Mt 18.21-22; 1Co 13.4-7; Tg
Há forte evidência do pano de fundo pagão da maior parte da audiência de Pedro 5 20) Ver "Amor", em 1Co 13.13.
(1.14, 18; Introdução: Data e Ocasião) •4,9 hospitaleiros. Um dos frutos do amor (v. 8). Situações que requerem hos-
dissoluções. Irrestrita tolerância dos próprios desejos, especialmente de prazer pitalidade podiam incluir a falta de onde morar por causa de perseguição, a via-
sensual (Rm 13.13; 2Co 12.21 e Ef 4 19). gem de negócios de um cristão e os missionários itinerantes (Rm 12.13; 3Jo 5-8).
concupiscências. Palavra comum para desejo maligno, muitas vezes relaciona- •4.10 Servi uns aos outros. Ver Rm 123-8
do à imoralidade sexual. •4, 13 alegrai-vos. O mesmo paradoxo de exultação nos sofrimentos é encon-
orgias. Festejos excessivos, freqüentemente em honra de um deus pagão. trado em 1.6-7.
bebedices. Ouso excessivo do álcool é com freqüência condenado na Escritura co-participantes dos sofrimentos de Cristo. Cristãos compartilham dos sofri-
(ver f\m 13.13; GI 5.21 ). mentos de Cristo, não pela contribuição para a obra expiatória de Cristo pelo pe-
•4.6 para este fim. Este versículo segue a afirmação da idéia de um juízo univer- cado - que já foi concluída - , mas experimentando maus tratos semelhantes,
sal divino. Mas a razão ou propósito da pregação não é dado senão no fim do ver- porque eles estão identificados e unidos com Cristo (vs.14,16: f\m 817; 2Co 1.5,
sículo. nota; Fp 1.29; CI 1.24, nota).
foi o evangelho pregado também a mortos. Embora alguns associem essa •4.17 juízo pela casa de Deus. Pedro retorna ao tema da soberania divina so-
pregação com 3.19-20, essa associação é pouco provável. Essas pessoas que bre o sofrimento do povo de Deus. Esse juízo pode ter o propósito de purificação
ouviram Pedro pregar podem ter sido cristãos. mas que já haviam morrido no (MI 32-4: Hb 12.9-11) ou de fortalecimento da fé (1.6-7)
tempo em que a carta foi escrita. •4.18 é com dificuldade que o justo é salvo. Não que a salvação final seja in-
julgados na carne. Provavelmente, uma referência à morte física dos ouvintes. certa, mas que o caminho para a mesma é através da disciplina rigorosa IMt
Embora Cristo tenha triunfado sobre a morte física na sua morte e ressurreição 7.14; At 14.22)
(Rm 6.9), a plena extensão dessa vitória ainda não se tem manifestado nas vidas •5.1 presbítero como eles. Embora Pedro já tenha mencionado seu ofício
do povo de Deus, e a morte física é uma realidade que o cristão ainda enfrenta. como um apóstolo (1.1), aqui ele enfatiza sua solidariedade e presbiterado com-
No entanto, desfrutamos agora da ressurreição espiritual através da união com partilhado com os líderes das igrejas da Ásia a fim de encorajá-los.
Cristo, e temos plena certeza de que a vitória de Cristo será estendida aos nossos •5.2 pastoreai o rebanho de Deus. Essa frase descreve amplamente as fun-
corpos físicos (1 Co 15.25-26; d Rm 8 11 ). ções dos presbíteros. A figura do pastor sugere cuidado, proteção, disciplina e ori-
•4.7 está próximo. O "fim de todas as coisas" pode referir-se à destruição de entação (2.25, nota). Jesus retratou seu próprio cuidado pela Igreja (Jo 10.1-18)
Jerusalém em 70 d.C. ou. de forma mais abrangente, à consumação final do reino e o gracioso interesse de Deus pelos pecadores (Lc 15.3-7) como ações de pas-
de Cristo, por ocasião de sua volta Ochamado à vigilância é freqüente no Novo toreio. O uso que Pedro faz da palavra relembra seu próprio recomissionamento
Testamento. Todo o período entre a ressurreição de Cristo e sua segunda vinda é (Jo 21.15-17). Ver nota teológica "Pastores e Cuidado Pastoral".
entendido como os "últimos dias" (1.20, nota; At 2.17; 1Tm 4.1, nota). nem por sórdida ganância. Pedro não condena a compensação justa, mas o
•4.8 o amor cobre ... pecados. Oamor não guarda registro de erros, mas per- amor ao lucro e o abuso de confiança (1 Co 9.14; 1Tm 5.17-18).
1501 1 PEDRO 5

PASTORES E CUIDADO PASTORAL


1Pe 5.2
Os apóstolos mandaram todos os cristãos velar uns pelos outros com amorosa solicitude e oração (GI 6.1-2; Hb 12.15-16;
1Jo 3.16-18; 5.16), mas também designaram para cada congregação tutores chamados de "presbíteros" ("anciãos") (At
14.23; Tt 1.5), que devillm cuidar do povo como os pastores cuidam das ovelhas (At 20.28-31; 1Pe 5.1-4 ), conduzindo-os,
mediante seu exemplo, (1Pe5.3) longe de tudo oque é nocivo para tudo o que é bom. Em virtude de seu papel. os presbíteros
sãotambémchamadosde"pastores" (Ef 4.11) e "bispos" ("supervisores") (At 20.28; cf. v. 17; Tt 1.7; cf. v. 5; 1Pe 5.1-2) e são
chamados por outros termos que expressam liderança (1Ts 5.12; Hb 13.7, 17,24). A congregação, por seu lado, deve reconhe-
cer a autoridade dada por Deus a seus líderes e seguir a orientação deles (Hb 13.17).
Esse modelo já aparece no Antigo Testamento, onde Deus é o pastor de Israel (SI 80.1 ), e onde reis, profetas, sacerdotes e
anciãos (dirigentes locais) são chamados a agir como agentes de Deus no papel de pastores subordinados (Nm 11.24-30; Dt
27 .1; Ed 5.5; 6.14; 10.8; SI 77.20; Jr 23.1-4; Ez 34; Zc 11.16-17). No Novo Testamento, Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-30), é
também o Supremo Pastor (1Pe 5.4), e os presbíteros são seus subordinados. Oapóstolo Pedro chama-se a si mesmo um
"presbítero" sujeito a Cristo (1 Pe 5.1 ), lembrando talvez que o pastorear foi a tarefa específica que Jesus lhe deu, quando o
restaurou ao ministério (Jo 21.15-17).
Alguns presbíteros, mas não todos, ensinam (1Tm 5.17; Tt 1.9; Hb 13.7), e Ef 4.11-16 diz que Cristo deu à lgreja"pastores e
mestres" para equipar cada um para o serviço, por meio da descoberta e aperfeiçoamento dos dons espirituais de cada um
(vs. 12-16). Na visão apostólica de liderança congregacional, pode ter havido mestres que não eram presbíteros, bem como
presbíteros que não ensinavam, e, também, pode ter havido aqueles que tanto ensinavam quanto governavam.
O papel pastoral dos presbíteros exige caráter cristão maduro e estável e uma bem ordenada vida pessoal (1Tm 3.1-7; Tt
1.5-9). O presbítero que serve fielmente será recompensado (Hb 13.17; 1Pe 5.4; cf. 1Tm 4.7-8).

fdominadores2 dos gque vos foram confiados, antes, htornan- mes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se
do-vos modelos do rebanho. 4 Ora, logo que ;o Supremo Pas- cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. 10 Ora,
tor se manifestar, recebereis ia imarcescível coroa da glória. o Deus de toda a graça, ºque em Cristo 6 vos chamou à sua
eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mes-
Vários conselhos. Votos, saudações finais e bênção mo vos 7 há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.
s Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são 11 PA ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!
mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, 1cin· 12 Por meio de qSilvano, que para vós outros é fiel irmão,
gi-vos todos de humildade, porque moeus resiste aos soberbos, como também o considero, vos escrevo resumidamente,
contudo, n aos humildes concede a sua graça. 6 Humilhai-vos, exortando e testificando, de novo, 'que esta é a genuína graça
portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo de Deus; nela estai firmes. 13 Aquela que se encontra em Ba-
oportuno, vos exalte, 7lançando sobre ele toda a vossa ansie- bilônia, também eleita, vos saúda, como igualmente meu fi-
dade, porque ele tem cuidado de vós. 8Sede 3 sóbrios e 4 vigi- lho 5 Marcos. 14 Saudai-vos uns aos outros com ósculo de
lantes. 5 0 diabo, vosso adversário, anda em derredor, como amor.
leão que ruge procurando alguém para devorar; 9 resisti-lhe fir- Paz a todos vós que vos achais em Cristo .

• 3/Ez 34.4 gs133.12 hFp 3.17 2soberanos 4 iHb 13.20 /2Tm 4.8 S iEf 5.21 m Pv 3.34 n Is 57.15 8 3autocontrolados 4atentos 5Cf.
NU e M; TR acrescenta Porque; NU e M omitem 10o1Co 1.9 ôCf. NU e M; TA nos 7Cf. NU; TR e M aperfeiçoe 11 PAp 1.6 12 Q2Co
1.19 r At 20.24 13 s At 12.12,25; 15.37,39
•5.3 nem como dominadores... tomando-vos modelos. Pedro adverte con- •5.1 ODeus de toda a graça. Deus concede ajuda e força suficiente para toda
tra o abuso altivo de poder e exorta seus ouvintes a serem como Jesus (Me ocasião e necessidade
10.42-45; Jo 13.1-17; Fp 2.5-11 ). em Cristo. Todas as bênçãos da graça de Deus nesta vida e na vindoura vêm
•5.4 Supremo Pastor. Cristo (2.25). Otítulo expressa o relacionamento da obra através da união do crente com Cristo. Ver nota em 2Co 5.17.
e do cuidado pastoral de Cristo com os líderes da igreja, que servem como pasto- vos chamou à sua eterna glória. O eterno plano de Deus para os crentes irá
res mas que devem responsabilidade ao Supremo Pastor. trazê-los à glória (Jo 17.22-24; Rm 8.28-30; 2Co 4.17; 2Tm 2.10).
•5.5 mais velhos. No versículo 1, a palavra grega é usada no sentido técnico de •5.12 Por meio de Silvano. Provavelmente esse seja Silas, companheiro de
uma pessoa que detém um ofício eclesiástico. Mas aqui, provavelmente seja Paulo na segunda viagem missionária (At 15.40). Silvano pode simplesmente
uma referência mais geral a pessoas idosas (cf. 1Tm 5.1). ter levado a carta ou pode ter atuado como um secretário, talvez até tenha aju-
•5.8 O diabo, vosso adversário. Otermo grego traduzido por "adversário" dado Pedro no esboço da carta.
era comumente aplicado a um oponente numa ação judicial. e "diabo" (grego •5.13 Aquela ... em Babilônia. Provavelmente uma referência à igreja em
diábolos) é a tradução comum do hebraico Satan, que significa "caluniador" Roma (Introdução: Data e Ocasião).
ou "acusador" e serve também como nome próprio para o diabo (Jó 1.6; Zc meu filho Marcos. João Marcos (At 12.12,25; 13.5,13; 15.37-39). De acordo
3.1-2; cf. Ap 12.9-10). A frase revela a fonte última por detrás de toda perse- com Papias (c. 60-130 d.C.). Marcos trabalhou intimamente com Pedro e obteve
guição. do apóstolo grande parte das informações do Evangelho de Marcos.
leão. A figura talvez é emprestada dos Salmos. onde os inimigos do salmista e os •5.14 ósculo de amor. Obeijo era e é uma forma comum de saudação no Oriente
ímpios são comparados a leões (SI 7.2; 10.9-1 O). A metáfora expressa aforça e o Próximo (ver Mt 26.48-49; Lc 15.20). correspondendo ao aperto de mão atual. A
caráter destrutivo do diabo e acentua a necessidade de vigilância por parte dos forma cultural tomou-se para os cristãos um sinal externo do seu amor e unidade
crentes. (um "ósculo santo", Rm 16.16; 1Ts 5.26).

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