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São Paulo-SP, 2021

PÓS-GRADUAÇÃO

TÍTULO:
ESTRATÉGIAS ESTÉTICAS APLICADAS NO
EFLÚVIO TELÓGENO: UMA ALTERNATIVA
ALUNAS PÓS COVID-19.
Camilla Cavichioli Veloso La
Falce RESUMO
O Eflúvio Telógeno (ET) caracteriza-se pela queda aguda e
Quézia Nunes da Cruz Costa intensa, podendo chegar a cair mais de 600 fios por dia,
desenvolve-se entre três e quatro meses após a instalação
Dolci
do agente causador. Este estudo tem como objetivo relatar a
eficácia da fototerapia associada ao microagulhamento e
Sarah Martins Bauer fatores de crescimento no tratamento de eflúvio telógeno em
pacientes pós covid-19. Foram realizadas 4 sessões
semanais e consistiu na aplicação de laser vermelho de
baixa intensidade e o microagulhamento com drugdelivery.
Participaram do do tratamento 3 modelos. Sendo 1 do sexo
masculino e 2 do sexo feminino. A média de idade é 39,3
anos entre 31 e 52 anos. O estudo demonstrou a eficácia da
aplicação de microagulhamento associada ao laser de baixa
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
intensidade no tratamento do efluvio telógeno em pós
CURSO APRESENTADO COMO infecção por Covid-19. Percebeu-se uma leve melhora no
EXIGÊNCIA PARA OBTENÇÃO DO crescimento de novos fios e diminuição de queda capilar,
TÍTULO LATU SENSU porém o tempo de tratamento não foi favorável devido
(ESPECIALIZAÇÃO EM
instabilidade que a pandemia ocasionou.
Palavras-chave: Alopecia, Microagulhamento, Covid-
ENFERMAGEM EM ESTÉTICA) DA
19, Fototerapia de Baixa Intensidade.
FACULDADE IBECO.

ABSTRACT
ORIENTADOR(A): Telogen Effluvium (ET) is characterized by an acute and intense fall,
which may fall more than 600 hairs per day, it develops between three
and four months after the installation of the causative agent. This study
Giovanna Jeronimo
aims to report the efficacy of phototherapy associated with
microneedling and growth factors in the treatment of telogen effluvium
in post-covid-19 patients. Four weekly sessions were performed and
consisted of the application of low-intensity red laser and
microneedling with drugdelivery. Three models participated in the
treatment. Being 1 male and 2 female. The average age is 39.3 years
PROFESSORA: between 31 and 52 years. The study demonstrated the effectiveness of
the application of microneedling associated with low-intensity laser in
Grazielle Prado Alexandre the treatment of telogen effluvium after Covid-19 infection. There was a
slight improvement in the growth of new hairs and a decrease in hair
loss, but the treatment time was not favorable due to the instability
caused by the pandemic.
Keywords: Alopecia, Microneedling, Covid-19, Low Intensity
Phototherapy.
INTRODUÇÃO

A sociedade valoriza e aprecia de forma relevante os cabelos pela personificação que


representam para o indivíduo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia a
queda dos cabelos, gera um efeito significativo na autoestima e na preocupação entre ho-
mens e mulheres (SBD, 2021). Eventos que envolvem a queda dos cabelos levando a uma
condição de alopecia, acabam influenciando as relações interpessoais (Vogt, et al 2008). A
queda de cabelo é uma das maiores causas de procura por profissional de estética, devido a
uma importância psicossocial que reflete na angústia e ansiedade dos pacientes (Mulinari-
Brenner & Hepp, 2012).

O couro cabeludo apresenta um ph em torno de 5,5 e sua estrutura é dividida em du-


as camadas: a epiderme e a derme. O cabelo passa por um processo de desenvolvimento
do folículo piloso em fases cíclicas alternadas entre o repouso e o crescimento que chama-
mos de fase anágena (crescimento do fio), catágena (regressão do fio) e telógeno (queda do
fio) (Rota et al., 2008). De acordo com o dicionário de termos médicos, o termo alopecia vem
do grego alopekía, que significa ausência, rarefação ou queda, transitória ou definitiva, dos
cabelos ou dos pelos, com expressão local, regional ou total.

Das Alopecias existentes, Ribeiro, AC (2021) destaca: Alopecia Androgenética (AAG),


Eflúvio Telógeno (ET), Alopecia Areata (AA) e Alopecia Cicatricial Fibrosante (AFF) (Ribeiro,
2021). O que define a alopecia é o grau de acometimento ao folículo piloso, podendo ser
cicatricial ou não cicatricial. É classificada como cicatricial quando o folículo piloso perde a
capacidade de repilação pela atrofia ou destruição do folículo piloso. A alopecia não cicatri-
cial é quando o folículo sofreu alguma agressão, porém mantém a capacidade de replicar,
sendo assim podendo ser tratada.

A queda capilar que está associada a causas pós infecciosas, foi definida como eflú-
vio telógeno e ela pode apresentar diversos mecanismos e padrões clínicos. “Existem
evidências de que o folículo piloso pode responder à infecção com eflúvio anágeno distrófico
e início precoce ou com eflúvio telógeno e início tardio, dependendo do tipo e intensidade do
insulto” (Ralph et al. 2020).

Para Pereira, JM 2006 o Eflúvio Telógeno (ET) caracteriza-se pela queda aguda e in-
tensa, podendo chegar a cair mais de 600 fios por dia, desenvolve-se entre três e quatro
meses após a instalação do agente causador, que pode ser por estresse físico, emocional,
uso de medicamento, febre, parto, infecção, entre outros. Em extensa parte dos cabelos
existe uma parada súbita da fase anágena, e eles se transformam em telógenos, que caem
após alguns meses. Uma vez eliminado o agente desencadeante, em geral após dois ou três
meses, o processo de queda cessa, e evidencia-se a recuperação total dos cabelos.

Diante de incertezas sobre a origem e curso da COVID-19, a comunidade médica


vem se empenhando para compreender e então contribuir para melhor entendimento com
relação ao coronavírus 2019. Abigail Cline, 2020 cita que Nova York se tornou o novo ponto
central da pandemia da covid-19 no mundo, em março de 2019. Em julho de 2019, 4 meses
depois, uma clínica em Manhattan e no Brooklyn, observaram um aumento signifcativo de
casos de queda capilar. Segundo os autores, esse período está relacionado ao início
esperado do eflúvio telógeno, nos quais o início e a acuidade da queda de cabelo pós-
infecciosa foram associados com a gravidade clínica da doença e febre (Ralph et al. 2020).

Atualmente existem muitos recursos para tratar ou disfarçar a alopecia, são eles, fár-
macos, transplantes, fototerapia, microagulhamento e terapias adjuvantes. O microagulha-
mento consiste em microperfurações na pele atingindo a derme para contribuir na penetra-
ção de ativos, estimulando assim o crescimento de novos pelos no caso do microagulha-
mento capilar. O material utilizado para a técnica é um rolo de polietileno que contém agu-
lhas finas metálicas e estéreis (Nogueira, Pereira, et al, 2018)

O Laser de baixa intensidade não possui efeito ablativo, é conhecido também como
soft laser. Ele emite um feixe de luz capaz de atingir o bulbo capilar melhorando a microcir-
culação local, causando vasodilatação, o aporte de nutrientes, oxigenação dos tecidos, além
de efeito anti-inflamatório estimulando o crescimento dos cabelos (Catelan, Kobayashi,
2016.)

O tema abordado é especialmente importante diante do momento em que estamos


vivendo, pois além do eflúvio telógeno já ser recorrente nos consultórios, está associado ao
diagnóstico do covid-19 como fator desencadeante.

Este estudo pretende avaliar a resposta do crescimento capilar associado a terapias


combinadas de laser de baixa intensidade e microagulhamento com drug delivery em paci-
entes com eflúvio telógeno pós covid-19 em um período de 4 semanas, permitindo assim
uma opção de tratamento em um campo ainda pouco explorado.
JUSTIFICATIVA

Dentre as diversas causas que podem levar ao eflúvio telógeno, a covid-19 está as-
sociada como queixa pelos pacientes que receberam o diagnóstico positivo. Desta forma
surgiu a oportunidade de um estudo de caso com terapia combinada, na intenção de ameni-
zar a queda capilar bem como a melhora da espessura, força e vitalidade dos fios, sendo
uma alternativa de tratamento diante de um vírus ainda desconhecido.
OBJETIVOS

Objetivo geral

Este estudo tem como objetivo relatar a eficácia da fototerapia associada ao microa-
gulhamento e fatores de crescimento no tratamento de eflúvio telógeno em pacientes pós
covid-19.

Objetivos específicos

• Analisar a efetividade da laserterapia de baixa intensidade associada com o microa-


gulhamento.

• Analisar a efetividade do drug delivery e da mescla utilizada para o mesmo.

• Verificar se o protocolo apresenta possibilidade a ser seguido como tratamento em


cabine.
MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizado um levantamento em artigos, na base de dados Biblioteca Virtual de Sa-


úde, Scielo, Lilacs, google acadêmico bem como em fontes terciárias físicas e eletrônicas
pertinentes acerca do assunto. Foram selecionados os artigos em língua inglesa e portugue-
sa, texto completo e excluídos os artigos que não faziam referência ao tema e que não esta-
vam no período compreendido entre 2010 a 2021. Utilizando as palavras-chave: queda de
cabelo, covid-19, microagulhamento e fototerapia de baixa intensidade.

Foram recrutados voluntários através das redes sociais, tendo como critério de inclu-
são a queda capilar pós Covid-19 e disponibilidade para participar das 4 sessões semanais.

Os critérios de exclusão foram: pessoas em tratamento capilares; diagnóstico de Co-


vid-19 nos últimos 30 dias; com doenças crônicas descompensadas; gestantes; lactante,
pessoas com epilepsia e outros tipos de alopecia diagnosticadas.

Selecionamos 6 modelos, sendo 5 do gênero feminino e 1 do gênero masculino, com


queixa de queda capilar pós-covid-19.

Para coleta de dados, foi utilizado uma ficha de anamnese no qual os modelos foram
submetidos a uma avaliação prévia do couro cabeludo, com a utilização do dermatoscópio,
nas regiões frontal, coronal esquerda e direita. Após a análise, as regiões com mais acome-
timento de ausência de fios foram registradas por fotos.

Foram excluídos 2 modelos do gênero feminino por apresentarem respectivamente


dermatite seborreica e alopecia androgenética. Dentre os selecionados, houve desistência
por parte de uma modelo por questões pessoais na primeira sessão.

Participaram do estudo 3 modelos que foram previamente instruídos sobre o procedi-


mento e antes do início da primeira sessão todos assinaram o termo de consentimento livre
e esclarecido e consentimento do uso de imagem, seguida de quatro etapas: Anamnese,
Avaliação inicial, Aplicação do protocolo de tratamento e Avaliação final.

O protocolo foi dividido em 4 sessões semanais e consistiu na aplicação de laser


vermelho de baixa intensidade com comprimento de onda de 660nm, por 20 segundos em 4
J, em todo couro cabeludo, utilizando aparelho Fluence e microagulhamento com drug deli-
very.
Realizada a higienização das regiões com álcool 70% e gaze, logo após, microagu-
lhamento com roller de agulhas 0,5cm com manobras de vai e vem, em 4 sentidos diferen-
tes, formando um asterisco, por 5 vezes em cada direção, após o término dos movimentos
foi aplicado topicamente a mescla da Optimus Pharma com os seguintes ativos: Biotina, IGF,
BFGF, VEGF, EGF, Cooper peptídeo, Minoxidil, Lidocaína, Metionina, D-Pantenol, Vit. B2,
Vit. B3, Vit. B6, L-prolina e L-taurina. O tempo de cada sessão teve duração média de 2 ho-
ras e todos os materiais utilizados foram descartados adequadamente.

Todos os participantes foram submetidos a reavaliação a cada 7 dias e aplicação de


nova sessão.

Ao término de todas as sessões foi entregue questionário para avaliar a percepção de


cada participante em relação a melhora da queda capilar e qualidade dos fios.
REFERENCIAL TEÓRICO

Estrutura Capilar

O cabelo tem seu crescimento a partir da epiderme que é avascular nela possui anexos
entre eles o folículo pilossebáceos, essas células epidérmicas deslocam-se de forma incli-
nada abrangendo a área da derme passando por um processo que chamado de invaginação
em busca de nutrientes (Souza, 2006).

O folículo divide-se em segmento superior e inferior. O segmento superior é a porção


permanente e mais superficial do folículo que chamamos de infundíbulo, indo da abertura do
folículo na superfície até a inserção da glândula sebácea, já a parte mais profunda chama-
mos de istmo que fica entre o ducto sebáceo e vai até a inserção do músculo eretor do pelo.
O segmento inferior também é dividido em duas partes: que é formado pela haste, segmento
que vai do istmo ao bulbo, e pelo bulbo, porção mais inferior do folículo (BEDIN, 2009).

Acrotríquio

Infundíbulo

Glândula sebácea
Istmo

Segmento inferior

Córtex Cutícula
Camada de Huxley Bainha interna da raiz
Camada de Henle

Medula Bainha externa da raiz

Membrana basal hialina

Matriz do pelo
Melanócitos
Células germinativas
Bulbo

Papila

Figura 1: Estrutura anatômica de um folículo pilossebáceo em detalhe.


Fonte: Manual de Dermatologia Clinica de Sampaio e Rivitti, 2014.

Segundo Rivitti (2014), cada bulbo capilar é a parte mais alargada do folículo, que possui
tecido conectivo vascular, onde está a raiz do cabelo, dentro está a papila que é responsável
pela nutrição do bulbo e reprodução das células matrizes, as fibras musculares lisas do
músculo eretor do pelo aderem, em uma extremidade, às fibras conectivas e, por outra, aos
folículos pilosos, inserindo-se abaixo das glândulas sebáceas, sua localização é de forma
obtusa em relação ao folículo, sua contração produz a verticalidade do pelo.

A papila é uma estrutura vascularizada e inervada, formada por células mesenquimais e


fibroblastos especializados, regula o ciclo de vida dos cabelos, induzindo o crescimento dos
fios e estimulando os queratinócitos e melanócitos do bulbo, determinando a espessura da
haste. Na parte mais alargada da papila dérmica passa uma linha imaginária chamada linha
crítica de Auber, onde as células originadas da matriz começam a se queratinizar. A zona de
queratinização é a parte da haste do cabelo compreendida entre a linha de Auber e a franja
de Adamson, outra linha de transição. Abaixo dela, as células da haste ainda estão vivas,
passando por processos de queratinização e acima, as células da haste já estão totalmente
queratinizadas e mortas (Ribeiro, et al; 2021).

Existem ainda três estruturas extremante importantes dentro do folículo: a primeira é o


bulge, que está localizado no istmo, conhecida como a matriz germinativa dos pelos, onde
ficam depositadas as células-troncos epiteliais e de células precursoras de melanócitos.
Quando um fio está prestes a se desprender, a papila manda um sinal para o bulge, que li-
bera uma célula-tronco que dará origem a um novo fio (Ribeiro, et al; 2021).

A bainha radicular interna é a segunda, que está dividida em cutícula da bainha, ca-
mada de Huxley e camada de Henle. Essas camadas funcionam como cilindros que permi-
tem a haste capilar se movimentarem dentro do folículo conforme o fio cresce. Quando atin-
ge a altura do istmo, a bainha radicular, que também é queratinizada, se desintegra e des-
cama (Ribeiro, et al; 2021).

A terceira é a bainha radicular externa, que é queratinizada na porção mais superficial


do istmo. Possui a função de fornecer energia ao folículo piloso, uma vez que é rica em gli-
cogênio, e é responsável por definir as diferentes curvaturas dos cabelos (Rivitti, 2014).

A porção visível do fio de cabelo é denominada cutícula, a composição se dá por 6 a 10


camadas de células que ficam justapostas em uma única direção da fibra, possui material
proteico e amorfo que servem como escudo de proteção para as células corticais, tem como
função controlar a quantidade de água na fibra, é transparente e opaca. Quando as cutículas
se abrem o cabelo fica sem brilho e poroso, por outro lado, se estiverem fechadas mais
luminosidade pode ser observada nos cabelos. É primordial que as cutículas se mantenham
fechadas para evitar fios porosos e sem brilho (Gabriel, et al; 2006).
O córtex, que por sua vez é envolvido pela cutícula, corresponde à 80% do cabelo,
confere pigmentos responsáveis pela coloração, é responsável pela elasticidade,
permeabilidade e resistência. Uma parte significativa da fibra capilar é composta por feixes
de 400 a 500 lâminas de ceratinas proteicas e abundante em enxofre e cisteína (Araujo, et
al; 2006).
A porção mais central do cabelo é denominada medula, é constituída por células não
compactadas e devido ausência de ligações pépticas tem como característica a
insolubilidade em água. Segundo Mansur e Gomoal (2004), a medula tem domínios termo
reguladores das fibras capilares, estando ausente em alguns casos (Wagner, 2006).
O complexo da membrana celular das fibras tem característica cimentante, ou seja, é
uma substância adesiva e tem como função unificar células cuticulares e corticais
adjacentes, ele representa 2% da composição da fibra, é feito de proteínas e tem baixo teor
de enxofre (Wagner, 2006).

Ciclo do cabelo

Para Machado (2017), a característica mais marcante do crescimento do cabelo é seu


ciclo. O cabelo sofre a queda e é substituído a cada período de vida e não acontece simulta-
neamente entre as unidades adjacentes.

Os fios seguem um ciclo de vida compostas por fases cíclicas correspondentes a


crescimento, involução, quiescência e regeneração. A fase de crescimento (anágena) passa
por um processo de 2 a 8 anos. Como o crescimento do cabelo é constante em 1 cm por
mês, a duração da fase de crescimento é decisiva no comprimento final do cabelo. Tanto a
duração quanto a velocidade de crescimento são determinados geneticamente, sofrendo
influências de fatores hormonais em especial o estrógeno, hormônios tireoidianos, glicocorti-
coides, prolactina, hormônios do crescimento e andrógenos, idade, estado nutricional, esta-
do geral de saúde e emocional (Ribeiro; 2021).

Assim que se encerra a fase anágena, a fase involucional (catágena) se inicia em um


processo preparatório para o fio se desprender do couro cabeludo (Machado, 2017). A Ma-
triz para de se proliferar, a melanogênese é interrompida, o bulbo se desprende da papila
dérmica, que se atrofia e se desloca para a superfície, esse processo pode durar de 3 a 4
semanas e aproximadamente 1% dos cabelos estão neste estágio (Ribeiro, 2021).
O período de quiescência do folículo piloso (telógeno) que se segue dura aproxima-
damente 3 meses. A regeneração do folículo capilar ocorre aproximadamente na primeira
semana do anágeno e, uma vez regenerado, a fase anágena continua até que o cabelo atin-
ja seu comprimento final (Zaninelli, 2017).

Anágeno Catágeno Telógeno Anágeno

Figura 2: Ciclo de crescimento do folículo piloso


Fonte: Manual de Dermatologia Clinica de Sampaio e Rivitti, 2014.

Atualmente aceita-se a queda capilar de aproximadamente 35 a 45 fios por dia, mas


vale lembrar que pessoas com maior densidade de cabelos podem perder mais fios diários
sem representar alteração capilar, também é importante considerar a avaliação do volume
de queda e a quantidade de reposição dos fios (Rivitti; 2014).

Tipos de alopecia

As alopecias são classificadas pelo grau de acometimento do folículo piloso. Podem


ser cicatriciais ou não cicatriciais, congênita ou adquirida, qualitativa ou quantitativa (Ana, et
al, 2021.

Segundo Ana et al. (2021) na alopecia cicatricial temos destruição ou atrofia do folícu-
lo piloso, sem capacidade de recuperação e nascimento de novos fios. Por outro lado, na
alopecia não cicatricial, temos uma alteração ou agressão ao folículo piloso, porém com
possibilidade de recuperação dos fios, já que suas estruturas germinativas são preservadas.
Alopecia congênita são alterações observadas desde o nascimento do indivíduo. Na Alope-
cia adquirida, observa-se uma alteração que se manifesta em determinada fase da vida, co-
mo infância, puberdade ou vida adulta (Ana et al., 2021).
Por fim, Ana et al. (2021) diz que podemos classificar como quantitativa quando se
avalia o volume de cabelo perdido e qualitativa quando se avalia a qualidade da haste capi-
lar. Diversos fatores devem ser considerados dentro da classificação quantitativa e qualitati-
va, como por exemplo uso de medicamentos, tempo de acometimento, grau de inflamação,
deficiência nutricional e outros. Atualmente existem diversos tipos de alopecias, as principais
observadas na maioria das pessoas que buscam tratamento em diferentes seguimentos es-
téticos serão abordadas a seguir.

Alopecia Androgenética
Fabiane et al. (2011) menciona que segundo a sociedade brasileira de dermatologia,
a Alopecia androgenética é a forma mais comum de queda capilar entre homens e mulheres.
É definida como hereditária e andrógeno dependente, pois sua manifestação acontece dian-
te de alterações de hormônios andrógenos, por isso acomete mulheres e homens, tendo em
vista que estes hormônios são importantes para o desenvolvimento de ambos.

A testosterona é mais presente no organismo masculino, ela se transforma em dii-


drosterona (DHT) após ser catalisada pela enzima 5 alfa-redutase (Ana et al., 2021).

De acordo com Ana et al. (2021), é de responsabilidade do DHT a libido, ativação de


glândulas sebáceas, voz grossa, massa muscular, características dos pelos (barba, genitais
e axilas). No organismo existem folículos pilosos geneticamente determinados por recepto-
res sensíveis ao DHT, sendo assim, ocorrem alterações nas fases do crescimento dos cabe-
los, atrofia dos folículos pilosos e diminuição da cor e espessura da haste capilar (miniaturi-
zação).

Conforme a alopecia androgenética evolui e associada a miniaturização, ocorre o au-


mento de óstios quenógenos (óstios vazios) no couro cabeludo, expondo partes do mesmo e
evidenciando regiões com rarefação (Ana et al., 2021).

Nos homens a alopecia androgenética inicia-se normalmente após a puberdade, exis-


tem registros de sinais precoces observados entre meninos de 15 – 17 anos de idade e tem
como característica desenvolvimento de entradas e coroas, em regiões bitemporal, frontopa-
rietal, coronal e topo da cabeça (Figura 3). Nas mulheres o início acontece entre 30 e 40
anos com piora após a menopausa, de característica com prevalência em região centropari-
etal (Figura 4), porém existem registros de mulheres com características de alopecia com
padrão masculino (Fabiane et al., 2011).

Figura 3. Classificação de Alopecia androgenética masculina. Figura 4. Classificação de Alopecia androgenética feminina.
Fonte: Tricologia e cosmética capilar de Ana et al, 2021. Fonte: Tricologia e cosmética capilar de Ana et al, 2021.

Alopecia Areata
Estatísticas encontradas na literatura revelam que a alopecia areata pode acontecer
em qualquer fase da vida, sendo mais comum entre pessoas de 20 a 50 aos de idade, pode
acontecer entre homens, mulheres e crianças (Evandro, 2005).

Segundo Evandro (2005) a alopecia Areata (AA) é uma afecção


crônica dos folículos pilosos e das unhas, de etiologia desconhecida,
provavelmente multifatorial com evidentes componentes autoimunes e
genéticos. Determina queda dos cabelos e/ou pêlos, por interrupção de
sua síntese, sem que ocorra destruição ou atrofia dos folículos, motivo
pelo qual pode ser reversível.

Devem ser levados em consideração fatores hereditários, inflamatórios, emocionais e


há relato de associação entre doenças autoimunes principalmente da tireoide e vitiligo
(Evandro, 2005).

A forma de apresentação da alopecia areata é tipicamente por placas ovaladas ou


circulares com bordas precisas, podem ser comumente unifocal, multifocal (figura 5), reticu-
lar ou ofiásica (Ana et al., 2021).
Figura 5. Alopecia multifocal masculina
Fonte: Artigo Alopecia Areata: uma revisão abrangente da
patogênese e tratamento de Ralph et al, 2017.

Figura 6. Alopecia Areata unifocal masculina


Fonte: Livro Tricologia e cosmética capilar de Ana et al,
2021.

Eflúvio Telógeno
O Eflúvio telógeno é caracterizado pela queda de cabelo diária, de forma difusa, onde
os fios entram em fase telógena, caindo normalmente entre 3 e 4 meses depois do fator
causal (Marcela, 2021).

A literatura registra diversas possibilidades de causas, são elas: febre, uso de medi-
camentos, cirurgias, lesões, dor, estresse prolongado, alterações hormonais, nutricionais,
psicológicas e outros (Ana et al., 2021).

A quantidade de fios que caem diariamente não desenvolve regiões calvas no couro
cabeludo (Figura 7). Geralmente, após eliminar a causa, o ciclo capilar retorna ao normal e o
volume de fios volta a aumentar, porém em muitos casos, devido ao impacto psicológico ne-
gativo em relação a queda capilar, o indivíduo pode desenvolver a forma crônica do eflúvio
telógeno, o que acarreta na prevalência da queda. Em casos crônicos, observa-se alteração
qualitativa e espessura diminuída da haste capilar (Ana et al., 2021). Pode-se caracterizar a
fase crônica do eflúvio telógeno quando a queda difusa tem duração superior há 6 meses
(Marcela, 2021).

Figura 7. Eflúvio telógeno feminina

Fonte: Artigo Eflúvio telógeno: Uma manifestação pós COVID-19


de Claudia e Maria, 2021.

Eflúvio Telógeno Pós Covid-19


Diante de estudos realizados em um centro dermatológico e de doenças capilares, em
novembro de 2020, observou-se que apenas queda de origem eflúvio pós infeccioso está
associada a Covid-19. Foram observados 10 pacientes e a queda capilar foi relacionada a
febre e gravidade clínica da doença. Ao final do estudo, observou-se que os pacientes recu-
peraram totalmente os cabelos no período de 3 a 6 meses. Não se evidenciou relação com
condições pré-existentes dos cabelos (Ralph et al. 2020).

Marcela (2021) verificou através de um estudo realizado com uma paciente de 35


anos, do sexo feminino, sem comorbidades, com relato de queda capilar após 3 meses do
contato com o vírus da Covid-19 que a queda capilar se deu, após picos de febre e estresse
físico, fatores que desencadearam o eflúvio telógeno temporário. Relata ainda melhora do
quadro após 5 meses de tratamento tópico.

Ainda não se sabe se a queda capilar está relacionada de fato a exposição ao vírus
ou ao estresse sofrido em relação pandemia de forma geral. Porém existe de fato um au-
mento de casos de queda capilar frequente em indivíduos infectados pelo vírus, portanto
existe a possibilidade de relação com alguma alteração da doença em si com a queda capi-
lar (Abgail et al., 2020).
Técnicas associadas
A palavra laser que significa "Luz Amplificada por Emissão Estimulada de Radiação"
vem do inglês (Light Amplification Stimulation Emission Radiation), surgiu na década de
1970 com o médico e professor Hungaro Endre Mester, inicialmente foi usado para trata-
mento de feridas e ulceras abertas com o objetivo de acelerar cicatrização do tecido (Lopes,
Pereira e Bacelar 2018).

A terapia pela luz, é utilizada para fins terapêutico para tratamentos de diversas pato-
logias como queimaduras, queloides, cicatrizes hipertróficas, alopecias, acnes, celulites, es-
trias, entre outras. É classificada através do seu comprimento de onda e da irradiação emiti-
da (UVA e UVB) (Catelan, Kobayashi e Pereira 2016).

Segundo (Lopes et al. 2018) citado por (Oliveira, Perez, Souza e Vasconcelos 2014,
p. 394). O laser de diodo é conhecido com laser de baixa potência e utilizados em tratamen-
tos estéticos com potência de miliwatts até no máximo 1W.

Zezell et al. 2004, cita que o laser de baixa potência não produz efeito térmico, se
houver aumento da temperatura local pode ser resultado do aumento do metabolismo celular
e da vasodilatação da região.

Existe duas formas de aplicar o laser de baixa potência, usando a técnica no modo
pontual ou no modo varredura. No modo pontual, o laser pode ser aplicado a uma pequena
distância da pele ou mesmo encostado, com a caneta sempre na posição perpendicular.
Nesse modo os pontos que receberão a aplicação devem estar separados a uma distância
de um a dois centímetros. No modo varredura, a região deve ser dividida em quadrados de
um centímetro cada para a aplicação do laser (Catelan, Kobayashi e Pereira 2016).

O laser de baixa potência não produz efeitos térmico, o aumento da temperatura local
pode ocorrer devido ao aumento do metabolismo celular e da vasodilatação que ocorre na
região. Os efeitos não térmicos que ocorrem com o laser de baixa potência são: efeitos foto-
químicos, fotofísicos e fotobiológicos (Lopes, Pereira e Bacelar 2018). Tais efeitos na figura
8.
Figura 8. Efeitos atribuídos à fototerapia com lasers de baixa potência. ATP= trifosfato de adenosina; RE= retículo endo-
plasmático. Fonte: (Lopes, Pereira e Bacelar 2018).

De acordo com (Ferreira, et al. 2018) existem quatro categorias de laser conforme su-
as potencias. A categoria de baixa frequência (I e II), não causa aquecimento tecidual. Cate-
gorias IIIA e IIIB, potência média e potência alta, categoria IV que é utilizada em cirurgias.

Na estética temos o laser infravermelho que é usado para tratamentos estéticos pós
cirúrgicos com a finalidade de estimular o sistema imunológico aumentando a drenagem lin-
fática, diminuindo assim a dor e a inflamação, regenerando tecido e diminuição da fibrose. O
laser vermelho possui comprimento de onda de 660nm ele é absorvido dentro da célula pela
mitocôndria e pelos lisossomos, é indicado para tratamentos estéticos pós-cirúrgicos, acne,
revitalização cutânea como flacidez tissular, rugas e estrias. O laser vermelho possui menor
penetração que o infravermelho. A fototerapia vem sendo usado como tratamento alternativo
para casos de alopecia com o objetivo de prevenir a queda capilar e também estimular o
crescimento de cabelo (Lopes, Pereira e Bacelar 2018).

A utilização da fototerapia na estética exige acompanhamento e cuidados por parte do


profissional para ter a resposta terapêutica desejada (Catelan, Kobayashi e Pereira 2016).

De acordo com os estudos analisados, acredita-se que com a associação de técnicas


é possível amenizar a queda capilar. Neste estudo optou-se por usar o laser vermelho asso-
ciado ao microagulhamento e fatores de crescimento com a finalidade de estimular o bulbo
capilar, fortalecer o fio e amenizar a queda.

A baixa potência da luz não provoca termólise e o calor gerado é suficiente para o
crescimento do fio. Durante a aplicação do laser de baixa intensidade ocorre a reversão de
folículos dormentes para folículos em crescimento. O microagulhamento usado sozinho não
será satisfatório para reverter um quadro de alopecia, por isso é recomendado a associação
de outras técnicas.

O microagulhamento foi criado pelos Chineses e teve sua origem através da acupun-
tura. É considerada uma técnica promissora e de baixo custo. Aplicada através de um roller,
o equipamento tem na sua ponta um rolo com microagulhas embutidas, feitas de aço inoxi-
dável, estéreis, com comprimento que varia de 0,25mm a 2,5mm de diâmetro (Rocha, 2017).

Durante a aplicação da técnica, o rolo é passado de 15 a 20 vezes sobre a pele na


horizontal, vertical e na diagonal, levando ao quadro de hiperemia local, com duração de 15
a 20 minutos de acordo com o tamanho da área a ser trabalhada (Rocha,2017).

A aplicação tem como finalidade melhorar a oxigenação folicular, a comunicação celu-


lar entre as estruturas dos folículos e suas adjacências, estimular a vasodilatação, aumentar
a disponibilidade de nutrientes, além de aumentar a permeação de ativos (Rocha,2017).

As lesões provocadas através do microagulhamento desencadeia um processo infla-


matório local a nível dérmico provocando uma indução percutânea de colágeno, consequen-
temente aumentando a síntese de colágeno e elastina para restituir o tecido lesado. (Bacelar
et al. 2018).

Segundo Bacelar et al (2018) a técnica de microagulhamento permite que ocorra uma


melhor permeação desses ativos, aumentando a penetração de moléculas maiores em até
80%, potencializando assim os resultados finais.

Os fatores de crescimento contribuem para a vasodilatação e nutrição dos tecidos,


formação de novos folículos capilares e surgimento de novos capilares sanguíneos, pela
inibição da enzima 5-alfaredutase, responsável pela atrofia dos folículos capilares (Silvia e
Magnus, 2018).

Os fatores de crescimento IGF, bFGF, aFGF, VEGF, Cooper Peptídeo possuem ação
reguladora dentro das células, que no tratamento estimula o crescimento capilar, tendo ação
anti 5 alfa redutase e reverte a atrofia folicular. Esses ativos tem capacidade de serem asso-
ciados a vários tratamentos como pós-laserterapia e microagulhamento (Bacelar et al. 2018).
O Minoxidil parece agir estimulando os folículos pilosos, principalmente os dormentes,
prolongando a fase anágena (Valente et al 2018).

A metionina, biotina e taurina, são alguns aminoácidos usados na formação da quera-


tina. A influência da taurina como fator de crescimento envolvido na patogênese da alopecia.
As vitaminas do complexo B, auxiliam o suporte nutricional do crescimento do fio e têm pa-
pel importante na formação da queratina (Rebelo, 2015).

Análise de ativos

Tabela 1: Princípio ativo presente nas mesclas capilares.

ATIVOS CONCENTRAÇÃO AÇÃO FARMACOLÓGICA

Age como coenzima no processo de fixação do dióxido de


carbono e na síntese e oxidação de ácidos graxos. É essenci-
Biotina 15mg
al para o crescimento celular, homeostase da glicose e para
síntese do DNA.

Potente citocina cicatrizante, acelera a remodelação do tecido


IGF (Fator de Cres- na formação de tecido de granulação saudável. Especialmen-
1% te indicada para ferimentos com desordens vasculares ou
cimento Insulínico)
influenciados por diabetes.

BFGF (Fator de Importante sinalizador para fibroblasto na síntese de matriz


Crescimento Fi- 1% extra celular de boa qualidade. Preventivo de queloides e cica-
broblástico Básico) trizes hipertróficas.

VEGF (Fator de Citocina angiogênica de ação vasodilatadora simultânea. Re-


Crescimento Vas- 1% verte a atrofia folicular induzida pela DHT. Aumenta o tamanho
cular) dos folículos.

EGF (Fator de Ação reepitelizante, estimula a diferenciação de queratinóci-


Crescimento Epi- 1% tos. Diminui a pigmentação da pele em decorrência de pro-
dermal) cesso inflamatório. Acelera a renovação celular (Turn Over).

Cooper peptídeo Peptídeo de cobre com forte ação anti 5 alfa redutase. Rever-
(Copper Tripeptí- 1%
te atrofia folicular induzida pela DHT. Fortificante.
deo)

Metaboliza-se amplamente pelo fígado e é eliminado como


Minoxidil 10mg droga livre (10-15%) e metabolizado pela urina, O efeito antia-
lopécio é explicado pelo maior fluxo vascular cutâneo.

A lidocaína estabiliza a membrana neuronal por inibição dos


Lidocaína 20mg fluxos iônicos necessários para o início e a condução dos
impulsos efetuando deste modo a ação do anestésico local.

A Metionina pode ser classificada como glicogênica porque é


Metionina 30mg
metabolizada em ácido pirúvico através da succinil-CoA.
O Pantenol é convertido a ácido pantotênico, constituinte da
D-Pantenol 15mg Coenzima A, que atua como carreadora nas reações de aceti-
lação do Ciclo de Krebs.

A vitamina B2, participa do processo de síntese enérgica em


Vit. B2 1mg nível de cadeia de transporte de elétrons (CTE), auxiliando na
produção de adenosina trifosfato (ATP).

São vários os mecanismos de ação da nicotinamida, incluindo


Vit. B3 10mg varredura de elétrons, inibição da 3´-5´-AMP fosfodiesterase
e/ou aumento da conversão do triptofano e serotonina.

É uma vitamina hidrossolúvel, envolvida

principalmente no metabolismo dos aminoácidos e também no


Vit. B6 10mg metabolismo glicídico e lipídico, necessária também para a
formação da hemoglobina.

O passo inicial para a biossíntese da prolina é a conversão do


ácido glutâmico em semialdeído-γ-glutâmico pela ação da
L-prolina 15mg pirrolina-5-carboxilato sintetase. Esta ação é seguida de cicli-
zação espontânea com formação de pirrolina-5-carboxilato e
redução em prolina pela redutase.

É um aminoácido dito não-essencial, pois apesar de poder ser


obtido da alimentação diária, pode

L-taurina 20mg também ser sintetizado (no fígado e no cérebro) pelo nosso
organismo através dos aminoácidos.

metionina e cisteína e da piridoxina (vitamina B6).

Fonte: INFINITY PHARMA. Disponível em: Produtos A-Z – Infinity Pharma ®. Acessado em 30 jul.2021.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em 2020 a organização mundial da saúde declarou que o mundo estava oficiamente


enfrentando uma pandemia causada pela Covid-19. O vírus com alta transmissibilidade
infectou pessoas em mais de 200 paises no mundo, tendo como característica clínica
sintomas gripais, manifestações pulmonares, cardiovasculares e casos de indivíduos
assintomáticos (Singhal, 2020).
Além de sintomas agudos, o vírus manifestou sintomas tardios e que se tornaram
comuns entre os paciente acometidos pela doença, dentre elas o relato de queda capilar
(Karolina et al, 2020).
A queda capilar causa grande impacto na vida de um indivíduo, pode desencadear
problemas psicológicos e contribuir para baixo autoestima. Sentimentos de medo e angustia
são comuns em pacientes com queda abrupta de cabelos.
A escolha do tratamento para queda capilar deve unificar técnicas para um resultado
efetivo, o microagulhamento isoladamente não apresenta resultados satisfatórios (Revista
saúde, 2018).
O laser de baixa intensidade apresenta ação biostimulante, microcirculação local,
regeneração, produção de colágeno, elastina e tem ação antiiflamatória. Esta terapia
favorece o crescimento de novos fios e auxilia na sustentação dos mesmos no folículo, além
de melhora da espessura da estrutura dos fios (Revista saúde, 2018).
Associando microagulhamento com drug delivery e laser de baixa intensidade
podemos obter um resultado satisfatório na queda capilar. Este estudo apresenta
associação das duas técnicas.
Participaram do do tratamento 3 modelos. Sendo 1 do sexo masculino e 2 do sexo
feminino. A média de idade é 39,3 anos entre 31 e 52 anos.
Após finalizado o período de tratamento com duração de 30 dias, incluindo 4 sessões
1 vez por semana, os modelos foram reavaliados e submetidos à um questionário para
avaliação de satisfação e assim compreender os impactos e persepção de cada um sobre o
tratamento.
Conforme observado nos gráficos 1 e 2, um total de 100% dos modelos perceberam
crescimento de novos fios e diminuição da queda capilar.
Gráfico 1 – Pesquisa de crescimento de novos fios.

Gráfico 2 – Pesquisa de pausa na queda pré existente.

Relacionado a percepção de dor 33% mencionam ausência de dor, 33% dor leve e
33% dor moderada. A dor porém não tem impacto negativo, pois 100% dos modelos
recomendariam e realizariam o procedimento novamente conforme observado no gráfico 3,
além de relatos descritos a seguir:
Gráfico 3 – Pesquisa relacionada a persepção de dor dos modelos.

Fonte: Questionário para avaliação de satisfação aplicados para os voluntários deste estudo.

Pode-se observar relato de cefaléia em um modelo ao término da segunda sessão


que reverteu espontaneamente horas após.
Uma modelo apresentou descamação leve do couro cabeludo 24 horas após a
primeira sessão, revertendo totalmente após 48 horas.
Foram realizado registros fotográficos a fim de realizar comparação em relação ao
início do tratamento.

Modelo 1

Antes das
sessões

Após 4
sessões
MODELO 2

Antes das
sessões

Após 4
sessões

Fotos enviadas pela modelo evidenciando quantidade de queda capilar ao pentear os


cabelos após o banho: Primeira foto antes da primeira sessão; Segunda foto 7 dias após a
primeira sessão; Terceira foto 7 dias após a segunda sessão; Quarta foto 7 dias após a terceira
sessão e última foto 7 dias após a quarta e última sessão.
Modelo 3

Antes
das
sessões

Após 4
sessões
CONCLUSÃO

O protocolo desenvolvido apresentou um resultado satisfatório, tendo destaque a


escolha de ativos específicos, levando em consideração as necessidades relacionadas ao
efluvio telógeno e possíveis deficiências causadas pelo vírus, tendo como exemplo ativos
como amionoácidos, vitaminas e fatores de crescimento.
O estudo demonstrou a eficácia da aplicação de microagulhamento associada ao
laser de baixa intensidade no tratamento do efluvio telógeno em pós infecção por Covid-19,
através de registros fotográficos comparativos e percepção dos modelos.
Percebeu-se uma leve melhora no crescimento de novos fios e diminuição de queda
capilar, houve relato de melhora na vitalidade e aparência dos fios, porém o tempo de
tratamento não foi favorável devido instabilidade que a pandemia ocasionou.
Vale ressaltar que o estudo não é conclusivo pois são necessários mais pesquisas
dentro deste tema tão recente.
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