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DIREITO CONSTITUCIONAL II

AULA I

- ART. 18 CF: “A organização político administrativa da República Federativa do Brasil compreende


a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.”

- FORMAS DE ESTADO: corresponde ao modo do exercício do poder relativamente ao território


nacional. Pode ser: a) Unitário; b) Federado.

a) Estado Unitário: é aquele em que o poder estatal encontra-se localizado em um único centro.
Dito de outra forma, no Estado Unitário não há distribuição do poder por diversos entes componentes
do território nacional, concentrando-se em um único centro, do qual emanam todas as decisões
políticas. Ex: Uruguai.

O Estado unitário pode se apresentar sob as seguintes formas: Estado Unitário puro, Estado Unitário
descentralizado administrativamente e Estado Unitário descentralizado política e administrativamente.
Estado Unitário Puro é aquele em que o poder político concentra-se em uma única unidade estatal.
Descentralizado administrativamente, a seu turno, é o Estado Unitário que, embora tenha as decisões
políticas fundamentais concentradas em uma única unidade, distribui competências administrativas a
outras unidades distribuídas pelo território nacional, às quais incumbe, apenas e tão-somente, a
implementação administrativa das decisões políticas já adotadas. Por fim, Estado Unitário
descentralizado política e administrativamente é aquele em que, além da distribuição de plexos de
atribuições administrativas, há também a distribuição às outras unidade de limitado poder
discricionário, o qual encontra-se devidamente sujeito aos limites imposto pelo unidade detentora do
poder estatal.
Observe-se que no Estado Unitário descentralizado administrativamente e no Unitário descentralizado
política e administrativamente não é conferida autonomia às unidades descentralizadas. No dizer de
José Afonso da Silva há uma descentralização do tipo autárquica e não do tipo federativo.

b) Estado Federado: é aquele em que o poder político se encontra distribuído entre diversas entes, os
quais exercem suas decisões políticas com a devida autonomia. A nota fundamental, portanto, desta
forma de governo, é a existência da divisão do poder político entre as diversas unidades componentes
do Estado, sendo certo que cada entidade exerce o poder que lhe foi atribuído com autonomia. A
depender da forma da distribuição de competências entre os diversos entes poderemos ter: 1)
federação dual: é aquela em que há rígida divisão entre as competências distribuídas entre o poder
central e as unidades federadas, exercendo cada qual suas atribuições. Ex.: EUA; 2) federação
cooperativa ou de cooperação: é aquela em que não há a rígida distribuição de competências entre os
entes federados. Ex: Brasil.

Nota fundamental do Estado Federado é a inexistência do direito de secessão, isto é, vige a


indissolubilidade do vínculo federativo, sendo certo que, uma vez formada a Federação, não poderão
seus integrantes dela se retirar por vontade própria. No Brasil tal característica resta literal no art. 1º da
CF, e a tentativa de sua violação renderá ensejo à conseqüência mais gravosa existente em um Estado
Federado, qual seja, a intervenção (art. 34, I, CF).

Confederação: é a união de diversos Estados Soberanos, feita mediante tratado, sob as regras de direito
internacional, e com vistas à realização de interesses comuns. Nota fundamental de seu regime é a
dissolubilidade do vínculo, isto é, a existência do direito de secessão.

- FORMA DE GOVERNO: diz respeito à forma de instituição do poder na sociedade e à relação entre
governantes e governados. Pode ser república ou monarquia.

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a) República: deriva de res publica, ou, em vernáculo, coisa pública. A forma republicana de governa
tem como notas fundamentais as seguintes: a) eletividade dos detentores do poder; b) temporariedade
dos mandatos; c) representatividade do povo; e d) responsabilidade (dever de prestar contas).

b) Monarquia: é a forma de governo que tem as seguintes características essenciais: a) hereditariedade;


b) vitaliciedade; c) não representatividade do povo; e d) irresponsabilidade (inexistência do dever de
prestar contas).

- SISTEMAS DE GOVERNO: diz respeito às relações entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo
no exercício das funções governamentais. São dois os principais sistemas existentes: presidencialista e
parlamentarista.

a) Presidencialista: possui as seguintes características essenciais: 1) independência entre os poderes; b)


chefia monocrática (chefe de Estado e Chefe de Governo); 3) mandato por prazo certo; e 4)
responsabilidade de governo perante o povo.

b) Parlamentarista: 1) interdependência entre os poderes; 2) chefia dual (Chefe de Estado – Presidente


ou Monarca – e Chefe de Governo – Primeiro-Ministro); 3) mandatos por prazo indeterminado
(responsabilidade de governo perante o parlamento e do parlamento perante o povo).

- REGIMES DE GOVERNO: diz respeito à maior ou menor participação do povo no exercício do


poder. Dois ao os regimes de governo: democracia e autocracia.

a) Democracia: há participação do povo na escolha do governante, fiscalização do exercício de


seu poder e participação do povo na elaboração das normas às quais sujeitar-se-ão. A
democracia pode ser: 1) direta: o povo exerce diretamente o poder, elaborando as leis,
administrando e julgando; 2) indireta ou representativa: nesta o povo, fonte primária do poder,
elege representantes para, em seu nome, exercer os poderes estatais, haja vista a
dificuldade/impossibilidade da democracia direta em face da extensão territorial e/ou
densidade demográfica; 3) democracia semidireta: combina a democracia indireta com
elementos da democracia direta, como, por exemplo, o plebiscito e o referendo. É o sistema por
nós adotado.
- A FEDERAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988: O Brasil nem sempre foi uma república e, nem
mesmo, uma federação. Inicialmente, tínhamos a forma monárquica de governo e a forma unitária de
estado. Foi, portanto, a partir de um Estado Unitário que se formou a federação brasileira. Trata-se de
um caso de formação da federação por desagregação, também chamada de formação centrípeta (de
fora para dentro), ao contrário do que se deu com a federação norte-americana. Nesta, existiam estados
independentes que, por força de um tratado, formaram um confederação que, posteriormente, veio a se
tornar um único estado federado, deixando seus integrantes de ter soberania para passar a deter
autonomia. Houve, assim, uma formação de federação por agregação, num movimento centrífugo (de
dentro para fora).

Observe-se que os entes federados são dotados de autonomia, e não de soberania, atributo único e
exclusivo da República Federativa do Brasil, pessoa jurídica de direito publico externo. A soberania
caracteriza-se por ser um poder que não encontra nenhum outro que lhe esteja no mesmo ou em
superior patamar, na ordem interna, e que atua em pé de igualdade com outros Estados na ordem
externa. Autonomia, de outro lado, é o limite de atribuições conferidas constitucionalmente, dentro do
qual o ente federativo goza de ampla liberdade.

Embora a autonomia seja a regra, é possível que a mesma seja suspensa em hipóteses excepcionais e
taxativas (art. 34 CF).

Visando assegurar o equilíbrio da Federação brasileira, o legislador constituinte houve por bem criar
uma estrutura legislativa que contempla como característica a existência: a) de divisão de competência
entre os diversos entes federativos, não obstante as competências mais relevante estejam em poder da
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União, o que leva Celso Bastos a afirmar que, em nossa federação, há uma concentração de poderes
maior em favor da União do que em diversos estados unitários; b) repartição constitucional de rendas;
c) participação do ente federativo na elaboração das leis; c) divisão das competências tributárias; d)
existência do controle de constitucionalidade; e) imunidade recíproca; f) intervenção federal; g)
existência de um Tribunal com atribuições de Tribunal Constitucional (STF).

- DA UNIÃO: .....

AULA II
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA

1) UNIÃO: considerações gerais. Autonomia. Diferença entre União como ente político dotado de
autonomia e como representante da República Federativa do Brasil.

2) ESTADOS-MEMBROS: autonomia revelada pela tríplice capacidade de auto-organização e


normatização próprios, auto-governo e auto-administração.

a) Auto-organização: revela-se pela possibilidade de edição de sua própria Constituição e leis que
elaborar, sujeitando-se, porém, aos seguintes princípios: sensíveis, extensíveis e estabelecidos
(limitações expressas vedatórias, limitações expressas mandatórias, limitações implícitas e limitações
decorrentes do regime adotado)

b) Auto-governo: possibilidade de escolha de seus próprios governantes. Composição da Assembléia


Legislativa. Governador e mandato.

c) Auto-Administração: revela-se pelos exercício das competências.

* Regiões metropolitanas, microrregiões e aglomeração urbana.

3) MUNICÍPIOS: também são dotados da tríplice capacidade. Especificidades. Mandato do prefeito e


foro por prerrogativa de função: análise sistemática face ao Texto Constitucional. Vereadores:
imunidade material.

4) DISTRITO FEDERAL: autonomia revelada pela tríplice capacidade: especificidades.

5) FORMAÇÃO DOS ESTADOS: incorporação, e desmembramento para criação de outros estados


ou territórios, ou para anexação a outros estados já existentes. Condições: aprovação da população
diretamente interessada (plebiscito) e aprovação do CN (lei complementar).

6) FORMAÇÃO DE MUNICÍPIOS: criação, incorporação, fusão ou desmembramento depende de:


a) lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal; b) aprovação da
população diretamente interessada: c) estudo de viabilidade.

AULA III
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

1) COMPETÊNCIA. Conceito: “faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, órgão ou agente


do Poder Público para emitir decisões.” (José Afonso da Silva)

→ Critério adotado para a divisão das competências: PREDOMINÂNCIA DO INTERESSE. Assim,


temos (Alexandre de Moraes):

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ENTE FEDERATIVO INTERESSE
União Geral
Estados Regional
Municípios Local
Distrito Federal Regional + Local (salvo art. 22, XVII)

A competência encontra-se dividida na CF/88 em duas espécies: competências administrativas e


competências legislativas (não cuidamos, aqui, da competência tributária). Desta maneira,
encontramos:

a) COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

COMPETÊNCIA
ADMINISTRATIVA

COMUM
EXCLUSIVA
(ART. 23 CF)

PODERES ENUMERADOS PODERES RESERVADOS


(ART. 21 e 30 CF) (ART. 25, § 1º CF)


Competência remanescente dos Estados

→ Competência remanescente: origem nos EUA e prevista em todas as Constituições Republicanas Brasileiras. Parte do
pressuposto de que o poder dos Estados é a regra e da União, a exceção.

b) COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

COMPETÊNCIAS
LEGISLATIVAS

PRIVATIVA DA EXCLUSIVA DO
CONCORRENTE* RESERVADA DO DF REMANESCENTE
UNIÃO MUNICÍPIO
(ART. 24) (ART. 32, § 1º) (ART. 25, º 1º)
(ART. 22) (ART. 30, I)

SUPLEMENTAR OU
SUPLEMENTAR
COMPLEMENTAR
DOS MUNICÍPIOS
DOS ESTADOS
ART. 30, II
ART. 24, § 2º


Não confundir com supletiva (art. 24, § 3º e 4º)

→ Distinção entre competência privativa e exclusiva: para José Afonso da Silva, a competência exclusiva não admite
delegação, enquanto a privativa sim (ex.: art. 22, par. único). Reconhece, porém, que a CF foi atécnica no emprego das
expressões. Este não é, contudo, o entendimento de Fernanda Dias Menezes de Almeida, para quem a CF não admite tal
distinção.

→ Art. 22, XI e transporte intermunicipal: posição do STF.

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→ Delegação de competência (art. 22, parágrafo único): são requisitos para a delegação: a) formal: lei complementar; b)
material: determinação de ponto específico; c) implícito (art. 19): não estabelecimento de distinções.

* Competência concorrente: pode ser: a) cumulativa: quando a CF não estabelece distinção entre os comepetentes para
legislar sobre a matéria; b) não-cumulativa ou vertical: União disciplina normas gerais e Estados complementam. É o por
nós adotado (art. 24, § 2º)

→ Competência dos Municípios: interesse local, que, segundo Alexandre de Moraes “refere-se àqueles interesses que
disserem respeito mais diretamente às necessidades imediatas do município, mesmo que acabem gerando reflexos no
interesse regional (Estados) ou geral (União)...”

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