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FACULDADE CENECISTA DE VARGINHA

Administração e Ciências Contábeis: Reconhecimento pelo Decreto Federal Nº 76177/75 - D.O. 02/09/75
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Curso de DIREITO
Disciplina: Comunicação Jurídica (COJ) – 3º Período
Professora: Lenise Grasiele de Oliveira

Argumentação
MEDEIROS (2004: 166 – 179) (184 – 188)

l Introdução

A linguagem, além de instrumento adequado à nomeação de objetos e seres, constitui-se em


elemento de produção de sentidos: ela representa e é capaz de criar realidades, dirigindo as
relações sociais. Pode instaurar uma realidade imaginária, antecipar o que ainda não existe, dar
nova vida ao passado.
Num dos mais antigos estudos sobre a linguagem, de Aristóteles, A arte retórica, encontra-se a
divisão das variadas modalidades discursivas: textos poéticos (narrativos), científicos
(argumentativos), enumerativos (descritivos). Não obstante a divisão, é de se dizer que os textos
não se apresentam sob a pureza de uma modalidade, pois o que existe é a predominância de
um tipo em um mesmo texto. Será dissertativo o texto em que predominar a argumentação, a
exposição de ideias, pontos de vista, mas isso não significa que nele não haja passagens
narrativas e dissertativas. Modernamente, afirma-se que a característica de todo texto é a
narratividade.
Narratividade é a mudança de estados, de situações que é realizada pelo fazer
transformador de um sujeito, que age no mundo e sobre o mundo em busca de certos valores
investidos nos objetos. O destinador estabelece um contrato com o destinatário, a fim de atingir
determinado objetivo. As estruturas argumentativas de um texto, ao contrário das narrativas,
encontram-se em um nível mais superficial, visto que se trata da relação do enunciador com o
enunciatário.
Argumentação é um procedimento que se utiliza para tornar uma tese aceitável. Argumentos
e provas motivam o convencimento, levam à persuasão.
O autor de textos argumentativos elabora um elenco de hipóteses de trabalho, afirmações
sobre um assunto. Suponhamos:
• O sistema prisional brasileiro é inadequado aos criminosos que há na sociedade atual,
porque as leis penais são antigas.
• O sistema prisional brasileiro precisa de reformas, porque se apoia exclusivamente em
retirar o criminoso da sociedade e não em reeducá-lo.
• O tratamento desrespeitoso com relação aos direitos humanos, a tortura, que ocorre
nos presídios brasileiros, principalmente devido à ação de agentes penitenciários,
está a exigir uma reforma do sistema prisional no Brasil.
• A sociedade brasileira precisa ocupar-se sobretudo com a educação dos jovens se
quiser eliminar parte dos problemas oriundos de seu ultrapassado sistema prisional.
Se imaginarmos que o redator tenha optado pela primeira hipótese, evidentemente, poderá
utilizar as demais como argumento para reforçar sua tese de que não se trata apenas de
reforma do sistema prisional, que alterações nessa área só surtirão efeito se se levarem em
consideração fatores mais amplos que apenas o encarceramento de criminosos, como fatores
relativos à educação dos jovens e transformações culturais de respeito a direitos humanos.
Elaborada a tese a ser defendida, é preciso reunir argumentos, provas que ajudem a
demonstrar para o destinatário a validade das ideias, das afirmações apresentadas. Vejamos
que, enquanto demonstramos uma tese, algumas hipóteses podem ser paulatinamente
rejeitadas, outras, validadas. A defesa de uma tese obviamente exige pesquisa sobre o assunto
em jornais, revistas, livros de referência, livros especializados. Tais procedimentos auxiliam a
tornar o texto coerente e capaz de persuadir o destinatário.
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2 Expedientes da Argumentação
Como se estrutura um texto argumentativo? Esse tipo de discurso é muito comum na vida
cotidiana: aparece nos textos jurídicos, na publicidade, nos artigos jornalísticos, nos comentários
políticos e económicos, literários, sobre música, teatro, artes plásticas. Em todas essas
manifestações, há ideias, pontos de vista, debates, discussões.
A marca do texto argumentativo é convencer ou persuadir por meio de um conjunto de
recursos oferecidos pela língua. Compreender como funciona a linguagem é antes de tudo
tornar-se cidadão, tendo em vista que os discursos "podem igualmente libertar ou oprimir,
manipular ou revelar como é feita a manipulação" (CITELLI, 1994, p. 8). Para confirmar essa
ideia, observamos que os regimes democráticos ou totalitários mantêm-se pelo uso da
linguagem persuasiva, que é argumentativa. Os mais diversos interesses de classe são
defendidos mediante argumentos que têm em vista convencer o receptor. A linguagem serve
para atingir determinados objetivos, ela defende intenções.
A propaganda, um artigo jornalístico, uma peça forense, um discurso, uma monografia
têm em vista convencer o receptor mediante variados recursos oferecidos pela língua. A
persuasão é a marca distintiva desse tipo de comunicação. A linguagem, portanto, não é
neutra nem ingênua; ela cumpre objetivos e realiza intenções.
A produção de sentidos resulta do esforço humano para estabelecer redes de
comunicação para informar, convencer, explicar, transmitir emoções.
Vimos que a língua possui variantes que são utilizadas segundo as necessidades do
emissor. Há ocasiões em que utiliza uma variante mais “culta”, porque a situação é formal e
exige determinadas formas verbais e rejeita outras. No entanto, em outras ocasiões, pode-se
optar por uma variante distensa, despreocupada com os rigores gramaticais e adequada para
situações informais. Isso não significa que uma seja melhor ou pior que a outra. São apenas
diferentes e se aplicam a uma sitação e não à outra. Veja-se, por exemplo, uma mesma
notícia veiculada por diferentes empresas de comunicação. Varia a linguagem conforme o
canal utilizado: Veja, Isto É, Época, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Diário de São Paulo,
Agora. E ainda considerem-se as variantes do jornalismo eletrônico (Internet). Conforme o
veículo de comunicação utilizado, a linguagem será mais ou menos formal, mais ou menos
tensa. Há canais que preferem a variante familiar, a que se coloca equidistantemente dos
extremos: nem popular nem excessivamente formal.
Dependendo, pois, da situação, o emissor escolhe a variante que é mais eficaz para
atrair o leitor e persuadi-lo. Utiliza a variante mais eficaz para a criação de certos efeitos que
contribuirão para convencer, persuadir, alcançar seus objetivos. Argumentos e provas servem
para validar a ideia que se quer defender.
O texto argumentativo defende um ponto de vista, que é formado por experiências
acumuladas, educação familiar, amizades, leituras, informações obtidas, desenvolvimento da
capacidade de compreender e elaborar uma mensagem de modo que a outra pessoa
entenda o que se deseja transmitir. O ponto de vista serve para manter a unidade do texto.
A visão que se tem do mundo é constituída pela formação discursiva. Não há um
ponto de vista que seja essencialmente original e individual, livre das circunstâncias
econômicas, sociais e culturais que o envolvem. As opiniões são resultado de concepções de
todo um grupo, do meio em que se vive. Ensina Citelli (1994, p. 18) que, "mesmo quando
emitimos opiniões, o fazemos no geral, orientados por concepções que tendem a ser cifradas
nos discursos com os quais convivemos". A originalidade discursiva tende a zero, enquanto sua
característica fundamental é a paráfrase, a repetição. É ilusória, portanto, a autoria de um
discurso. Somos, quando muito, autores de textos, mas o discurso não é nosso; pertence a
uma formação discursiva que, por sua vez, pertence a uma ideologia1.
Os atos de linguagem apóiam-se em um conjunto de valores e experiências sociais,
produto do ambiente cultural, da situação econômica que se vive. Entre o que se fala e o
interesse de uma classe social a que se pertence há correspondência. Vejamos um exemplo
prático: o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra. Podemos defender o movimento ou criticá-
lo, dependendo da formação discursiva a que nos filiemos. Dentro de uma formação discursiva
de defesa de valores humanos, como direito ao trabalho, à vida e, portanto, direito de

1
Para uma maior compreensão do conceito de Discurso, cf. obras de Mikhail Bakhtin.
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produzir alimentos para sobreviver, defendem-se os trabalhadores sem-terra; dentro de uma


formação discursiva de direito à propriedade, qualquer ocupação de terra alheia soará como
uma agressão ao estado de direito. Assim, defendemos ideias que não são pessoais, mas do
grupo do qual participamos. Podemos defender ou condenar um governo, a pena de morte, o
aborto, as drogas, conforme o discurso dominante seja favorável ou contrário a essas ideias.
Assim, certa formação discursiva domina outra. Há constante luta entre as formações
discursivas que expressam diferentes interesses sociais. Não podemos esquecer a influência
dos meios de comunicação social, e também que as pessoas não estão condenadas à
passividade.
Uma pessoa forma seu ponto de vista com base no cruzamento de várias formações
discursivas; o discurso individual é marcado por outros discursos, de leituras, convivência,
informações de que a pessoa toma conhecimento, enfim a trajetória cultural do indivíduo. Por
isso, no estudo de textos argumentativos convém conhecer os elementos formadores do
ponto de vista. A primeira estratégia utilizada por um autor, consciente ou
inconscientemente, é a escolha de uma variante de linguagem adequada a seus
interlocutores e ao próprio assunto de que trata.
Suponhamos a formação discursiva de um texto como de linha contrária à privatização do
sistema penal ("em vez de pensarmos no recurso à privatização de uma atuação que é própria
do Estado..."). Essa formação opõe-se à ideologia de que a recuperação de indivíduos
transgressores da ordem social possa ser objeto de exploração capitalista. Opõe-se ao
mercantilismo aplicado ao sistema penal. Trata-se, pois, de uma formação discursiva que
tende a salvaguardar direitos humanos.
Pode-se então fazer uso da referência a algum ministro do STF para ilustrar seu texto e
de uma prova extralinguística (a referência aos EUA, por exemplo) para dar apoio a suas
ideias: a de que, embora esse país tenha adotado a experiência da privatização das prisões,
já há algum tempo vem revertendo-a.
Em seguida, poderia enumerar os problemas do sistema penal brasileiro: (a) a
deterioração em que se encontra o processo de cumprimento de pena; (b) a inadequação do
Código Penal à criminalidade atual; (c) o surgimento de leis que desfiguraram o Código Penal
(Lei de Crimes Hediondos); (d) a convivência de criminosos de alta periculosidade com
criminosos de baixa periculosidade; (e) os julgamentos sem conhecimento da pessoa a ser
julgada, o julgamento de papéis; (f) a Justiça ausente da periferia; (g) o volume de trabalho
incapaz de atender à demanda; (h) o preconceito social em relação ao egresso de
penitenciárias; (i) a construção de inúmeras prisões em que o preso fica segregado, e há
promiscuidade e ócio.
Já ao término do texto, o articulista poderia apresentar suas propostas de um novo
sistema penal: (a) reforma da polícia (unificada, civil, profíssionalizada); (b) judiciário mais
próximo do povo; (c) pequenos presídios e acompanhamento dos condenados por um juiz.
Finalmente, opõe-se à repressão, considerando que em primeiro lugar se deveria
cuidar da prevenção. A individualização da pena deveria servir para reeducar o delinquente.
O autor poderia construir seus argumentos valendo-se de uma descrição da situação penal
brasileira e apresentando soluções que lhe parecem mais adequadas que a simples
privatização do sistema penitenciário.
Um texto argumentativo vale-se, portanto, de vários expedientes de argumentação,
como o diálogo com outros textos (intertextualidade). No caso hipoteticamente citado, o
autor dialogaria com textos de linha que buscam salvaguardar direitos individuais, como o
noticiário quotidiano, como o Código Penal e outros. A constituição de um ponto de vista
(essência da argumentação) resulta da observação criteriosa da realidade, de leituras, da
capacidade de compreensão dos fatos do dia a dia.

3 Implícitos
Os expedientes argumentativos mais comumente utilizados são o pressuposto e o
subentendido.
Diana Barros (1988, p. 99) afirma que "Ao enunciador é oferecida a possibilidade
linguística de jogar com conteúdos implícitos, para fazer passar os valores e deles
convencer o enunciatário."

Para implicitar conteúdos, há dois grupos: os pressupostos e os subentendidos.


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3.1 Pressupostos
A pressuposição pode ser estudada de duas formas distintas:
a) para uns, os pressupostos são vistos como condições de emprego, lógico ou não.
Exemplo: "Roberto continua triste." Roberto era triste antes é condição de verdade
(emprego lógico ou condição para que o enunciado atinja o fim pretendido, para
que a afirmação "Roberto é triste" se realize e a informação passe). Para Ducrot,
houve dois atos de linguagem: o de afirmar a tristeza atual de Roberto e o de
pressupor sua tristeza anterior. O autor utiliza, para explicar a pressuposição, a
teoria dos atos de fala. Ora, descrever a pressuposição como um ato de fala
equivale a introduzir o implícito entre o enunciador e o enunciatário;
b) para outros, os pressupostos são elementos do conteúdo, parte integrante do
sentido.

A escolha dos pressupostos limita a liberdade do destinatário, porque sua conservação


é uma das leis definidoras do discurso. Se o destinatário quiser prosseguir o discurso
iniciado, precisa tomar os pressupostos como quadro de referência de sua própria fala.
O ato de pressupor um conteúdo consiste em situá-lo como já conhecido do
enunciatário e em apresentá-lo como fundo comum, no interior do qual o discurso deve
prosseguir.
O pressuposto não é objeto de discussão, pois não se coloca como assunto do discurso
que vem a seguir.
Opõem-se conteúdos postos e conteúdos pressupostos que, juntos, satisfazem às
condições de progresso e de coerência do discurso. O conteúdo pressuposto garante-lhe a
coerência, assegura-lhe a necessária redundância, enquanto o progresso discursivo se faz no
nível do conteúdo posto.
Ao pressupor um conteúdo, o enunciador determina sua aceitação como condição de
manutenção do "diálogo", atingindo, portanto, o direito de fala do enunciatário e
estabelecendo os limites do que pode ou não ser dito para que o discurso continue.
Se o enunciatário recusa o pressuposto, o discurso não pode prosseguir e cria-se uma
situação polêmica. Nesse caso, está sendo posto em dúvida, com a recusa, o direito de o
enunciador organizar seu discurso da forma que melhor lhe convém; esse direito faz parte
das regulamentações linguísticas da interação social. Pode-se discutir, negar, não aceitar o
posto, o conteúdo explicitado, mas não o pressuposto, pois equivale a desqualificar o
enunciador e a impedir o prosseguimento do discurso.
A pressuposição, segundo Ducrot, aprisiona o enunciatário num universo intelectual que
ele não escolheu e que ainda assim não pode negar ou dele duvidar, sem recusar, ao mesmo
tempo, todo o discurso.
A pressuposição tem muitas vezes emprego retórico. O enunciador pode colocar como
conteúdo pressuposto, teoricamente constituído de crenças e conhecimentos presumidos
comuns ao enunciador e ao enunciatário, certas informações que ele sabe que o enunciatário
não compartilha.
Evita dizê-las diretamente para não caracterizar intrusão, indiscrição. Suponhamos:
"O uso adequado dos pressupostos é muito importante, porque esse mecanismo
linguístico é um recurso argumentativo, uma vez que visa a levar o leitor ou o ouvinte a
aceitar certas ideias. Com efeito, introduzir no discurso um dado conteúdo sob a forma
de pressuposto implica tornar o interlocutor cúmplice de um dado ponto de vista, pois
ele não é posto em discussão, é apresentado como algo aceito. Mesmo a negação das
informações explícitas contribui para corroborá-lo."

3.2 Subentendido
Diana Barros (1988, p. 102) conceitua:
"O subentendido é uma opção de organização do discurso, que se oferece ao
enunciador, e que leva o enunciatário a interpretar o discurso da forma que o enunciador
pretende."
Os subentendidos, como todos os implícitos, têm caráter manipulador. Outra característica
dos subentendidos é a possibilidade de o enunciador escapar da responsabilidade do dizer.
Na pressuposição, o enunciador pode sempre atribuir o conteúdo pressuposto ao "senso
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comum", a fatos conhecidos de todos e pelos quais ninguém responde.


No subentendido, a forma implícita de dizer faz a responsabilidade recair sobre o
enunciatário. O enunciador pode afirmar, em qualquer momento, que não foi ele quem
disse, mas o outro que assim interpretou:
"A grande astúcia do subentendido é fazer com que o enunciatário diga o que o
enunciador pretende dizer, mas que, por razões diversas, em geral de ordem social não
deve dizer" (BARROS, 1988, p. 102).
Suponhamos o seguinte diálogo:
"- Que achou do filme X?
- Gostei muito da trilha sonora."
Subentendemos que o filme não agradou, visto que o locutor não nos forneceu a
informação mais forte sobre o tema em questão. É o conhecimento dessa regra de
cooperação discursiva que permite ao enunciador subentender (dizer sem o dizer):
"- Não achou o filme bom."
Ao emitir esse subentendido, o enunciador sabe que o enunciatário também tem
conhecimento das máximas apresentadas e assim irá interpretá-lo ("o filme não é bom").
O subentendido resulta do reconhecimento das razões do enunciador em dizer o que
disse. "A forma implícita de dizer faz a responsabilidade recair sobre o enunciatário" (BARROS,
1988, p. 102). Pelo subentendido, faz-se com que o enunciatário diga o que o enunciador
pretende dizer, mas que, por motivos diversos, não deve dizer.

4 Tipos de Argumento
O autor de um texto argumentativo pode socorrer-se de algumas técnicas de
elaboração de sua peça, como:

1. Argumento por exclusão (per exclusionem)


Muitas vezes, apenas para citarmos um exemplo do uso desse tipo de argumento,
investigações policiais têm como ponto de partida a exclusão. Ela consiste na apresentação
de várias hipóteses que são paulatinamente excluídas, uma a uma, até se chegar à tida
como certa ou verdadeira.
O Sermão da Sexagésima de Pe. Antônio Vieira elenca várias hipóteses para saber qual é a
causa da falta de frutificação da palavra de Deus; a cada alternativa antepõe a disjuntiva ou
em seguida, passa a excluir as hipóteses até chegar à que ele considera a verdadeira.
Portanto, a partir da proposição de várias hipóteses, procede-se à eliminação de uma de
cada vez.

2. Argumento pelo absurdo (ab absurdo)


Mostra que uma afirmação contraria a evidência dos fatos e que contra fatos não há
argumentos.
Não se pode, por exemplo, acusar uma pessoa de cometer um delito se ela estava distante
do local do crime.

3. Argumento de autoridade (ab auctoritate)


Um dos expedientes mais comuns no texto argumentativo é o argumento de autoridade,
aquele que introduzimos pelas expressões: para Fulano de Tal, conforme Cicrano, segundo
Delano. Na propaganda, é usual esse expediente: se um grande jogador de futebol, ou de
voleibol, ou de basquete usa determinado material esportivo, o consumidor sente-se persuadido
a usá-lo, porque está embutida na imagem do jogador a ideia de excelência: Fulano atesta que o
produto X é excelente. Não utilize um material de outra qualidade. Se utilizar chuteiras como as
de Ronaldinho, você também poderá fazer gols como ele, ser famoso como ele, ser considerado
excelente atleta como ele... A autoridade confere credibilidade para convencer o receptor a aceitar a
mensagem. Especialistas, cientistas, juristas renomados são citados para persuadir o leitor.
Autoridades aceitas por uma comunidade constituem-se em expedientes que conferem
credibilidade e poder de persuasão a um texto.
Ao utilizar o argumento de autoridade, o emissor pode valer-se tanto do discurso direto:
"Afirma Tercio Sampaio Ferraz Júnior: 'O contrato moderno passa a ser um mecanismo de
regulação jurídica das relações de troca, que institucionaliza a liberdade'", como do discurso
indireto: Tercio Sampaio Ferraz Júnior afirma que o contrato moderno institucionaliza a
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liberdade, ele é um mecanismo que regula juridicamente as relações de troca.


É, pois, um tipo de argumento cujo valor é moral ou intelectual de quem propõe
determinada doutrina. Esse tipo de argumento domina a argumentação jurídica. No entanto, o
apoio em uma autoridade, se excessivo, pode prejudicar a peça argumentativa. Por exemplo,
imaginemos um texto em que numa única página apareçam dezenas de referências a um autor
(ou a vários) de renome e não há a presença do argumento próprio. Quem escreve o faz porque
tem algo a dizer, tem alguma novidade para contar; se não há novidades, de certa forma inútil é
escrever, porque se estarão apenas repetindo pontos de vista conhecidos. Além disso, nem
sempre a escolha de uma autoridade revela-se apropriada. Suponhamos apoiar-se em um
tributarista para expor um argumento penal. Também é oportuno que as autoridades citadas
não estejam em contradição, exceto se for para produzir, de propósito, determinado sentido.
Nesse caso, suponha que para condenar o uso da pena de morte se apoie em autores que são
favoráveis a ela. Se não for para contestar os argumentos de tais autores, a escolha soará
inadequada. Finalmente, o argumento de autoridade deve ser apropriado ao contexto. Muitas
vezes, por exemplo, um argumento é apropriado para uma situação suíça, mas não o é para o
Brasil.

4. Argumento contra o homem


É o argumento que é válido apenas contra a pessoa à qual se dirige. Para Perelman e
Tyteca (1996, p. 126), não deve ser confundido o argumento contra o homem com o argumento
ad personam, visto que este último tem caráter desqualificatório, especialmente em se tratando
de testemunhas. Uma coisa é provar que Fulano agiu incorretamente (argumento contra o
homem), outra é desqualificar uma pessoa para testemunhar se ela não é digna de crédito
(um mentiroso, um caluniador, um difamador, por exemplo).

5. Argumento por analogia


Argumento que se baseia na semelhança de duas realidades ou conceitos. Como se
fundamenta na comparação, tem força de persuasão e não de prova propriamente dita.

6. Argumento com maior razão


Argumento que consiste em estabelecer uma escala de valores entre ter mos. Se não
podemos fazer determinada coisa porque a legislação ordinária não permite, com muito
maior razão não podemos fazer algo que a Constitui ção não admite.

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