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MINISTÉRIO PÚBLICO
2 ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DIREITOS HUMANOS E CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE
POLICIAL, Ministério Público do Estado do Pará, Av. 16 de Novembro, n° 50 – Cidade Velha - Belém- Pará –
CEP 66.023 - 220, Tel.: (91) 4008-0621 | Fone/Fax: (91) 3222-4528 e e-mail: franklin@mp.pa.gov.br
Processo nº 0017859-70.2009.814.0401
Apelante: O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ
Apelado: EDER MAURO CARDOSO BARRA
Capitulação: art. 1º, §§ 2º e 4ª, inciso I, da Lei n º 9455/97 em concurso material com o
art. 69, c/c art. 299, do CPB
Apelados: JOSÉ GERALDO DA SILVA, MIGUEL FERNANDO DE SOUZA PINTO, LUIZ
MIGUEL CASTRO DE CARVALHO, AMARILDO PARANHOS PALHETA, SAMUEL
GONÇALVES BARROS e GILBERTO LUIZ DE OLIVEIRA BARROS
Capitulação: art. 1º, inciso II, da Lei n º 9455/97 c/c art. 29, do CPB
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ESTADO DO PARÁ
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Processo nº 0017859-70.2009.814.0401
Apelante: O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ
Apelado: EDER MAURO CARDOSO BARRA
Capitulação: art. 1º, §§ 2º e 4ª, inciso I, da Lei n º 9455/97 em concurso material com o
art. 69, c/c art. 299, do CPB
Apelados: JOSÉ GERALDO DA SILVA, MIGUEL FERNANDO DE SOUZA PINTO, LUIZ
MIGUEL CASTRO DE CARVALHO, AMARILDO PARANHOS PALHETA, SAMUEL
GONÇALVES BARROS e GILBERTO LUIZ DE OLIVEIRA BARROS
Capitulação: art. 1º, inciso II, da Lei n º 9455/97 c/c art. 29, do CPB
RAZÕES DA APELAÇÃO
COLENDA TURMA
DOUTO PROCURADOR
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Verifica-se que as lesões foram causadas por truculência dos policiais que
deram socos, tapas e pontapés nas vítimas. O vídeo mostra claramente agressões com soco nos
rostos das vítimas, levando em consideração o número de policiais 5 (cinco), os acusados
GERALDO, SAMUEL, FERNANDO PINTO, CARLOS FERREIRA E AMARILDO
PARANHOS, no consultório e mais o policial MIGUEL CASTRO no carro durante o
percurso do consultório à DEPOL/Marco e durante os interrogatórios, bem como o fato das
vítimas, desde o início, estarem algemadas e o próprio contraste do porte físico dos policiais
em relação às vítimas, uma senhora de idade, uma menina e um rapaz franzino (fls. 163/179 e
156/162).
Há, ainda, de se considerar que, em que pese ter sido instaurado, além do
flagrante preparado e forjado de extorsão, o TCO pelos crimes de desacato e lesão corporal,
figurando nesse, como vítimas os policiais SAMUEL E GERALDO, e autores dos fatos as
vítimas, os próprios policiais, na audiência de conciliação, no Juizado Especial Criminal,
voltaram a trás e inocentaram a vítima DIRCEU. Ora, do mesmo modo que a vítima DIRCEU,
as demais vítimas, ELZA E ELGIDS, jamais desacataram os policiais e tampouco os
agrediram, tanto é que posteriormente a justiça prevaleceu, tendo sido esse procedimento
penal arquivado, conforme sentença em anexo.
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certificação infundada, com claro objetivo de isentar policiais pelo corporativismo existente na
DECRIF (vide fls. 159 e 189).
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categoricamente, que quando a vítima Elza adentrou na sala onde ocorreu a abordagem, os
policiais já estavam em uma antessala (vide fls.127).
Não conseguindo atingir o maior bem jurídico que é a vida, por modo
milagroso e pela atitude enérgica e de desespero dos ofendidos que gritaram por socorro,
submeteram as vítimas, porém, a toda sorte de tortura com intenso sofrimento físico e
psicológico.
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Além de ser obvio não poder ter ocorrido em uma clínica do presídio de
Santa Izabel, a simples análise da solicitação da perícia faz constar o real local de ocorrência
(fls. 154), e ainda, os próprios laudos das outras vítimas, Dirceu Jr e Elgids, fazem constar
corretamente o local de ocorrência (vide fls. 156 e 158).
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A secretária do Dr. Kato, Ângela, ressalta que, desde abril do ano de 2009,
supostamente Elza teria agido de forma agressiva e proferido fortes ameaças, dizendo que isso
se intensificou posteriormente e que, a partir da semana que antecedeu o flagrante, esta estava,
inclusive, sob a proteção de um segurança (vide fls. 120 e 121).
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Ora é inconcebível que um juiz de direito, que deve velar rigorosamente por
sua honestidade e moral em prol de preservar a nobre e digna imagem da função jurisdicional,
não tome qualquer atitude contra qualquer fato que possa lhe comprometer, ainda mais quando
consistirem em circunstâncias graves e inaceitáveis.
Tanto é verdade que Kato deixa implícito isso em seu depoimento ao afirmar
que no mês de maio, três meses antes do flagrante, poderia ajudar a vítima Elza posteriormente
a pedido do magistrado (vide fls. 126).
Salta aos olhos o conluio existente entre o juiz Cesar e os prefeitos dos
Municípios onde exerceu a magistratura. Se supostamente esses fatos graves se dessem da
forma invertida como querem fazer parecer, por que só posteriormente vieram com essa
criação absurda e não tomaram, anteriormente, juntos ou separadamente, a devida providência
judicial ou extrajudicial de forma imediata?
É patente e não tem como não haver vestígios de seu envolvimento com
faltas disciplinares, tanto é que até as notas promissórias têm por emitente o próprio Dr. César
e avalista o prefeito do Município de Alenquer, João Piloto, comarca onde exerceu a
magistratura, revelando de forma clarividente existência de indícios indevida e ilícita de relação
comercial.
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Como disse Francisco Bilac Moreira Pinto: “toda vez que a corrupção
pública e administrativa passa a constituir vício generalizado, cria, em torno do governo,
um odor de escândalo e provoca a indignação da opinião pública, pois cada cidadão se
sente lesado pelo enriquecimento ilícito daqueles que mantêm conduta imprópria no
exercício de cargos ou funções públicas.” 1
Por outro lado, o fato de Mario Kato, na DECRIF, no dia 15.10.09, ressaltar
o mesmo argumento dito pelo Dr. César, vinte dias antes, também na DECRIF, no dia
25.09.09, de que o flagrante não seria preparado e sim esperado (vide fls. 111/128).
Seria coincidência de mais para ser verdade, mesmo porque Cesar e o Kato
negam ter havido comunicação entre ambos. Consequentemente, o que se deduz, a partir da
análise dos depoimentos, é que houve mudanças significativas entre os depoimentos do Dr.
Kato, de forma a ficar em sincronia com o do Dr. César, tornando-se implícito daí a ligação
entre ambos. (vide fls. 110, 126 e 128).
1
Francisco Bilac Moreira Pinto, “Enriquecimento Ilícito no Exercício de Cargos Públicos”, Ed.
Forense, Rio, p. 77.
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Por sua vez, EDER MAURO deve explicar o porquê do assessor Walter não
ser ouvido e sequer ter sido mencionado em seus depoimentos, e ainda, como conseguiu
contato com este referido assessor. Na verdade, isso nem poderia ser possível porque o
referido assessor na ocasião do flagrante estava afastado de suas funções por estar em
tratamento de saúde.
Por outro lado, a secretária do Dr. Kato, Ângela Miraci, disse que
supostamente teria avisado a vítima Elza que aquele só lhe atenderia na sexta (fls. 135), ou
seja, no dia seguinte e que ocorreu o flagrante, portanto, daqui já se percebe certa provocação
em espécie de convite por parte do Dr. Kato, atraindo sua “isca” para uma armadilha que
preparava, inclusive, com a ideia de filmar o que poderia ocorrer.
Por outro lado, na verdade, foi o próprio Cesar que encaminhou a vítima
Elza que se dirigiu, inocentemente, ao Consultório para que recebesse parte da dívida do
magistrado.
Portanto, resta claro que Elza foi atraída ao encontro para cair na armadilha
arquiteta pelo Dr. César, pelo Dr. Kato e pelos policiais.
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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, denegar a ordem de habeas corpus , nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator. Os Srs. Ministros Celso Limongi (Desembargador
convocado do TJSP), Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do
TJCE) e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
Brasília, 17 de fevereiro de 2011 (data do julgamento).
Relator: MINISTRO OG FERNANDES
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e que houve convergência das condutas de cada um dos réus para obtenção,
guarda, depósito e transporte de grande quantidade de cocaína.
Ressalte-se que a associação para o tráfico está devidamente narrada na
denúncia (fls. 03: ' Consta, ainda, que nas mesmas circunstâncias de data e
local, os denunciados... associaram-se para o cometimento de tráfico acima
descrito. '), nos moldes do tipo penal previsto no art. 14: Associarem-se uas
ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
crimes previstos nos arts. 12 ou 13 desta Lei.
Uma vez descrita a conduta, os réus tiveram a possibilidade de se defender
dos fatos, podendo o Juiz dar classificação jurídica diferente ainda que tenha
que aumentar a pena, por autorização do art. 383, do Código de Processo
Penal), como no caso em tela.
II - nulidade da sentença, por não enfrentamento de todas as teses
defensivas: Nesse ponto, cabe recuperar o que escreveu o Relator do writ
originário (fls. 190): Outrossim, tendo em vista as alegações finais das partes
e pela leitura da r. decisão de primeiro grau, observa-se que referida decisão
relatou as teses defensivas, bem como analisou exaustivamente as provas
existentes contra os pacientes, notadamente tendo em conta as súplicas dos
doutos Defensores. Portanto, não se observa nulidade processual manifesta
por cerceamento de defesa.
Quando do julgamento da apelação, o tema voltou a ser enfrentado pela
Corte Bandeirante, que consignou: Outra questão prejudicial, refere-se ao
argumento de que as diversas teses defensivas não foram integralmente
rebatidas - obviamente não implica em nulificação dos atos processuais. Com
efeito, a opção do Magistrado por uma das teses existentes nos autos não
tem o condão de invalidar a sentença. É diverso o termo "não apreciar" de
"não acolher", pois somente a primeira anula o julgado.
Na espécie, o dedicado MM. Juiz sentenciante, analisou os fatos de maneira
pormenorizada e demonstrou sua convicção para embasar a condenação no
artigo 12 e no artigo 14, ambos, da Lei de Tóxicos, rejeitando,
implicitamente, as pretensões defensivas absolutórias, respeitado o princípio
do livre convencimento fundamentado.
Nesse sentido: "Inocorre nulidade da sentença por ausência de apreciação de
tese esposada pela parte se o julgador encerra conclusão inconciliável com a
mesma, sendo desnecessário que o Juiz afaste argumento por argumento da
defesa ou acusação." (TACRIM, Rev. 301574, julgada em 22.5.97).
A partir da leitura das alegações finais e também da sentença, vê-se que
todas as teses arguidas pela defesa foram apreciadas pelo julgador. Assim,
não há o constrangimento ilegal invocado. Nesse sentido:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. (...). APRECIAÇÃO
DE TODAS AS TESES DEFENSIVA PELA SENTENÇA.
OCORRÊNCIA. NULIDADE INEXISTENTE. EXCESSO DE PRAZO.
ALEGAÇÃO PREJUDICADA.
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mesmo diploma legal, dando azo a uma eventual desclassificação, nos termos
do art. 383 do Código de Processo Penal, o que, no entanto, se mostra
inviável nesta sede diante da disparidade de conteúdo dos elementos
apresentados. (STF - HC 81.970SP, 1ª Turma, Relator Ministro Gilmar
Mendes, DJ de 30.8.02)
A propósito:
Mantida a condenação, avalia-se a dosimetria penal aplicada e o regime
prisional imposto.
Fixou-se a pena-base acima dos patamares mínimos, na proporção do triplo,
levando-se em consideração que foi apreendida grande quantidade de droga
em poder dos apelantes.
De fato, a apreensão de mais de dez quilos de cocaína constitui fator
indicativo de maior intensidade dolosa da conduta criminosa .
Não se pode comparar o ato de vender pequenas porções individuais, em
plena via pública, com a distribuição no atacado de fabulosas quantidades de
entorpecente.
Merece maior censura e reprovação a conduta daqueles que se dedicam ao
nefasto comércio de drogas, com intenção nítida de dominar a rede de
distribuição, em busca do enriquecimento ilícito rápido. Não há, pois,
reparos a serem feitos.
.................................................................................................................
De igual maneira, deve ser mantida fixação da pena-base do apelante
José Augusto pouco acima do patamar mínimo, adotado como referencial o
coeficiente de 16 (um sexto), tendo em vista a sua condenação pretérita pela
prática de trafico ilícito de drogas.
Pelo exposto, voto pela denegação da ordem.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA- Número Registro: 20060011569-0
Além de ter sido supostamente avisada pela secretária do Dr. Kato de que
este a atenderia na sexta, o próprio Cesar lhe orientou que assim o fizesse.
Tanto é, alias, que o próprio Kato afirma “insistiu para que ela (Elza) falasse,
pois a posição da câmera não dava para registrar os valores que estavam no papel” (vide fls.
127 e 128).
Por que Kato sacaria do banco R$ 4.000,00 (quatro mil reais) e usaria mais
R$ 2.000,00 (dois mil reais), advindos de seu consultório, para supostamente se ver livre da
vítima Elza? O próprio dentista afirma que estava sob proteção policial e que ficou de
sobreaviso e, inclusive, tinha ciência de que os policiais já estavam prontamente na antessala
quando as vítimas entraram na sala onde foram abordadas e presas (vide fls. 127).
O mesmo não deveria ao menos comprovar o suposto saque que diz ter feito
no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais)?
Cumpre ressaltar ser impossível a alegação do Dr. Kato de que teria sacado
do banco R$ 4.000,00 e completado com R$ 2.000,00 dos serviços do consultório.
Ora, pelo horário em que Kato e sua secretária afirmam que a vítima Elza
teria comparecido no seu consultório, no dia anterior ao flagrante, os bancos já teriam
encerrado expediente, às 16 horas, e o flagrante ocorreu no dia seguinte, por volta de 10h30m,
pois o expediente bancário começa às 10h, e Kato estava no consultório atendendo clientes,
logo não teria como ocorrer o dito saque, até porque pelo valor, como é consabido, haveria
necessidade de prévio agendamento bancário para o setor da tesouraria da agência do banco.
No caso além de preparado, o flagrante foi forjado, pois, parte desse dinheiro
que foi usado para somar aos 6 mil que seriam o suposto produto de extorsão, muito
provavelmente era da própria vítima Elza.
Tanto é que pouco antes do flagrante ocorrer, a vítima Elza, junto com a sua
genitora, teria sacado o valor de 4 mil reais, na Caixa Econômica Federal, Agência Braz de
Aguiar, o qual, inclusive, seria utilizado para custear despesas da viajem programada para a
noite desse mesmo dia do flagrante, se as vítimas não tivessem sido presas injustamente.
(conforme comprovante de saque).
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Parte desses R$ 4.000,00 (quatro mil reais) foram na verdade subtraídos das
vítimas da seguinte forma: R$ 2.070,00 (dois mil e setenta reais) retirados da bolsa que estava
dentro do carro (vide fls. 27), juntamente com outros pertences (joia, lente, óculos, bíblia,
escrituras públicas), dentre os quais os documentos originais que comprovavam a dívida do
Dr. César. E mais R$ 1.210,00 (um mil duzentos e dez reais), retirados do bolso da calça da
vítima Dirceu Jr pelo policial Samuel, o qual, no caminho do IML, teria percebido o volume do
dinheiro que fazia em sua vestimenta (vide fls. 31).
O Dr. Kato afirma ter tido a ideia de filmar o flagrante preparado e forjado
(vide fls. 127), o vídeo comprova que, sequer Elza estava de bolsa dentro do consultório, bem
como comprova que muito menos existiu o suposto recebimento de 6 mil reais que exigia, pois
a bolsa estava no carro (vide fls. 05 e 290).
A informação de que os réus são primários não é verdade (vide fls. 231),
conforme será comprovado com a juntada de antecedentes criminais de todos os acusados,
inclusive, alguns respondendo por crime de consunção.
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Enquanto que os policiais, esses que têm o dever de proteger e zelar pela
integridade física e moral da sociedade, mesmo na situação constrangedora que estavam,
desumanamente, atormentavam ainda mais as vítimas, chegando amedrontá-las dizendo até que
dentro do cárcere seriam destratadas e violentadas!
moral que alguém diz ter sofrido é provado in re ipsa (pela força dos
próprios fatos). Pela dimensão do fato, é impossível deixar de imaginar em
determinados casos que o prejuízo aconteceu – por exemplo, quando se
perde um filho.
No entanto, a jurisprudência não tem mais considerado este um caráter
absoluto. Em 2008, ao decidir sobre a responsabilidade do estado por
suposto dano moral a uma pessoa denunciada por um crime e posteriormente
inocentada, a Primeira Turma entendeu que, para que “se viabilize pedido de
reparação, é necessário que o dano moral seja comprovado mediante
demonstração cabal de que a instauração do procedimento se deu de forma
injusta, despropositada, e de má-fé” (REsp 969.097).
Em outro caso, julgado em 2003, a Terceira Turma entendeu que, para que
se viabilize pedido de reparação fundado na abertura de inquérito policial, é
necessário que o dano moral seja comprovado.
A prova, de acordo com o relator, ministro Castro Filho, surgiria da
“demonstração cabal de que a instauração do procedimento, posteriormente
arquivado, se deu de forma injusta e despropositada, refletindo na vida
pessoal do autor, acarretando-lhe, além dos aborrecimentos naturais, dano
concreto, seja em face de suas relações profissionais e sociais, seja em face
de suas relações familiares” (REsp 494.867). (Disponível em:
http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.t
exto=106255. Publicado em: 01/07/2012. Acessado em: 02/07/2012).
O que não se pode jamais permitir é que a polícia exista para investigar,
buscar e reproduzir a realidade dos fatos, ao invés disso, a própria instituição funciona
forjando e distorcendo a verdade, como infelizmente ocorreu no presente caso a pedido de,
supostamente, um prefeito e um juiz.
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Por que no presente caso houve uma diligência eficiente da policia, porém,
para fazer uma injustiça, enquanto que, quando uma pessoa comum do povo realmente precisa
recorrer a essa instituição, depara-se diante de uma situação de falta combustível para
movimentar as viaturas policiais, de falta de um investigador ou escrivão? No presente caso
eram mais de seis investigadores! Porque todo esse aparado?
A petição do apelo deve ser dirigida para o juiz do processo que determinará
que assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de 5 dias
cada um para oferecer razões.
A decisão prolatada não foi baseada na lei vigente e não foi proferida com
base no conjunto probatório. Existem nos autos elementos de prova inequívoca da autoria e da
materialidade de crime de tortura e outros que autorizariam o MM. Julgador a condenar os
acusados com incurso nas sanções punitivas do art. art. 1º, inciso II, da Lei n º 9455/97 c/c art.
29, do CPB entre outros.
escondidas, tal qual ocorre em algumas espécies de crimes de tortura e abuso de autoridade,
em que os autores buscam agir longe das vistas de testemunhas.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo
regimental. Os Srs. Ministros Jorge Mussi e Março Aurélio Bellizze votaram
com a Sra. Ministra Relatora.
Dados Gerais
Processo: AgRg no AREsp 107958 SC 2012/0014168-6
Relator(a): Ministro JORGE MUSSI
Julgamento: 27/11/2012
Órgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA
Publicação: DJe 03/12/2012
Ementa
PENAL E PROCESSO PENAL. CRIME DE TORTURA.
DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA. IMPOSSIBILIDADE NESTA
INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. NECESSIDADEDE
REVOLVIMENTO DO MATERIAL PROBANTE. SÚMULA 7/STJ.
AGRAVO NÃOPROVIDO.
1. Concluída a configuração do crime de tortura pelo Tribunal de piso, não
há desconstituir o julgado na via eleita, dada a necessidade de revolvimento
do material probante, procedimento de análise exclusivo das instâncias
ordinárias e vedado ao Superior Tribunal de Justiça, a teor da Súmula 7/STJ.
2."É assente que cabe ao aplicador da lei, em instância ordinária, fazer um
cotejo fático e probatório a fim de analisar o adequado enquadramento da
conduta ao tipo legalmente previsto. Incidência da Súmula 7 desta Corte"
(AgRg no Ag 1285273/MG, Rel. Ministra MARIATHEREZA DE ASSIS
MOURA, Sexta Turma, DJe 13/08/2012) 3. Agravo regimental não provido.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA
Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo
regimental. Os Srs. Ministros Março Aurélio Bellizze, Campos Marques
(Desembargador convocado do TJ/PR), Marilza Maynard (Desembargadora
convocada do TJ/SE) e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.
Dados Gerais
HC 106007 MS 2008/0099325-
Processo:
0
Relator(a): Ministro OG FERNANDES
Julgamento: 17/08/2010
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Dados Gerais
Processo: HC 90099 RS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Órgão Julgador: Segunda Turma
DJe-228 DIVULG 03-12-2009 PUBLIC 04-12-2009
Publicação:
EMENT VOL-02385-03 PP-00472
VALDECIR VERSA
SERGIO PEDROSA MARTIRENA
Parte(s): JUAREZ FRANCISCO MENDONÇA
ADRIANA REGOSO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa
"HABEAS CORPUS" - CRIME DE TORTURA ATRIBUÍDO A
DELEGADO E A AGENTES POLICIAIS CIVIS - POSSIBILIDADE DE
O MINISTÉRIO PÚBLICO, FUNDADO EM INVESTIGAÇÃO POR ELE
PRÓPRIO PROMOVIDA, FORMULAR DENÚNCIA CONTRA
REFERIDOS INTEGRANTES DA POLÍCIA CIVIL - VALIDADE
JURÍDICA DESSA ATIVIDADE INVESTIGATÓRIA - CONDENAÇÃO
PENAL IMPOSTA AOS POLICIAIS CIVIS - LEGITIMIDADE
JURÍDICA DO PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
- MONOPÓLIO CONSTITUCIONAL DA TITULARIDADE DA AÇÃO
PENAL PÚBLICA PELO "PARQUET" - TEORIA DOS PODERES
IMPLÍCITOS - CASO "McCULLOCH v. MARYLAND" (1819) -
MAGISTÉRIO DA DOUTRINA (RUI BARBOSA, JOHN MARSHALL,
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Prova suficiente não é nem pode ser penhor de certeza plena, de que somente
os deuses são senhores. Daí que se afigura irreal e meramente retórico o
emprego de expressões como "prova categórica, prova cabal, prova
inconcussa e outros do gênero".
De outra banda, não socorre aos apelados, o fato da vítima possuir eventuais
imperfeições descritivas em seus depoimentos, pois segundo se nota de seu perfil psicológico,
trata-se de uma senhora e seus filhos com repressões emocionais, portanto tímida, embora sem
comprometimento de sua personalidade.
XXI. CONCLUSÃO
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