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As questões que nos são apresentadas continuam igualmente debatidas por toda a
história do presbiterianismo na América. O assunto da subscrição não era, no entanto,
uma novidade da América do Norte. A subscrição protestante dos credos pode ser
rastreada até a Genebra de Calvino (1536).[3] A subscrição dos Trinta e Nove Artigos
por presbiterianos ingleses pode ser encontrada em 1571.[4] Desde este período até o
início do século XVIII, no contexto inglês, de acordo com David Hall: “Obviamente a
subscrição significava submissão à doutrina declarada e à sincera aceitação de toda a
credenda, sem equívocos, nem reservas mentais”.[5] O contexto escocês revela um
contorno nítido na declaração de subscrição nos votos de ordenação usados na
Assembleia Geral de 1693: “Eu recebo e declaro, sinceramente, a Confissão de Fé
acima, … para ser a Confissão da minha fé, e que a doutrina nela contida é a verdadeira
doutrina, a qual vou constantemente apegar-me”.[6] O historiador das confissões Ian
Hamilton observa que a mudança da subscrição escocesa anterior em que o ministro
“reconhecia … como contendo toda a doutrina”, para uma adoção de “sentido geral” da
Confissão, levou ao declínio doutrinário no século XVIII.[7] Há evidências claras de
que o contexto de subscrição escocesa e inglesa, durante o período do debate
presbiteriano americano, levou ao Ato de Adoção de 1729, que favoreceu uma vigorosa
concepção da subscrição.[8]
Charles Hodge argumentou que a visão estrita da subscrição era a intenção dos
adotantes, admitindo que “a linguagem do ato permite que a intenção dos seus autores
tivesse questões de dúvida”.[16] Entretanto, Hodge duvida da integridade daqueles que
interpretariam a linguagem da Lei de Adoção para comprometê-la a “apenas naquilo
que a Confissão é essencial para o evangelho”.[17] Ele insiste que “todos os artigos
essenciais e necessários da referida Confissão” se referem a todo o tecido do
documento. Resumir os artigos essenciais ao evangelho na confissão, removeria a
necessidade de uma confissão.[18] A “completa declaração sistemática das doutrinas”,
embora que não exigindo a concordância de cada “proposição” ou “expressão” usada na
formulação de uma doutrina particular na Confissão, é o que os ministros subscrevem.
Hodge ainda observa que a questão dos escrúpulos é mais ambígua, mas, no entanto, a
intenção foi estabelecer uma visão estrita da subscrição. O sistema de “doutrina, culto e
governo” não pode ser separado de todos os seus elementos que constituem o que é o
presbiterianismo. Hodge explica a insatisfação de muitos e as subsequentes
interpretações latitudinárias do Ato pelo fato de que o texto do que foi aprovado na
sessão da tarde, continha a explicação dos escrúpulos como apenas se referindo a
“algumas cláusulas do vigésimo e do vigésimo terceiro capítulo” não foi impresso e
distribuído com o Ato.[19] O Sínodo de 1730 teve que explicar, portanto, que a
“declaração” da sessão da tarde era interpretativa do significado do Ato de Adoção
aprovada na sessão da manhã.
Uma vez que a confusão e a insatisfação continuaram na igreja, o Sínodo de 1736
declarou que “o Sínodo adotou e ainda adere à Confissão, Catecismos e Diretório de
Westminster, sem a menor variação ou alteração”. Reiterou que os únicos escrúpulos
admitidos eram “algumas cláusulas nos capítulos vigésimo e vigésimo terceiro”.[20]
Isso foi passado sem objeção (nemine contradicente). A referência de Payton a este ato
como “abortiva” é misteriosa à luz dessa unanimidade. Ele parece desconsiderar a
relação das duas partes do ato, a fim de argumentar que o Ato de Adoção foi destinado a
ser uma saída mais ampla da tradição britânica e continental de subscrição estrita.[21]
Vários presbitérios aprovaram as suas próprias versões de subscrição, incluindo a
vigorosa posição do Presbitério de New Castle que se referia à Confissão e aos
Catecismos como “levando-os no sentido verdadeiro, genuíno e óbvio das
palavras”.[22]
Mais próximo do nosso próprio contexto imediato foi a tentativa dos conservadores no
início deste século de preservar a essência do cristianismo histórico, ao declararem que
é necessário, no mínimo, afirmar os “cinco fundamentos”. Como Knight observa, isso
teve o efeito indesejado de reduzir aos “artigos essenciais e necessários” do Ato de
Adoção para apenas cinco, embora a ação de 1910 da Assembleia Geral se referisse aos
“cinco fundamentos” como “certos artigos de fé essenciais e necessários”.
Uma coisa é clara ao analisar esta história: a ideia do “sistema de doutrina” é usada por
aqueles que sustentam doutrinas que se desviam gravemente da nossa Confissão e
Catecismos. O perigo é ver o “sistema” como uma espécie de corpo supraconfessional
da verdade que transcende o texto da própria Confissão. Esta visão evita toda ideia de
ter uma confissão em primeiro plano. Isso se torna especialmente problemático no
contexto moderno da hermenêutica neo-ortodoxa e desconstrutiva. Como um resumo
cuidadosamente redigido dos ensinos perspicazes e essenciais da Escritura, um credo
deve ser afirmado na sua totalidade como um sistema, ou não. Uma advertência
convincente aparece no “Ato e Testemunho” de 1834, estruturado pelo Dr. R.J.
Breckenridge como um protesto da Old School Velha contra a visão “ampla” da
subscrição realizada pela New School: “2. Nós testemunhamos contra o subterfúgio
não-cristão, ao qual alguns recorrem, quando confessam uma adesão geral aos nossos
padrões como um sistema, enquanto negam doutrinas essenciais ao sistema ou mantêm
doutrinas em completa variação com o sistema”.[26]
Por outro lado, ao preservar a visão da subscrição integral, não devemos exigir mais do
que fizeram os nossos antepassados mais estritos. O tipo de erros doutrinários que a Old
School se opunha na visão da subscrição e que se opuseram por meio do “Ato e
Testemunho” de 1834, eram as heresias “socinianas, arminianas e pelagianas”,[27]
questões de importância central para o sistema. Nem toda palavra, frase ou mesmo
ensino deveria ser adotado, ou mesmo entendido, para manter essa visão ortodoxa de
subscrição dos nossos padrões confessionais.
Neste ponto, resumirei o tratamento de Charles Hodge sobre esta questão no Church
Polity, “Adoção da Confissão de Fé” (pp. 317-335; este foi anteriormente um artigo na
Princeton Review 1858, 669). Hodge distingue entre três pontos de vista sobre o que o
voto de subscrição exige de um ministro quando declara que a Confissão e os
Catecismos contêm “o sistema de doutrina ensinado nas Sagradas Escrituras”. O
ministro subscreve: 1) a substância da doutrina; 2) a cada proposição; 3) o sistema de
doutrina. Uma quarta distinção pode ser extraída do número 3.[30] Pelo “sistema de
doutrina”, Hodge entendia as doutrinas essenciais, não cada doutrina. A proposta acima
mencionada parece indicar uma quarta visão: 4) toda doutrina.[31]
Assim, Hodge conclui sobre a visão 1: Desde o início, portanto, a mentalidade da nossa
Igreja é de que o “sistema de doutrina” em sua integridade, e não a substância dessas
doutrinas, era o termo de comunhão ministerial …. A frase “substância da doutrina” não
tem um significado atribuível definitivo.[33] No outro lado da visão do espectrum 2 “é
contrário ao animus imponentis ou à mentalidade da Igreja”.[34] O “sistema de
doutrinas tem um significado definido e serve para definir e limitar a extensão em que a
Confissão é adotada”.[35] Exigir a adoção de cada proposição ou ensino é convidar à
hipocrisia e promover a desunião. “Nós não temos certeza de que pessoalmente
conheçamos uma dúzia de ministros além de nós mesmos, que poderiam fazer o
teste”.[36] “Sempre que um homem é induzido a fazer o que ele não aprova, ou a
professar o que ele não crê, a sua consciência está contaminada …”. É [a exigência de
adotar cada proposição] promover um espírito de evasão e subterfúgio”.[37]
A própria posição de Hodge, a visão 3, varia da posição 4 a medida em que ele não crê
que o “sistema de doutrina” exige subscrição de cada doutrina ensinada na Confissão.
Hodge toma a sua sugestão do Ato de Adoção original de 1729, que se refere aos
“artigos essenciais e necessários, boas formas de palavras sólidas e sistemas de doutrina
cristã” e define “escrúpulos” como “apenas sobre artigos não-essenciais e
desnecessários na doutrina, adoração ou governo”.[38] Assim, o “sistema” exclui
artigos que não fazem parte da “totalidade do sistema em sua integridade”.[39] Hodge
tem o cuidado de distanciar-se da visão de que essencial se refere apenas às “doutrinas
do evangelho”.[40] Essencial refere-se, em vez disso, a todo o “sistema de doutrinas
comuns às Igrejas Reformadas”.[41] Isso inclui todos os ensinos sobre doutrina,
adoração e governo que são essenciais para esse sistema. Existem três categorias de tais
ensinos: 1) aqueles comuns a todos os cristãos, expressos nos primeiros concílios da
igreja antiga; 2) aqueles comuns a todos os protestantes, distintos do romanismo; 3)
aqueles peculiares às Igrejas Reformadas, distintos do luteranismo e do
arminianismo.[42] Por outro lado, Hodge dá exemplos de doutrinas não essenciais ao
sistema, que são consistentes com o tipo de exceções observadas pela assembleia
adotante. Estas são doutrinas “relativas a magistrados civis, o poder do Estado, as
condições de adesão à Igreja, o casamento, o divórcio e outras questões que se
encontram fora do “sistema de doutrina” em seu sentido teológico”.[43] Tão importante
quanto o ensino da Confissão sobre essas doutrinas, afirma Hodge, é a Igreja ser sábia
de não torná-las condições de comunhão ministerial.
DEFINIÇÃO DE TERMOS
No caso de algum ministro deste sínodo, ou candidato para o ministério ter qualquer
escrúpulo em relação a algum artigo ou artigos da referida Confissão ou Catecismos, ele
deve, no momento da sua declaração, expor os seus sentimentos ao referido presbitério
ou sínodo; no entanto, será admitido no exercício do ministério dentro dos nossos
limites e à comunhão ministerial, se o sínodo ou o presbitério julgarem seu escrúpulo ou
erro ser somente nos artigos não-essenciais e menos importantes na doutrina, culto ou
governo.[46]
Embora possa ser demonstrado que a intenção original em relação aos escrúpulos se
limitou a certos ensinos sobre o magistrado civil em seu relacionamento com a igreja
nos capítulos 20 e 23, também é claro que, desde o início, os escrúpulos foram
entendidos como referentes a um alcance mais amplo de exceções, devido à
ambiguidade da definição original de escrúpulos.[47] O debate sobre a extensão em que
as exceções são aceitáveis continuou desde então.
George Knight chama nossa atenção, no entanto, para a definição de escrúpulos, à luz
da declaração da tarde (que é a Lei de Adoção), que definiu os escrúpulos aos quais esse
Sínodo fez exceções, bem como os esclarecimentos oficiais de 1730 e 1736. “Artigos e
doutrinas essenciais e necessárias”, de acordo com Knight, inclui todos os artigos e
doutrinas na Confissão. Os escrúpulos foram definidos como “pontos não-essenciais e
desnecessários”. Os únicos escrúpulos permitidos em 1729 foram “algumas cláusulas
nos capítulos vigésimo e vigésimo terceiro”. Esses não-essenciais, bem como
“expressões” ou modos de articulação de artigos ou doutrinas foram as únicas categorias
de escrúpulos aceitas pelo Sínodo como permitidas na subscrição.[48] Além disso, esta
definição limitava os assuntos sobre os quais os presbitérios e sínodos poderiam julgar.
Segundo Knight, os concílios não têm a liberdade de decidir quais doutrinas e artigos
são essenciais, pois todos eles são essenciais como parte do sistema.
Hodge diferiu neste ponto ao permitir que outras doutrinas fossem consideradas não-
essenciais e desnecessárias para o sistema. Enquanto que Knight parece considerar
“pontos não-essenciais e desnecessários” para se limitar aos modos de expressão das
doutrinas da Confissão, Hodge tomou o exemplo de cláusulas nos capítulos 20 e 23
sobre o magistrado civil, como precedentes para exceções doutrinais de não-
essencialidade para o sistema como articulado nas outras confissões reformadas.
Claramente as cláusulas relativas ao magistrado civil, a que muitos no Ato de Adoção
da assembleia aceitaram como exceção, eram mais do que meros modos de expressão,
mas se referiam a doutrinas específicas sobre o papel do magistrado civil que a igreja
americana não poderia afirmar. O nosso John Murray fez exceção à doutrina
confessional do divórcio e do novo casamento em matéria de novo casamento em caso
de abandono.
Uma discordância, uma objeção, ou uma reserva mental acerca de qualquer afirmação
presente na Confissão de Fé e Catecismos, devendo ser distinguida de uma objeção
inconsequente para uma proposição ou de um equívoco, ou de uma reserva sobre a
terminologia. No entanto, essa distinção deve ser feita apenas por aqueles que têm
autoridade para julgar, nunca pelo indivíduo. Nenhum oficial ou licenciado deve
presumir ter o direito de fazer uma autoavaliação em relação a essa distinção.
Uma excepção às normas confessionais pode ser concedida por uma comissão de
julgamento, por razões de consciência, apenas se 1) afeta uma afirmação periférica e de
menor importância nos padrões, que não seja central, nem fundamental, 2) não
abandona o ensino central de qualquer capítulo da Confissão ou anula uma resposta
completa a qualquer questão nos Catecismos, e 3) não prejudica o sistema de verdade na
Confissão e Catecismos como um todo.
A distinção aqui é feita entre os escrúpulos em que uma “exceção” é uma afirmação
não-essencial, ao passo que “objeção inconsequente” ou “equívoco” é uma “expressão”
com a qual não discorda. Por mais confusa que seja a terminologia, a substância de uma
compreensão histórica das intenções do Ato de Adoção de 1729 está presente na
abertura. Estas são três: 1) nenhuma exceção ou escrúpulos serão admitidos se minarem
o completo conjunto das declarações presentes na Confissão de Fé e Catecismos, 2) há
duas categorias de exceções ou escrúpulos: asserções periféricas ou menores, e
equívocos sobre a terminologia, 3) somente o presbitério pode decidir o que é, ou não,
uma exceção ou escrúpulo apropriado ou admissível.
CONCLUSÕES
O original ato “preliminar”, juntamente com o Ato de Adoção de 1729, à luz da sua
elucidação posterior, em 1730 e 1736, intencionava uma subscrição integral de todo o
sistema de doutrina articulado na Confissão de Fé e Catecismos de Westminster.
Bibliografia Selecionada
NOTAS:
Extraído – http://www.opc.org/os.html?article_id=415&issue_id=94
[2] Este artigo foi originalmente escrito para a Comissão de Candidatos e Licenciados
do Presbitério de New York e New England, em 1999, revisado em 2008, passando por
modificações.
[7] Ibid., 11. Conferir os votos integrais e estritos para licenciados na p. 12.
[9] James Payton Jr., “Background and Significance of the Adopting Act of 1729,” in
Pressing toward the Mark: Essays Commemorating Fifty Years of the Orthodox
Presbyterian Church, eds. Charles G. Dennison and Richard C. Gamble (Philadelphia:
Committee for the Historian of the Orthodox Presbyterian Church, 1986), pp. 131, 134,
135. Confira Luder G. Whitlock Jr., “The Context of the Adopting Act,” in Hall,
Confessional Subscription, p. 99. Para o completo texto do Ato de Adoção veja o
Apêndice A.
[10] Luder G. Whitlock Jr., “The Context of the Adopting Act,” in Hall, Confessional
Subscription, pp. 99–100.
[13] Charles Hodge, The Constitutional History of the Presbyterian Church in the
United States of America (Philadelphia: Presbyterian Board of Publication, 1851) in
Hall, Confessional Subscription, p. 109.
[14] James Payton Jr., “Background and Significance of the Adopting Act of 1729,” in
Dennison and Gamble, Pressing toward the Mark, p. 138.
[15] George W. Knight III, “Subscription to the Westminster Confession of Faith and
Catechisms,” in Hall, Confessional Subscription, p. 121.
[17] Ibid.
[21] Payton, “Background and Significance” in Dennison and Gamble, Pressing toward
the Mark, p. 137ss.
[24] Book of Church Order of the Orthodox Presbyterian Church (Form of Government
[FG] 13.9).
[27] Ibid. Conferir as dezesseis “Specifications of error in the Memorial,” pp. 52–54.
[31] No original: By the “system of doctrine” Hodge understood essential doctrines, not
every doctrine. The overture noted above would seem to indicate a fourth view: 4) every
doctrine. Nota do tradutor.
[32] Charles Hodge, Discussions in Church Polity (New York: Charles Scribner’s Sons,
1878), p. 319.
[50] E-mail do Rev. William Shishko (Setembro de 1998): “Uma ‘exceção’, como eu
entendo, é algo que você crê ser errado ou declarado erroneamente na confissão, ou
seja, é algo com o qual você não concorda. (Pessoalmente, não acredito que um homem
possa ensinar sua exceção, por exemplo, creio que os proponentes da hipótese da
estrutura precisariam declarar uma exceção à confissão … e não foram capazes de
ensinar essa visão). Um ‘escrúpulo’ é algo com o qual você tem um problema de
consciência, por exemplo, você tem um escrúpulo contra a obrigação de ensinar uma
criação de seis dias literais se – de fato – é determinado que é o significado real da
Confissão. Sim, provavelmente, você está certo sobre isso [que não há distinção entre
‘escrúpulo’ e ‘exceção’ na história desta discussão]. Mais central à questão é saber se
um homem tem permissão de ensinar o que ele entende como escrúpulo/exceção”.