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RELATÓRIO FINAL
Matinhos
2021
RESUMO
.
A universidade enquanto espaço público tem um importante papel social, nela
pode-se construir ambiente de formação de intelectuais, de conhecimento técnico e
cientifico, do pensamento crítico, de proposição, de reafirmação e contribuição na luta
pelo acesso das minorias aos direitos sociais. A partir da expansão das universidades e
acesso de diferentes grupos sociais, tem-se novas mutações que repercutem a dinâmica
interna e externa acadêmica. Com isso vem-se aumentando iniciativas que tentam
compreender a vida estudantil que é perpassada com o acesso, a permanência, novos
perfis, a relação com os estudos, demandas, obstáculos, projetos, trajetórias e vivências e
as condições da inserção profissional. Posto isso, o presente estudo faz parte da
investigação do grupo de pesquisa Educação e Trabalho formado na UFPR Setor litoral,
cujo objetivo principal é construir um banco de dados com informações acerca do perfil
dos/as diplomados/as, bem como, os processos de inserção e desenvolvimento
profissional dos mesmos entre os anos de 2005 a 2019. O universo da pesquisa
compreende um total de 1.810 sujeitos, dos quais 440 responderam ao questionário
aplicado. Tais dados levam em consideração gênero, pertença étnico racial, escolaridade
pregressa, a identificação do acesso via ações afirmativas e permanência, trajetória
acadêmica, inserção profissional e prolongamento dos estudos. Após a necessidade de
reformulação do instrumento de pesquisa, o questionário foi desenvolvido através da
plataforma livre e gratuita Lime Survey e conta com 116 perguntas. O contato de com
os/as diplomados/as se deu através de E-mail, Facebook. WhatsApp, contato telefônico e
demais redes sociais. Notou-se que a universidade é majoritariamente branca, com
espaços ainda privilegiados. Por outro lado, percebe-se que a população local é quem
mais a acessa, a mesma tem representado oportunidade de acesso para a comunidade.
Além disso, são estudantes oriundos de grupos desfavorecidos da sociedade onde às
políticas públicas de acesso e permanência são frequentemente acessadas e se fazem
ainda mais necessárias. Tratando-se da inserção profissional, considerando novas
tendências da mutação do capital e mudanças no mundo do trabalho (flexibilidade,
rapidez, fluidez nos contratos, multifuncionalidade, rotatividade, exclusão, desemprego,
informalidade) entre os egressos 51% estão inseridos na área de formação ou dando
continuidade aos estudos enquanto que 49% estão trabalhando em outra área ou estão
desempregados.
PALAVRAS-CHAVE: Diplomados, Inserção profissional, universidade.
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
O conhecimento revela e desvela novas formas de ver o mundo, o dia a dia em que
estamos inseridos, por que estamos inseridos dessa forma, o processo que se deu para
estarmos onde estamos, os atores sociais envolvidos, a espacialidade, as correlações de
forças, entre outros aspectos. O conhecimento, a educação, possibilita há uma nova ótica
daquilo que olhamos e vivenciamos rotineiramente, como no trabalho de Rubem Alves,
[...]Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera
centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola,
eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola.
Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de
estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de
objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o
mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo
me causa espanto. (Alves, 2004, Folha de São Paulo).
E por não estar limitada pelas injunções do mercado que a universidade pública
pode cumprir o seu papel histórico e social de produção e disseminação do
conhecimento, e também manter com a cultura uma relação intrínseca que se
manifesta numa possibilidade de reflexão que foge aos moldes do compromisso
imediatamente definido pelas pressões de demanda e consumo. (KRAJEVSKI,
2019, p.9 APUD LEOPOLDO E SILVA, 2001, p. 299).
De acordo com Oliveira, Silva e Esteves (2017), no que tange ao papel social da
universidade, enquanto espaço contraditório, pode se constituir em espaço de formação
de intelectuais orgânicos, em espaço de crítica, de proposição, compromisso com
interesses populares, colocando a produção de conhecimento, a ciência e a tecnologia a
serviço da população.
Sobre a Lei de cotas que foi um direito historicamente conquistado a partir das
intensas pressões dos movimentos sociais negros, a mesma foi instaurada em 2012, a Lei
n° 12.711, foi também um significativo avanço para o acesso e inclusão de negros no
espaço hegemonicamente branco e elitizado da universidade. Segundo Quadros (2019), a
lei busca estabelecer igualdade de oportunidades, diminuição das desigualdades e a
inclusão de minorias historicamente excluídas nas universidades .
Educação e trabalho
Além disso, segundo Corseuil (2020), durante o período 2012-2018, em média 53%
dos jovens de 15 a 29 anos entraram no mercado de trabalho pela via do emprego
informal. Em conformidade com isso Antunes e Alves (2004) ainda enumeram algumas
tendências da nova mutação do capital e através dela mudanças no mundo do trabalho,
dentre elas estes apontam que “ com a ampliação do desemprego estrutural, os capitais
transnacionais implementam alternativas de trabalho crescente desregulamentadas,
“informais”, de que são exemplo as distintas formas de terceirização” (p.337). A
exemplo, desses trabalhos informais que estão longe da ideia de empreendedorismo ou
o próprio negócio, temos a figura dos entregadores de aplicativos, que atualmente tem
aumentado suas demandas principalmente em face da pandemia da COVID-19, para
Abílio (2020), esses trabalhadores conferem as especificidades e os elementos centrais
da uberização, marcado como novo tipo de gerenciamento, controle e organização do
trabalho,
Por outro lado, ao mesmo tempo que esses têm-se configurado como diferencial,
nem mesmo o diploma tem lhes garantido um passe para a inserção e seguridade de
emprego nos postos de trabalho. Mattos e Bianchetti (2008) discorrem sobre o exposto,
Gaio (2004), defende que variáveis tais como, o grupo sexual, a área disciplinar
frequentada, a região em que reside, o tipo de instituição superior frequentada sendo
público/privada, são elementos que condicionam os percursos profissionais dos
diplomados, tornando menos ou mais fácil a rentabilização do diploma de ensino superior
em temos de utilização na vida ativa.
Mattos e Bianchetti (2008) sustentam ainda que a pós-graduação atualmente tem
servido para os diplomados/as do ensino superior como estratégia de enfrentamento e
alternativa ao desemprego e a inatividade profissional mas que o mesmo tão pouco
fornece garantias quanto ao futuro profissional.
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS ENCONTRADOS
Faixa etária
Média 33
Idade mínima 22
Idade máxima 66
Sobre a faixa etária dos sujeitos, a maioria em média possui 33 anos, faz parte
então de um público relativamente jovem, enquanto que o mais jovem possui 22 anos e o
mais velho possui 66 anos.
Trajetória estudantil
0.44
Até hoje não consegui trabalho na área
De 2 a 6 meses
de 7 a 12 meses
Já trabalhava na área
Mais de 1 ano
Menos de 1 mês
0.11 0.12 0.12
0.09 Nenhum, consegui o primeiro trabalho na área durante o curso
0.06 0.06
Segundo Reis (2015), citado por Corseuil (2020, p.505) a busca por um emprego
tem uma duração muito maior entre os jovens que tentam o seu primeiro emprego. O
autor também aponta que o primeiro emprego tende a apresentar características de pior
qualidade em dimensões relaciona das a salário, informalidade e estabilidade.
Tabela 4- Situação profissional no momento atual
Qual é a sua situação profissional no momento atual? Frequência %
Estou desempregado 73 17%
Estou em outro trabalho na área, diferente do primeiro 90 20,5%
Estou me dedicando somente aos estudos 33 7,5%
Estou no primeiro trabalho na minha área de formação 101 23%
Estou trabalhando em outra área 143 32%
Total 440 100%
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ALVES, R. A complicada arte de ver. Folha de São Paulo, 20.10.2004. Disponível em:<
https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u947.shtml> Acesso: junho de 2021.
CORSEUIL, C. H. L.; FRANCA, M. P.; POLOPONSKY, K. A inserção dos jovens brasileiros no
mercado de trabalho num contexto de recessão. Novos estudos. CEBRAP, São Paulo, v.
39, n. 3, p. 501-520, set. 2020 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0101-33002020000300501&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 mar. 2021
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