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Comparação entre potenciais Serviços Ambientais de cafés agroecológicos com os convencionais no sul de Minas View project
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Janine Ameku Neves1, Juliana Maria Sampaio Furlani2, Antonio Luiz Fernandes Marques2 e
Vinícius Fortes de Castro³
¹Mestranda do curso de Engenharia de Energia do Instituto de Recursos Naturais (IRN) da UNIFEI
²Departamento de Física e Química do Instituto de Ciências Exatas da UNIFEI
³Doutorando do Curso de Materiais para Engenharia do Instituto de Ciências Exatas da UNIFEI
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researches in physics and in physics teaching. The requirement of teachers not only
in relation to the subjects of the scientific nature, as well as the pedagogical nature
of, led to the questioning of their teaching practice and the decision to take an
approach relating the teaching the scientific concepts with social, cultural, ethical,
political and environmental implications of the science and technology. Thus, this
work shows the trajectory of students who studied Mechanical related content in
discipline General Physics II and were motivated to use these knowledge in the
development of the discipline Physics Teaching Practice III, in the subsequent
semester, favoring a view increasingly multidisciplinary and reflective of the
Teaching Physics. For this, the approach science, technology and society and the
use of controversial topics in discipline Physics Teaching Practice III appeared as
an alternative to contextualize the teaching of specifics contents of Physics. This
approach allowed elucidating the complexity inherent in reality, to unravel the
different dimensions of scientific knowledge and enable students to integrate the
scientific knowledge with the technology and social world of their everyday
experiences. We believe this formation will contribute to the enrichment of these
classes of the future Physics teachers.
Keywords: Teacher education undergraduate in Physics course (DE), CTS and
controversial issues approaches
1. INTRODUÇÃO
Visando ampliar o número de vagas da educação superior para a sociedade, promover a
formação inicial e continuada para profissionais do magistério e da administração pública, o
Ministério da Educação criou o projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB) em parceria
com estados, municípios e universidades públicas de ensino superior para oferta de cursos de
graduação, pós-graduação e extensão universitária (UNIREDE, 2010).
Desde o ano 2000 a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) faz parte do consórcio
da Universidade Aberta do Brasil. A partir desse ano a UNIFEI tem elaborado projetos
cooperativos com outras instituições que visam a formação através da Educação à Distância
(EAD). Além disso, essa instituição também integra o projeto EDUTEC, voltado para o
levantamento da demanda sobre cursos EAD no Brasil. Tendo como pano de fundo o contexto
desse projeto e o consórcio UAB, foi implantado em 2003, na UNIFEI, um Núcleo de Ensino
à Distância (NEaD)1.
Em relação aos cursos oferecidos pela UNIFEI, destacamos o de "Capacitação em
Ambiente Virtual para EaD" e o de Licenciatura em Física. O primeiro é ofertado às
instituições públicas de ensino superior, sobretudo para a capacitação dos docentes dessas
instituições que objetivam trabalhar nos cursos de natureza EAD. Ele é ministrado totalmente
pela internet e possui uma carga horária de 40 horas. O segundo teve início no segundo
semestre de 2007 e conta com uma infraestrutura de cinco polos de apoio presencial no estado
de Minas Gerais: Alterosa, Bicas, Boa Esperança, Cambuí e Itamonte. Importante mencionar
que no primeiro processo seletivo desse curso foram oferecidas 50 vagas em cada polo
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www.ead.unifei.edu.br
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questões que foram colocadas inicialmente nos Fóruns. Finalmente, nas considerações finais,
são apresentados os argumentos favoráveis dos próprios alunos na utilização de abordagens
CTS e temas controversos na sua prática docente.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. DISCIPLINA FÍSICA GERAL II
Na disciplina de Física Geral II, ministrada no primeiro semestre de 2011, no curso de
Licenciatura em Física, modalidade a distância, da Universidade Federal de Itajubá,
trabalhamos com um grupo de 13 alunos utilizando como referência bibliográfica básica os
livros Young, H.D. e Freedman, R.A., Física I e II, Editora Addison Wesley, 12a edição, São
Paulo, SP, 2008, acesso pela biblioteca virtual através de login e senha, e Halliday, D.;
Resnick, R. e Walker, J., Fundamentos de Física – Vols. I e II - Mecânica, Livros Técnicos e
Científicos Editora, 7a edição, Rio de Janeiro, RJ, 2006, que cada polo possui um exemplar.
O conteúdo programático abordava os seguintes conceitos: Centro de Massa e Momento
Linear, Cinemática e Dinâmica das Rotações, Equilíbrio e Elasticidade, Gravitação e Fluidos
(capítulos 9 a 14 dos Vols. I e II do Halliday; capítulos 08 a 10 do Vol. I, 12 e 14 do Vol. II
do Young).
As aulas foram disponibilizadas duas vezes por semana com textos iniciais na
ferramenta Leituras do AVA. O primeiro texto servia como um roteiro de estudo onde era
feita uma introdução sobre o assunto estudado na aula, apresentados os objetivos que se
pretendia atingir, o que o aluno deveria fazer para alcançar esses objetivos (as seções e os
problemas resolvidos dos livros sugeridos que deveria estudar) e uma série de exercícios
propostos. No segundo texto sempre era feita uma revisão da aula anterior e todos os
exercícios propostos eram resolvidos detalhadamente e uma nova série de exercícios era
indicada para fixação do conteúdo.
As atividades articulavam teoria e práticas experimentais com o uso permanente do
laboratório montado em cada polo de apoio presencial, como proposto pelo MEC. Estas
atividades experimentais, realizadas em cada polo, eram de responsabilidade dos tutores
presenciais, profissionais treinados especificamente para essa finalidade. Durante o semestre
foram realizados os seguintes experimentos: 1) Colisões Elásticas e Inelásticas, 2) Rotações:
Cinemática e Dinâmica e 3) Fluídos. Estas atividades foram avaliadas pelo professor da
disciplina através de um relatório confeccionado pelos alunos em grupos de no máximo 03
componentes.
A avaliação final do desempenho dos alunos na disciplina considerou as seguintes
atividades avaliativas: uma Prova Escrita Presencial, Listas de Problemas, Fóruns de
Discussão, Bate-Papos e relatórios referentes as atividades experimentais. Analisamos o
conteúdo dado em cada capítulo da disciplina e interagimos de modo a diversificar a
aprendizagem.
Abordamos sistemas de massa variável na terceira semana de aula onde foi solicitado
que os alunos estudassem a seção 9-12 Sistemas com Massa Variável: Um Foguete do livro
texto Halliday, D.; Resnick, R. e Walker, J., Fundamentos de Física – Vol. I - Mecânica,
Livros Técnicos e Científicos Editora, 7a edição, Rio de Janeiro, RJ, 2006. Pedíamos também
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que eles estudassem a solução apresentada de um Problema Resolvido pg. 182, do Capítulo 9
do livro Halliday, D.; Resnick, R., Fundamentos de Física – Vols. I – 4o Edição - Mecânica,
Livros Técnicos e Científicos Editora, Rio de Janeiro, RJ, 1991, que compõe a bibliografia
complementar da disciplina. Após as leituras eles deveriam resolver os Problemas 71 e 73 do
Capítulo 9 do Halliday (7o Edição) que seriam corrigidos na aula seguinte disponibilizar as
respostas das questões avaliativas abaixo na ferramenta Portfólio. Deveriam também
participar, durante uma semana, da atividade avaliativa Sistema de Massa Variável onde
deveriam responder, na Ferramenta Portfólio com acesso restrito aos Formadores, as questões
abaixo.
1) Em 1920, um proeminente jornal norte-americano publicou a seguinte matéria
sobre as experiências pioneiras com foguetes, realizadas por Robert H. Goddard, repelindo a
ideia que um foguete poderia mover-se no vácuo: “Que o Professor Goddard, com sua cátedra
no Clark College e o beneplácio da Smithsonian Instituition, desconheça a relação entre ação
e reação e a necessidade de ter algo melhor além do vazio contra o qual reagir seria por assim
dizer, um fato absurdo. Naturalmente, apenas parece faltar-lhe o conhecimento ministrado
diariamente na escola”. Que há de errado nesse argumento? Justifique sua resposta.
2) Pode um foguete alcançar uma velocidade maior que a velocidade de ejeção?
Justifique sua resposta.
Na aula seguinte disponibilizamos mais uma questão para a atividade avaliativa
Sistemas de Massa Variável:
3) Existem outros métodos de propulsão para sistemas que estão no espaço
exterior que não sejam o descrito no Capítulo 9 do Livro Texto para os foguetes? Se a
resposta for positiva, por que eles não são usados.
Na semana seguinte, na Aula 7, outra atividade avaliativa na ferramenta Fórum de
discussão foi criada para analisar, comentar e discutir, as respostas apresentadas por todos aos
questionamentos da atividade “Sistemas de Massa Variável”.
Nesta mesma aula, na Aula 7, disponibilizamos uma lista de com 08 exercícios, sendo
01 referente a um sistema de massa variável para serem entregues em 10 dias e agendado um
Bate- papo sobre os conceitos abordados no capítulo 9 do livro texto, onde massa variável
também foi discutido.
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científicas pelos alunos do Ensino Médio e viram na proposta curricular com abordagem CTS
uma possibilidade de provocar maior interesse pelas aulas de ciências e de física, em
particular.
“Percebo a adoção de propostas CTS como um avanço na educação ao propor
formas diferentes de apresentação dos tópicos aos alunos, instigando-os a
aplicarem os novos conhecimentos de modo diferente, interessante e com raciocínio
cada vez mais apurado. Esta nova apresentação das matérias utilizando
perspectivas tecnológicas e sociais sem dúvida melhora a acolhida pelos alunos,
podendo interessá-los de forma mais abrangente, ao ponto de escolherem este
caminho na vida profissional, tanto em Física em particular como em ciências no
geral.” (Aluno 11, fórum 1)
Outro aluno ressaltou a necessidade de planejamento e de uma sólida formação dos
professores.
“A adoção da proposta CTS deve ser bem pensada, planejada e bem
contextualizada dentro dos diversos cenários que a realidade nos apresenta para
dar certo. Mas acima de tudo, a adoção da proposta CTS, tem que se realizar junto
com uma formação sólida dos professores, para que possam trabalhar da melhor
maneira com esta proposta e não ter o risco de estar fazendo uma maquiagem
curricular.” (Aluno 19, fórum 1)
Nas discussões das atividades propostas na disciplina, foi unânime a opinião de que a
promoção de um ensino válido e útil, que não destaque apenas formulações matemáticas e o
treinamento para os vestibulares, é uma opção mais relevante para o ensino de ciências.
Assim, a preocupação com a formação de um cidadão crítico foi contemplada nas discussões
do fórum 2.
...”acho esse [formação de um cidadão crítico] um aspecto muito importante a ser
considerado no que se refere à formação da cidadania, a formação de determinados
valores, atitudes e compromissos indispensáveis à vivência numa sociedade
democrática, tais como solidariedade, cooperação, responsabilidade, respeito às
diferenças culturais, étnicas e de sexo, repúdio a qualquer forma de discriminação e
preconceito. É função social da escola propiciar a formação destes valores.
Entretanto, valores não podem ser ensinados, mas devem ser vivenciados. É preciso
que a escola e o próprio professor dêem testemunho daqueles valores que
direcionam sua ação, fazendo da escola um ambiente de vivência de valores
democráticos”. (Aluno10, fórum 2)
Os alunos foram além do proposto no fórum 2 e percebe-se na fala do aluno 6 a
tomada de consciência do próprio processo de formação que estão vivenciando.
“... Acho que somente o fato de nos questionarmos sobre esse tema, já nos coloca a
frente de outros profissionais e colegas que por um motivo ou outro ainda não se
questionaram sobre isso. Então o primeiro passo é se questionar... Depois, até
mesmo como indicado no texto, não existe uma fórmula mágica para aplicação do
CTS e para formação de um cidadão crítico, são dados conceitos a serem aplicados.
Com certeza ser um professor que incentiva o diálogo e questionamento, trabalhos
em grupo, discute problemas e possíveis soluções e aplicações da Física é super
importante... (Aluno 6, fórum 2)
Na apresentação desta nova metodologia de ensino, a abordagem curricular com
enfoque CTS, os formadores que coordenavam a disciplina Prática de Ensino tiveram a
preocupação de ressaltar que os conceitos científicos a serem discutidos não devem se perder
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ao longo das discussões. Para enfatizar esse aspecto, o fórum 3 trouxe de forma explícita a
questão da relação da matemática com os conceitos da física. Ficou claro que os alunos
perceberam os limites do que se propõe, como demonstrado nas falas a seguir.
“O autor quer dizer que ênfase numa descrição matemática seria demonstrar para
os alunos apenas a maneira de resolver as questões aplicando fórmulas isoladas
sem saberem realmente o que estão fazendo. Mas de maneira nenhuma os autores
sugerem descartar a matemática da física e sim contextualizá-la e não trabalhar
com fórmulas apenas, e substituições.” (Aluna 9, fórum 3)
“Concordo plenamente quando diz que a matemática não pode ser descartada do
Ensino de Física, creio que não teria como isso ocorrer, pois através do uso da
matemática, podemos exemplificar e comprovar determinados conceitos físicos.
Entretanto, acredito que, como formadora de cidadãos, preparados para atuar na
sociedade, a escola deve ter seu currículo voltado a preparar este cidadão,
valorizando temas da atualidade, de forma a gerar discussões e reflexões sobre a
realidade no qual está inserido.” (Aluna 18, fórum 3)
A aluna 18, ao complementar sua fala, coloca que o objetivo da escola é ser
“formadora de cidadãos”. Isso amplia a visão de que apenas o professor seja o responsável
por essa tarefa. Essa colocação da aluna foi importante para o contexto das discussões, visto
que o enfoque até o momento, durante as discussões, focalizou o problema do ensino apenas
nas relações estabelecidas em sala de aula.
A apresentação da abordagem CTS a partir de temas controversos culminou nas
discussões do fórum 4, que inicialmente solicitou que os alunos apontassem vantagens em
utilizar temas controversos nas aulas de física. A possibilidade de contextualizar as aulas e
aproveitar para discutir temas do momento foram as principais vantagens apontadas,
ressaltando que as reflexões geradas mostram que a ciência é dinâmica e que as tomadas de
decisão exigem reflexão. O potencial pedagógico de auxiliar na aprendizagem de conceitos
científicos e de aspectos relativos à natureza da ciência também foram apontados. O aluno 6
mostra confiança na proposta de valorização de uma perspectiva humanística das questões
sociais relativas à ciência e tecnologia. As duas falas a seguir mostram um pouco da riqueza
de discussões desencadeadas nesse fórum.
“Acho que a principal vantagem é realmente contextualizar um assunto, por
exemplo, falando sobre um tema sugerido no texto, geração de energia através do
processo de fissão nuclear, pode-se explorar o fato recente do acidente da usina
nuclear no Japão devido a um tsunami e levar os alunos a uma reflexão sobre esse
tipo de energia. Vantagens, desvantagens, porque o Brasil está investindo nessa
tecnologia? O que é melhor, impacto ambiental de uma hidrelétrica ou risco de um
acidente nuclear? Temas controversos que mostram aos alunos que nem sempre é
fácil decidir”. (Aluno 6, fórum 4)
“Creio que a principal vantagem de conduzir as aulas através dos temas
controversos seja possibilitar a reflexão e a discussão sobre questões do cotidiano,
a fim de criar a possibilidade de ter ações diferenciadas, que melhore a qualidade
de vida de todos. Além disso, através de temas controversos, e das reflexões que eles
geram, a ciência deixa de ser uma verdade absoluta e passa a ser questionada e
novas alternativas são formadas.” (Aluna 18, fórum 4)
Nota-se, nas falas tanto do aluno 6 quanto da aluna 18, que aparece a citação de temas
do cotidiano. Nessas falas, claramente a referência ao cotidiano não foi tratada de maneira
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reducionista, como exemplificação apenas. Mas foi importante nesse momento discutir com
os alunos a diferença entre contextualização e uso de temas cotidianos. A intervenção da
formadora mostra essa preocupação.
“Apenas para começar a sinalizar para todos uma diferença: os temas
controversos, e a abordagem CTS, não se referem necessariamente às questões do
cotidiano. Essas tendem a ser mais restritas e localizadas. De modo geral, um
ensino pautado nas questões do cotidiano tende a usar exemplos, situações de
aplicação, mas que não estão, de modo geral, associadas a um contexto mais geral
e problemático.” (Formadora, fórum 4)
Quando questionados se ficariam à vontade para trabalhar temas controversos em sala
de aula, não houve consenso. O aluno 3 mostra-se cauteloso.
“Acredito que somente depois de estar bem preparado e com um bom domínio da
controvérsia em questão, me sentirei preparado para trabalhar com o assunto em
sala de aula. Os temas sugeridos podem ser muito úteis em sala de aula, desde que
estejamos preparados para as discussões que surgirão.” (Aluno 3, fórum 4)
O aluno 10 ressalta o problema do extenso conteúdo exigido nas escolas e sua
preocupação com a educação no Brasil.
...“O material a ser dado é extenso, a escola e a direção cobram esses resultados
(passar todo o conteúdo), inclusive com uma gama enorme de exercícios” ... “ O
ensino brasileiro precisa quebrar esse paradigma, pois acredito que poucas escolas
estão preparadas para esse novo conceito de ensino. Seja por parte do professor
que não se vê preparado, seja por parte dos alunos que não estão acostumados a
esse tipo de aula, seja pela própria direção pedagógica das escolas que não
enxergaram que temas controversos também são aulas de física, química ou
biologia, ou seja, ainda num sentido mais amplo, pelo próprio ministério da
educação que não desenvolve políticas públicas eficazes para implementação desse
novo modelo curricular. Acredito que temos muito o que caminhar e evoluir ainda
nesse sentido.” (Aluno 10, fórum 4)
Outros fatores que impedem a completa adoção do princípio metodológico em questão
são o curto tempo para preparar aulas a partir de um novo enfoque, baixo envolvimento entre
os professores de áreas diversificadas, o receio de uma aprendizagem menos exigente e com
menor número de conceitos científicos. Esses obstáculos acabaram aparecendo nas falas dos
alunos antes mesmo da discussão que foi proposta ao final do curso, no fórum 6.
Já o aluno 14, ao responder se sentiria à vontade em trabalhar com temas controversos,
lembrou-se da temática ambiental e de sua grande aceitação por parte dos alunos do Ensino
Médio para sustentar seu argumento.
“Sim, pois esses temas servem para organizar e orientar o trabalho em sala de aula,
possibilitando uma abordagem na temática ambiental, este tema desperta o
interesse investigativo do aluno, bem como, uma discussão sobre o ponto de vista de
cada um.”(Aluno 14, fórum 4)
Após todo o preparo para compreender a abordagem CTS a partir de temas
controversos, os alunos iniciaram a sequência de aulas com a temática Corrida Espacial. Essas
aulas, detalhadas no item 4.2.1 deste trabalho, foram um dos subsídios para planejarem o
trabalho final que consistiu no desenvolvimento de um plano de ensino a partir de um tema
controverso, usando a abordagem CTS. A composição de um pano de fundo, ou seja, de um
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contexto para discussão dos conceitos relativos à conservação do momento linear aplicado a
sistemas de massas variáveis serviu para dialogar com as concepções individuais, refletir os
riscos e benefícios associados à aplicação da ciência e tecnologia além, é claro, de prepará-los
para a aula onde a Física do funcionamento de um foguete foi questionada. Dos Fóruns de
discussões pode-se inferir que deve-se ter um mínimo de conhecimento tecnológico e
científico para uma participação ativa, ou seja, é imprescindível que o professor se mantenha
informado para um preparo adequado. No fórum 5, os alunos estavam vivenciando,
efetivamente, uma abordagem de ensino a partir de um tema controverso. Nesse fórum,
diferentemente dos demais, eles emitiram opiniões e participaram de discussões cujo foco era,
efetivamente, um tema controverso: “A corrida espacial”. Essas questões podem ser lidas na
figura 1. Os alunos participaram ativamente desse fórum 5, como pode ser visto pelo número
de postagens, 40 no total. Discutiram desde aspectos técnicos até questões de segurança
nacional, além de emitirem opiniões sobre o uso de recursos do Estado nesse tipo de
programa.
Identificou-se, ao longo do curso, uma aceitação das abordagens CTS e os temas
controversos em suas futuras aulas, porém com certos obstáculos, alguns já ressaltados no
forum 4.
Por último, então, os alunos mostraram diversas preocupações e falaram das
dificuldades de empreender um ensino que vá além dos aspectos conceituais, como a
fragmentação do currículo escolar.
“A própria divisão do currículo, que serve como organização escolar, não possui
relações entre si ou com a realidade dos alunos.”(Aluna 18, fórum 6)
Quando questionados sobre os obstáculos que encontrariam em implantar uma
abordagem de ensino como a sugerida, inclusive obstáculos relativos à sua própria formação,
encontramos falas como a do aluno 14 e do aluno 6.
“A formação a que fiz parte foi pautada pelo ensino tradicionalista, onde
professores ministravam suas aulas a partir de um livro didático e seguiam como se
fosse um manual, assim a dificuldade e por não ter participado de aulas
interdisciplinares.”(Aluno 14, fórum 6)
“Acredito que dificuldade maior está no fato de os formandos em licenciatura já
terem um conceito de ensino totalmente descontextualizado, que foi a forma como
estudaram, daí a dificuldade em aceitaram e elaborarem aulas
contextualizadas.”(Aluno 3, fórum 6)
Já o aluno 11 e a aluna 8 acreditam que alguns dos obstáculos podem ser transpostos
ao longo da formação dos futuros professores através de maior envolvimento com os métodos
e exemplos de mudanças de práticas.
“... particularmente por estar iniciando na profissão e ter ficado algum tempo fora
do sistema de ensino, me sinto mais receptivo às mudanças curriculares, aceitando-
as e concordando com todas. Talvez, para quem está envolvido no currículo
tradicional como educador ou recém saído do ensino médio haja maior dificuldade
em pensar em mudança do comportamento e da forma conhecida de trabalho.
Entendo que estas mudanças podem ocorrer ao longo do tempo com mais
discussões, mais trabalhos, mais indicações para os licenciandos melhorarem os
resultados atuais da educação brasileira.”(Aluno 11, fórum 6)
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“Enquanto aluna do ensino médio, nunca pensei que haveria outra possibilidade
como a do CTS, em trabalhar em sala de aula, para mim as aula seriam daquele
jeito mesmo, cada professor com sua matéria entrava na sala, dava aula, explicava,
quem aprendeu aprendeu. Mas não agora com os estudos feitos em Prática III, vi
que tem possibilidade de reverte estes conceitos tradicionais.” (Aluna 8, fórum 6)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nenhuma atividade humana é isenta de valores, de modo que a tecnologia não pode ser
caracterizada como uma atividade neutra. Porém, um dos maiores obstáculos da utilização
de questões controversas em aulas de Física a partir de uma perspectiva CTS está
diretamente ligado com as concepções prévias dos futuros professores. Ao longo de sua
trajetória escolar são construídos saberes e consolidado percepções que os acompanham
durante os anos de sua formação inicial (apud BRITO et al. 2008) como afirma Silva
(2009):
“...as atividades de ensino de Física privilegiadas pelos futuros professores em suas
práticas nas escolas são, até certo ponto, uma reprodução daqueles processos por
eles vivenciados tanto na escola básica como em seus cursos de graduação. Portanto,
as experiências vivenciadas pelos futuros professores, enquanto alunos de escola
básica e seus cursos de graduação são um dos principais fatores determinantes das
concepções de ensino por eles apresentadas.”
Justifica-se, portanto a disciplina Prática de Ensino de Física como um ponto de
referência para a articulação de conteúdos específicos e pedagógicos. Segundo Silva (2009) é
um momento privilegiado para que os futuros professores aprofundem sua compreensão da
realidade do ensino e tenham um contato direto principalmente com a prática docente para a
qual está se preparando. Daí a importância da vivência de abordagens alternativas como fator
motivador para repensar os conteúdos escolares tradicionais em vigor, pois “... o modo como
se ensina Ciências tem a ver com o modo como se concebe a Ciências que se ensina (apud
Cachapuz et al)”.
A problematização de uma temática controversa e as discussões que suscitam
posicionamentos pessoais e disposição a “ouvir” o outro, mostram-se instrumentos
pedagógicos eficazes e necessários para a construção de uma análise crítica sobre a realidade
escolar, apoiando-se na busca de novas relações de ensino.
Acreditamos que a utilização de abordagens CTS e de temas controversos mostrou um
potencial pedagógico significativo e transformador do modo de percepção da realidade dos
futuros professores e estes, por sua vez, serão os agentes ativos no processo de educação dos
futuros cidadãos.
Mais do que isso, este trabalho mostrou que é possível desenvolver um ensino crítico,
contextualizado e inovador em cursos de licenciatura a distância.
6. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o auxílio parcial do Ministério da Educação através do Programa de
Consolidação das Licenciaturas – PRODOCÊNCIA – 2010.
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