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Resumo
Esse trabalho tem como objetivo investigar as motivações que levaram os licenciandos em
Física a se inscreverem no PIBID e no Programa de Residência Pedagógica da Universidade
Federal do Acre (UFAC). Um questionário foi aplicado a 45 alunos do PIBID e a 14 alunos
da Residência. Os resultados obtidos mostraram que os principais motivos alegados por terem
feito a inscrição foram à oportunidade de poder experimentar a docência, de receberem uma
bolsa de estudos e de aperfeiçoarem os conhecimentos. Os licenciandos mencionaram a
importância de associar os fatos cotidianos, problemas ambientais e sociais, concepções do
universo e dar atenção aos estudantes das escolas com relação ao ensino de Física. As
conclusões revelaram que os referidos programas poderiam propiciar aos graduandos um
aperfeiçoamento na formação docente e no conhecimento da realidade do ambiente escolar.
Palavras-chave: PIBID. Residência Pedagógica. Formação de licenciandos em Física.
Introdução
1
Pós-Doutora em Física Nuclear e Doutora em Física pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em
Engenharia Nuclear pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e Licenciada em Física pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Professora Adjunta na Universidade Federal do Acre (UFAC),
Campus Rio Branco. E-mail: bianca8ms@gmail.com
2
Licencianda em Física da Universidade Federal do Acre (UFAC). Bolsista do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência (PIBID) da UFAC. E-mail: suzianelima05@gmail.com
3
Mestrando em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ), Licenciado em Física
pela Universidade Federal do Acre (UFAC). E-mail: eloi.junior.j@gmail.com
4
Doutor e Mestre em Física pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Especialização em Planejamento,
Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Licenciado em
Física pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Professor Adjunto da Universidade Federal do Acre
(UFAC), Campus Rio Branco. E-mail: mar_castanheira@yahoo.com.br
O formador de licenciandos deve saber que uma boa função inicial de professores vai
muito além de repassar o conteúdo, já que o preparo dos discentes é dirigido a um ambiente
distinto da universidade, com desafios diferentes e, na maioria dos casos, com outra
impressão da que tinha ao término do ensino médio. O choque proveniente do que é feito e do
que deve ser feito, especificamente quanto ao papel do professor no ensino médio, é
necessário na formação do docente, não podendo limitar essa responsabilidade apenas as
disciplinas pedagógicas. É reconhecível também que muitos formadores, especialmente no
caso dos cursos de Ciências da Natureza e Exatas, lecionam os conteúdos das ementas das
disciplinas de maneira tradicional, ocasionalmente de maneira adversa a proposta formativa
de um curso de licenciatura (NETO; SILVA, 2018; AREVALO; TERRAZZAN, 2013).
A interação entre teoria e prática foi defendida por Pimenta (2002), cujas
investigações foram feitas no campo da didática e prática de ensino. Fica claro que a prática
docente tem um relevante significado na formação dos futuros professores, porém deve estar
História, Língua Inglesa, Matemática, Pedagogia, Física e Química. Cada área tinha que
selecionar três professores receptores de escolas públicas e 30 alunos residentes, onde 24
seriam bolsistas e os demais voluntários.
Neste contexto, a UFAC adotou como processo de seleção para alunos residentes e
pibidianos, bem como para professores preceptores e supervisores, a abertura de edital. E para
o encaminhamento das atividades iniciais dos alunos nos programas, analisou-se por meio de
questionário a motivação para a participação deles nos programas. Assim, o presente trabalho
tem por objetivo apresentar e trazer reflexões sobre as motivações dos estudantes da
licenciatura em se inserir nas atividades dos subprojetos da área de Física para o PIBID e
REVISTA FORMAÇÃO@DOCENTE - BELO HORIZONTE - V. 12, N. 1, JANEIRO/JUNHO 2020
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Residência Pedagógica.
São apresentados a seguir resultados sobre o questionário aplicado aos 45 alunos que
se inscreveram para participar do PIBID. Vale ressaltar que o núcleo de física do PIBID
incluiu apenas 30 alunos conforme as orientações da Capes, entretanto 45 acadêmicos da
licenciatura que possuíam menos de 50% do curso concluído ou estavam entre o 1° ao 4°
período da graduação demonstraram interesse em participar do PIBID ao realizarem a
inscrição.
Metodologia
nos programas; verificar se pretendiam atuar na docência depois da conclusão do curso; além
de avaliar se os graduandos teriam alguma ideia sobre as formas que um professor de Física
da educação básica poderia contribuir na formação de estudantes atuantes na sociedade em
que vive.
1ª Motivação:
2ª Motivação:
3ª Motivação:
2 - O que o(a) motivou a escolher o curso de licenciatura em Física da UFAC?
O questionário continha cinco perguntas, dos quais duas eram de múltipla escolha e as
demais eram abertas. As perguntas abertas proporcionam aos participantes opinar sobre vários
pontos de interesse. A análise das respostas fornecidas nos questionários concentrava-se numa
abordagem de pesquisa qualitativa aplicada à educação (BOGDAN; BIKLEN, 1994). Todas
as respostas foram avaliadas, reunidas e apresentadas na seção seguinte.
Resultados e Discussões
Figura 1: Resultados sobre as motivações dos graduandos da licenciatura em Física de ingressarem nos
programas de PIBID e Residência Pedagógica
Aluno A (PIBID). 1ª Motivação: Para ter uma renda para ter um bom auxílio, para
continuar meus estudos na universidade. 2ª Motivação: Poder desenvolver meu
aprendizado, (...) poder ter mais coragem para poder desenvolver minha fala e o
medo de apresentação. 3ª Motivação: Tendo um conhecimento sobre um
conhecimento com todos os assuntos e os princípios sobre a física.
Aluno B (PIBID). 1ª Motivação: Por ser um excelente programa, o principal na
prática da docência, e que nos dá muitas oportunidades de aprendizado, mostra na
prática como ser um professor melhor. 2ª Motivação: Tive professores que fizeram
parte do programa, e que nos incentivaram muito, são ótimos profissionais, e que
nos mostravam o lado bom do professor. 3ª Motivação: A oportunidade de já fazer
parte da realidade de uma sala de aula, de conviver com meu futuro ambiente de
trabalho, para que eu possa me tornar um bom profissional.
Aluno C (Residência Pedagógica): 1ª Motivação: O fato de a residência pedagógica
nos preparar para a prática a docência. 2ª Motivação: O fato de poder contar como
horas de atividades acadêmicas curriculares. 3ª Motivação: Por ter uma bolsa.
Aluno D (Residência Pedagógica): 1ª Motivação: Ajudar no trabalho docente a ser
Quanto ao conteúdo é preciso, porém, ter um cuidado especial com esses alunos que
ingressaram nas escolas na esperança de se encontrar como docente e na expectativa de
propor alternativas de práticas educacionais aos alunos da rede estadual. A atenção devida
deve ser dada ao que alerta de Deimling e Reali (2018) que os alunos não devem desenvolver
atividades na escola sobre conteúdos que ainda não obtiveram contato na graduação. A
residência pedagógica, teoricamente, se mostra como uma opção para se evitar esse problema,
tendo em vista o que foi dito no último parágrafo.
Figura 2 são apresentados tais resultados. As três escolhas pelo curso mais citadas, por alunos
de ambos os programas, foram à influência dos professores no ensino médio, o gosto pela
Física e por ser uma boa oportunidade profissional ou ter o desejo de ser docente.
Figura 2: Resultados sobre as motivações dos graduandos da licenciatura em Física para ingressarem no
curso.
Destacam-se a seguir algumas falas dos acadêmicos sobre a escolha do curso. Optou-
se por apresentar depoimentos de alunos recém chegados no curso, estudantes do 1° ou 3°
período da licenciatura, público alvo do PIBID.
Aluno 1: “Desde que conheci a física no ensino médio, tive bastante intimidade com
a disciplina, e então decidi querer aquilo para mim, recebi incentivo de meus
professores, tendo em vista que é uma área carente de profissionais, além de gostar
de repassar meus conhecimentos a outros.’’
Aluno 2: “Minha motivação se deve pela influência dos meus ex-professores de
física que fizeram-me, por sua vez apreciar essa disciplina.”
Aluno 3: “Escolheria qualquer licenciatura, mas meu colega sugeriu física e comecei
a cursar. Na licenciatura pretendo aprender a descrever meus conhecimentos e
repassar para outras pessoas, e também ver o resultado desse contato. ”
Aluno 4: “A possibilidade de poder dar aulas, orientar e desenvolver novos
conhecimentos foram os primeiros motivos a fazer-me escolher física.”
Aluno 5: “Por que acho o curso muito bom e tudo na vida do ser humano envolve a
física. E acho legal que a física busca compreender a natureza isso me atraiu para o
curso de física.”
Na questão sobre a perspectiva futura dos graduandos atuarem como professores, para
os alunos da Residência Pedagógica, dos 14 alunos, oito assinalaram que o magistério seria a
primeira opção profissional, o que endossa o supracitado desejo de adquirir experiência e
aprimorar os conhecimentos docentes. Outra opção que merece destaque, com três escolhas, é
a exercer a docência na complementação da atividade profissional, isso provavelmente indica
que alguns dos residentes já trabalham em outras ocupações ou que tem em mente trabalhar.
Um licenciando escolheu que o magistério seria a opção profissional caso não tivesse sucesso
em outra escolha e dois não responderam.
Aluno X: “Quando ele instiga ou ensina os seus alunos a ver a Física não só como
matéria, mas, como algo presente no nosso cotidiano, seja no ferver uma água ou na
queda de uma fruta da árvore, ou seja, a perceber que tudo na natureza faz parte do
ensino da física.”
Dois alunos ainda escreveram sobre a relevância da formação do caráter do estudante,
outros dois não entenderam a pergunta dando respostas sem sentido, enquanto um respondeu
de forma superficial, não respondendo efetivamente a questão. Quanto ao mesmo
questionamento, mas agora para o grupo do PIBID, destacam-se as falas:
ALUNO Y: “A Física é uma ferramenta essencial em sua forma de pensar e agir, ela
irá prepará-lo dentro de seus limites a formar um estudante capaz de lidar com crises
de energia, problemas ambientais, manuais de aparelhos, concepções de universo,
enfim decifrar símbolos, códigos, visando melhorar toda uma sociedade.”
ALUNO Z: “O professor pode mostrar que a Física é algo comum no cotidiano do
aluno, através de uma abordagem clara e exemplos concretos no seu dia a dia,
estimulando o conhecimento científico.”
ALUNO W: “Contribuir com o ensino que a Física proporciona. Mostrar que na
vida tudo que fazemos envolve a Física. Porque as pessoas não param para ver que
tudo que fazemos tem envolvido a Física. Sendo assim o professor poderia
compartilhar seus conhecimentos do curso com os alunos”.
“Como professor deve-se perceber que há uma orientação das relações entre o
estudante e a sociedade, sendo necessário não só ensinar o conteúdo da disciplina,
mas também como o estudante se depara com o mundo, moldando sua visão, ou
melhor, apresentando uma nova perspectiva ao estudante” (Aluno D).
“Acredito que os docentes precisam focar mais em cada aluno, em suas
dificuldades, seus complexos. Como a Física inclui muita matemática e as
disciplinas principais são de cálculo, as disciplinas pedagógicas são quase que
escassas e os alunos em sua maioria apresentam muitas dificuldades em sua escrita,
interpretação, fala formal e entre outras, isso sem mencionar as deficiências em
matemática básica. Acredito que uma melhor atenção nesse contexto de disciplinas
melhoraria o curso de Física e uma futura turma na educação básica” (Aluno E).
de certa forma apontado por dois participantes da pesquisa, quando se referiram à formação
do caráter do estudante da educação básica.
Considerações finais
Os discentes afirmaram que a escolha por fazer o curso de licenciatura em Física foi
influenciada pelos professores tidos no ensino médio, por gostar da disciplina, aparentar ser
uma boa oportunidade profissional ou pela vontade de se tornar um docente. Mais da metade
dos participantes disseram que tinham interesse em serem bolsistas, sinalizando a relevância
do pretexto financeiro. Os licenciandos apontaram os fatores que um professor de Física
poderia contribuir na formação estudantil da educação básica, dos quais se destacam a
associação da disciplina com fatos do dia a dia e uma devida atenção aos estudantes.
Agradecimentos
Referências
GOMES, B. G.; CARMO, G. L.; SANTOS, B. M. Música como recurso didático para o
ensino de impulso e quantidade de movimento. South American Journal of Basic
Education, Technical and Technological, v. 5, p. 215-224, 2018. Disponível em:
https://periodicos.ufac.br/index.php/SAJEBTT/article/view/1536. Acesso em: 09 fev. 2020.
UFAC. Edital Prograd nº 27/2018 – Processo seletivo simplificado para cadastro de reservas
de bolsas de iniciação à docência PIBID-UFAC. Universidade Federal do Acre, 2018a.
Disponível em: http://www.ufac.br/editais/prograd/edital-prograd-no-27-2018-processo-
seletivo-simplificado-para-cadastro-de-reserva-de-bolsas-de-iniciacao-a-docencia-pibid-
ufac/prograd272018.pdf. Acesso em: 19 fev. 2019.