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D I S C I P L I N A Organização do Espaço
Região no contexto
da renovação da Geografia
Autoras
aula
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UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
N
esta segunda aula sobre o tema região, o foco das análises continuará a ser as
formulações conceituais e o regionalismo. Estudaremos os conceitos de região
oriundos do paradigma da Nova Geografia e das novas tendências, que se configuraram
a partir da década de 1970, vinculadas à Geografia Crítica e à Geografia Humanística e
Cultural. Na seqüência, será abordada a noção de regionalismo.
Objetivos
Identificar os marcos históricos do contexto de
1 emergência do processo de renovação da Geografia.
A
história do pensamento geográfico revela que a região sempre foi uma discussão
pertinente ao campo da Ciência Geográfica. Na aula anterior, estudamos os conceitos
de região elaborados no âmbito dos paradigmas do Determinismo Geográfico e do
Possibilismo, respectivamente, região natural e região geográfica. Nesta aula, a travessia
pelas correntes do pensamento formuladas no século XX ratifica a premissa de que “um
conhecimento científico é o resultado, em um determinado momento do tempo, da relação
entre o estágio de desenvolvimento teórico sobre o objeto e o grau de conhecimento sobre
esse objeto” (BEZZI, 2004, p. 104). Assim, as mudanças paradigmáticas são acompanhadas
de reformulações e novas formulações conceituais que contribuem para o entendimento das
características espaciais de uma dada sociedade. É nesse cenário que emergem as noções
de região vinculadas à Nova Geografia e às correntes que se firmaram a partir de 1970.
E
m meados da década de 1950, no período pós-guerra, ocorreram profundas
transformações na sociedade mundial (expansão capitalista, guerra fria e bipolarização)
e no universo da ciência. No âmbito do conhecimento geográfico, emergiu uma
série de questionamentos aos aspectos teórico-metodológicos da Geografia Tradicional e,
particularmente, do conceito de região. Vivia-se uma fase de transição em que se colocava
a insuficiência teórico-conceitual dos paradigmas então vigentes de explicar as realidades
sócio-espaciais descortinadas naquele contexto histórico e desencadeou-se uma revisão
analítica do que existia. Paralelamente às críticas formuladas à Geografia Tradicional,
imprimiam-se mudanças na base filosófica e metodológica, redefiniam-se os métodos de
investigação e os objetivos dos estudos geográficos.
A tessitura de revisão crítica na ciência não significa a destruição do que existe, mas
acena para a produção e incorporação de novas idéias, referendando a tese de que a elaboração
do conhecimento é um processo histórico de interpretação da realidade. Nesse sentido, as
transformações ocorridas no espaço, via expansão do capitalismo, passaram a exigir da Geografia
um maior dinamismo, que sintonizasse a velocidade em que ocorriam as transformações
espaciais com a produção de um sistema explicativo. No caso da abordagem regional, não se
trata de anular, negar ou julgar irrelevante os conceitos de região natural e de região humana ou
geográfica, mas de considerá-los superados mediante as mudanças espaciais.
1.
2.
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3.
A região funcional define-se pela existência de um pólo (nó) que preside a teia de
relações que dá substância à região. Nesse caso, o caráter da funcionalidade é estabelecido
a partir de múltiplas relações que criam fluxos de naturezas diversas (mercadorias,
informações, pessoas, decisões, idéias etc.), articulando um espaço que é internamente
diferenciado. Nesse tipo de abordagem, a cidade assume um importante papel como centro
(nó) da organização espacial, pólo irradiador da dinâmica regional. Como exemplo da
aplicabilidade de tal noção, destaca-se a divisão do Brasil em Regiões Funcionais Urbanas,
elaborada pelo IBGE em 1972.
Você tem o costume de consultar ou estudar recorrendo a mapas? Saiba que ele é uma
excelente e imprescindível companhia para o geógrafo. Vamos atestar isso?
1.
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2.
A
década de 1970 constituiu-se um momento importante de (re)visão da ciência e, por
conseguinte, esse processo afetou a Geografia. Essa revisão esteve associada às
transformações sociais e econômicas que ocorreram em nível mundial e repercutiram
sobre a produção do conhecimento nas ciências sociais. Dentre os acontecimentos que
marcaram as décadas de 1950 a 1970 e foram decisivos para essas transformações estão
a deflagração da política de coexistência pacífica, que atenuou as tensões ideológicas
EUA x URSS internacionais no confronto Leste-Oeste (EUA x URSS), permitindo a emergência da
Estados Unidos
reflexão marxista no Ocidente e, posteriormente, contribuindo para o fim da Guerra Fria
da América versus (1989); as mudanças nos países do Terceiro Mundo, via independência política de várias
União das Repúblicas nações (descolonização), democratização e divulgação dos problemas socioambientais em
Socialistas Soviéticas.
conferências internacionais; e a crise do sistema de dominação ocidental que originou grandes
transformações na organização do espaço internacional (triunfo da revolução comunista na
China, regimes socialistas em alguns países africanos e revolução cubana).
Veja como a história é fundamental para os estudos geográficos! Pesquisar ainda mais
sobre esse momento histórico é importante, não só para conhecer o referido período, mas
também porque esses acontecimentos históricos são imprescindíveis à compreensão da
realidade atual. Por isso, busque o conhecimento e procure responder às questões propostas.
Atividade 3
Por que a década de 1970 é considerada um divisor de águas na
1 história da humanidade e da produção científica?
1.
sua resposta
2.
1.
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2.
A
abordagem humanístico-cultural nos estudos sobre região está vinculada à Geografia
Humanística e à Geografia Cultural, que compartilham entre si elementos comuns de
análise. Inclui-se, nessa perspectiva, a concepção da região como foco de identificação,
ou seja, pautada na apropriação simbólica do lugar por determinado grupo.
No âmbito dessa abordagem, a análise está centrada na noção de espaço vivido enquanto
uma construção que se delineia a partir da percepção das pessoas, sendo revelador de
práticas sociais. Recupera-se o humanismo, valoriza-se a história e ressaltam-se os valores
socioculturais, ao mesmo tempo em que se afirma a importância da estética e do imaginário
na análise geográfica. Assim, o espaço passa a ter a conotação de uma categoria cultural,
ou uma representação coletiva, e a região assume uma nova interpretação, sendo vista
como um conjunto de percepções vividas e estabelecidas a partir de apreensões, valorações,
decisões e comportamentos coletivos (BEZZI, 2004, p. 207). Nesse contexto, “a discussão
de como o espaço é percebido e quais são os significados e valores modelados pela cultura e
pela estrutura social que são atribuídos ao espaço passaram a ser analisados com o objetivo
de compreender o sentimento que os homens têm de pertencer a uma região” (LENCIONE,
1999, p. 194). Afetividade e pertencimento, sentimentos que alicerçam uma construção
identitária assumiram relevância no âmbito da compreensão da identidade regional, elevando
esse tema à condição de problema central da Geografia regional de base fenomenológica.
6°00'
6°00'
6°30'
LEGENDA
Sede do Município
ESCALA Divisão Municipal
10 0 10 20 km Divisão Estadual
7°00'
7°00'
FONTE: Elaboração da Autora - 2002 sobre Malha Municipal Digital do Brasil - 1997 - IBGE/DGC/DECAR
37°30' 37°00' 36°30' 36°00'
1.
2.
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3.
A
s discussões a respeito do tema região propiciam investidas por diferentes trilhas que
envolvem as dimensões econômicas, políticas, culturais e territoriais que conformam
a sociedade. Nesse cenário, o reconhecimento da diversidade regional põe em
evidência formas de manifestação social particulares, traços da personalidade regional. A
face empírica desse processo requisita uma breve reflexão sobre a noção de regionalismo
como abordagem que deriva da perspectiva dos estudos regionais.
Conforme a leitura de Ricq (1983 apud BEZZI, 2004, p. 216), o regionalismo parte da
base, emerge da consciência das desigualdades regionais e é a contestação ao centralismo,
é a luta pela autonomia. A partir dessa definição, infere-se o conteúdo político impresso ao
sentido de regionalismo.
Definindo-se a região a partir da relação do homem com o meio e com seus símbolos,
esta se constitui na base territorial para a expressão do regionalismo. Apropriando-se desse
conteúdo simbólico, a elite reelabora-o ideologicamente na identidade regional, conferindo
visibilidade e valoração aos traços singulares da sociedade (sotaque, terminologia, hábitos
etc.). “É na utilização desses aspectos simbólicos como recurso político que se estrutura o
discurso regionalista do poder local”. Dessa maneira, o território assume o papel de sujeito
do processo histórico, obscurecendo a visibilidade das relações sociais, que se diluem nos
problemas territoriais (CASTRO, 1994, p. 165).
Atividade 6
1.
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2.
Auto-avaliação
Partindo da premissa de que nenhum conceito é a-histórico, relacione:
1
a) os aspectos marcantes do contexto de emergência da Geografia Crítica e sua vinculação
à noção de região.
Referências
BEZZI, M. L. Região: uma (re)visão historiográfica, da gênese aos novos paradigmas. Santa
Maria, RS: UFSM, 2004.
GOMES, Paulo César da Costa. A região e sua discussão. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES,
Paulo César da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
______. A natureza do espaço: técnica e tempo, espaço e razão. São Paulo: EDUSP, 2002.
EMENTA
Objeto de estudo da geografia; as correntes filosóficas que embasam o pensamento geográfico; espaço, território,lugar,
região e paisagem nas diversas abordagens geográficas; a importância das redes no estudo geográfico do mundo
globalizado; a ciência geográfica na sociedade pós-moderna:paradigmas, perspectivas e dificuldades; as formas de
abordagens dos temas geográficos no Ensino de geografia; atividades práticas voltadas para a resolução de problemas
referentes ao espaço geográfico em situações de ensino
AUTORAS
AULAS