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LUMINOTECNICA

APLICADA

Camila Dias de Souza


Tipos de lâmpadas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Distinguir os tipos de lâmpadas.


 Diferenciar as características luminotécnicas das lâmpadas.
 Indicar a utilização adequada de cada lâmpada.

Introdução
Para compor os sistemas de iluminação, faz-se uso de diversos compo-
nentes, como luminárias, lâmpadas, equipamentos auxiliares, filtros, lentes,
entre outros. A definição sobre a utilização de cada um deles deve ser
pautada pelas características que proporcionam com relação às demandas
de aplicação no ambiente. O atendimento a questões funcionais, estéticas,
de manutenção e eficiência deve ser considerado nesse processo.
As lâmpadas são equipamentos que transformam a corrente elétrica
em energia radiante. De acordo com o processo físico envolvido nessa
transformação, é gerada uma qualidade de luz com propriedades espe-
cíficas e adequação a diferentes usos.
Neste capítulo, você vai conhecer os diferentes tipos de lâmpadas
mais utilizados em interiores e suas características e vai aprender sobre
os tipos de lâmpadas indicados para diferentes aplicações práticas.

Tipos de lâmpadas
Existem diversos tipos de lâmpadas, que podem ser classificadas em três
grandes grupos de acordo com o processo de produção da luz (incandescente,
de descarga e diodo emissor de luz) (Figura 1). Dentro desses grupos, exis-
tem vários subgrupos, nos quais as lâmpadas se diferenciam por formatos,
2 Tipos de lâmpadas

direcionamento da luz, abertura de facho, intensidade luminosa, emissão


difusa ou direcional, temperatura de cor, durabilidade, eficiência luminosa,
tipos de bases, etc.
As características próprias de cada fonte de luz lhe conferem diferentes
graus de adequação para as finalidades do projeto luminotécnico. Para algumas
situações, o índice de reprodução de cor, por exemplo, pode ser indispensável
para a atividade fim, restringindo o uso de determinadas fontes de luz que
não atendam ao requisito mínimo (TREGENZA; LOE, 2015).
Assim, é importante que o projetista de iluminação detenha o conhecimento
das principais características das fontes de luz para fazer a seleção mais adequada
com relação ao atendimento das necessidades do ambiente e seus usuários.

Figura 1. Lâmpadas de bulbo similares dos três grupos de lâmpadas — incandes-


cente, de descarga (fluorescente compacta) e diodo emissor de luz (bulbo LED).
Fonte: Somchai Som/Shutterstock.com.

A seguir, você verá os subgrupos das lâmpadas, suas características de fun-


cionamento e seu contexto dentro da história evolutiva das fontes de luz artificial.

Lâmpadas incandescentes
As lâmpadas incandescentes de filamento de tungstênio (Figura 2) geram
luz por meio da passagem de corrente elétrica pelo fio de tungstênio, que, ao se
aquecer, emite luminosidade. O filamento helicoidal de tungstênio fica dentro
de um bulbo de vidro que contém um gás inerte no seu interior que retarda a
queima do tungstênio e prolonga sua durabilidade.
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Dado o seu funcionamento, a transformação de energia elétrica em energia


luminosa tem baixa eficiência, visto que aproximadamente 90% da energia
elétrica é convertida em calor e apenas 10% em luz, além da baixa vida mediana,
que é em torno de mil horas. A temperatura de cor da luz é amarelada, na faixa
de 2700 K, e o índice de reprodução de cor próximo é a 100 (SILVA, 2004).

Figura 2. Modelos de lâmpadas incandescentes.


Fonte: Adaptada de Ching e Binggeli (2013, p. 264).

Esse tipo de lâmpada foi amplamente utilizado por décadas, até a po-
pularização das lâmpadas fluorescentes compactas, que, por sua eficiência
energética, foram ganhando espaço nas aplicações domésticas e substituindo
as lâmpadas incandescentes, até o completo banimento das incandescentes
para fins de iluminação geral. Eram encontradas nas versões: bulbo claro,
leitoso (difuso) ou fosco. O uso decorativo de lâmpadas de filamento segue
sendo permitido (TREGENZA; LOE, 2015).
Ainda dentro do grupo das lâmpadas incandescentes, existem as lâmpadas
halógenas, que geram luz pela incandescência do gás halogênio presente no
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interior do seu bulbo. São mais eficientes que as incandescentes de filamento,


mantendo as características de índice de reprodução de cor próximo a 100
e temperatura de cor na faixa de 2700 K a 3000 K. As halógenas podem ser
encontradas em baixa tensão, que requerem o uso de equipamento auxiliar
(transformador), ou para uso direto em tensão de rede (127 ou 220V). Entre
as de baixa tensão, temos (SILVA, 2004):

 Bipino: conhecida por suas dimensões reduzidas, foi utilizada em di-


versas aplicações nas décadas de 1980 e 1990.
 Dicroicas em base MR16: é constituída por uma lâmpada bipino e um
refletor dicroico, que reflete 2/3 do calor da lâmpada para trás do refletor
e projeta para a frente 100% de luz e 1/3 do calor gerado. Foi amplamente
utilizada na década de 1990 para iluminação de destaque e até mesmo
para iluminação geral. Apresenta diferentes opções de abertura de facho.
 Halospot AR: é constituída por lâmpada bipino e um refletor de alumínio
de alta definição que dá nome à lâmpada (aluminiumreflector — AR).
Possui versões de diferentes tamanhos de refletores (AR 70 e AR111) e
aberturas de facho (de 2° a 24°) para iluminação de destaque. Diferente-
mente das dicróicas, as lâmpadas AR emitem todo o calor para a frente,
não sendo recomendado seu uso para pequenas distâncias.

Em tensão de rede, temos:

 Lapiseira ou palito: produz luz clara e brilhante, é disponível em


potências de 100, 150, 300 e 500 W, com base de contatos bilaterais.
Atualmente em desuso, foi utilizada para iluminação de vitrines, facha-
das e wallwash (lavagem de parede) ou em arandelas com luz indireta.
 Halopar: é constituída por uma lâmpada e um refletor parabólico,
em base E-27 (tipo rosca), e pode ser utilizada tanto interna quanto
externamente para iluminação dirigida. As versões PAR 16, PAR 20 e
PAR 30 e PAR 38 são as mais recorrentes em iluminação arquitetural.
Dispõe de diferentes aberturas de fachos.
 Dicroicas em base Gz10: semelhante à dicroica de baixa tensão, possui
abertura de facho de 40° e funciona em tensão 127 e 220 V; na prática,
não foram boas adaptações das dicroicas de baixa tensão.
 Halopin: é uma espécie de bipino, disponível em 25, 40 e 60 W, e é a menor
lâmpada halógena para instalação em tensão de rede. Por ter tamanho re-
duzido, substitui bem as incandescentes comuns. Dispõe de bulbo anti-UV.
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A vida mediana das lâmpadas halógenas é maior que a das incandescentes


de filamento, na faixa entre 2000 a 5000 horas, variando conforme modelo. Os
modelos de refletores das lâmpadas halógenas oferecem variação de ângulo
de abertura e intensidade luminosa, bem como na temperatura de cor da luz.
Todas as lâmpadas incandescentes, de filamento ou halógenas, podem ser
dimerizadas (SILVA, 2004).
Apesar da excelente qualidade de luz produzida pelas lâmpadas halógenas,
esse tipo de lâmpada vem tendo seu uso gradualmente reduzido em função de
sua menor eficiência comparativamente aos diodos emissores de luz, que cada
vez mais têm ofertado ao mercado de iluminação fontes de luz de diferentes
formatos e potências, podendo substituir diversos modelos de lâmpadas de
menor eficiência (SILVA 2004).

Lâmpadas de descarga
O grupo de lâmpadas de descarga produz luz a partir da excitação de um
gás ou um composto de gases. Esse processo de geração de luz é adotado
em diferentes tipos de lâmpadas, como as lâmpadas de vapor de mercúrio
de baixa e alta pressão, lâmpadas de vapor de sódio de baixa e alta pressão,
lâmpadas de vapor metálico, lâmpadas de indução e lâmpadas de luz mista.
Têm por característica trabalhar associadas a equipamento auxiliar (reator e
ignitor), que tem a função de dar alta voltagem para a partida do acendimento
e posterior estabilização. O comprimento de onda da luz varia de acordo com
a pressão e o tipo de gás utilizado no interior da lâmpada, definindo, também,
o índice de reprodução de cor (TREGENZA; LOE, 2015)..
As lâmpadas fluorescentes são compostas por vapor de mercúrio à baixa
pressão em tubo com uma camada de fósforo no seu interior. A temperatura de
cor pode variar de 2700 K a 6500 K e o índice de reprodução de cor vai de 65
a 95. Sua eficácia luminosa e durabilidade são superiores às incandescentes,
variando conforme sua geração e modelo. Produzem na faixa de 20-96 lm/W
e têm vida mediana de 16000 horas (SILVA, 2004). Dispõem basicamente de
três tipos de modelos:

 Tubulares: a evolução da família de lâmpadas tubulares (Figura 3) se


deu pela redução do diâmetro do tubo, aumento da eficiência, vida útil
e qualidade de luz (IRC e temperatura de cor). As precursoras foram
as T12, seguidas das T-10, T-8 e T-5.
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Figura 3. Modelos de lâmpadas fluorescentes tubulares.


Fonte: Ching e Binggeli (2013, p. 265).

 Compactas sem reator integrado: são modelos de lâmpadas que ne-


cessitam de reator para seu funcionamento, podendo ser dimerizadas
com uso de reator compatível. Possuem alta eficiência luminosa, sendo
apropriadas para luminárias pequenas e downlights. Disponíveis em
duas temperaturas de cor — 2700 e 4000 K.
 Compactas com reator integrado: semelhantes às anteriores, mas com
reator integrado e base E-27 (tipo rosca), que permite a substituição direta
de incandescentes por fluorescentes compactas. Não admitem dimerização
e são impróprias para utilização com sensores de presença ou minuteiras,
visto que sua vida média é calculada para oito acendimentos diários.

Veja, na Figura 4, modelos de lâmpadas fluorescentes compactas integradas


e não integradas.

Figura 4. Modelos de lâmpadas fluorescen-


tes compactas integradas e não integradas.
Fonte: Ching e Binggeli (2013, p. 265).
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As lâmpadas de descarga de alta pressão também operam com auxílio de


equipamento para partida e estabilização. As lâmpadas de vapor de mercúrio
de alta pressão existem desde 1930, inicialmente produzindo luz de baixa, com
eficiência variando de 33 a 57 lm/W. Foram amplamente utilizadas em iluminação
pública e industrial, tendo índice de reprodução de cor entre 40 e 50 e temperatura
de cor variável de acordo com o tipo de lâmpada. Dentre as lâmpadas de descarga,
é possível encontrar fontes de luz com melhor qualidade que essa (SILVA, 2004).
As lâmpadas mistas surgiram após as lâmpadas de mercúrio e são a
combinação do funcionamento da lâmpada incandescente com a lâmpada de
mercúrio. A partida da lâmpada acontece a partir do aquecimento e conse-
quente acendimento de um filamento incandescente dentro do bulbo do tubo
de descarga. A movimentação dos elétrons dentro do tubo vaporiza o mercúrio,
dando sequência ao seu funcionamento. Não faz uso de reator, funcionando
apenas em tensão de 220 V. Foi bastante utilizada em iluminação pública em
função da facilidade de substituição das lâmpadas incandescentes, servindo
como solução intermediária, apesar dos seus inconvenientes de funcionamento.
Atualmente, está em desuso (SILVA, 2004).
As lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão funcionam a partir do
lançamento de corrente elétrica no tubo cerâmico de descarga preenchido com
vapor de sódio. Utilizam reator e ignitor para a elevação de tensão necessá-
ria à partida da lâmpada. São disponíveis em formato de bulbo elipsoidal e
tubular, com base E-27 ou E-40 (base de rosca). São conhecidas por sua luz
de coloração alaranjada e são altamente eficientes, oferecendo de 70 a 180
lm/W. Entretanto, possuem índice de reprodução de cor muito baixo, não
atendendo a requisitos de diversas funções em iluminação. Foram, e ainda são,
utilizadas em iluminação pública, mas vêm sendo gradualmente substituídas
por lâmpadas de descarga de maior qualidade ou por diodos emissores de luz.
Sua durabilidade está entre 15 e 20 mil horas (SILVA, 2004).
As lâmpadas de vapor metálico (Figura 5) oferecem luz com temperatura
de cor entre 3000 K e 4200 K, eficiência entre 92 lm/W e125 lm/W e índice
de reprodução de cor entre 85 e 90. Têm por característica acendimento pleno
não imediato, necessitando de um tempo para atingir sua quantidade de luz
esperada. Todos os modelos demandam a utilização de reator e ignitor para
seu funcionamento. São encontradas em diferentes versões (SILVA, 2004):

 Metálicas tubulares de alta potência: encontradas nas potências de 250,


400, 1000 e 2000 W, possuem alto rendimento energético, alto índice de
reprodução de cor e longa durabilidade, oferecendo luz branca e brilhante.
Estão disponíveis em versão com base de rosca E-40 e duplo contato.
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 Metálicas tubulares de baixa potência: encontradas nas potências de


70 e 150 W, com base bipino, podendo ser utilizadas em iluminação
de destaque com refletores cilíndricos.
 Metálicas ovoides de alta potência: são disponíveis em 150 W e 400
W, também conhecidas como elipsoidais, e utilizadas para iluminação
esportiva e pública.
 Metálicas ovoides de baixa potência: são disponíveis em 70 W e 150 W,
com base E-27; podem ser utilizadas para iluminação de lojas e corre-
dores de shoppings. Existem nas versões bulbo transparente e leitoso.
 Metálicas refletoras: disponíveis na potência de 70 W, têm refletor e
lente frontal gerando facho de luz preciso. Emitem mais luz e menos
calor que as halógenas refletoras, sendo uma opção para a iluminação
de destaque de lojas, jardins, exposições, etc. Têm reprodução de cor
na faixa de 92.

Figura 5. Modelos de lâmpadas de descarga de vapor metálico.


Fonte: Ching e Binggeli (2013, p. 266).
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Para saber as características exatas de cada lâmpada específica, consulte o site dos
fabricantes das lâmpadas.

As lâmpadas de cátodo frio também são lâmpadas de descarga tubulares,


podendo ser produzidas em diâmetros e comprimentos variados, conforme espe-
cificação de projeto. Compreendem uma gama bastante diversa de temperatura
de cor e cor e apresentam eficiência energética variável conforme a coloração e
as dimensões do tubo. Sua vida útil é de aproximadamente 100.000 h.
As lâmpadas de indução, também conhecidas como endura, geram a
excitação das moléculas de mercúrio por meio da indução magnética provo-
cada por bobinas. Têm alta eficiência luminosa, vida útil de 60.000 h e são
indicadas para locais com pé-direito elevado, de difícil acesso (SILVA, 2004).

Diodo emissor de luz (LED)


Os diodos emissores de luz (LEDs) são compostos por materiais eletrolumi-
nescentes semicondutores que emitem luz quando há passagem de corrente
elétrica e são fontes de luz em estado sólido (Figura 6). Embora os LEDs
existam desde a década de 1930, sua popularização aconteceu na década
de 1990, quando foi criado o LED azul de alta intensidade, que permitiu a
produção de luz branca pela adição de cores — vermelho, verde e azul, o
sistema RGB (INNES, 2014).
Apresentam como vantagens em relação à maioria das demais fontes de
iluminação a alta eficiência energética e vida útil, além das possibilidades de cor
e temperatura de cor, baixa emissão de calor ao ambiente e tamanho reduzido,
facilitando enormemente a integração com a arquitetura e a não emissão de
raios ultravioleta e infravermelho. Podem ser controlados por automação, com
a possibilidade de dimerização e programação de cores, conforme modelo de
lâmpada e sistema de controle. As lâmpadas LEDs necessitam de drivers para
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seu funcionamento, podendo ser incorporados à lâmpada ou não (LAMBERTS;


DUTRA; PEREIRA, 2014). Apesar da eficácia da lâmpada LED, é importante
considerar os efeitos que os equipamentos óticos produzem sobre a emissão
de luz (INNES, 2014).
Existem, também, os chamados oleds — organic leds — que são painéis
eletroluminescentes, lâminas finas e flexíveis, que geram luz com fluxo lu-
minoso elevado em uma superfície luminosa (não pontos de luz). No entanto,
essa tecnologia ainda precisa ser desenvolvida (INNES, 2014).

Figura 6. Esquema de composição de uma lâmpada LED.


Fonte: Tregenza (2015, p. 48).

É interessante lembrar que a tecnologia de LED pode ser encontrada em


formatos como lâmpadas de bulbo com difusores, lâmpadas com lentes, em
concentração de facho de luz, associada em fita ou barra com acabamento em
difusor ou lentes colimadoras, placas com LEDs múltiplos, tubos de LED ou
integrados diretamente em luminárias (CHING; BINGELLI, 2017), conforme
você pode ver na Figura 7.
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Figura 7. Esquema de composição de uma lâmpada LED.


Fonte: Ching e Binggeli (2013, p. 267).

Equipamentos auxiliares
Para o correto funcionamento das lâmpadas, algumas necessitam de equipa-
mentos auxiliares, que permitem o funcionamento da fonte de luz. O tipo de
equipamento utilizado varia conforme a função que ele tem no sistema e o
tipo de lâmpada. Os tipos de equipamentos auxiliares são (BIGONI, 2008):

 Transformador: equipamento indutivo ou eletrônico utilizado para


a ligação de lâmpadas halógenas de baixa tensão. Tem a função de
transformar a tensão fornecida à lâmpada para que funcione em tensão
de rede (127 V ou 220 V).
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 Reator: equipamento utilizado para a estabilização da corrente elétrica


para lâmpadas de descarga (fluorescentes compactas, tubulares e vapor
metálico). Podem ser eletromagnéticos ou eletrônicos. Os eletromag-
néticos funcionam em conjunto com o capacitor, que tem o objetivo
de corrigir o fator de potência do circuito. Já os eletrônicos (tecnologia
mais avançada) são mais compactos, mais leves e possuem maior fator
de potência que os eletromagnéticos.
 Ignitor: utilizado em algumas lâmpadas de vapor metálico para dar a
partida da lâmpada, gerando pulsos de alta tensão.
 Drivers: produzem energia polarizada para a utilização em LEDs. Cada
tipo de LED necessita de um diferente tipo de driver.

Fator de potência é a relação entre a potência total do sistema e a potência consumida.


O fator ideal é FP=1.

Utilização das lâmpadas


Após a definição do conceito do projeto de iluminação, é possível realizar a
seleção de lâmpadas, bem como de luminárias e sistemas de controle de luz. A
escolha das lâmpadas é decisiva para a qualidade da iluminação dos espaços,
bem como para as definições dos possíveis sistemas de controle e custos de
operação (TREGENZA; LOE, 2015).
Para o atendimento das necessidades e do conceito de iluminação do
projeto, devem ser observados alguns aspectos referentes às lâmpadas, tais
como (GANSLANDT; HOFMANN, 1992):

 Características de modelagem e brilho: a modelagem pode ser obtida


por luz direcional, gerando sombras que revelam as nuances dos volu-
mes; o brilho da luz valoriza a superfície dos materiais, revelando suas
características de refletância, e varia conforme a intensidade da luz.
 Temperatura de cor/cor da luz: é uma característica da luz que varia
de acordo com a distribuição espectral da luz.
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 Rendimento cromático: refere-se ao índice de reprodução de cor da


fonte de luz, define a fidelidade da reflexão da cor das superfícies;
é uma característica relevante em projetos nos quais a avaliação
das cores é importante, tais como galerias de arte, lojas de tecidos,
etc.; existem parâmetros mínimos estabelecidos para cada tipo de
ambiente.
 Fluxo luminoso: é o pacote de lumens oferecido pela fonte luminosa;
um ambiente pode ter o mesmo nível de iluminância média com a
utilização de poucas lâmpadas de alto fluxo ou com maior quantidade
de lâmpadas de menor fluxo luminoso.
 Eficiência luminosa: considera a relação de iluminância por unidade
de potência (lm/W); é tida como boa a eficiência acima de 80 lm/W,
regular de 50 a 80 lm/W e ruim abaixo de 50 lm/W.
 Vida média: considera-se boa acima de 10.000 h, regular entre 2000
h a 10.000 h e ruim abaixo de 2000 h.
 Custo inicial: avalia os custos de implantação do sistema para iniciar
a operação.
 Custo total: considera o custo inicial de implantação, somados aos
custos de manutenção e operação do sistema de iluminação ao longo
do seu período de operação.
 Controle: as diferentes fontes de luz possuem diferentes características
de controle (dimerização).
 Acionamento/acendimento: as lâmpadas possuem diferentes compor-
tamentos de acendimento e reacendimento. Incandescentes halógenas
têm acendimento e reacendimento sem restrições, assim como as
fluorescentes. Já as lâmpadas de descarga de alta pressão necessitam
de um período de “aquecimento” até produzirem o total de fluxo da
lâmpada, assim como o reacendimento só é possível após período de
resfriamento.
 Ganho térmico: o ganho térmico pela iluminação deve ser considerado
com relação à função a ser exercida no local, aos objetos submetidos à
luz e à possível deterioração que o calor pode causar.
 Tipo de radiação: as lâmpadas podem emitir radiação infravermelha
(calor), como as incandescentes, e radiação ultravioleta, como algumas
lâmpadas de descarga de alta pressão, quando não possuem filtros.
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Algumas relações entre parâmetros de luz e possíveis aplicações de uso


foram estabelecidas no Manual de Iluminação Philips (1986) e ajudam a balizar
as escolhas, conforme você pode ver nos Quadros 1 e 2.

Quadro 1. Relações entre parâmetros de luz IRC, temperatura de cor e aplicações

Temperatura
IRC
Qualidade de cor
mínimo Exemplos de aplicação
desejada recomendada
(%)
(K)

Salas para inspeção de cores


6500–7400 em indústrias têxteis, tabaco,
A melhor pintura e impressão
90
possível Salas para exames médicos
Aprox. 4000 e tratamento, museus
e indústrias gráficas

Escritórios, lojas, indústrias


Aprox. 4000 nos quais a cor influi
no processamento
Boa 80
Lojas alimentícias, lugares
Aprox. 3000 de encontro, salas de
conferência, bancos

Corredores, escadas, depósitos,


Média 60 - lojas nos quais a reprodução de
cor é de menor importância

Fonte: Gonçalves e Vianna (2011, p. 203).

A aparência de cor da luz (temperatura de cor) e o nível de iluminação


dos ambientes interferem na sensação que temos, ou seja, um mesmo nível
de iluminação com diferentes temperaturas de cor gera sensações diferentes,
conforme demonstra o Quadro 2. Esse é um aspecto subjetivo a ser considerado
no projeto de iluminação (GONÇALVES, VIANNA, 2011).
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Quadro 2. Relações entre nível de iluminação, aparência de cor e sensação provocada

E (lux) Aparência de cor da luz

Quente Intermediária Fria

Menor ou igual a 500 Agradável Neutra Fria

500–3000 Estimulante Agradável Neutra

Maior ou igual a 3000 Neutra Estimulante Agradável

Fonte: Gonçalves e Vianna (2011, p. 204).

Além das considerações com relação às lâmpadas, é importante a avaliação


das alterações das características da luz emitida causadas pelas luminárias,
sendo importante avaliar a atuação do conjunto lâmpada-luminária sobre a ilu-
minação do ambiente. Outros fatores a serem ponderados na obtenção de efeitos
de iluminação são as características dos materiais nos quais a luz é refletida e
o nível de contraste entre a área de destaque e o fundo. Todos esses aspectos,
em conjunto, irão determinar a qualidade do efeito de iluminação produzido.

1. Cada lâmpada tem características lâmpadas, uma delas possui como


próprias que a tornam mais atributo a coloração alaranjada
adequada para uma ou outra da luz. Que lâmpada é essa?
finalidade. Considerando a lâmpada a) Vapor metálico.
incandescente, assinale a alternativa b) Halógena.
que apresenta sua maior qualidade. c) Lâmpada de indução.
a) Temperatura de cor. d) Cátodo frio.
b) Custo total de implantação. e) Vapor de sódio.
c) Vida útil. 3. A seleção do tipo de lâmpada a ser
d) Eficiência luminosa. utilizada no projeto requer atenção a
e) Índice de reprodução de cor. alguns atributos da fonte de luz. Com
2. Algumas características de uma relação ao atributo modelagem,
lâmpada podem, por vezes, assinale a alternativa correta.
conferir-lhe identidade, ou seja, é a) Recomenda-se escolher
uma característica tão marcante e lâmpadas com alto índice
diferenciada que logo sabemos de de reprodução de cor.
qual tipo se trata. Entre as diferentes
16 Tipos de lâmpadas

b) A utilização de lâmpadas que halógenas, qual é a melhor solução


ofereçam luz difusa ao ambiente para pé-direito elevado com
é apropriada para contribuir abertura de facho bem estrito?
na modelagem dos objetos. a) Halopar 20.
c) Para boa definição de b) Dicroica.
modelagem, a recomendação c) Lâmpada halospot AR.
é a utilização de uma lâmpada d) Bipino.
com luz direcional. e) Halopin.
d) Para boa modelagem dos 5. Para cada aplicação da iluminação,
objetos, é fundamental um ou mais atributos da luz se
fluxo luminoso elevado. destacam em importância em
e) Um fator fundamental para relação a outros atributos. Para a
a modelagem dos objetos iluminação de uma gráfica, o atributo
é a correta especificação de que considera-se imprescindível é:
temperatura de cor da luz. a) vida média.
4. A utilização de lâmpadas de b) índice de reprodução de cor.
destaque para ambientes c) temperatura de cor.
residenciais é bastante frequente e d) eficiência luminosa.
pode ser realizada com diferentes e) baixo custo inicial.
lâmpadas. Dentre as lâmpadas

BIGONI, S. Iluminação de interiores residencial. Pós-graduação Lato Sensu em Iluminação


e Design de Interiores. Apostila do curso oferecido pelo Instituto de pós-graduação
IPOG. Curitiba, 2008.
CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Book-
man, 2017.
GANSLANDT, R.; HOFMANN, H. Handbook of lighting design. Braunschweig/ Wiesbaden:
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GONÇALVES, J. C.; VIANNA, N. S. Iluminação e arquitetura. São Paulo: Geros, 2001.
INNES, M. Iluminação no design de interiores. São Paulo: Gustavo Gilli, 2014.
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SILVA, M. L. Luz lâmpadas & iluminação: produtos, características, aplicações e efeitos
em linguagem fácil. 3. ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2004.
TREGENZA, P.; LOE, D. Projeto de iluminação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
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