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Retomando como ponto de partida para a começar a terceira regra é voltar ao final da
segunda regra que nos apresenta a questão da matemática, aritmética e a geometria elas entram
na ciência como modelo no qual todas as demais ciências devem se fundamentar, porque essas
ciências se fundam em uma verdade enquanto certeza. As ciências matemáticas nas suas
simplicidades realizam em absoluto, não fazem nenhuma suposição, pois partem de uma
evidencia de uma experiência que não deixa nada de duvidoso e podem ser retiradas
consequências para o saber
A regra II nos coloca a necessidade de nos colocar em dúvida, pois o saber é uma
necessidade do espírito. Já Regra III trata dos limites do nosso conhecimento e fundamenta
esses limites nos da nossa inteligência. Dir-se-á, sem dúvida, que a posição correta de tal
problema deveria acarretar a contestação da validade do nosso espírito. Marion fala que a regra
III tenta responder as condições desta experiência que está na base do saber certo e seguro. O
comentador nos apresenta três tipos de experiência: experiência indireta, experiência direta e
conjectural e experiência imediata pura.
O primeiro modo de experiência que caracteriza por ser indireta. É vantajoso ler os
antigos (os clássicos e os medievais), mas não significa que o saber deles é certo e vantajoso.
Contudo, se faz necessário ter uma desconfiança da autoridade do saber, pelo motivo que podem
trazer alguma mancha que se deve basear o saber e levar a obscurecer a evidencia, não apenas
uma recusa, mas sim trata-se de uma transparência e uma clareza da evidencia, ficar apenas
com a translucidez do espírito. Essa mancha traz um escurecimento, ofuscamento da evidencia
poderá se tornar como verdade.
Já se aponta o motivo que essa experiência tem o modo de indireta, pelo motivo que
não vai diretamente a evidencia e não fica somente na evidencia. Ela é indireta pelo motivo que
interpõe entre o espírito que quer conhecer e a coisa conhecida e o autor e a opinião desse autor,
ela não é a doação imediata da coisa conhecida ao próprio espírito que está entre aquele que
conhece justamente o espírito que Descartes quer, bonna mens, está está no vigor da coisa
conhecida e o autor. Ao invés de recorrermos a uma autoridade precisamos recorrer e suportar
a tarefa da autonomia do espírito, de ter de colocar novamente o saber unicamente a partir da
auto doação do espírito, não recorrermos e não apoiarmos no saber dos antigos.
Não ficar comparando opiniões mas sim ir diretamente ao núcleo, que é a imediateza,
ou seja, intuir, ficar apreendendo a coisa do conhecimento sem nenhum recurso intermediário.
A comparação de opiniões não nos deixa chegar a experiência imediata imediato. Temos que
ter a coragem de pensar por nós mesmo, ter a evidencia e ficar somente nela. Cada pensador
deve começar a filosofia tem a posição rigorosa de que o espírito tem que dar para si mesmo o
próprio objeto e não recorrer a uma compreensão já dada anteriormente, não podendo recorrer
a evidencia do outro. Eu tenho que obtê-la no meu espirito e tenho que ser responsável pelas
minhas próprias evidencias.
Não basta ler todos os filósofos para se tornar um. Só me torno filósofo na medida que
apreendo a evidencia que é própria da filosofia, e apreendo o modo de pensar da filosofia. Na
medida que apreendemos o modo de ser do pensar da existência filosófica nos tornamos
filósofos, dizendo como Descartes é, na medida que apreendemos a evidencia nos tornamos
aquele que se dedica aquela ciência. Outro critério para definirmos a experiência indireta é a
experiência daquilo que vem enquanto conhecimento histórico.
Descartes nos fala algo importante para quem queira produzir ciência, que não é
possível passar de algo certo ao incerto, não existe passagem do certo para o duvidoso, ele nos
diz que ciência não é trabalhar com conjecturas, não é ter uma série de probabilidades e depois
comprova-las por meio da matemática, é chegar ao certo a partir do incerto. Isso contradiz a
Regra II onde tem dúvida não é objeto do conhecimento da ciência, temos que delimitar o que
é conhecido no que é evidente. Então não se chega ao incerto através da dúvida, pois só se pode
chegar a experiência direta através da imediates das experiências.
Ciência é desdobramento do certo que tem cada vez ficar no âmbito do certo. Ciência
é desdobrar a certeza inicial em outras certezas sem perder a clareza e a transparência do dado
inicial. Ela não aumenta seu conjunto teórico por que ela passa a conjecturar, aumenta
justamente pelo motivo das poucas certezas que possui de início, se ela pode produzir algo novo
é de novo ficando com as velhas certezas, quando entra na ciência as conjecturas ela destrói o
edifício epistemológico da ciência.
A ciência progride com os problemas, mas eles não são a colocação de algo duvidoso.
Os problemas são colocados dentro do âmbito aberto que foi com a evidencia inicial da ciência.
Se os problemas colocassem algo de duvidoso, e se destruíssem aquele âmbito e colocassem
em questão o próprio âmbito de evidencia a própria certeza de uma determinada ciência deixaria
de ser problema, na verdade ele seria uma questão.
A terceira experiência é a imediata e pura. Segundo Descartes é aquela que não foi
maculada por nenhuma conjectura que permaneceu na imediates na apreensão da coisa do
conhecimento, isto é, a experiência que opera pela intuição e desdobra essa intuição em
dedução. A intuição e dedução são muito utilizadas na filosofia, mas o filósofo não utiliza a
tradição para explica-las, ele utiliza uma nova concepção. Se utilizarmos o Discurso do Método,
intuição é dividir e ficar com a parte mais simples. Ficar na intuição primordial, ficar com o
que é mais simples e fácil dado pela intuição, o espirito é intuitivo é aquele que é a bonna mens,
fica com aquilo que inteiramente fácil.
Intuição é aquela apreensão imediata que não é interpretada pelos dados do sentido;
não se trata de uma intuição sensível mas sim de uma intuição intelectual do espírito. Toda
ciência enquanto ato intuitivo de ter uma compreensão apodítica do espírito, ou seja, o intuito
é um gerar puro no que se a coisa com tal clareza na sua apoditicidade (apodítico é aquilo que
exclui toda dúvida) apodítica é aquela experiência imediata que apreende e concebe a coisa do
conhecimento no espírito numa clareza. Temos sempre a evidencia apodítica, porque dizemos
eu sou, é uma apreensão indubitável e que por isso é verdadeira. Intuir é o conceber que exclui
absolutamente toda dúvida.
Trata-se de um mirar que guarda e observa não de um modo exterior, mas sim que
penetra dentro e imediatamente daquilo que é mirado, por isso não é um ver que se trata do ver
dos sentidos, pois, ele tem uma tendência de se perder nos aspectos exteriores, enquanto a
intuição que é intelectual que Descartes está falando ela fica naquilo que é mais simples e fácil,
pois mira e observa as coisas por dentro sem qualquer interposição seja dos sentido ou da
imaginação. É a identidade apreendida no espírito, como no exemplo da cera nas Meditações.
É algo que apreende no espírito é uma transmutação que vai dar a representação da cera no
espírito enquanto é um dado puro no espírito. A partir de Descartes as coisas não são mais um
critério do conhecimento, mas sim a pureza do espírito. Esse ato da cera é puramente intelectual,
tudo permanece puramente no horizonte do espirito, o saber começa pouco a pouco
fundamentado na aprioridade.