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Limites Laterais e Limites Innitos

Prof. Marcel Nascimento - Universidade Federal do Amapá - UNIFAP - 2021

Limites Laterais
Como foi exposto na seção anterior, o conceito de limite importa-se com o comportamento da

função no entorno de um determinado ponto em questão. Por isso, como a vizinhança de um

ponto pode ser analisada em dois sentidos, pela direita e pela esquerda, uma das maneiras de

analisar limite de função é através de aproximações à esquerda e à direta:

Denição 1 (Limite Lateral à direita) Dizemos que a função f (x) possui Limite Lateral

à direita de x0 se (e somente se) existe o limite da função f (x) para todo x → x0 , em que

x0 < x.

Notação: lim f (x) := lim f (x).


x→x+ x→x0 ; x0 <x
0

Denição 2 (Limite Lateral à esquerda) Dizemos que a função f (x) possui Limite Late-

ral à Esquerda de x0 se (e somente se) existe o limite da função f (x) para todo x → x0 , com

x < x0 .

Notação: lim f (x) := lim f (x).


x→x− x→x0 ; x<x0
0

1
Exemplo 1 Não é difícil vericar que

lim x = 0.
x→0+

Observação 1 Vê-se facilmente que as propriedades operatórias (Soma/Subtração, constante,

multiplicação por escalar, produto e quociente) do limite padrão (ordinário) estende-se para os

limites laterais.

Observação 2 Uma forma prática de calcular limite lateral à direita, através da substituição

x − x0 = ∆x ⇐⇒ x = x0 + ∆x e calculando lim f (∆x).


∆x→0+
Assim como podemos fazer substituição para determimar limite lateral à esquerda considerando

x0 − x = ∆x ⇐⇒ x = x0 − ∆x e calculando lim f (∆x).


∆x→0+

Exemplo 2 Calculemos o lim x2 − 2x + 3.


x→2−
Vamos utilizar a forma prática para calcular: fazendo x = x0 − ∆x = 2 − ∆x, temos

lim x2 −2x+3 = lim (2 − ∆x)2 − 2(2 − ∆x) + 3 = lim 4−4∆x+(∆x)2 −4+2∆x+3 =



x→2− ∆x→0+ ∆x→0+

= lim 3 − 2∆x + (∆x)2 , e usando as propriedades operatórias para limite lateral resulta que
∆x→0+

lim 3 − 2∆x + (∆x)2 = 3 − 2(0) + (0)2 = 3.


∆x→0+

2
Exercício 1 Calcular o limite lateral à direita lim x2 − 2x + 3, utilizando o artifício da subs-
x→2+
tituição de variáveis.

Resp: 3.

O seguinte teorema é extremamente importante como critério para determinar existência,

ou não, de limite de uma função através dos seus limites laterais.

Teorema 1 (Critério dos limites laterais) Para uma função real f : A ⊂ R → R, é verdade
a equivalência: lim f (x) = L se, e somente se, lim f (x) = lim f (x) = L.
x→x0 x→x− x→x+
0 0

O teorema nos diz que o limite de uma função em torno de um ponto só existe se os seus

limites laterais, neste ponto, existem e são iguais. Caso contrário, o limite é divergente no ponto.

Exemplo 3 Voltando aos últimos exemplos, não à toa os limites laterais lim x2 − 2x + 3 e
x→2+
lim x2 − 2x + 3 resultam no mesmo valor. Poderíamos ter concluído isto através do teorema
x→2−
anterior e da propriedade de limite de funções polinoimiais, uma vez que

f (x) = x2 − 2x + 3

é uma função polinomial de 2º grau, sabemos que calcular o limite em torno de qualquer ponto

x0 é calcular f (x0 ). Neste caso,

lim x2 − 2x + 3 = 22 − 2 · 2 + 3 = 3.
x→2

Pelo Critério dos limites laterais:

lim x2 − 2x + 3 = lim x2 − 2x + 3 = 3.
x→2+ x→2−

Conclusão 1 Os limites laterais de uma função polinomial f (x) sempre serão iguais ao limite

(ordinário) lim f (x) = f (x0 ).


x→x0

A utilidade maior de limites laterais se observa em exemplos de funções dadas por mais de

uma expressão.




 1 − x2 , se x < 3,

Exemplo 4 Considerando a função f (x) = 0, se x=3 queremos determinar o



 x − 2, se x > 3,
limite lim f (x). Necessariamente, precisamos usar o critério dos limites laterais e calcular
x→3
lim f (x) e lim f (x). Neste caso, é adequado usar a noção de limite lateral (sem precisar
x→3− x→3+
fazer substituição).

3
ˆ lim f (x) = lim f (x) e como, para x < 3 a regra da função é 1−x2 , então o cálculo do
x→3− x→3;x<3
limite lateral à esquerda se resume a determinar o limite (não lateral, mas limite padrão)

lim (1 − x2 ). Como a função é polinomial, ca lim (1 − x2 ) = 1 − 32 = 1 − 9 = −8.


x→3 x→3
Portanto, lim f (x) = −8.
x→3−

ˆ lim f (x) = lim f (x) e como, para x>3 a regra é x − 2, então o cálculo do limite
x→3+ x→3;x>3
lateral ca lim f (x) = lim (x − 2) = 3 − 2 = 1, este último limite também usamos a regra
x→3+ x→3
do limite de função am (polinomial). Assim, lim f (x) = 1.
x→3+

Concluimos então, pelo critério dos limites laterais, que lim f (x) não existe!
x→3

Conclusão 2 Este teorema serve como critério de divergência de limite de função; para isso,

é suciente que um dos limites laterais, em torno de um ponto, não exista, ou não tenhamos a

igualdade dos limites laterais, e consequentemente o limite da função em torno do mesmo ponto

também não existirá.

Exemplo 5 Considere o seguinte gráco do espaço percorrido pelo tempo, S(t) × t, de um corpo

em movimento. Analisemos o gráco e determine o limite lim S(t).


t→1

Primeiro precisamos obter a função S(t). Observe que há uma quebra no traço do gráco

no ponto (1, 8). A primeira parte é o segmento ligando os pontos (0, 5) e (1, 8), logo a expressão

ca 3t + 5. O segundo segmento ligando os ponto (1, 8) e (3, 0) ca com a expressão 12 − 4t.

4
Portanto,



 3t + 5 se t < 1,

S(t) = 8 se t = 1,



 12 − 4t se 1 < t.
Para funções dadas por duas ou mais expressões, como neste exemplo, o melhor caminho de

analisar o limite em torno de ponto de quebra é através dos limites laterais:

ˆ lim S(t) = lim S(t). Lendo a função S(t), nota-se que, para t < 1, a regra da função
t→1− t→1;t<1
é 3t + 5. Por isso lim S(t) = lim 3t + 5 = 3 · 1 + 5 = 8.
t→1− t→1

ˆ lim S(t) = lim S(t). Também lendo a função S(t), obtemos que para 1 < t, a função
t→1+ t→1;1<t
S(t) = 12 − 4t. Assim lim 12 − 4t = 12 − 4 · 1 = 8.
t→1

Portanto, pelo critério dos limites laterais concluimos que existe o limite de S(t) em torno de 1

e é igual a 8, o valor dos limites laterais.

Exemplo 6 Considerando novamente o gráco do espaço percorrido pelo tempo, S(t)×t, de um

corpo em movimento (Exemplo 5), determinemos agora a velocidade instantânea no tempo

t = 1s utilizando aproximação através de velocidades médias.

Primeiramente, precisa-se determinar a expressão da função espaço percorrido S(t), Assim, a

função Velocidade Média entre os tempos t e 1 é calculada:

S(1) − S(t) 8 − (3t + 5) 3 − 3t


ˆ para t<1: Vm (t) = = =
1−t 1−t 1−t
S(t) − S(1) 12 − 4t − 8 4 − 4t
ˆ para 1<t: Vm (t) = = = .
t−1 t−1 t−1
3 − 3t


 se t < 1,
 1−t


Ou seja, Vm (t) =
4 − 4t




 se 1 < t.
t−1
A Velocidade instantânea em t=1 se dará por lim Vm (t). Repare que, embora não exista Vm (1),
t→1
pode existir o limite de Vm (t) em torno de 1.

Para determinar este limite, a melhor forma de calculá-lo é através dos limites laterais, como

sugere o teorema anterior. Analisemos:

3 − 3t 3(1 − t)
ˆ lim Vm (t) = lim = lim = 3.
t→1− t→1 1 − t t→1 (1 − t)

4 − 4t 4(1 − t)
ˆ lim Vm (t) = lim = lim = −4.
t→1+ t→1 t − 1 t→1 t − 1

5
Como os limites laterais deram distintos, resulta que o limite do Vm (t) em torno de 1 não

existe, e por isso, não podemos determinar, através de aproximações por velocidades médias, a

velocidade instantânea em t = 1.

Limites innitos e no innito


Na problemática 2, ao analisarmos o cálculo da inclinação da tangente através da inclinação das

secantes que passam por (0,0) e (x, y), obtivemos a expressão

∆y y 1
= = √
3
,
∆x x x

e a tabela com valores x tendendo para 0, à direita (ou seja, valores maiores que 0, x → 0+ ):

3
x se aproximando de 0, com x>0 Inclinação da secante passando por (0, 0) e (x, x2 )
∆y
x = 0, 001 ∆x = 10
∆y
x = 0, 000001 ∆x = 100
∆y
x = 0, 0000000001 ∆x = 1000
∆y
x = 0, 000000000001 ∆x = 10000

∆y
Parece-nos que, quanto mais x se aproxima de 0, com x > 0, a inclinação
∆x aumenta

mais ainda. Em algum momento esta função terá uma quebra de comportamento, e deixará

de crescer? Neste caso, a resposta é negativa! Mas poderia acontecer, bastava agora, ao invés

de pegarmos valores x>0 se aproximando de zero, tomarmos valores se menores que zero. Por

∆y
exemplos, para x = −0, 001, teríamos
∆x = −10.
1
Contudo, se trocássemos a função envolvida para a expressão √ 2 , teríamos então, para
x
valores x → 0, sempre o crescimento de f (x) (independente de ser aproximação á direita ou à

esquerda). Precisamos então, consolidar a conceito de "innito".

Denição 3 (Limite innito) Seja f uma função real, em que x0 é um ponto contido num

intervalo denido no domínio de f. Se para todo M >0 dado, existir δ>0 tal que é verdade

x ̸= x0 , |x − x0 | < δ ⇒ f (x) > M,

então dizemos que f cresce indenidamente quando x tende a x0 , e escrevemos

lim f (x) = +∞.


x→x0

Também dizemos que f tende a innito quando x tende a x0 .

6
Exemplo 7 (Este pode ser pulado!) No exemplo anterior, garantimos realmente que

1
lim √3
= +∞
x→0 + x
1
pois, dado um M >0 e x > 0, basta tomar |x − 0| = |x| = x < δ = M3
, o que é equivalente a

1 1 1 1
δ < x ⇒ √
3 < 3 x e obtemos

δ

1 1 1
f (x) = √
3
> √
3
= √3
= M,
x δ 1/ M 3
1
o que mostra que para todo x ̸= x0 ∈ Dom(f ) em que 0<x<δ= temos que f (x) > M,
M3
provando o que queríamos. 2

1
Agora, observe no gráco que quando x se aproxima de zero pela esquerda, temos √
3
des-
x
crescendo indenidamente, motivando-nos a falar de limite para - innito.

A denição para  −∞ é similar: dizemos que

lim f (x) = −∞
x→x0

quando, dado M < 0, existir δ>0 tal que

|x − x0 | < δ ⇒ f (x) < M.

1
É o que ocorre quando x → 0− na função √
3
.
x
Observa-se que a melhor forma de vericar limites innitos é através de limites laterais em

torno do ponto (suspeito). Temos:

7
Teorema 2 Temos lim f (x) = +∞ se (e somente se) lim f (x) = lim f (x) = +∞. Da
x→x0 x→x+ x→x−
0 0
mesma forma, temos lim f (x) = −∞ se (e somente se) lim f (x) = lim f (x) = −∞.
x→x0 x→x+ x→x−
0 0

Observação 3 Se um limites laterais tende ao (±) innito, então o limite da função em torno

do ponto é divergente.

Teorema 3 Seja r um número inteiro positivo qualquer. Então


1
(i) lim = +∞.
x→0+ xr

1  +∞, se r é par,
(ii) lim =
x→0− xr  −∞, se r é ímpar.

Conforme o teorema, é fácil ver que

1
lim = +∞ e
x→0+ x
1
lim = −∞ (r=1 é ímpar),
x→0− x
enquanto que
1 1
lim 4
= +∞ = lim 4 (r = 4 é par).
x→0+ x x→0 x

Neste último caso, como os dois limites laterais tem o mesmo resultado então podemos

concluir que o limite (ordinário) tende para o +∞:

1
lim = +∞.
x→0 x4

Exemplo 8 Podemos usar o teorema anterior para calcular o limite quando r é fracionário,
1
isto é, r= . Temos
m
1
√ = +∞
lim m
x→0+x

1  −∞ se m é ímpar.

lim m =
x→0− x  ̸∃ se m é par.

Teorema 4 (Propriedades operatórias: Limites innitos) São verdadeiras as proprieda-

des:
 
 lim f (x) = +∞  lim [f (x) + g(x)] = +∞
   
   (+∞) + (+∞) = +∞
x→x+
0 x→x+
0
1. =⇒  
 (+∞) · (+∞) = +∞
 lim+ g(x) = +∞ lim [f (x)g(x)] = +∞

 

x→x+

x→x0 0

8
 

 lim f (x) = L  lim [f (x)g(x)] = +∞,

 se L > 0,
x→x+ x→x+

0 0
2. =⇒
 lim+ g(x) = +∞  lim+ [f (x)g(x)] = −∞, se L < 0.

 

x→x0 x→x0

 lim+ f (x) = −∞


x→x0
3. =⇒ lim [f (x)g(x)] = −∞.
x→x+
 lim+ g(x) = +∞

 0
x→x0


 lim f (x) = L
x→x+

4. 0
=⇒ lim [f (x) + g(x)] = ±∞.
x→x+
 lim+ g(x) = ±∞

 0
x→x0
 
 lim f (x) = −∞  lim [f (x) + g(x)] = −∞,
   
   (−∞) + (−∞) = −∞
x→x+
0 x→x+
0
5. =⇒  
 lim+ g(x) = −∞

 
 lim [f (x)g(x)] = +∞.  (−∞) · (−∞) = +∞
x→x+

x→x0 0
 
lim f (x) = L  lim [f (x)g(x)] = −∞, se L > 0,

 

x→x+ x→x+

0 0
6. =⇒
 lim+ g(x) = −∞  lim+ [f (x)g(x)] = +∞, se L < 0.

 

x→x0 x→x0

Obs: As propriedades continuam válidas se trocarmos os limites laterais à direita (x → x+


0) por

limites laterais á esquerda (x → x−


0 ).

Obs 2: às vezes usa-se somente o símbolo ∞ para designar a situação ±∞.

Atenção: o teorema anterior não nos garante resposta para operação envolvendo:

±∞ 0
(+∞) − (+∞), −∞ − (−∞), 0 · ±∞, , (±∞)0 , , 1±∞ , 00 .
±∞ 0
Essas são algumas das chamadas Indeterminações .

Exemplo 9 Analisar os limites laterais

x−1
lim ,
x→2+ x−2
x−1
lim
x→2− x−2
x−1
e verique se podemos determinar lim .
x→2 x−2

Solução: Aqui é importante fazer a substituição para resolução dos limites laterais. Para o

limite lateral à direita: x = ∆x + 2,

x−1 ∆x + 1 1
= =1+
x−2 ∆x ∆x

9
x−1 1 1
O limite vira: lim = lim 1 + = 1 + lim (pois ∆x > 0). Aplicando o
∆x→2+ x − 2 ∆x→0+ ∆x ∆x→0+ ∆x
1
teorema 3, como o expoente r = 1, temos
∆x

1
lim = +∞
∆x→0+ ∆x
1
e, das propriedades de limite innito, concluimos que lim 1 + = +∞. (1 + (+∞) =
∆x→0 ∆x
+∞). Ou seja,
x−1
lim = +∞.
x→2+ x−2
A resolução do resto do Exemplo ca como exercício.

Exercício 2 Analisar:
1 1
lim e lim .
x→1+ x−1 x→1− x−1

x2 + x + 2
Exercício 3 Calcular o limite lim através dos limites laterais.
x→3 x2 − 2x − 3

Limites no Innito
Queremos estudar o comportamento da função quando os valores do domínio (eixo-x) tornam-se

muito grandes (x → +∞) e/ou muito pequenos (x → −∞). Podemos usar a mesma função
1
anterior: f (x) = √3
, mas agora queremos vericar o que acontece para valores de x muito
x
grandes.

1
Valores de x → +∞ f (x) = √
3
x
x = 100 0,22

x = 1000 0,10

x = 10000 0,05

x = 100000 0,02

x = 1000000 0,01

Observamos que, quanto maior o valor de x, mais o f (x) se aproxima de 0. Neste caso, como

mostraremos, temos que


1
lim √
3
= 0.
x→+∞ x

10
Denição 4 Seja f uma função denida em um intervalo (a, +∞), o limite de f (x), quando x
cresce indenidamente, é L ∈ R, escrito

lim f (x) = L
x→+∞

se, para todo ε>0 dado, existir um número N >0 tal que vale a implicação

x > N =⇒ |f (x) − L| < ε.

Exemplo 10 (Esta parte pode ser pulada!) No exemplo, para mostrar que realmente o li-
√ 1 1
mite de f (x) é 0 quando x → +∞, dado ε > 0, basta tomar 3
x > ⇔ x > 3 = N e
ε ε
teremos
1 1 1 1 1
x>N = =⇒ |f (x) − 0| = √ = √ ≤ √ = = ε,

ε3 3
x 3
x 3
N 1/ε
1
o que prova que lim √
3
= 0. 2
x→+∞ x

Analogamente, dene-se lim f (x) = L (Como caria esta denição com N <0 e ε > 0?
x→−∞
Exercício).

Teorema 5 Se r for inteiro positivo qualquer, temos

1 1
lim r
= 0 = lim r
x→+∞ x x→−∞ x

Teorema 6 (Propriedades operatórias: Limites no innito) Seja k uma constante e su-

ponhamos que lim f (x) = L1 e lim g(x) = L2 , com L1 , L2 números reais. Então
x→+∞ x→+∞

1. lim [f (x) ± g(x)] = L1 ± L2 .


x→+∞

11
2. lim k f (x) = k L1 .
x→+∞

3. lim [f (x)g(x)] = L1 · L2 .
x→+∞

f (x) L1
4. lim = , desde que L2 ̸= 0.
x→+∞ g(x) L2

Observação 4 As propriedades continuam válidas se trocarmos x → +∞ por x → −∞.

Observação 5 Todas as propriedades da Teorema 4 são válidas se substituirmos  x → x+


0 por

x → +∞ ou  x → −∞. Nestes casos, teremos o que chamamos de limites innitos no

innito , quando

lim f (x) = ±∞.


x→±∞

Exemplo 11 Vamos calcular:

1. lim x2 .
x→+∞

2. lim 3x2 − 5x + 2.
x→+∞

Solução:

1. Usando a propriedade do produto (1.), mas para limite no innito, temos:

lim x2 = lim x · x = lim x · lim x = (+∞) · (+∞) = +∞.


x→+∞ x→+∞ x→+∞ x→+∞

Conclusão 3 Podemos generalizar e dizer que: lim xn = ±∞, n ∈ N. Se n par, sempre


x→±∞
obteremos +∞; se n ímpar, o resultado será +∞ caso x → +∞ ou −∞ se x → −∞.

2. Cuidado ao tentar aplicar a propriedade de limites innitos neste caso, pois não temos uma

regra pra subtração para este tipo de limite (caso de indeterminação : (+∞) − (+∞)). Por

isso, antes, precisamos ajeitar a expressão para poder aplicar as própriedades. O artifício

é usar o produto notável fator comum (botar em evidência) o monômio de maior grau,

neste caso, o x2 :
3x2 − 5x + 2 = x2 (3 − 5/x + 2/x2 ).

Agora sim podemos aplicar as propriedades, pois: lim x2 = +∞ e lim (3 − 5/x +


x→+∞ x→+∞
2/x2 ) = 3 − 5 · 0 + 2 · 0 = 3 (usando o teorema 5), e podemos utilizar agora a propriedade

(2.) da Proposição 4, e concluir que

lim 3x2 − 5x + 2 = lim x2 (3 − 5/x + 2/x2 ) = (+∞) · 3 =(2.) +∞.


x→+∞ x→+∞

12
Conclusão 4 Generalizando o raciocínio, temos armar que

lim an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 = lim an xn .


x→±∞ x→±∞

Aplicando estas duas últimas conclusões, podemos chegar nos seguinte resultado:

Teorema 7 Sejam as funções polinomiais p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 e q(x) =


bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0 . Então

p(x) an xn an n−m
lim = lim m
= lim x
x→±∞ q(x) x→±∞ bm x x→±∞ bm

e este limite será:

i) ±∞, se n > m,
an
ii) , se n = m,
bm
iii) 0, se n < m.

Exercício 4 Calcular os limites:


x3 − 4x2 + 10
a) lim .
x→+∞ 5x3 + 8x − 4
4
5x − 2x + 1
b) lim .
x→+∞ 4x4 + 3x + 2
x
c) lim .
x→−∞ x2 + 3x + 1
x3 + 2x2 − 10x + 1
d) lim .
x→−∞ x2 + 4x − 5

Exercício 5 Calcular:
x+1
a) lim .
x→+∞ x2 − 2
x4 − 2x + 3
b) lim .
x→−∞ 3x4 + 7x − 1
5x3 − 6x + 1
c) lim .
x→+∞ 6x2 + x + 3

d) lim (5 − 4x + x2 − x5 ).
x→+∞

Resultados Adicionais
1
Teorema 8 1. Se lim f (x) = +∞ então lim = 0.
x→x0 x→x0 f (x)
1
2. Se lim f (x) = −∞ então lim = 0.
x→x0 x→x0 f (x)

13
1
3. Se lim f (x) = 0 então lim = +∞.

x→x0 x→x0 f (x)

Observação 6 Este teorema vale se considerarmos x → +∞ ou x → −∞.

5
Exercício 6 Calcular lim .
x→3 (x − 3)2

Resp: +∞.

1
Exercício 7 Calcular lim .
x→−∞ 5x3 − 4x2 − 8x + 4

Retas Assíntotas
Assíntotas verticais
Uma das mais úteis aplicações geométricas de limites innitos/no innito é a determinação das

chamadas retas assíntotas verticais/horizontais. Uma assíntota vertical do gráco da função f,


se existir, é uma reta x = x0 paralela ao eixo-y (das ordenadas) em que os pontos (x, f (x)) do

gráco de f estão se aproximando da reta x = x0 , mas sem interceptá-la, à medida que x vai

ser aproximando de x0 (pela esquerda ou pela direita).

Podemos identicá-las através dos limites laterais innitos:

Denição 5 (Assíntota vertical) Uma reta x = x0 será uma reta assíntota vertical do

gráco da função f se pelo menos uma das situações for verdadeira:

a) lim f (x) = ±∞;


x→x+
0

b) lim f (x) = ±∞.


x→x−
0

14
Exemplo 12 Determinar, se existir, a(s) assíntota(s) verticai(s) do gráco da função

1
f (x) = .
(x − 2)2

Solução: Analisando os limites laterais da função:

1 1 1
lim =(x=∆x+2) lim = lim = +∞
x→2+ (x − 2)2 ∆x→0+ ((∆x + 2) − 2)2 ∆x→0+ (∆x)2

onde neste último usamos o teorema 3. Portanto aqui já temos uma reta assíntota vertical

x = 2, e como é para x → 2+ , ou seja, à direita de 2, com f (x) → +∞ (função crescendo!)

então temos o gráco de f se aproximando pela direita de x = 2.

Agora, calculando limite lateral à esquerda de 2:

1 1 1
lim =(x=2−∆x) lim = lim = +∞.
x→2− (x − 2)2 ∆x→0+ ((2 − ∆x) − 2)2 ∆x→0 (∆x)2
+

Então a reta x = 2 também é uma assíntota à esquerda de 2, para f (x) também crescendo

(f (x) → +∞).

15
Exercício 8 Determinar as assíntotas verticais se existirem, do gráco das funções reais

3 1
f (x) = , f (x) = .

3−x x

Assíntota horizontal
Também a análise dos limites no innito nos leva à estudo gráco das retas assíntotas hori-

zontais. Uma assíntota horizontal do gráco da função f , se existir, é uma reta y = y0 paralela

ao eixo-x (das abscissas) em que os pontos (x, f (x)) do gráco de f estão se aproximando da

reta y = y0 , mas sem interceptá-la, à medida que x cresce ou decresce indenidamente.

16
Denição 6 (Assíntota Horizontal) A reta y = y0 é dita assíntota horizontal do gráco de

uma função real f se pelo menos uma das situações ocorrer:

a) lim f (x) = y0 .
x→+∞

b) lim f (x) = y0 .
x→−∞

4x − 3
Exemplo 13 Vericar se o gráco da função f (x) = admite reta assíntota horizontal e
2x + 5
vertical.

Solução: Vericar a assíntota horizontal, através do cálculo dos limites innitos:

4x − 3 4
lim = =2
x→±∞ 2x + 5 2

em que aqui usamos o teorema 7.

Agora, para saber o comportamente geral da função, precisamos combinar estas informações

com as assíntotas verticais e poder desenhar corretamente o gráco.

Calculemos o limite lateral em torno do ponto de suspeição 2x + 5 = 0 ⇔ x = − 52 :

4x − 3
lim .
x→− 52
+ 2x + 5

Fazendo a substituição: x = ∆x − 5/2, obtemos:

4x − 3 4(∆x − 5/2) − 3 (4∆x − 23) 23


= = =2− ,
2x + 5 2(∆x − 5/2) + 5 2∆x 2∆x

calculando o limite lateral:

4x − 3 23
lim = lim 2 − = 2 − (+∞) = −∞,
x→− 25
+ 2x + 5 ∆x→0 + 2∆x

Assim, a reta x = − 25 é um assíntota vertical, com a função decrescendo ao se aproximar da

reta pela direita.

Faça o cálculo do limite lateral a esquerda de 5/2 e conclua que

4x − 3
lim = +∞.
x→− 52
− 2x + 5

Então a função cresce indenidamente quando se aproxima, à esquerda, da reta x = − 52 .

Agora temos condições que desenhar o gráco da função:

17
Exercício 9 Vericar se temos retas assíntotas verticais e horizontais para o gráco da função

x2
f (x) = .
1+x

A dedução do desenho do gráco da função do Exemplo anterior foi facilitado devido ela não

tem quebras ou buracos ou degraus, pelo fato dela se encaixar na classicação de funções

contínuas. Portanto, o próximo assunto é de suma importância.

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