Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conceito: É o poder responsável pela elaboração da CF, norma jurídica superior que
inicia a ordem jurídica e lhe confere validade.
Natureza jurídica:
Ótica jusnaturalista: é poder de direito, pois admitem a existência de um
direito natural prévio ao direito positivo.
Ótica juspositivista: é poder de fato, não admitindo qualquer poder anterior e
não integrando o mundo jurídico. É poder essencialmente político.
Titular: poder do povo.
Formas de exercício: por meio de procedimento constituinte direto (o texto
constitucional é objeto de plebiscito ou referendo), por representação ou por
usurpação (constituição outorgada).
Características:
Inicial – cria a nova ordem jurídica.
Ilimitado – não se submete a ordenamento anterior. Entretanto, tem-
se entendido pela existência de limitações geográficas/territoriais,
bem como sociais e políticas, já que essas características são
indissociáveis do povo, titular do poder.
Incondicionado – não se submete a regra ou procedimento pré-fixado.
Autônomo – pode definir todo o conteúdo da nova constituição.
Permanente – não se esgota quando usado ou em latência.
Direito adquirido: não há direito adquirido frente à nova ordem constitucional.
Patriotismo constitucional: teoria do filósofo alemão Habemas que prega que os o
patriotismo constitucional deve ser integrado e internalizado nas convicções dos
indivíduos, permitindo a união de diferentes grupos nacionais, étnicos e culturais em
lealdade constitucional.
Poder derivado: poder estatuído pelo poder originário e a ele vinculado e
condicionado. Suas atribuições foram divididas em:
Poder constituído derivado decorrente: poder conferido aos estados membros
para elaborarem suas próprias constituições. É limitado pelo princípio da
simetria, devendo observar as normas de reprodução obrigatória em casos de
estruturação da Federação.
A lei orgânica do DF é fruto do poder derivado decorrente, pois está
submetida, assim como as constituições estaduais, apenas á CF, sendo
um poder de 2º grau. Porém, os municípios não possuem tal poder, já
que suas LOM são condicionadas a CF e ás Constituições estaduais.
Poder constituinte reformador: poder destinado a reformar o texto
constitucional, ajustando-o a nova realidade político-social.
Limitações expressas:
1. Temporais – impede a modificação constitucional em certo espaço
de tempo, não existe na CF/88.
2. Materiais (cláusulas pétreas) – veda a deliberação de proposta de EC
tendente a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto,
secreto, universal e periódico; a separação dos poderes; os direitos e
garantias individuais. O que é protegido é o núcleo essencial da
cláusula. Por meio de MS, o parlamentar federal poderá questionar no
STF a inobservância do seu direito ao devido processo legal (controle
judicial preventivo de constitucionalidade).
3. Circunstanciais – impede que em situações extremas (estado de
sítio, de defesa ou intervenção federal), haja modificação
constitucional.
4. Limitações formais – procedimento de modificação.
4.1. Subjetivas – legitimados a propor EC:
Presidente da República
1/3 dos membros da Câmara ou do Senado
Mais da metade das assembleias legislativas dos estados, cada
um se manifestando pela maioria relativa dos membros (50%
+1).
4.2. Objetivas – forma:
PEC será votada em cada casa do congresso, em dois turnos,
com aprovação de 3/5 dos membros.
A promulgação ocorre pelas mesas da Câmara e do Senado
com o respectivo número de ordem.
Se for rejeitada ou prejudicada a PEC, não poderá ser proposta
na mesma sessão legislativa.
Limitações Implícitas:
1. Estabelecer nova titularidade ao poder originário ou ao derivado;
2. Dupla revisão (art. 60);
3. Supressão dos fundamentos da república;
4. Diretos fundamentais não individuas - Proteção do mínimo
existencial.
Revisão constitucional: revisão prevista no ADCT que ocorreria após
05 anos da promulgação da CF, sendo norma de eficácia exaurida.
Mutação constitucional: mecanismo informal de mudança da
constituição por meio de nova interpretação, não havendo
modificação do seu texto. É feito por meio do poder difuso.
AÇÕES CONSTITUCIONAIS
Habeas Corpus
Natureza jurídica: ação penal não condenatória popular com status
constitucional.
Legitimidade:
Ativa – universal, pois qualquer pessoa, nacional ou estrangeiro,
independente de capacidade civil, capacidade postulatória, idade ou
estado mental, pode impetrar ação de HC em benefício próprio ou
alheio.
Pessoa jurídica pode impetrar HC em benefício de
terceiro.
O juiz pode conceder ordem de HC de ofício, desde que
não faça contra seus próprios atos.
Passiva – quem pratica coação ou ilegalidade contra o direito de
locomoção do paciente. Em regra é uma autoridade estatal, mas
poderá ser um particular (caso do hospital que não libera paciente
sem pagamento);
Espécies:
Liberatório – cabível quando já existe efetivo constrangimento ilegal
do paciente, a concessão se dá por alvará de soltura.
Preventivo – cabível quando existe ameaça de constrangimento ilegal,
a concessão se dá por salvo-conduto.
Suspensivo – cabível quando existir decretação da prisão, pendente
de cumprimento, a concessão se dá por contramandado de prisão.
Profilático – cabível para suspender atos ou medidas processuais que
importem em prisão futura, mas ilegal.
Cabimento: conceder-se-á HC sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder.
693 do STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória
a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração
penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
694 do STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena
de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função
pública.
695 do STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena
privativa de liberdade.
O STF deixou de reconhecer o escalonamento de HC, portanto, a
decisão denegatória de HC deve ser atacada pelo recurso
cabível, devendo se evitar novo HC para o tribunal Superior (ex.
denegada à ordem por TJ ou TRF, caberá ROC para o STJ. Se
impetrado diretamente no STJ e negado, caberá ROC para o
STF).
HC no CPP: o CPP traz rol exemplificativo de cabimento do HC dentro do
processo penal (art. 648).
Liminar em HC: Não existe previsão expressa, mas é aceita por analogia
ao MS.
Competência para julgamento:
Definida pela qualidade do coator – nos casos em que o coator
esteja subordinado a autoridade superior.
Definida pela qualidade do autor – nos casos de foro por
prerrogativa de função (foro designado).
Sistema Recursal:
Em primeiro grau – denegada ordem, caberá RESE ao tribunal
estadual ou federal. Se a ordem for concedida, haverá recurso ex
officio, condição para que haja trânsito em julgado.
423 do STF: Não transita em julgado a sentença por haver
omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex
lege.
TJ ou TRF - denegada ordem, caberá ROC para o STJ. Se a ordem
for concedida, caberá apenas Recurso especial ou extraordinário
existindo hipótese de admissibilidade constitucional.
Tribunal Superior – denegada a ordem, caberá ROC para o STF.
Concedida, caberá recurso extraordinário para o STF existindo
hipótese de admissibilidade constitucional.
Decisão liminar proferida por membro de tribunal – em todo caso
caberá agravo regimental.
Turma recursal dos juizados - em todo caso caberá recurso
extraordinário para o STF.
Especificidades:
O órgão competente para julgar HC não está vinculado à causa
de pedir, ou seja, cabe julgamento extra petita, tanto é que
cabe concessão de ofício.
A ordem concedida com fundamento não pessoal, se estende
aos corréus (efeito extensivo do HC).
HC não admite dilação probatória, sendo requisito prova pré-
constituída.
Compete aos Tribunais de Justiça ou aos Tribunais Regionais
Federais o julgamento dos pedidos de habeas corpus quando a
autoridade coatora for Turma Recursal dos Juizados Especiais.
A suspensão condicional do processo não impede a
impetração ou julgamento de HC, por não afastar a
possibilidade de restrição da liberdade.
Mandado de Segurança Individual
Natureza jurídica: ação constitucional de viés civil e procedimento especial
(independente da natureza do ato impugnado).
Legitimidade:
Ativa – qualquer pessoa física, jurídica, órgão público ou entes
despersonalizados com capacidade processual (espólio, massa
falida), que se enquadre nas condições de cabimento do MS.
Passiva – autoridade pública ou particular no exercício delegado de
atividade pública que pratique a coação.
Os meros executores do ato (cumprem a ordem da
autoridade superior), não são legitimados passivos do writ.
Em regra o MS não é impetrado contra pessoa jurídica de
direito público, mas sim contra a autoridade coatora que dela
faz parte. Entretanto, a jurisprudência tem entendido que a
PJ tem legitimidade passiva.
Cabimento: conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
Direito líquido e certo – é o direito manifesto que dispensa dilação
probatória e se encontra delimitado na sua extensão e apto a ser
exercido no momento da impetração.
Remédio residual – em relação ao HC e ao HD.
267 STF: não cabe MS contra ato judicial passível de recurso ou
correição.
268 STF: não cabe MS contra decisão judicial com trânsito em
julgado.
Súmula 272 do STF – Não se admite como ordinário recurso
extraordinário de decisão denegatória de mandado de segurança.
429 STF: a existência de recurso administrativo com efeito
suspensivo não impede o uso do MS contra omissão da autoridade
430 STF: pedido de reconsideração na via adm. não interrompe o
prazo decadencial do MS.
625 STF: controvérsia sobre matéria de direito não impede
concessão de MS.
213 STJ: o MS constitui ação adequada para declaração do direito à
compensação tributária.
333 STJ: cabe MS contra ato praticado em licitação promovida por
sociedade e economia mista ou empresa pública.
Competência: é fundada de acordo com a qualidade da autoridade impetrada, e
segue duas regras:
A autoridade tem foro por prerrogativa de função – compete ao foro
designado.
A autoridade sem foro por prerrogativa de função – compete ao juízo da sede
da autoridade impetrada.
Os tribunais são competentes para julgar MS contra seus
próprios atos;
Havendo mais de uma autoridade coatora, o foro será
designado pela autoridade de maior hierarquia, inclusive nos
casos de prerrogativa funcional;
MS contra ato de órgão colegiado será impetrada contra o
presidente do órgão;
Compete ao STF julgar MS contra atos de CPI;
O MS contra ato de juízes dos juizados e das Turmas
Recursais será julgado pela própria Turma.
Procedimento:
Rito sumaríssimo
Petição em duas vias, acompanhada dos documentos e
indicando a autoridade coatora e a PJ da qual faz parte.
Há previsão legal de pedido liminar (art. 7, III da Lei
12.016/09). Presente os requisitos para concessão da liminar,
ela é direito subjetivo do autor. Há, contudo, casos em que é
expressamente vedada a concessão de liminar ou execução
provisória:
Para compensação de créditos tributários;
Para entrega de mercadorias e bens importados;
Para reclassificação/equiparação de servidores
públicos, concessão de aumentos ou extensão de
vantagens de qualquer natureza.
A autoridade será notificada para prestar informações em 10
dias.
O MP deve ser intimado para manifestar como custus legis se
quiser, no prazo improrrogável de 10 dias.
631 STF: extingue-se o MS se o impetrante não promove, no
prazo assinalado, a citação do litisconsorte passivo necessário.
701 STF: no MS impetrado pelo MP contra decisão em
processo penal, é obrigatória a citação do réu como
litisconsorte passivo.
99 STJ: o MP tem legitimidade para recorrer no processo em
que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da
parte.
202 STJ: a impetração de segurança por terceiro contra ato
judicial não se condiciona à interposição de recurso.
Efeitos da decisão: a decisão concessiva tem natureza mandamental,
portanto, determina a execução da medida requerida.
271 STF: a concessão MS não produz efeitos patrimoniais em
relação ao período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou por via judicial própria.
Sistema recursal
Da decisão sobre o MS cabe Apelação e pode ser interposta
pelo impetrante, pela autoridade coatora ou a PJ de que faz
parte e pelo MP. Entretanto, se o MS é originário de tribunal e
foi indeferido pelo relator, caberá Agravo Regimental.
Da decisão acerca da liminar em MS cabe Agravo de
Instrumento. Embora não tenha direito de recurso, a PJ de
direito público interessada poderá requerer ao Presidente do
tribunal a suspensão dos efeitos da liminar.
Nada obsta a interposição de outros recursos contra decisão
em MS (Resp, Rex ou Roc) desde que sejam adequados ao
momento processual, por exemplo, cabe Resp contra MS
decidido em única ou última instância pelos TRFs e TJs.
A sentença denegatória sem resolução de mérito não impede
que o impetrante ajuíze novo mandado de segurança no prazo
decadencial ou vencido esse prazo, faça uso de ação própria.
O impetrante pode desistir do MS ainda que concedido o
writ, independentemente de anuência da parte contrária
(plenário do STF). A desistência não pode ser usada como
subterfugio para modificação do juízo natural.
272 STF: não se admite como ordinário, recurso extraordinário
de decisão denegatória de MS.
Prazo decadencial
120 dias contados da ciência pelo interessado do ato a ser
impugnado.
Não resta decadente o MS impetrado em juízo competente
dentro do prazo.
No caso de MS preventivo, não se fala em prazo decadencial,
podendo ser impetrado enquanto presente a ameaça.
Em acaso de MS contra ato omissivo sem que haja prazo pra a
administração realizar o ato, não há pra decadencial. Entretanto,
havendo prazo para realização do ato, seu fim marca o início do
prazo decadencial.
Mandado de Segurança Coletivo
Natureza jurídica: ação constitucional de viés civil e procedimento especial
(independente da natureza do ato impugnado).
Individual x Coletivo: a diferença básica entre eles está no objeto (direitos
coletivos e individuais homogêneos) e na legitimidade ativa. É correto dizer
que o MS coletivo é o MS individual baseado em tutela jurisdicional
coletiva. Não há previsão expressa sobre MSC ser meio de tutela de direitos
difusos.
Legitimidade:
Ativa – será sempre extraordinária (representação)
Partido político com representatividade no Congresso
Nacional.
Organização sindical, entidade de classe ou associação (de
ao menos 01 ano), na defesa de seus membros ou
associados.
1. 629 STF: a impetração de MSC por entidade de classe em
favor dos associados independe da autorização destes.
2. É necessária a pertinência temática entre o direito
tutelado e os fins da instituição.
Cabimento: cabível nas mesmas hipóteses do MS individual. A diferença é o
direito protegido pelo writ, que deixa de ser individual e passa a ser coletivo
e individual homogêneo:
Coletivos – são os direitos transindividuais indivisíveis de que seja
titular um grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si (ex.
conselhos profissionais) ou com a parte contrária (ex. contribuintes)
por meio de uma relação jurídica.
Individuais homogêneos – direitos decorrentes de origem comum
(ex. lesão do consumidor por publicidade enganosa).
Procedimento: segue o mesmo procedimento do MS individual, entretanto,
no caso de pedido liminar, a regra é a que a concessão seja precedida de
oitiva do representante jurídico da PJDP no prazo máximo de 72h. Essa
obrigatoriedade pode ser mitigada em face de grave lesão no direito pela
demora da decisão.
Efeitos da decisão: é um mandamento que determina a execução da
medida requerida. A decisão abrange todos os associados que estiverem
descritos na petição inicial, independente se ingressarem na associação
antes ou depois da impetração.
A concessão de MSC faz coisa julgada somente sobre os membros
do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
A denegação de MSC faz coisa julgada formal e não impede a
impetração de MSI.
O MSC não gera litispendência com MSI em curso, entretanto, para
ser beneficiado pela coisa julgada material do MSC, o impetrante
individual deve requerer a desistência do MSI no prazo de 30 dias
cotados da ciência comprovada da impetração de MSC.
Mandado de Injunção
Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil e procedimento
especial. Tem a finalidade de combater a síndrome da inefetividade das
normas constitucionais.
Legitimidade:
Ativa - qualquer pessoa física ou jurídica, a coletividade e o MP. No
caso do MIC, também tem legitimidade a Defensoria Pública (não
consta no MSC).
Passiva – é do poder, órgão ou autoridade responsável por viabilizar a
regulamentação.
Cabimento: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou
parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
soberania e cidadania.
Normas objeto: somente normas constitucionais de eficácia limitada
e impositivas (não facultativas) podem ser objeto de MI, pois são
obrigatórias e necessitam de regulamentação para exercício dos
direitos previstos.
A omissão deve ser conjunta de todos os poderes e não apenas do
legislativo.
É cabível MI coletivo para tutelar direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos.
Competência: tem como base o sujeito omisso na elaboração da norma
regulamentadora. Nesse caso, a competência pode ser do STF, do STJ ou dos
demais tribunais superiores.
É possível o MI estadual desde que previsto na Constituição do
estado, que também fixará a competência.
A jurisprudência tem entendido que não cabe MI no âmbito da JF por
falta de previsão legal ou por que a presença de ente federal levará a
competência ao STJ.
Procedimento: segue a forma estabelecida na lei 13.300/16 e se aplica
subsidiariamente as normas do MS e do CPC. O STF entende não ser cabível
liminar em MI.
Efeitos da decisão:
Teoria não concretista – a sentença em MI tem natureza declaratória
da omissão legislativa e não viabiliza o exercício o direito.
Teoria concretista - a sentença em MI tem natureza declaratória e
constitutiva, pois viabiliza o exercício direito.
Concretista geral – a sentença tem eficácia erga omnis;
Concretista individual – a sentença tem eficácia inter partes;
1. individual direta (implementação imediata do direito)
2.individual intermediária (aguarda o prazo para
implementação legislativa, que se não ocorrida, será
viabilizada pelo judiciário).
O art. 8º da lei do MI adotou a teoria concretista individual
intermediária, ou seja, a sentença em MI terá eficácia subjetiva
limitada às partes (inter partes). Entretanto, a sentença poderá ter
efeitos erga omnes quando indispensável ao exercício do direito.
Sistemática recursal: das decisões em MI cabem:
Recurso especial ou extraordinário;
Recurso ordinário para o STF quando denegatória a decisão oriunda
de competência originária dos tribunais superiores;
Apelação, contra decisão de primeiro grau;
Embargos de declaração;
Agravo contra decisão monocrática do relator que indefere a inicial.
Habeas Data
Natureza jurídica: ação constitucional de viés civil e procedimento especial
que tem por finalidade proteger a esfera íntima dos indivíduos contra uso,
introdução ou incorreção de dados próprios no âmbito estatal.
Cabimento:
Para obter acesso a informações sobre o impetrante;
Para promover a retificação de informações sobre o impetrante;
Para anotar informações sobre o impetrante.
Em dados constam de registros ou bancos de dados
governamentais ou bancos de dados públicos geridos por
pessoa privada.
STJ não admite cumulação sucessiva de pedidos de acesso e
de pedido de retificação em HD.
Interesse de agir – a condição se dá pela recusa ou pela ausência de
resposta da entidade governamental no prazo legal (10 dias para
acesso a informação e 15 para retificação ou anotação). Assim, a
petição de HD deve ser instruída com prova do interesse de agir.
Legitimidade:
Ativa – pessoa física ou jurídica sobre dados a seu respeito (caráter
personalíssimo). Excepcionalmente os herdeiros e cônjuge tem
legitimidade para HD em relação á pessoa do de cujus.
Passiva – a entidade governamental ou privada de caráter público que
gerir o banco de dados e informações.
Competência: definida pela qualidade e hierarquia funcional do agente
público que figura no polo passivo. Assim, a competência pode recair sobre
o STF, sobre os tribunais superiores, pode recair na JF ou na JE, conforme
previsto na constituição estadual.
Efeito da decisão: a sentença concessiva tem natureza mandamental, pois
determina que seja apresentada as informações ou sejam retificadas ou
anotadas conforme o pedido.
Sistemática recursal:
Contra sentença cabe apelação, exceto se proferida decisão
denegatória pelo STJ em sede originária, caso em que caberá ROC.
A apelação não possui efeito suspensivo, que poderá ocorrer por
despacho do presidente do tribunal mediante requerimento (dessa
decisão cabe agravo interno).
Não há reexame necessário em HD.
Ação Popular
Natureza jurídica e cabimento: ação constitucional de viés civil (exercício
direto da soberania) e procedimento ordinário, que tem a finalidade de
declarar a nulidade de ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico-cultural.
Preventiva – ajuizada para impedir o ato lesivo
Repressiva – anular o ato lesivo, restituir o patrimônio público e
ressarcir os danos causados.
Legitimidade:
Ativa – qualquer cidadão (capacidade eleitoral ativa e correção das
obrigações eleitorais), inclusive os maiores de 16 e menores de 18
alistados. Não tem legitimidade:
Os estrangeiros (exceto portugueses equiparados);
A Pessoa jurídica;
Os brasileiros com direitos políticos suspensos;
O MP (não pode ajuizar, mas participa como fiscal da lei,
podendo assumir o polo ativo em caso de desistência ou
abandono da causa). Entretanto, o MP possui legitimidade
ativa executiva, pois publicada a sentença condenatória em
2º grau, se no prazo de 60 dias o autor ou terceiro não
promover a execução, o MP o fará no prazo de 30 dias sob
pena de falta grave.
Passiva
As PJDP cujo patrimônio se busca proteger, as autarquias ou
outras pessoas jurídicas subvencionadas pelos cofres
públicos;
Os responsáveis pelo ato lesivo;
As pessoas beneficiadas diretamente pelo ato lesivo (os
indiretos não).
Competência: é determinada conforme a origem do ato impugnado e de
acordo com as regras ordinárias de competência. Assim, os tribunais
superiores, em regra, não tem competência originária para julgar ação
popular.
Efeitos da decisão concessiva: tem efeito dúplice, pois é desconstitutiva (do
ato lesivo) e simultaneamente condenatória (das autoridades responsáveis
pelo ressarcimento dos dados, das custas processuais e da sucumbência).
Procedimento:
Rito ordinário;
Prazo prescricional de 05 da data do ato lesivo;
Contestação tem prazo de 20 dias prorrogáveis por mais 20;
Se ate o despacho saneador não for requerida produção de prova
pericial/testemunhal, o juiz, ouvidas as partes, poderá realizar o
julgamento antecipado da lide;
Não admite reconvenção;
A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto
se improcedente por ausência de provas, caso em que será cabível
nova ação;
A sentença que concluir pela carência de ação ou pela improcedência
está sujeita ao reexame necessário.
Forma de Estado: o Estado brasileiro que nos primórdios foi caracterizado pelo
unitarismo, adotou na CF o federalismo, cuja marca é a descentralização no exercício
do poder políticos por meio das chamadas entidades politicas autônomas (estados e
municípios), que possui capacidades de auto-organização, autogoverno e
autoadministração.
Formação de novos estados: três requisitos:
Consulta prévia das populações envolvidas por plebiscito (aprovação
essencial);
Oitiva das assembleias legislativas envolvidas;
Lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional.
Formação de novos municípios: quatro requisitos:
Edição de LC que fixará genericamente o período em que poderá ocorrer a
criação (ainda pendente de criação);
Lei ordinária federal que requisitos da forma da criação;
Consulta prévia das populações envolvidas por plebiscito convocado pela
Assembleia Legislativa;
Aprovação de lei estadual regulamentando a criação.
Repartição de competências:
Modelos de repartição
Clássico (americano): delimita as competências taxativas da União,
restando aos estados membros à competência residual.
Moderno: além de trazer as atribuições exclusivas da União, traz as
hipóteses de competência comum e concorrente.
Horizontal: não há concorrência entre os entes federados, cada um
exerce suas atribuições nos limites impostos pela CF e sem relação
de subordinação. É o modelo presente nos arts. 21, 22, 23, 25 e 30
da CF.
Vertical: há concorrência entre os entes federados (condomínio
legislativo), em um regime de leve subordinação, pois à União cabe
legislar normas gerais e princípios, aos estados cabe legislar sobre
interesse regional e aos municípios sobre interesse local. É a técnica
adotada no art. 24 da CF.
Norteia-se pelos princípios da preponderância do interesse (o interesse
nacional, regional ou local é parâmetro de competência), e dos poderes
implícitos (a CF confere implicitamente os poderes necessários ao ente para
realização das prerrogativas expressas no seu texto).
As competências dos entes federados estão previstas no art. 21 a 30 e
devem ser lidos.
INTERVENÇÃO
PROCESSO LEGISLATIVO
Espécies normativas:
Lei ordinária – ato normativo primário e geral
- aprovação por maioria relativa (presentes)
Lei complementar - ato normativo destinado a matérias reservadas pela CF
- aprovação por maioria absoluta (total de membros)
- não é de reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais.
Leis delegadas – leis editadas pelo Presidente por meio de delegação do CN.
- não podem tratar das matérias constantes no art. 68, §1ª da CF.
- a delegação é feita por resolução editada pelo CN em que constarão as
limitações de conteúdo e os termos específicos do exercício delegado.
- a delegação pode ser típica (o CN não participa da criação da norma) ou
atípica (o projeto deve ainda ser votado pelo CN em sessão unicameral sem a
possibilidade de emendas).
Resoluções – atos normativos primários que tratam de assuntos
políticos/administrativos não sujeitos à lei.
- podem ser emanadas das casas ou do CN
- as mais importantes são as resoluções do CN para edição de lei delegada;
resolução do Senado para fixação de alíquotas de IPVA ou resolução de
suspensão de lei declarada inconstitucional pelo STF.
Decretos legislativos – atos normativos que tratam de matérias de
competência exclusiva do CN.
- ex. decretos que aprovam ou suspendem estado de defesa, intervenção
federal ou estado de sítio.
Emenda Constitucional – modificação do texto constitucional
- legitimados: 1/3 dos membros de uma das casas; Presidente; mais da metade
das assembleias legislativas.
- votação em dois turnos em cada casa, com aprovação de maioria qualificada
de 3/5.
- é promulgada pela mesa da câmara e do Senado
- Para o STF é possível EC proposta por congressistas acerca de tema de
legitimidade exclusiva do Presidente para projetos de lei (art. 61, § 1º). Essa
regra não vale para o âmbito estadual.
Medida provisória – ato normativo criado pelo chefe do executivo sob
condição resolutiva.
- requisitos: relevância e urgência (juízo político)
- não podem versar sobre matérias do art. 62,§1 º da CF.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Classificação da inconstitucionalidade:
Formal ou nomodinâmica – atinge a forma de edição da norma.
- pode ser objetiva (viola o processo legislativo), subjetiva (falta de
legitimidade do proponente) e orgânica (emana de órgão incompetente).
Material ou nomoestática – o conteúdo da norma é incompatível com a CF.
Por ação – o estado realiza uma ação incompatível com a CF.
Por omissão – o estado deixa de agir ou age de forma ineficiente para
resguardar preceitos constitucionais obrigatórios.
Originária – a norma inconstitucional é posterior à constituição.
Superveniente – caso em que a norma é anterior a uma EC ou a uma nova CF.
Não tem aplicabilidade no Brasil, pois adotamos a teoria da recepção, logo
essas normas anteriores não serão recepcionadas.
Direta – a norma inconstitucional decorre diretamente da CF, sem nenhuma
norma intermediária.
Indireta reflexa (o vício decorre do desrespeito à norma infraconstitucional,
sendo em relação a ela ilegal, e por isso violando a CF) ou Indireta
consequencial ou por arrastamento (a declaração de inconstitucionalidade da
norma principal ocasiona o arrastamento da norma secundária).
Sistemática do controle de constitucionalidade
Controle político
1. Preventivo pelo legislativo – ocorre por meio das comissões de
constituição e justiça das casas do CN.
2. Preventivo pelo executivo – por meio do veto do presidente
3. Repressivo pelo legislativo – sustação de atos normativos do executivo
que extrapolem a delegação legislativa; rejeição de MP por
inconstitucionalidade.
4. Repressivo pelo executivo – prerrogativa de descumprir uma lei, no
âmbito administrativo, por considera-la inconstitucional.
Judicial
1. Preventivo – julgamento de MS interposto por parlamentar para
garantir o devido processo legislativo ou para impugnar proposta de
EC manifestamente ofensiva a cláusula pétrea.
- Finda a votação na casa em que o parlamentar atua ou findo o
mandato, haverá perda do objeto do MS.
2. fiscalização de leis e atos normativos que já tenham sido promulgados
por meio dos métodos difusos e concentrados.
CONTROLE DIFUSO
Originado nos EUA (caso Marbury x Madison)
É o controle ocorrido de forma incidental, pois se apresentam como prejudiciais
de mérito em processos que a constitucionalidade não é questão principal.
Pode, portanto, ser exercido por qualquer juiz ou tribunal.
A apreciação da controvérsia constitucional pelo juízo ocorre na fundamentação
da decisão, não sendo atingida pela coisa julgada.
A legitimidade é ampla (partes, MP, terceiros e até o órgão jurisdicional de
ofício). A exceção é no caso de recurso extraordinário, pois “inadmissível o rext
se a questão constitucional suscitada não tiver sido apreciada no acórdão
recorrido”.
Qualquer ato emanado do poder público, normativo ou não, de qualquer esfera
do governo, revogado ou em vigor, pode ser objeto do controle difuso.
É irrelevante para o controle difuso se o ato é anterior ou posterior à CF. Assim,
poderá uma lei anterior a atual CF ter analisada sua constitucionalidade perante
a CF atual (caso que é declarada ou não sua recepção) e em face da CF que
vigorava quando da sua edição (caso que é declarada sua constitucionalidade ou
não).
Controle difuso nos tribunais: recebida controvérsia em que se suscita
inconstitucionalidade, o relator deverá encaminhar ao órgão fracionário para
apreciação. Caso entenda pela constitucionalidade, o próprio órgão irá prolata-
la e julgará o mérito, do contrário, deverá encaminhar a questão ao órgão
especial quando existente (tribunais com mais de 25 componentes) ou ao pleno
(cláusula de reserva de plenário). O órgão ou o pleno deverão, então, julgar
exclusivamente a inconstitucionalidade levantada, devolvendo-se
posteriormente a decisão ao órgão fracionário para julgamento do mérito.
Observe que no caso do julgamento no órgão especial ou no pleno, a análise
constitucional se dá em abstrato, dividindo-se a competência entre o mérito e a
inconstitucionalidade, o que se denomina cisão funcional de competência no
plano horizontal. No âmbito do STF não ocorre essa cisão, e o processo levado
ao pleno terá tbm julgado o mérito.
Não se aplica a reserva de plenário às turmas dos juizados; nos casos em que
seja resolvida a controvérsia por meio da técnica de interpretação conforme a
constituição e quando seja decidida pela não recepção da norma pré-
constitucional.
A violação da cláusula de reserva de plenário importa em nulidade absoluta da
decisão por se tratar de violação de competência funcional.
A decisão que declara a inconstitucionalidade da norma tem efeitos ex tunc,
haja vista que se considera que a norma é nula desde seu nascimento. Existe
controvérsia se é possível ao STF realizar modulação dos efeitos da decisão,
tendo a corte já se posicionado pela possibilidade no caso específico de
declaração de não recepção de norma pré-constitucional em controle difuso.
A CF autoriza o Senado a editar resolução para suspender a execução de lei
declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso, buscando assim, dar
eficácia erga omnes à declaração.
A abstrativização do controle difuso – para esse tese, que não foi adotada, o
Senado deve atuar tão somente como órgão de publicação da decisão do STF
em controle difuso, pois a decisão teria carga suficiente para garantir eficácia
geral.
O STF admite o manejo de Ação civil pública no controle difuso, desde que o
objeto central da tutela seja uma pretensão concreta e não uma declaração de
inconstitucionalidade abstrata de lei, que deve figurar como mera questão
prejudicial.
CONTROLE CONCENTRADO
Originário da constituição austríaca de 1920 (Hans Kelsen).
A CF de 1937 foi a primeira a prever possibilidade de controle concentrado.
No controle concentrado de constitucionalidade o processo é objetivo e a
questão constitucional é a principal e abstrata.
Ação direta de inconstitucionalidade – ADI
Legitimados:
- Presidente da República
- Mesa do Senado ou da Câmara
- Mesa de Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa (pertinência
temática)
- Governador de Estado ou Distrito Federal (pertinência temática)
- PGR
- Conselho Federal da OAB
- Partido político com representação no CN (advogado)
- Confederação Sindical ou entidade de classe de âmbito nacional
(advogado e pertinência temática).
Normas parâmetro:
- normas em vigor que façam parte da CF e não tenham exaurido sua
eficácia se constantes do ADCT. Podem ser normas contidas
expressamente ou implicitamente no texto constitucional, como é o
caso do princípio da proporcionalidade.
Objeto:
- leis ou ato normativos federais e estaduais. As normas municipais não
podem ser objeto de ADI, nesse caso, somente normas editadas pelo DF
no exercício da competência estadual podem ser objetos da ação, mas
aquelas que figurem na competência municipal não.
- leis e atos normativos anteriores á norma parâmetro não podem ser
objeto de ADI, haja vista que ela não se presta a analisar recepção. Isso
vale para os casos em que a lei ou ato é anterior a uma EC, que figura
como norma parâmetro.
- cabe ADI em face de EC editada sem obediência ao regramento do art.
60.
-cabe ADI em face de lei ordinária, lei complementar.
-cabe ADI em face de lei delegada quando o presidente invade matéria
não permitida pela CF ou quando ele extrapola os limites da resolução
do CN.
- cabe ADI em face de MP de forma excepcional para controle dos
pressupostos (relevância e urgência) quando flagrante abuso de poder.
- cabe ADI em face de decretos legislativos, decretos autônomos do
presidente, tratados e convenções internacionais, regimentos internos
dos tribunais e casas legislativas, atos normativos editados por pessoa
jurídica de direito público, resoluções aprovadas pelo chefe do
executivo, resoluções do TSE, leis orçamentárias.
- no julgamento da ADI, o STF fica adstrito ao pedido (congruência),
podendo avaliar tão somente os dispositivos listados na inicial, exceto
em caso de relação de consequencialidade entre dispositivos não
citados que serão também apreciados pela declaração de
inconstitucionalidade por arrastamento. Em relação aos fundamentos
não há vinculação, podendo o tribunal decidir com base em fundamento
diverso (causa de pedir aberta).
- não cabe intervenção de terceiros na ADI, exceto amicus curie, que
poderá usar um único recurso, o agravo ao pleno pela sua não
admissão, não estando apto a interpor sequer embargos de declaração.
-pelo caráter objetivo da ação, não se observa contraditório ou ampla
defesa, não cabe suspeição de ministro e cabe impedimento apenas se
um deles atuou na causa como PGR ou AGU.
-não se admite desistência da ADI proposta.
- o PGR será ouvido na condição de custus constituiciones e opinará por
meio de parecer, mesmo nas ADIs por ele propostas.
- o AGU atuará na ADI como defensor legis, buscando a defesa da
constitucionalidade da norma.
Medida cautelar em ADI
- é possível a concessão da liminar desde que demonstrado o perigo da
mora e a probabilidade do direito.
- via de regra é concedida pela maioria absoluta do pleno do tribunal
(06), desde que presentes ao menos 08 ministros.
- em casos excepcionais de urgência qualificada, o relator poderá
conceder a liminar a ser referendada posteriormente pelo pleno.
- a concessão da liminar tem eficácia erga omnes e gera efeito ex nunc e
vincula o judiciário e todos os órgãos da administração pública direta e
indireta.
- a negativa de concessão liminar não produz nenhum efeito (não tem
natureza dúplice), logo não cabe uso de reclamação.
- a suspensão da norma pela liminar pode ocasionar o efeito
repristinatório sob a legislação anterior àquela que foi suspensa
enquanto perdurar a liminar.
Efeito da decisão definitiva em ADI
- erga omnes
- ex tunc em regra, mas é passível de modulação temporal por maioria
de 2/3 do tribunal e por segurança jurídica e interesse social, podendo
ter efeito ex nunc, pro futuro, pro praeterito.
- efeito vinculante seja na dimensão subjetiva (vincula todos os órgão
do judiciário, da adm. direta e indireta nas três esferas) ou na dimensão
objetiva (apenas a parte dispositiva da decisão é vinculativa, pois o STF
adota a teoria restritiva do efeito vinculante e não a teoria da
transcendência dos motivos determinantes).
- a decisão passa a ter efeitos com a publicação da ata de julgamento
no DOU.
- o próprio STF não está vinculado a sua decisão em ADI, podendo
reaprecia-la em sentido oposto seja por nova ADI ou por Reclamação,
esta que permite inclusive que a corte redefina o conteúdo e alcance de
sua própria decisão ou ainda supere tal interpretação.
Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC
Legitimidade: são os mesmos da ADI, inclusive com as mesmas regras
quanto à capacidade postulatória e necessidade de pertinência
temática.
Normas parâmetro: normas em vigor que façam parte da CF e não
tenham exaurido sua eficácia se constantes do ADCT. Podem ser normas
contidas expressamente ou implicitamente no texto constitucional.
Objeto: somente leis e atos normativos federais podem ser objeto da
ADC. No mesmo sentido, somente normas editadas após a CF podem
ser objeto de ADC, portanto, se a norma constitucional é fruto de EC,
deve-se aferir se a lei ou ato é posterior a ela, se não for, não cabe ADC.
- a ADC foi criada pela EC 03, mas isso não implica na impossibilidade de
ADC tendo como objeto normas editadas entre a promulgação da CF e a
criação da ADC.
Requisito especial da ADC: é necessária a comprovação de relevante
controvérsia judicial acerca da norma ou ato normativo (decisões
divergentes), não se prestando a ação a mera consulta.
Regras procedimentais:
- não há prazo para prestação de informações pelas autoridades
responsáveis pelo ato.
- não há participação do AGU (a norma goza de presunção de
constitucionalidade).
- há participação do PGR.
- é possível amicus curiae por analogia.
- o STF permite a cumulação de pedidos de ADC em sede de ADI para
que o julgamento seja célere e coerente. Em caso de propostas ADI e
ADC cujo objeto seja a mesma norma, elas serão julgadas
conjuntamente.
Medida cautelar em ADC:
- é possível a concessão da liminar desde que demonstrado o perigo da
mora e a probabilidade do direito.
- a medida tem eficácia erga omnes e efeito vinculante ao judiciário e a
administração pública. Opera em regra efeito ex nunc.
- é concedida mediante a maioria absoluta da corte (06), e embora não
haja previsão expressa de concessão monocrática pelo relator, é
possível em casos de extrema incerteza e insegurança jurídica, sendo
posteriormente referendada pelo pleno.
- a liminar determinará a suspensão de todos os processos que
envolvam a aplicação da norma ou ato objeto da ADC até o julgamento
definitivo que deve ocorrer no prazo prorrogável de 180 dias.
Decisão definitiva em ADC:
- produz os mesmos efeitos da decisão em ADI (ações tem natureza
dúplice), eficácia erga omnes, efeito vinculante e ex tunc.
- decisão ocorre com quórum de pelo menos oito ministros, por maioria
absoluta (06).
- a causa de pedir é aberta (a corte n se vincula ao fundamento da ADC).
- só cabe embargos de declaração, não cabe rescisória.
- não se admite desistência.
- tem validade com a publicação da ata de julgamento no DOU.
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO
- ação constitucional de caráter objetivo que visa combater a defeituosa ou
insuficiente regulamentação da norma constitucional.
- a omissão pode ser total (ausência de norma) ou parcial (norma insuficiente).
No último caso, se o STF entende que a norma é insuficiente pode ser atacada
tanto por ADO quanto por ADI, existindo nessa situação, fungibilidade entre
elas.
- a omissão pode ser legislativa (a simples apresentação de projeto de lei n
inviabiliza a ação) ou administrativa (o STF entende que não cabe ADO para
suprir ato administrativo concreto, ou seja, aqueles que tratam especificamente
de um caso).
Legitimidade:
- ativa: os mesmos da ADI e ADC, entretanto, por vezes os legitimados
são os próprios responsáveis ou corresponsáveis pela violação
constitucional por omissão, como nos casos em que são legitimados a
realizar a regulamentação. Nesses casos, perdem a legitimidade para
propositura de ADO.
- passiva: é da autoridade ou órgão responsável pela edição da medida
que efetivará o texto constitucional.
Medida cautelar em ADO
- tem previsão expressa na lei 12.063/09, nos casos de excepcional
urgência e relevância da matéria, a maioria absoluta do tribunal (desde
que presentes pelo menos 08) poderá conceder liminar após audiência
dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão no prazo de 05
dias.
- a decisão liminar poderá versar sobre qualquer providencia fixada pelo
tribunal, inclusive a suspensão de processos judiciais e procedimentos
administrativos.
Decisão definitiva em ADO
- a decisão final que reconhece a inconstitucionalidade por omissão tem
pouca relevância prática, já que se limita a cientificar a autoridade
responsável pela regulamentação normativa para que tome medidas a
fim de cessar o estado inconstitucional, mas jamais poderá suprir a
ausência normativa. Em se tratando de inércia legislativa, o STF não
pode sequer fixar prazo para edição da norma, só podendo fixar esse
prazo nos casos em que a omissão é de responsabilidade de órgão
administrativo.
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF
é ação constitucional objetiva que visa evitar e reparar lesão a preceito
fundamental ocasionada por norma ou ato do poder público.
Legitimidade: os mesmos da ADI e ADC, com as mesmas regras quanto a
capacidade postulatória e a pertinência temática.
- existe previsão legal acerca da possibilidade de que qualquer
interessado possa representar ao PGR apresentando argumentos para
propositura de ADPF, que decidirá pela viabilidade do ingresso.
Normas parâmetro: tem um rol mais restritivo, pois abarca tão somente
normas relacionadas a preceitos fundamentais. Nesse caso, cabe ADPF
tendo como parâmetro:
- princípios fundamentais (1º ao 4ª)
- direitos e garantias fundamentais (5ª ao 17ª)
- princípios constitucionais sensíveis (34, VII)
- cláusulas pétreas (60, § 4)
- direito a saúde (6º e 196)
- direito ao meio ambiente (225)
Princípio da subsidiariedade: a ADPF é um instrumento de controle
extraordinário e supletivo, sendo possível seu manejo somente quando
não exista outro meio apto a sanar a lesividade. Assim, o STF permite a
fungibilidade ente ADPF no caso em que cabível ADI, desde que não
tenha havido erro grosseiro.
- da subsidiariedade da ADPF em relação a ADI exsurge que é possível
uso da ação tendo como objeto:
1. Normas anteriores a CF ou anteriores a EC parâmetro.
2. Direito municipal em face da CF
3. Normas pós constitucionais revogadas ou cujos efeitos já se
exauriram
4. Contra decisões judiciais que partem de interpretações
violadoras de preceitos fundamentais.
Espécies de ADPF:
1. ADPF autônoma: é a comum, ação constitucional objetiva que
visa reparar ou evitar lesão a preceito fundamental ocasionada
por ato do poder público (atos normativos primários e
secundários, inclusive se revogados; atos administrativos e
judiciais).
- não cabe ADPF em face de PEC (só atos perfeitos e acabados)
- não cabe ADPF para questionar, revisar ou cancelar súmulas
vinculantes ou não.
- não cabe ADPF para impugnar veto do presidente.
2. ADPF incidental: é a ação constitucional objetiva que visa
reparar ou evitar lesão a preceito fundamental ocasionada por
controvérsia constitucional relevante. Nesse caso, em sede de
controle difuso surgem diversas controvérsias relevantes acerca
de violação de preceitos fundamentais que podem ser levadas
ao STF por um dos legitimados à propositura da ADPF.
- Isso pode ocorrer com vistas a acelerar a resolução da celeuma
jurídica com o mínimo de prejuízo;
- é requisito essencial a comprovação da controvérsia judicial
relevante para o recebimento da ADPF nessa modalidade.
- A ação continua sendo de controle concreto, pois versará
apenas sobre a controvérsia constitucional e não sobre o mérito
das demandas em que surgiu.
Medida cautelar em ADPF
- tem previsão legal para casos de urgência, perigo de lesão grave ou em
período de recesso pelo relator, ad referedum do pleno.
- a concessão da liminar pode determinar medidas necessárias ao fim da
lesão ao preceito ofendido, bem como suspender processos e efeitos de
decisões judiciais, salvo aquelas atingidas pela coisa julgada.
Decisão definitiva em ADPF
- será tomada por maioria absoluta do tribunal, determinará a
constitucionalidade ou não de uma norma, ou ainda se ela foi
recepcionada (nas normas anteriores à norma parâmetro).
- tem eficácia erga omnes, efeitos vinculantes e ex tunc (sendo possível
a modulação).
- é irrecorrível, cabendo apenas declaratórios, e não pode ser atacada
por ação rescisória.
- nos casos de ADPF incidental, ela produz efeitos intraprocessuais em relação aos
processos geradores do incidente, devendo o julgamento nas instancias ordinárias se
dar respeitando aquilo que foi decidido acerca da constitucionalidade na ADPF.
Estado de defesa
- menos grave que estado de sítio
- hipóteses de decretação: preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e
determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na
natureza.
- titularidade: do Presidente da República por meio de decreto
- requisitos formais:
Manifestação previa dos Conselhos da República e da Defesa Nacional
(pareceres opinativos)
Expedição de decreto pelo Presidente, que deve obrigatoriamente
determinar o tempo (30 dias prorrogáveis uma vez) de duração da
medida, a área em que será válido (não engloba todo território nacional)
e as medidas de coerção que poderão ser aplicadas.
Aprovação do decreto pelo CN por maioria absoluta (o decreto deve ser
enviado ao CN em 24h, e deve ser apreciado em 10 dias).
- se o Presidente der andamento a estado de defesa não aprovado pelo CN, poderá
responder por crime de responsabilidade.
- as medidas coercitivas no estado de defesa terão caráter restritivo, mas nunca
supressivo de direito fundamentais, não podendo recair sobre direitos de:
Reunião
Sigilo de correspondência
Sigilo de comunicações telegráficas e telefônicas
- em caso de calamidade pública, poderá haver a ocupação e uso temporário de bens e
serviços públicos, respondendo a união por danos e custos decorrentes da utilização.
- no estado de defesa poderá haver restrição ao direito de prisão apenas em flagrante
ou por ordem judicial, isto porque se permite a prisão por crime contra o estado.
- crime contra o estado:
Será decretado pelo executor do estado de defesa
Deve ser comunicado imediatamente ao juiz responsável
O juiz poderá relaxar a prisão ilegal
É facultado ao preso requerer da autoridade policial o exame de corpo de delito
A prisão não poderá exceder 10 dias, exceto por autorização do poder
judiciário.
É vedada a incomunicabilidade do preso
- o controle e fiscalização do estado de defesa será feito pelo CN de forma imediata
(aprovação do decreto editado pelo presidente), concomitante (comissão parlamentar)
e sucessiva (o presidente enviará ao CN um balanço do estado de sítio e das medidas
aplicadas).
- o judiciário também fiscalizará de forma concomitante (legalidade das medidas) e
sucessiva (responsabilização por ilícitos). O judiciário não faz controle imediato porque
se trata de ato discricionário do poder executivo.
Estado de sítio
- situações mais graves
- Hipótese de decretação:
comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem
a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa (modalidade
repressiva)
declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira
(modalidade defensiva).
- titularidade: do Presidente da República por meio de decreto
- requisitos formais:
Manifestação previa dos Conselhos da República e da Defesa Nacional
(pareceres opinativos)
Prévia autorização do CN para que o Presidente possa emitir o decreto
(o CN atua antes da criação do decreto), mediante solicitação
fundamentada.
Edição de decreto legislativo que autorizará, por maioria absoluta do
CN, que o Presidente edite o decreto.
Decreto do PR que regulamentará o executor, o tempo e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas.
- em caso de decretação por estado de guerra, o decreto não preverá tempo de
duração.
- embora decretado por questão de comoção nacional, o decreto poderá definir as áreas
abrangidas pela medida excepcional.
- Durante o estado de sítio causado por comoção grave de repercussão nacional ou por
ineficácia de estado de defesa poderão ser aplicadas restrições:
Obrigação de permanência em determinada localidade
Detenção em edifícios não prisionais comuns
Restrições à inviolabilidade de correspondências, comunicações, prestação de
informações, liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão conforme lei.
Suspensão da liberdade de reunião
Busca e apreensão domiciliar
Intervenção em empresas de serviços públicos
Requisição de bens.
- em relação ao estado de defesa fundamentado em situação de guerra, em tese
qualquer garantia constitucional poderá ser suspensa.
- o controle e fiscalização do estado de sítio será feito pelo CN de forma prévia
(autorização para o decreto presidencial), concomitante (comissão parlamentar) e
sucessiva (o presidente enviará ao CN um balanço do estado de sítio e das medidas
aplicadas).
- o judiciário também fiscalizará de forma concomitante (legalidade das medidas) e
sucessiva (responsabilização por ilícitos). O judiciário não faz controle prévio porque se
trata de ato discricionário do poder executivo.