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Controlador de carga de acordo com a portaria 396 do INMETRO

Conference Paper · August 2014


DOI: 10.13140/RG.2.1.3871.0882

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1 4,276

3 authors, including:

Renan Diego de Oliveira Reiter Adriano Péres

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Federal University of Santa Catarina, Blumenau, Brazil
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Controlador de carga de acordo com
a portaria 396 do INMETRO
Renê Alfonso Reiter, Renan Diego de Oliveira Reiter, Adriano Péres
Departamento de Engenharia Elétrica e de Telecomunicações
Universidade Regional de Blumenau – FURB
Blumenau, SC – Brasil
reiter@terra.com.br – aperes.furb@gmail.com

Resumo—Neste trabalho é desenvolvido um controlador de consumida pela humanidade por ano [2]. Logo, na dimensão
carga que atende aos requisitos da Portaria 396 do INMETRO. humana de tempo, esta se constitui em uma fonte infinita de
É utilizado um conversor CC-CC do tipo buck como controlador energia.
de carga com a função de carregar a bateria a partir de painéis
solares fotovoltaicos. Aplicam-se os controles PWM e MPPT, A utilização da luz solar para conversão direta em energia
dependendo da necessidade do sistema e melhor condição de elétrica com o uso de painéis fotovoltaicos começou a ser
carga. O processador responsável por gerenciar o controlador utilizada em viagens espaciais na década de 60 por ser uma
de carga, a instrumentação utilizada e as fontes auxiliares são de alternativa ao uso de baterias, cujo peso e volume para
fundamental importância para o desempenho satisfatório do transportar nas viagens seria inviável. Nessa época, os
equipamento, a fim de atender aos requisitos da norma vigente módulos possuíam uma eficiência muito baixa em comparação
no Brasil. Além do baixo autoconsumo, um dos pontos mais com a eficiência alcançada atualmente. Durante a década de
importantes é elevar a vida útil das baterias e prolongar o 70, essa tecnologia evoluiu e seu uso passou a incorporar
armazenamento da energia. Resultados experimentais obtidos sistemas autônomos como em regiões rurais, sistemas de
de um protótipo de 12V/24V e 30A são apresentados para bombeamento de água, centrais de telecomunicações, entre
validar a metodologia empregada. outros.
Palavras Chave--Baixo autoconsumo, Controlador de carga, A década de 90 ficou marcada pelo crescimento das
Portaria 396 do Inmetro, Sistema fotovoltaico. aplicações dos sistemas fotovoltaicos conectados à rede
elétrica para uso residencial e comercial nos países
I. INTRODUÇÃO desenvolvidos. Foram motivados principalmente pela busca
Até pouco tempo as preocupações da humanidade com em reduzir a dependência energética dos combustíveis fósseis
relação à energia estavam concentradas no desenvolvimento e pela preocupação com as mudanças climáticas, em especial
de novas formas de consumo que lhe trouxessem mais com a intensificação do efeito estufa na atmosfera [3].
conforto. A disponibilidade de combustíveis de origem fóssil Neste sentido, grande parte dos sistemas fotovoltaicos
oriunda da conversão bioquímica da energia solar por milhões instalados no mundo decorreu de programas governamentais
de anos parecia ser uma fonte inesgotável de energia [1]. específicos desenvolvidos por cada país para estimular o uso
Contudo, o grande crescimento populacional associado ao da energia solar fotovoltaica, haja vista que ainda é uma
súbito aumento do consumo individual de energia mudou energia cara quando comparada às tecnologias convencionais
rapidamente este cenário. As fontes de combustíveis fósseis e às tarifas de eletricidade praticadas atualmente. Tais
mostraram-se finitas e geradoras de grandes problemas programas vêm fomentando os sistemas fotovoltaicos através
ambientais. Constatou-se que o modelo empregado até então de incentivos fiscais e/ou financeiros para a população e
era insustentável e que havia a necessidade de uma mudança auxiliando, de certa forma, as indústrias locais de
de paradigma. equipamentos e serviços a se desenvolverem mais
A partir deste cenário, concluiu-se que era imperativo se rapidamente.
adotar um novo modelo energético, baseado no uso de fontes O mercado de sistemas autônomos dificilmente pode ser
de energias renováveis. E também se observou que o principal comparado com os sistemas conectados à rede. O rápido
fornecedor de energia renovável ao planeta é o sol. Brilhando crescimento e popularização dos sistemas conectados à rede,
há mais de cinco bilhões de anos, estima-se que o sol ainda devido ao seu baixo custo e vida útil do sistema como um
disponibilizará energia por outros seis bilhões de anos com todo, reduziu consideravelmente o crescimento desse mercado
fornecimento de quatro mil vezes mais energia que aquela
no mundo, conforme mostrado na Figura 1. Entretanto, não se descarregará no painel durante a noite. Uma versão
sistemas autônomos obtiveram um incremento bastante mais sofisticada permite que o controlador de carga
representativo em muitos países. desconecte o painel quando as baterias se encontram
completamente carregadas para prevenir uma sobrecarga, ou
Na Austrália foram instalados em 2012 16MW de sistemas mesmo uma descarga profunda. Modelos ainda mais
fotovoltaicos autônomos. Na China, no mesmo ano foram completos incluem algoritmos MPPT.
instalados 40MW, dos quais por volta de 30MW contempla
sistemas híbridos e 10MW de sistemas autônomos [3]. Este trabalho apresenta a análise, o projeto e a
experimentação de um controlador de carga alimentado
através de painéis fotovoltaicos. Além disso, é apresentada
uma revisão do ensaio exigido dos controladores de carga
normatizados pela Portaria 396 do INMETRO [7].
A. Sistemas Fotovoltaicos Isolados
Os sistemas fotovoltaicos isolados podem ser classificados
basicamente de duas formas: sistemas em série ou sistemas em
paralelo, os quais se diferenciam pela forma com que o
sistema de armazenamento de energia é empregado.
Figura 1 – Instalações de sistemas autônomos e conectados à rede [3].
Em um sistema série, o banco de baterias é colocado em
Os sistemas autônomos necessitam de baterias para fazer o série com o fluxo de energia, conforme apresentado na Figura
armazenamento de energia a fim de viabilizar o uso de 2. O controlador tem a função de ajustar a tensão para carga
equipamentos elétricos durante períodos com pouca ou das baterias, além disso, pode rastrear o ponto de máxima
nenhuma luz solar. Praticamente todas as baterias utilizadas potência e gerenciar o consumo da carga para não danificar a
em sistemas fotovoltaicos são do tipo ácidas, permitindo bateria. O inversor converte a tensão CC da bateria para uma
descarga profunda. Outros tipos de baterias (ex: NiCad, tensão CA desejada na saída do sistema.
NiMH, LiO) também são compatíveis e possuem a
desvantagem de não serem adequadas para cargas/descargas
acima/abaixo do limite, além de serem mais caras. A vida útil
das baterias varia conforme o regime de operação e outras
Figura 2 – Diagrama de blocos de um sistema fotovoltaico isolado série.
condições, mas tipicamente se situa entre 5 e 10 anos [4].
Os controladores são utilizados para manter a bateria no A principal desvantagem de uma configuração série é o
melhor estado de carga possível (state of charge – SOC) e fato de que toda a energia utilizada pelo sistema circula pelo
fornecer ao usuário a quantidade de energia requisitada, banco de baterias, diminuindo a vida útil das mesmas, o que
protegendo a bateria de descargas profundas e sobrecarga. aumenta os custos de manutenção do sistema. Nos sistemas
Muitos controladores de carga possuem algoritmos de residenciais tem-se pelo menos três estágios de conversão,
rastreamento de máxima potência (MPPT) para maximizar a devido às tensões do módulo fotovoltaico, do banco de
energia gerada pelos painéis fotovoltaicos. baterias e do barramento CC serem diferentes. Isto afeta
significativamente a eficiência do sistema pelo maior número
O Brasil, até o final de 2012, possuía por volta de 45MW de conversões necessárias.
instalados de sistemas fotovoltaicos, sendo a maioria sistemas
autônomos. Com a regulamentação da ANEEL autorizando a A configuração em paralelo tem como característica
conexão de sistemas fotovoltaicos à rede elétrica a partir do principal o emprego do banco de baterias em paralelo com o
final de 2012 [5], [6], espera-se que o mercado brasileiro fluxo de energia do sistema, conforme apresentado na Figura
comece a crescer. Mesmo com as reduções dos custos dos 3. A diferença nesta configuração é que os conversores que
paineis (R$/W), ainda não é economicante viável para a realizam a carga do banco de baterias e a elevação de tensão
geração distribuída se espalhar pelo país. O mercado de não estão em série com os demais estágios de processamento
sistemas fotovoltaicos conectados à rede está crescendo, de energia. A redução no número de estágios em série resulta
entretanto ainda existe um mercado em potencial para em um aumento na eficiência global do sistema.
sistemas autônomos, pois existem muitos locais isolados onde As baterias na configuração em paralelo são acionadas
é inviável transportar energia elétrica de forma convencional. apenas quando a energia gerada pelo módulo fotovoltaico é
Locais como ilhas e pontos de difícil acesso ocorrem grandes inferior à demanda exigida pela carga, evitando cargas e
investimentos de pequenos sistemas autônomos residenciais. descargas desnecessárias, que comprometem a sua vida útil.
II. O CONTROLADOR DE CARGA A potência processada pelo controlador durante a carga
Um controlador de carga é parte essencial de um sistema das baterias é diferente da processada pelo estágio de elevação
fotovoltaico autônomo. Em sua forma mais simples, a função de tensão. A frequência de operação e os componentes
de um controlador de carga é garantir que o painel utilizados em cada modo de operação são dimensionados de
fotovoltaico não danifique a bateria conectada ao mesmo. A acordo com a potência processada, e não de acordo com a
forma mais simples de se implementar é através de um diodo potência nominal. Esta é mais uma das vantagens de se utilizar
conectado entre a bateria e o painel. Isso garante que a bateria a configuração em paralelo em relação à série.
sulfatação, o qual é mais um problema em sistemas solares
fotovoltaicos, já que "o carregamento oportunidade" difere
significativamente do carregamento tradicional de baterias. Os
longos períodos de undercharging, comuns aos sistemas
fotovoltaicos, causam a corrosão da grade e as placas positivas
da bateria tornam-se revestidas com cristais de sulfato [8].
O processo de carga através de modulação PWM pode
deter a formação de depósitos de sulfato, ajudar a ultrapassar a
barreira resistente sobre a superfície das grades por meio de
Figura 3 – Diagrama de blocos de um sistema fotovoltaico isolado paralelo.
punção e a corrosão na interface [8]. A carga de corrente
pulsada possui a capacidade de recuperar as células da bateria
B. Controladores de Carga PWM e MPPT [9].
A Modulação por Largura de Pulso (PWM) é o meio mais Controladores de carga com MPPT realizam o
eficaz para alcançar a tensão desejada da bateria através do rastreamento do ponto de máxima potência de painéis
chaveamento de interruptores. Quando operando em modo fotovoltaicos. Todos os painéis fotovoltaicos são classificados
PWM, a corrente do painel solar diminui ou aumenta de em Watts. Isso identifica a quantidade de potência que o
acordo com a condição da bateria. painel pode produzir, a qual é a quantidade de trabalho que o
painel pode produzir quando iluminado através de luz solar.
O carregamento de uma bateria com um sistema solar Multiplicando-se a tensão no ponto de máxima potência
fotovoltaico é um desafio único e difícil. Nos "velhos tempos", (Vmpp) pela corrente de máxima potência (Impp),
simples reguladores on-off foram usados para limitar o gargalo determinados no módulo, é possível determinar a potência
na bateria quando um painel solar produzia energia em nominal do módulo. Em operação sua tensão ideal é aquela na
excesso. No entanto, com os sistemas solares amadurecidos, qual se obtém a potência máxima. Isso também é chamado de
ficou claro que estes dispositivos de simples funcionamento ponto de máxima potência. A tensão no ponto de máxima
interferiam com o processo de carga da bateria. Os dados potência varia principalmente em função da temperatura do
históricos afirmam que reguladores on-off foram a principal painel.
causa do envelhecimento precoce das baterias, o aumento de
quantidade de cargas paradas, e a crescente insatisfação do Em ordem, para carregar uma bateria o painel fotovoltaico
usuário. Os modelos com tecnologia PWM surgiram como o deve aplicar uma tensão maior que a tensão da bateria. Se a
primeiro avanço significativo na carga de baterias para tensão no ponto de máxima potência for um pouco menor que
aplicações solares fotovoltaicas [8]. a tensão da bateria, então a corrente cai próximo a zero. Por
isso, para operar de forma segura, tipicamente os painéis
Controladores de carga com tecnologia PWM são fotovoltaicos são feitos com um Vmpp próximo de 17V
similares a outros modernos carregadores de bateria. Quando a quando a temperatura do módulo se aproxima de 25°C. Isso é
tensão da bateria atinge o ponto de regulação, o controle por feito, pois, com o aumento da temperatura, principalmente em
PWM reduz lentamente a corrente de carregamento para evitar dias de verão, a tensão tende a cair podendo atingir valores
o aquecimento e gaseificação da bateria, no entanto, o próximos de 15V.
controlador continua a fornecer a quantidade máxima de
energia para a bateria no menor tempo possível. O resultado é A vantagem de se utilizar controladores MPPT depende do
uma maior eficiência de carga, recarga rápida e uma bateria arranjo, clima e das condições de carga utilizadas. Fornece um
saudável em plena capacidade [8]. Além disso, este método de aumento na corrente efetiva apenas quando a Vmpp é mais
carregamento de bateria através de energia solar fotovoltaica que 1V acima da tensão da bateria. Em períodos quentes, isso
promete alguns benefícios muito interessantes e originais do pode não ser o caso, a não ser que as baterias estejam
controle on-off, que incluem: possibilidade de recuperar a descarregadas. Em períodos frios, no entanto o Vmpp pode
capacidade da bateria; aumenta a aceitação de carga da atingir valores mais altos. Se a energia utilizada no inverno for
bateria; mantém a alta capacidade da bateria (90% a 95%) em maior, então pode haver consideráveis ganhos de energia.
comparação com os níveis regulados on-off que normalmente
são de 55% para 60%; reduz o aquecimento da bateria e
gaseificação; ajusta automaticamente para o envelhecimento
da bateria e auto-regula para quedas de tensão e efeitos de
temperatura em sistemas fotovoltaicos. Os benefícios são de
base tecnológica. A questão mais importante é como a
tecnologia PWM beneficiaria o usuário do sistema
fotovoltaico? Saltando de uma tecnologia de 1970 para as
novas ofertas do milênio, os principais aspectos a considerar
em uma bateria são: vida útil da bateria; capacidade de Figura 4 – Diferença entre controle PWM e MPPT.
armazenar mais energia nas baterias e maior uso da energia de
painéis solares fotovoltaicos [8]. C. Norma Brasileira para Controladores de Carga
De acordo com o Conselho Internacional de Bateria, 84% O controlador de carga é considerado um dos dispositivos
de todas as falhas de baterias de chumbo-ácido são devidas à mais importantes em sistemas fotovoltaicos autônomos para
evitar que a bateria sofra danos causados devido à sobrecarga desenvolvidos para funcionar dentro de caixas robustas. Além
e descarga profundas. Além disso, a tensão instável a partir de disso, bons controladores de carga possuem interface
sistemas fotovoltaicos pode danificar a carga conectada ao amigável, indicando os principais dados do sistema.
sistema. Estudos mostram que o tempo de vida da bateria é
degradado sem o uso do controlador de carga [10]. E. Topologias mais Empregadas
1) Controladores Shunt
Sistemas fotovoltaicos off-grid, como os encontrados em A topologia mais utilizada em controladores de carga é o
áreas remotas, são tipicamente equipados com sistemas de controlador shunt. Para regular o fluxo de energia, um curto-
armazenamento em bateria a fim de fornecer energia durante a circuito PWM é aplicado ao módulo fotovoltaico. Isso pode
noite e durante os dias nublados. Tais sistemas devem usar ser feito sem quaisquer efeitos negativos devido à elevada
controladores de carga para prevenir sobrecarga excessiva nas resistência interna dos módulos. A Figura 5 apresenta o
baterias, em particular, no período de término da carga onde as diagrama simplificado do controlador shunt. No caso da chave
baterias do tipo chumbo-ácido requerem baixa corrente, S1 estar aberta, a corrente flui através de S2 para a bateria. Se
porque a sua capacidade para aceitar a carga é limitada pelo a chave S1 estiver fechada, realizando um curto-circuito no
ciclo de recombinação do oxigênio [11]. módulo fotovoltaico, nenhuma corrente flui para a bateria.
Para serem comercializados os controladores de carga Durante a noite, a chave S2 é aberta e impede que ocorra um
devem atender a algumas normas. No Brasil devem atender fluxo de corrente da bateria para o módulo. A chave S3 realiza
aos requisitos da Portaria 396 do Inmetro [7]. A portaria o controle do fluxo de energia para a carga [12].
estabelece os critérios de avaliação da conformidade para
sistemas e equipamentos para energia fotovoltaica através do
mecanismo da etiquetagem. Para utilização da Etiqueta
Nacional de Conservação de Energia (ENCE), o equipamento
deve atender aos requisitos do Programa Brasileiro de
Etiquetagem (PBE), visando à eficiência energética e ao
adequado nível de segurança. Os procedimentos de ensaio de
um controlador de carga de acordo com a Portaria 396 do Figura 5 – Diagrama esquemático do controlador shunt.
Inmetro compreendem [7]:
a) ensaios em condições nominais: queda de tensão, Os controladores de carga shunt tem uma boa
tensão de desconexão e reposição do painel fotovoltaico e compatibilidade eletromagnética com as mudanças de
compensação por temperatura; tensão de desconexão e comutação entre o carregamento Impp e a corrente de curto-
circuito Isc. Esses controladores têm uma boa eficiência na
reposição das cargas e autoconsumo;
carga, pois as perdas acontecem apenas através da chave S2,
b) ensaios em condições extremas: proteção contra pois não há outros semicondutores ou elementos magnéticos
inversão de polaridade na conexão do painel fotovoltaico; para aumentar as perdas. Essa topologia apresenta uma boa
proteção contra inversão de polaridade na conexão do proteção contra inversão de polaridade (na bateria e nos
acumulador; proteção contra inversão na sequência de terminais da carga).
conexão bateria-módulo e proteção contra curto-circuito na
saída para carga. 2) Controladores Série
Controladores série desconectam a bateria do painel
D. Requisitos de um controlador de carga fotovoltaico para regular o sistema. Dois MOSFET antissérie
Em relação ao sistema fotovoltaico completo, o custo do (S1/S2) devem ser utilizados para evitar correntes em ambas
controlador de carga tem um valor de cerca de 3 a 5% as direções. Se o circuito está aberto, o módulo opera com
(modelos mais simples), mas devem controlar todo o fluxo de tensão de circuito aberto e a corrente do módulo é zero. A
energia no sistema (enquanto os painéis representam cerca de chave S3 realiza o controle do fluxo de energia para a carga. A
50%, as bateriras cerca de 30%, etc.). Em termos de Figura 6 apresenta o diagrama esquemático simplificado do
confiabilidade, faz sentido usar um controlador de carga de controlador série [12].
alta qualidade e investir um pouco mais em eletrônica, pois
estes custos extras da eletrônica não farão quase nenhuma
diferença para os custos globais do sistema. Entretanto, um
bom controlador de carga pode aumentar o desempenho do
sistema de forma significativa.
As funções importantes que todo controlador de carga
deve possuir incluem o desligamento por baixa tensão (LVD)
para proteger a bateria de descarga profunda e a desconexão Figura 6 – Diagrama esquemático do controlador série.
de alta tensão (HVD) para proteger a bateria de sobrecarga.
Além disso, um controlador de carga fotovoltaico deve ter um O controlador série apresenta uma flexibilidade no que diz
bom gerenciamento do estado de carga da bateria, a fim de respeito à fonte de entrada. Devido à desconexão, tais
aumentar sua vida útil e a confiabilidade do sistema. Bons controladores podem ser construídos de forma a aceitar a
controladores de carga tem um consumo muito baixo energia dos painéis fotovoltaicos e de outras fontes de tensão.
operando em standby (< 4mA) e muitas vezes são Como desvantagens, possuem menor desempenho EMC com
a flutuação da corrente entre zero e Impp. Além disso, a Devido aos altos custos de sistemas fotovoltaicos
eficiência de carga é um pouco inferior, já que o fluxo da autônomos, principalmente pelo preço e vida útil do banco de
corrente de carga tem sempre que fluir através de dois baterias, é importante selecionar um controlador adequado
MOSFET. Além disso, proteger o controlador de carga contra para cada aplicação. Cada topologia possui vantagens e
inversão de polaridade não é algo simples para desenvolver. desvantagens, controladores shunt dominam o mercado
mundial e apresentam um bom desempenho a um preço
3) Controlador com Conversor CC-CC reduzido. Controladores série são bons e flexíveis.
Controladores com conversores CC-CC integrados podem Controladores com MPPT apresentam, principalmente em um
aplicar uma tensão diferente entre a entrada e a saída do clima frio, um bom rendimento energético. Se os módulos
controlador. Isto pode ser usado para controlar a tensão do com mais de 36 células ou módulos de filmes finos são
painel fotovoltaico, independente da tensão da bateria e utilizados, é obrigatório o uso de controladores de carga com
possibilitar uma maior flexibilidade da faixa de tensão de MPPT.
entrada. Algoritmos MPPT podem ser aplicados a esses
controladores para permitir a absorção da máxima potência III. O CONVERSOR UTILIZADO
dos módulos fotovoltaicos. A Figura 7 apresenta o diagrama A topologia utilizada apresenta algumas características
esquemático simplificado do controlador utilizando um entre o controlador série e o controlador com conversor CC-
conversor CC-CC do tipo abaixador de tensão (buck) [12]. CC buck, conforme apresentado na Figura 8. O controlador
possui duas chaves em antissérie na entrada do conversor para
evitar a circulação de corrente da bateria para os painéis
fotovoltaicos durante a noite ou momentos de baixa irradiação
solar e, também, da inversão de polaridade dos painéis. A
chave na saída tem a função de gerenciar o consumo da carga,
evitando a descarga profunda da bateria. A colocação dos
interruptores no lado negativo não interrompe o laço de
Figura 7 – Diagrama esquemático de um controlador buck. aterramento do circuito [13]. Para evitar a queima dos
capacitores C1, C2 e C3 foram utilizados capacitores
Se a chave S1 é fechada, a corrente flui através do indutor
eletrolíticos conectados em antissérie, garantindo assim, o
L1 até a bateria. Quando S1 é aberta, a corrente armazenada
atendimento aos requisitos de inversão de polaridade.
em L1 continua a fluir para a bateria através do diodo D1.
Com a modulação PWM em S1, a tensão na bateria pode ser Para reduzir o consumo do controlador de carga utilizou-se
regulada, assim como o rastreamento do ponto de máxima o CI MC34063A [14] como fonte auxiliar, um circuito de
potência do painel fotovoltaico. A chave S3 realiza o controle controle monolítico que contém funções primárias exigidas
do fluxo de energia para a carga. Estes controladores também para um conversor CC-CC.
carregam baterias com corrente constante (caso estejam
operando no modo de condução contínua) e não com correntes O processador utilizado para gerenciar o controlador de
pulsadas, como nas topologias shunt e série. carga é o MSP430F2274, entre suas principais características
destacam-se: 32kB + 256B de memória Flash; 1kB de RAM;
Por outro lado, conversores CC-CC têm significativamente tensão de alimentação de 1,8V a 3,6V; AD de 10bits; saída
menor eficiência devido a uma maior quantidade de PWM e consumo de 270μA no modo ativo e 0,7μA em
semicondutores e elementos capacitivos e magnéticos. Isso faz standby. A escolha deste processador se deu principalmente
com que tais controladores sejam mais caros que pelo fator consumo, primordial característica para um
controladores shunt e série. Frequências de comutação controlador de carga atender a Portaria 396 do Inmetro [7]. A
elevadas podem levar a um baixo desempenho EMC. A Figura 9 apresenta o diagrama esquemático completo da parte
vantagem do uso do MPPT compensa as perdas na eficiência de potência do controlador de carga.
do controlador, além de possibilitar um aumento da vida útil
da bateria pela melhor qualidade de energia entregue à mesma.
4) Visão geral das topologias apresentadas
Para todas as aplicações onde a eficiência é uma questão
crucial em todos os sistemas fotovoltaicos, controladores
shunt apresentam a eficiência mais elevada. Também em
aplicações de telecomunicações, controladores shunt devem
ser utilizados devido ao bom desempenho EMC. Se a bateria é
também carregada a partir de uma fonte de tensão fixa, um
controlador série é uma boa escolha. Em regiões com baixos
níveis de irradiação e temperatura, um controlador com MPPT
pode entregar mais energia para a bateria do que outros
controladores. Se o número de células no interior do módulo
não é compatível com a tensão da bateria, ou mesmo módulos
de filmes finos, controladores de carga com MPPT devem ser
utilizados. Figura 8 – Diagrama do controlador de carga utilizado.
Perturba e Observa (P&O), Condutância Incremental e o
método por temperatura.

Figura 9 – Diagrama esquemático da potência.

Na entrada do controlador de carga são utilizados dois


MOSFET IRF2807 [15] em antissérie para desconectar a
bateria dos modulos fotovoltaicos, por consequência, essa Figura 11 – Curva P × V de um módulo fotovoltaico.
configuração previne correntes em ambas as direções. A carga
é acionada pelo MOSFET IR3205. Para medir as correntes do Por sua simplicidade, o método P&O é o mais utilizado na
painel e da carga foram utilizados resistores shunt (R30 e literatura [18]. O método utiliza medições de tensão e corrente
R31), que são componentes de baixo custo. Para o circuito de do arranjo fotovoltaico, calculando assim a potência gerada.
controle da corrente, foi usado o circuito comparador INA201 O método da Condutância Incremental baseia-se na
[16]. condutância do painel, ou seja, no fato da derivada da potência
Na Figura 10 é mostrado o circuito que detecta a presença de saída do painel, em relação à tensão ser zero no ponto de
do painel fotovoltaico, cuja saída está conectada diretamente à máxima potência. Será positiva a esquerda do ponto e negativa
CPU, informando a condição do painel fotovoltaico. Esse sinal a direita do ponto, ou seja, é uma evolução do método P&O
impede, por hardware, que as chaves de entrada sejam [19].
acionadas no caso de ocorrer algum problema com a CPU. O método de Temperatura une a simplicidade do método
da tensão constante com a velocidade de convergência e
precisão da condutância incremental [20]. A vantagem deste
algoritmo é que ele rastreia a máxima potência real, resultando
em operação exata no MPP, não se tratando de uma
aproximação, desde que os dados fornecidos pelo fabricante
sejam precisos.
O controlador de carga proposto neste trabalho deve operar
para qualquer tecnologia de módulo e com uma ampla faixa de
tensão de entrada. Seria complicado utilizar o método por
temperatura, já que depende de dados fornecidos pelo
fabricante, tornando cada instalação dependente de parâmetros
Figura 10 – Circuito detector de presença de painel. iniciais que variam de painel para painel. Assim, foi utilizado
o método da Condutância Incremental.
IV. ALGORITMO MPPT V. PROJETO DO CONTROLADOR DE CARGA
Os módulos fotovoltaicos são fontes geradoras de energia As especificações de projeto são apresentadas na Tabela I.
elétrica a partir do Sol que estão sujeitos a variação de níveis Como o controlador de carga é projetado para operar com
de potência dependendo da irradiância e temperatura. A baterias de 12V ou 24V, sua tensão de entrada deve suportar
irradiância está diretamente atrelada à variação da corrente do tensões entre 15V e 48V para realizar o carregamento das
módulo, já a temperatura está diretamente vinculada à baterias. A corrente nominal do controlador de carga é de
variação da tensão de operação do módulo. A curva de 30A, sendo assim, sua máxima potência ocorre quando estiver
potência × tensão de um módulo fotovoltaico é apresentada na conectado a baterias de 24V.
Figura 11. Pode-se notar que existe um único ponto de
operação onde a potência entregue será máxima, desde que Segundo [21], para calcular o valor do indutor L1 e do
não exista sombreamento parcial no sistema fotovoltaico, caso capacitor C2, pode-se utilizar as expressões (1) e (2)
contrário, podem ocorrer múltiplos picos de máxima potência, respectivamente, aonde se chega a um valor aproximado de
dificultando o processo para encontrar o máximo global. 10μH para o indutor L1 e de 64μF para o capacitor C2, de
acordo com o esquema apresentado na Figura 8.
Por ser uma tecnologia com um elevado custo, existe a
necessidade de se obter, sempre que possível, a máxima ( )
potência disponível por esses dispositivos. Para isso, existem  
algoritmos MPPT encarregados dessa função. Existem
diversos algoritmos conhecidos na literatura [17]. Dentre os  
existentes foram experimentados neste trabalho o método
TABELA I ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO. condições de operação; 7. driver para acionamento dos
interruptores e circuito para condicionamento de sinais do
Potência Nominal da Entrada (PIN) 720W em 24V conversor AD; 8. placa do microcontrolador MSP430; 9. fonte
auxiliar; 10. fonte auxiliar para acionamento do interruptor da
Tensão de Entrada (VIN) 15 a 48 V
carga e 11. chaves para seleção do tipo de bateria e modo de
Tensão de Bateria (VBAT) 12 V / 24V operação PWM ou MPPT.

Ondulação do Barramento CC (ΔVO) 1,6V

Corrente de entrada (IIN) 30 A

Ondulação da Corrente no Indutor (ΔIL) 6,4A

Frequência de Chaveamento (fS) 10 kHz

Razão Cíclica(D) 0,977

Para construir o indutor foi utilizado o toróide modelo


T157-34 da Micrometals. Para calcular o número de espiras do Figura 12 – Tensão e corrente de entrada (painéis) com potência nominal.
toróide foi utilizada a expressão (3), fornecida pelo próprio
fabricante. O valor de AL é expresso em nano Henry por espira
ao quadrado (nH/N2). Para este modelo de toróide T157-34 o
fabricante fornece o valor de AL(nH/N2), que é de 43.5nH.
O valor de L é obtido por (1) e convertido em nano Henry.
Pelo valor obtido pela expressão (3) se chega a um valor
aproximado de 15 espiras [22].

( )
√ ( ⁄ )


VI. RESULTADOS EXPERIMENTAIS


Figura 13 – Tensão e corrente da carga com potência nominal.
As principais formas de onda do controlador de carga
operando com fonte de tensão constante na entrada são
apresentadas nas figuras a seguir.
A. Ensaio com Potência Nominal para 12V
A Figura 12 apresenta a tensão e a corrente de entrada do
controlador de carga e a Figura 13 apresenta a tensão e a
corrente entregues à carga. Ambas as figuras são para o
controlador operando em condições nominais para tensão de
12V.
B. Ensaio com Potência Nominal para 24V
A Figura 14 apresenta a tensão e a corrente de entrada e a
Figura 15 mostra tensão e corrente entregues à carga para o
Figura 14 – Tensão e corrente de entrada (paineis) com potência nominal.
controlador operando em 24V.
C. Sequência de Ensaios da Portaria 396 do Inmetro
Para realizar os ensaios da portaria 396 do Inmetro existem
alguns requisitos pré-definidos para os equipamentos
utilizados [7]. Utilizou-se uma fonte ajustada em 30A e 13,8V,
capacidade nominal do controlador de carga, para simular os
painéis fotovoltaicos.
Na Figura 16 é apresentada a vista superior do protótipo do
controlador de carga. Foram enumeradas diversas partes do
controlador de carga: 1. conexão do painel fotovoltaico; 2.
conexão da bateria; 3. conexão da carga; 4. indutor do
conversor Buck; 5. resistores shunt para medição da corrente
do painel e da carga; 6. display para visualização de medidas e Figura 15 – Tensão e corrente da carga com potência nominal.
uma fonte regulável no lugar do acumulador e aumentou-se a
tensão até que o controlador realizasse a desconexão do
painel, mantendo-se o controlador sob corrente nominal. O
controle atuou com tensão igual a 14,8V, desconectando o
painel. Por falta de recurso no laboratório, não foi realizada a
parte do ensaio onde se deve realizar o mesmo teste em um
ambiente com uma diferença de temperatura de 20°C.

Figura 16 – Protótipo: Vista superior.

A Figura 17 apresenta uma vista superior da disposição


dos MOSFETS e do diodo de roda livre no dissipador do
protótipo. Nesta figura, a área 1 se refere aos três conjuntos
antissérie de MOSFETS IRF3205 dispostos em paralelo para
formarem o interruptor S1, conforme apresentado na Figura
16 e Figura 17. O diodo de roda livre STPS61170CW está
situado na área 2 e os dois MOSFET IRF3205 em paralelo, Figura 18 – Queda de tensão entre os terminais de entrada e da bateria.
utilizados como interruptor para conexão da carga, são
delimitados pela área 3. A bateria utilizada no ensaio de 12V 3) Tensão de desconexão e reposição das cargas.
foi da Tudor com 60Ah e para 24V foram utilizadas duas Como a tensão nominal do ensaio é 12V, conectou-se uma
baterias Moura Clean 60Ah. fonte regulável com 12,6V (105% da nominal) no terminal do
acumulador. A tensão da fonte foi reduzida em degraus de
0,25% até a ocorrência da desconexão das cargas.
Posteriormente, a tensão da fonte foi aumentada em degraus
de 0,25% até que a carga ligou novamente. O desligamento da
carga ocorreu em 11,2V e o religamento da carga ocorreu em
12,5V.
4) Autoconsumo
Neste teste, conectou-se a fonte de tensão com a tensão
nominal do controlador na entrada do acumulador e mediu-se
a corrente consumida. Os testes apresentaram os seguintes
resultados: autoconsumo de 11,33mA sem display e 15,43mA
com display para a tensão nominal de 12V e autoconsumo de
9,51mA sem display e 11,49mA com display para a tensão
Figura 17 – Protótipo: Vista superior dos interruptores e diodos.
nominal de 24V. Para as quatro situações analisadas o
controlador de carga se comportou de acordo com o esperado,
A seguir são apresentados detalhes de alguns ensaios da respeitando o limite máximo imposto pela Portaria 396 do
portaria 396 do Inmetro [7] incluindo fotos dos procedimentos Inmetro [7], a qual limita o autocosumo de controladores de
realizados para a tensão de 12V. carga em 30mA. Os testes efetuados confirmam que o
MSP430F2274 é um dispositivo de baixo consumo. Os
1) Ensaio de Queda de Tensão resultados satisfatórios são obtidos através da desconexão de
O ensaio tem o objetivo de verificar a queda de tensão periféricos desnecessários quando o controlador de carga está
entre o terminal de conexão dos painéis e o da entrada do em modo de espera (stand by). O modo de espera pode se dar
acumulador, assim como, entre os terminais de entrada do em várias situações, tais como: ausência de luz solar, ausência
acumulador e os terminais da carga. A queda de tensão não de carga, bateria descarregada e sobrecarga.
deve ser superior a 0,8V para ambos os ensaios. Os resultados
obtidos foram de 0,356V entre os terminais de entrada e da 5) Proteção contra sobretensões na entrada do painel
bateria e de 0,134V entre os terminais da bateria e da saída. A fotovoltaico
Figura 18 mostra a foto do ensaio para a queda de tensão entre Conectou-se uma fonte variável no terminal de entrada do
os terminais de entrada e da bateria. controlador de carga com 125% da tensão nominal durante 15
minutos. A escolha de 55V ocorreu, pois, como o controlador
2) Tensão de Desconexão e Reposição do Painel de carga pode operar em 12/24V, considerou-se a situação
Fotovoltaico e Compensação por Temperatura. menos favorável (operação em 24V). Utilizando dois paineis
O controlador foi mantido ligado durante uma hora com fotovoltaicos com 22V de tensão de circuito aberto em série
temperatura ambiente de 28°C, posteriormente conectou-se alcançaria-se 44V, mais 25% encontra-se o valor de 55V. O
teste foi realizado e, religando-se o controlador após 15 Na Figura 19 o setpoint definido pelo controlador de carga
minutos nessa condição, ele voltou a operar normalmente. para detectar um curtocircuito foi ajustado em 40A. Ao atingir
Este ensaio verifica a integridade da entrada para uma o valor de 40A, onde se encontra a primeira linha do cursor, o
condição extrema, ou seja, a tensão máxima de entrada. CI INA201 demorou aproximadamente 2μs para enviar um
sinal ao MSP430, indicando que houve um curtocircuito. Até
6) Proteção contra inversão de polaridade na conexão do a interrupção ser detectada, enviar o sinal de desligamento do
painel fotovoltaico interruptor para o pino de saída do microcontrolador, passar
Utilizando uma fonte de tensão variável com 32V, pelo circuito de driver e, efetivamente ocorrer o desligamento
simulando os paineis operando no ponto de máxima potência do interruptor, demorou aproximadamente 6,8μs.
com controlador de carga configurado para operar em 24V,
trocou-se a posição dos fios na entrada do controlador de VII. CONCLUSÕES
carga durante 5 minutos. A conexão correta foi refeita e Neste trabalho foi desenvolvido um controlador de carga
verificou-se o funcionamento normal do controlador de carga. para baterias através da geração de energia solar fotovoltaica
7) Proteção contra inversão de polaridade na conexão do atendendo aos requisitos da Portaria 396 do Inmetro [7]. As
características nominais do controlador são: 12V/24V e 30A.
acumulador
Fez-se uma descrição da Portaria 396 do Inmetro, norma
Como existe caminho para a corrente com a inversão de
brasileira aplicada aos controladores de carga [7].
polaridade da conexão da bateria no terminal do acumulador
através do diodo de roda livre, utilizou-se um fusível de 40A Para o controle de potência optou-se pela utilização de um
(fast blow) para proteção contra sobrecorrente. Conectou-se a conversor buck por ser uma topologia bastante explorada e
bateria com a posição dos fios trocada durante 5 minutos. O relativamente simples para efetuar o projeto, o controle, a
fusível queimou. Efetuou-se a troca do fusível após o ensaio e implementação e a manutenção, além de se adequar aos
religou-se o equipamento, verificando seu funcionamento parâmetros do painel fotovoltaico e das características das
correto. baterias utilizadas.
8) Proteção contra inversão na sequência de conexão O processador utilizado é bastante confiável e se mostrou
bateria-painel muito eficiente para as funções que se desejava implementar.
Conectou-se uma fonte na entrada do painel fotovoltaico A instrumentação utilizada e a escolha das fontes auxiliares
durante 5 minutos sem a conexão da bateria e de qualquer foram de fundamental importância para o desempenho
carga. Após o ensaio conectou-se a bateria e as cargas na saída satisfatório do equipamento para atender todos os requisitos da
e o controlador de carga operou de forma correta. norma vigente no Brasil, incluindo o baixo consumo, um dos
pontos mais importantes para elevar a vida útil das baterias e
9) Proteção contra curto-circuito na saída para carga prolongar o armazenamento de energia. O autoconsumo do
Neste ensaio conectou-se a bateria ao controlador. A saída controlador de carga situou-se entre 9,51mA e 15,43mA,
da carga é curto circuitada durante 5 minutos. Verificou-se dependendo da tensão da bateria e da programação para que o
que o controlador desligou as chaves da carga display ficasse ligado ou desligado. Menores valores de
instantaneamente sem ocorrer a queima do fusível. corrente podem ser obtidos para o autoconsumo, se for
Posteriormente o controlador de carga é religado sem a necessário, para tal, basta programar o desligamento de alguns
presença do curtocircuito e notou-se o seu funcionamento periféricos não necessários quando o controlador de carga
correto. estiver em situações de ausência de sol ou em processo de
A Figura 19 apresenta quatro medidas. Em cor ocre (canal descarga da bateria.
3) encontra-se a corrente da carga, em cor de rosa (canal 2) a O controlador de carga pode operar no modo PWM ou
tensão da bateria, em cor azul (canal 1) o sinal do CI INA201 MPPT, dependendo das condições de carga da bateria ou de
e em cor verde (canal 4) o sinal do comando para seleção prévia através de uma dip-switch. Foram testadas três
desligamento do interruptor da carga. técnicas de algoritmo MPPT: perturbação e observação,
condutância incremental e temperatura. Para esta aplicação a
mais apropriada é a técnica da condutância incremental, pois,
seu funcionamento não depende das características do painel,
suplantando assim, o método de temperatura, além de poder
ser implementado com incrementos variáveis e ser mais
preciso do que o método de perturbação e observação para
variações bruscas de radiação solar.
O controlador de carga foi avaliado experimentalmente,
apresentando resultados bastante satisfatórios. Foi feita a
sequência de testes em conformidade com a Portaria 396 do
Inmetro [7], tendo sido cumpridos todos os requisitos
exigidos. Apenas dois ensaios não foram executados, os que
necessitavam climatização para o teste de desconexão e
reposição do painel fotovoltaico para monitorar a
Figura 19 – Ensaio 2.5: Proteção contra curto-circuito na saída para a carga. compensação por temperatura.
AGRADECIMENTOS [12] M. Müller, “Topologies for Solar Charge Controllers - State of Art
Overview and Application Advises,” em The 2nd International
Os autores agradecem o suporte financeiro da FURB e da Conference on the Developments in Renewable Energy Technology
CAPES. (ICDRET), 2012.
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