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Aula Extra 2

A POLÍTICA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA


(1985-2005)

Geografia – Daniel Santos – Março/2006

1. A RETOMADA DEMOCRÁTICA (85-05)


Neste ano de 2005, estamos completando 20 anos da retomada democrática no Brasil. Não é a primeira vez
que isso acontece. Em 1945, Getúlio Vargas, que governava o país sob uma ditadura instituída em 1937, com
o Estado Novo, foi derrubado e iniciou-se um novo período democrático que durou somente 19 anos, até o
Golpe de 1964.

Nestes 20 anos de Democracia (Termo Grego, que significa Governo do Povo), tivemos muitos avanços, dos
quais destacamos:

• O retorno do voto direto para governadores (1982) e presidente (1989);


• Criou-se uma nova Constituição (Conjunto de Leis de um país), promulgada em 1988;
• Fim da censura, o que garante nossa livre expressão de pensamento e manifestação, além da
liberdade de imprensa, para as rádios, TV´s e outros veículos de comunicação;
• Fortalecimento dos movimentos sociais como o MST, as Centrais Sindicais e as Ong´s, que passaram
a cobrar uma postura mais dura no governo, no sentido de acabar com as desigualdades sociais e
mudar o histórico de exclusão das minorias;
• Maior participação popular nas decisões dos governos Federal, Estadual e Municipal, através de
instrumentos como o Orçamento Participativo, o Conselho de Representantes e os Plebiscitos.

No entanto, neste ano o Brasil completará 183 anos de Independência e apenas 39 anos de Democracia.
Veja na linha do tempo:

República. Governo Democracia Governo Democracia


Brasil Império Velha Vargas Militar

1822 1889 1930 1945 1964 1985

Isso significa que ainda não temos uma cultura democrática. A imensa maioria do povo brasileiro ainda se
mantém longe das grandes decisões nacionais, se limitando a votar a cada 4 anos. São pessoas que acham
que todos os políticos são iguais e que nada mudará. Limitam-se a passar sua vida reclamando, em vez de
tomar atitudes para participar de forma ativa da construção de um país melhor, seja participando de uma
ONG, de um partido político, de uma sociedade comunitária ou de alguma associação de bairro.
Esta atitude passiva do nosso povo é um dos nossos grandes desafios para este século que se inicia.
Enquanto a elite brasileira é organizada e ágil para garantir a defesa dos seus interesses, o povo se mantém
quase que inerte diante dos nossos absurdos diários. Por isso, o Brasil continua a ser um dos líderes mundiais
em corrupção e desigualdade social.

Quando o povo se conscientizar de seu poder e começar a exercer sua participação, teremos uma
Democracia Participativa, ou seja, um sistema político Democrático, como é hoje, com uma grande
participação popular.

2. OS PARTIDOS POLÍTICOS

Até 1964 até 1979, quando o Brasil estava sob um governo militar, existiam apenas 2 partidos políticos:

Aliança Renovadora Nacional (ARENA): representava o governo militar


Movimento Democrático Brasileiro (MDB): representava a oposição

Em 1979, o governo militar voltou a permitir a formação de novos partidos. Surgem então o PMDB, herdeiro do
MDB, o PDS, herdeiro da ARENA, que hoje é denominado PP, o PT, o PDT e o PTB. Depois desses surgiram
em 1985, o PFL e em 1988, o PSDB. Esses partidos têm, desde então monopolizado a vida política brasileira,
salvo raras exceções.

A denominação “esquerda”, “direita” e “centro”, surgiu na Revolução Francesa, quando na Assembléia


Revolucionária, que ficava em Paris, sentavam-se à esquerda os políticos com opinião mais radical, à direita
os conservadores e no centro do salão, os com opinião dividida.

Hoje em dia podemos considerar o seguinte quadro político brasileiro:

PT (Partido dos Trabalhadores) – É historicamente considerado um partido de esquerda, com bandeiras


sociais muito fortes em seu programa de governo, tais como a reforma agrária, reestruturação da dívida
externa, reforma política, prioridade para educação e saúde. No entanto, com a vitória do Presidente Lula, o
partido vive uma fase difícil, na qual vem abandonando gradativamente algumas de suas propostas históricas.
Isso tem causado “rachas” dentro da base do partido, com a saída de muitos políticos e a entrada de outros. 2
anos após a vitória de Lula, o PT ainda apresenta muita dificuldade em adaptar suas propostas para a
condição de governo e não mais de oposição.

PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) – O PSDB surgiu em 1988, como uma cisão do PMDB,
formado por políticos que se destacaram no quadro nacional, como Fernando Henrique Cardoso, Mário
Covas, Franco Montoro e Geraldo Alckmin. Enquanto o PT historicamente se posicionou como um partido
Socialista, com posições mais radicais, o PSDB defende a Social Democracia, ou seja, a manutenção do
sistema político-econômico capitalista, mas com fortes investimentos sociais e enxugamento da máquina
pública (com privatizações, por exemplo) para tornar o funcionamento do governo mais eficiente. Depois de 8
anos de governo, o partido perdeu as eleições de 2002 (com José Serra como candidato) e está na oposição.

PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) - Com a reabertura democrática em 1985, o PMDB
se tornou o maior partido do país, chegando a eleger 24 dos 26 governadores do Brasil, nas eleições de 1986.
De lá pra cá, o partido perdeu força, embora ainda seja o maior partido do país no Senado Federal e em
número de prefeitos. A saída de grandes nomes do partido em 1988, para fundar o PSDB e a morte do líder
Ulysses Guimarães no começo dos anos 90, transformaram o PMDB em um partido totalmente fragmentado,
com uma série de lideranças regionais (Jader Barbalho no Pará, Orestes Quércia em SP, Antony Garotinho no
RJ) e sem uma proposta nacional. Nos últimos anos, o partido não tem lançado candidato próprio para
presidente e apoiou FHC em 1994 e 1998 e José Serra em 2002. Devido a seu tamanho e representação na
Câmara dos Deputados e no Senado Federal, o PMDB tem sido um partido estratégico para os últimos
presidentes (Itamar, FHC e Lula), que buscam obter seu apoio para conseguir aprovação de seus projetos de
Lei. Por isso, o PMDB tem sido acusado de realizar práticas antiéticas para obtenção de cargos no governo.

PFL (Partido da Frente Liberal) - O PFL é um dos partidos fundados com os remanescentes da ARENA. Até
recentemente disputava com o PMDB a condição de maior partido do país e teve o cargo de vice-presidente
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durante 8 anos, no governo FHC (Vice-presidente Marco Maciel). A força política do PFL está concentrada
principalmente no Norte e Nordeste do país, onde seus líderes tinham domínio absoluto até recentemente
(Antonio Carlos Magalhães na Bahia, Roseana Sarney no Maranhão). Nos últimos anos, o PFL esteve
relacionado aos maiores casos de corrupção do país, fruto de sua origem extremamente conservadora,
sustentada pelos grandes líderes do partido, que dominam seus Estados de origem, por obterem os meios de
comunicação (ACM é dono da Rede Globo na Bahia) e grande parte das riquezas do estado. O partido já
lançou o prefeito do RJ César Maia como candidato a presidente em 2006, embora aja uma tendência ao
apoio do PSDB.

PP (Partido Progressista) - A exemplo do PFL, o PP de Paulo Maluf é filho da ARENA, dos militares. Nos
últimos anos, sua força esteve concentrada em 2 pólos: São Paulo, com Paulo Maluf e Santa Catarina, com
Esperidião Amin. O envolvimento de Maluf em dezenas de casos de corrupção enfraqueceu o partido, que
começa a questionar sua liderança e traça planos para afastar Maluf de sua direção.

Estes são os principais partidos do país nos dias atuais. No entanto, devemos destacar também (PTB
– Partido Trabalhista Brasileiro, PPS – Partido Popular Socialista [Ciro Gomes], PSB – Partido Socialista
Brasileiro [Luíza Erundina], PDT – Partido Democrata Trabalhista [Leonel Brizola]).

Ao todo, são mais de 33 partidos no Brasil, o que explica o fato de que apenas 2 (PT e PSDB),
realmente tenham uma plataforma mínima de governo (talvez possamos incluir também o PSB), enquanto que
os outros são formados por interesses particulares de suas lideranças, que lutam por meios lícitos ou ilícitos
para chegar ao poder.

2.1. O Sistema Eleitoral

As eleições e a organização dos sistemas partidários e eleitorais em nosso país têm seguido uma
série de rupturas institucionais, marca da vida política do século passado, com períodos cíclicos de
autoritarismo e democracia. Deixando de lado o sistema político da chamada República Velha (1889-1930), de
caráter excessivamente oligárquico, com baixa competição e participação popular, a primeira experiência
concreta de sistema partidário e eleitoral no país ocorre entre os anos de 1945 e 1964. Depois da ditadura de
Getúlio Vargas (1930-45) e antes da ditadura militar (1964-1985). Tanto na experiência de 1945-64, quando na
atual, o voto é obrigatório e o sistema eleitoral adota o modelo proporcional com lista aberta e voto de legenda
para as eleições parlamentares (vereador, deputado estadual, deputado federal) e majoritária para o Senado e
para os cargos do poder Executivo: prefeito (municipal), governador (estadual) e presidente (federal). A única
diferença importante é que entre os anos de 1945-64, também os vices presidentes eram eleitos
majoritariamente.

Durante o regime militar de 1964-1985, foi imposto um sistema bipartidário, com um partido do
governo (Arena, depois PDS) e um partido de oposição moderada, (MDB, depois, PMDB), como uma forma de
permitir um verniz de legitimidade eleitoral em nível parlamentar a um regime autoritário, bem como não
cessar inteiramente um canal de diálogo com aqueles que se opunham ao regime. Neste período, aprofundou-
se uma característica presente desde o regime de Vargas: a sobre e sub representação dos deputados eleitos
nos estados. Assim, os estados mais populosos (como São Paulo e Minas Gerais) ficaram com menos
representantes do que deveriam, ao passo que os estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ficaram com
mais representantes do que deveriam, levando em conta a pequena população em comparação com os
estados do Sudeste.

No novo sistema partidário e eleitoral vigente, que teve seu nascedouro pleno a partir de 1985, estes
problemas de representação dos deputados no Congresso Nacional permanecem, violando a noção de uma
pessoa, um voto (“one man, one vote”), bem como o equilíbrio político que deveria existir em um regime
federal como o brasileiro.

Mas este não é o único problema contemporâneo do sistema político nacional. Dentro do sistema
proporcional de lista aberta e voto em legenda, tem existido o incentivo racional – permitido pela legislação –
da coligação entre os partidos. Este fenômeno, essencial para a sobrevivência dos partidos pequenos e dos
grandes – nos estados e/ou municípios onde eles não estão bem estruturados –, provoca uma maior
fragmentação partidária, dificultando a formação de maiorias estáveis nos parlamentos e obrigando o partido
no poder executivo a negociar alianças e coalizões para melhor governar.
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Há também dificuldades com a vigência das listas abertas, pois os candidatos adquirem uma grande
autonomia de campanha, contrariando, muitas vezes, orientações e objetivos coletivos do partido. Para alguns
analistas, este individualismo, com a competição centrada mais em candidatos do que em legendas, reforçaria
o desprestígio do partido junto aos eleitores. Outra crítica – esta ao sistema partidário – estaria vinculada ao
número excessivo de partidos legalmente aptos a concorrer no processo eleitoral e participação no parlamento
– 30 nas últimas eleições. Isso sem falar no problema sempre sensível do controle sobre os recursos
econômicos da campanha eleitoral.

Nossas eleições acontecem a cada 4 anos, sendo as eleições para prefeito não simultâneas com as eleições
para governador e presidente. Nas eleições para prefeito, também são escolhidos os representantes da
Câmara Municipal, os vereadores. Nas eleições para presidente, são escolhidos também os deputados
federais (Proporcional à população, SP elege 70 deputados), senadores (3 por Estado), além do governador
do Estado e dos deputados estaduais.

2.2. Reforma Política

Falar em reforma política no Brasil é discutir sobre muitos temas. Por reforma podemos entender mudança,
transformação. Quando falamos em reforma política nos referimos desde a organização do processo eleitoral
em si, quanto ao sistema eleitoral ou representativo no país. Por processo eleitoral, podemos entender todos
os passos relacionados à eleição em si, como a definição da cédula de votação, o dia e hora da escolha de
candidatos, as formas de apuração dos votos etc. Se partirmos daí, veremos que no Brasil há muitos anos que
o processo eleitoral vem passando por mudanças. Não podemos negar que os resultados das eleições são
muito mais confiáveis, que podemos votar em quem quisermos, que há liberdade de escolha e o que for
escolhido pelos eleitores será respeitado. Esta foi uma longa conquista.

Mas hoje em dia, quando falamos em reforma política na maioria das vezes isto significa uma mudança no
sistema eleitoral e partidário, uma modificação na matemática da escolha dos candidatos e nas regras de
disputa eleitoral. O que vai poder ser feito, e o que não será mais permitido. Mas a reforma política tornou-se
uma unanimidade nacional sem ao menos sabermos do que se trata ao certo. É preciso um acompanhamento
cuidadoso não só dos projetos de lei em tramitação como das modificações já em andamento das normas que
regulamentam o processo eleitoral no país. É importante que saibamos de fato quais são as suas
conseqüências e também os seus limites.

Em primeiro lugar, em cada partido político, em cada bancada, em cada segmento governista ou oposicionista
de qualquer estado existem, com certeza, opiniões diferentes sobre os temas mais importantes da agenda de
reforma política. Em nosso país o Congresso Nacional é a instância que possui o maior acúmulo de
discussões, especializações temáticas e Projetos de Lei ou de Emenda Constitucional em torno da reforma
política. A Comissão Especial de Reforma Política na Câmara dos Deputados terá que examinar cerca de 170
projetos que tramitam sobre a matéria, além dos que vieram do Senado.

A não coincidência entre o número de votos e a distribuição de cadeiras no parlamento, é um dos grandes
problemas do sistema eleitoral brasileiro. Isto significa, que nem sempre os políticos mais votados são eleitos
para os cargos de vereadores, deputados federais, estaduais e distritais que disputam. De acordo com a
matemática eleitoral, as coligações de partidos políticos em eleições proporcionais são as principais
responsáveis por este problema na nossa democracia. Para podermos entender um pouco mais sobre o
assunto, vamos lembrar que em 2002, apenas 32 dos 513 deputados federais conseguiram, nominalmente,
votos suficientes para se eleger. Os demais conquistaram as cadeiras na Câmara dos Deputados em razão
dos votos destinados às legendas, aos seus colegas de partido ou à coligação da qual fizeram parte. Ao longo
dos últimos anos, diversos candidatos tiveram uma votação expressiva, muito superior à obtida pela maioria
dos concorrentes, e não conseguiram se eleger porque o seu partido não atingiu o chamado coeficiente
eleitoral. Neste sentido, tramita no Congresso Nacional – também na Comissão de Reforma Política - um
projeto no qual se proíbe as coligações em eleições proporcionais, o que controlaria uma parcela importante
dos problemas de nosso jogo eleitoral. A intenção de por um fim às coligações em eleições proporcionais é de
acabar com as combinações mais variadas entre diferentes partidos, em uma mesma eleição. No entanto,
como são especificamente para as eleições proporcionais, somente se aplicaria para os cargos de deputado
federal, estadual (ou distrital) e vereadores.

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As discussões já estão ocorrendo há anos e, além do fim das coligações em eleições proporcionais, os
principais pontos discutidos são: a fidelidade partidária, o financiamento público de campanha e o voto distrital
misto, entre tantos outros temas.

A fidelidade partidária é a mais dramática distorção do sistema representativo brasileiro. Cerca de 30% dos
deputados federais abandonam o partido pelo qual foram eleitos em cada legislatura na Câmara dos
Deputados. Isto significa um rearranjo de forças partidárias na disputados dos principais recursos públicos
como as lideranças das comissões permanentes, os fundos partidários e o tempo no horário eleitoral gratuito.
Estes poderes são distribuídos com base no cálculo da proporcionalidade das bancadas na Câmara dos
Deputados, no entanto, não leva em consideração as escolhas firmadas no dia da eleição, mas sim, as trocas
realizadas às vésperas da diplomação dos candidatos. A proibição a essa ação, em linhas gerais, pode
significar o fim das constantes mudanças de legenda no país, tão traumáticas para a democracia brasileira.
Mais especificamente, também pode ser entendida como a obrigatoriedade de aceitação das decisões
tomadas pelas lideranças e pelas convenções partidárias, por parte daqueles políticos filiados aos partidos
políticos. Neste sentido o objetivo seria uma maior unidade nas opiniões do partido frente às votações no
Congresso Nacional, ou seja, um fortalecimento dos partidos políticos.

Com relação ao voto distrital, o principal objetivo é que a eleição proporcional se transforme em majoritária. Ao
invés de dividir o país em 27 estados e eleger os representantes proporcionalmente, o Brasil seria dividido -
para os fins eleitorais - em 513 distritos que escolheriam em eleições majoritárias, seu deputado federal. Isto
também ocorreria nas eleições para as Assembléias Legislativas e os estados seriam divididos de acordo com
o número de deputados estaduais. Uma discussão importante diz respeito à forma como estes distritos seriam
divididos. É comum identificarmos, em países que adotaram este sistema, o favorecimento de partidos e
candidatos no recorte geográfico adotado. Outra limitação é que as minorias perdem força de representação,
pois apenas o candidato mais votado em cada distrito é eleito. Uma outra alternativa seria o voto distrital misto
adotado na Alemanha. Neste caso, metade dos deputados é eleita de acordo com o processo majoritário e
outra metade seguindo as regras da proporcionalidade com lista.

Em linhas gerais, o argumento que justifica o financiamento público de campanhas eleitorais visa diminuir a
diferença econômica entre os candidatos e elevar a fiscalização sobre as doações de campanha. Uma crítica
que pode ser feita em relação ao mecanismo de financiamento público de campanha, diz respeito ao
estreitamento da vinculação entre os partidos políticos e o Estado, diminuindo a participação da sociedade na
gestão dos partidos. O modelo que poderá ser adotado, no entanto, não está definido. Além dos recursos para
a disputa eleitoral, os partidos políticos precisam de dinheiro para sustentar a estrutura montada nos
municípios, nos estados e na nação como um todo. No entanto, existem regras para o seu funcionamento e
organização, como a proibição de recebimento de verbas de organizações e governos estrangeiros, órgãos,
fundações e empresas públicas, entidades de classe e sindicatos.

É importante temos a nossa própria opinião sobre cada um dos temas. Algumas mudanças podem ser muito
boas, outras nem tanto. Cada assunto deve ser exaustivamente discutido com a sociedade; e a sociedade
somos nós.

3. O FUNCIONAMENTO DO GOVERNO NOS 3 PODERES


3.1. Poder Executivo

O poder Executivo é composto pelo Presidente da República e o Vice. Compete ao Poder Executivo o
gerenciamento do Estado Brasileiro em nível Federal, nas suas mais diversas áreas (Saúde, Educação,
Segurança, Economia, etc.)

Além de coordenar os Ministérios, o Presidente e o Vice têm a função de Chefes de Estado, ou seja, são
comandantes das Forças Armadas, além de representar o país em viagens diplomáticas e de negócios para o
exterior.

Outra função do Poder Executivo é encaminhar projetos de Lei para o Poder Legislativo, visando à melhora do
gerenciamento do país. Para conseguir a aprovação de seus projetos no Poder Legislativo (Câmara e

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Senado), o Presidente possui o Ministério da Coordenação Política, que trabalha com os líderes do partidos
aliados ao governo, para conseguir as maiorias necessárias à aprovação dos projetos.

As eleições para presidente ocorrem a cada 4 anos e desde 1997, é permitida a reeleição por mais 1 mandato
de 4 anos.

3.2. Poder Legislativo

O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional e organizado em um sistema bicameral, que se
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O número total de Deputados, hoje definido em 513,
bem como a representação de cada Estado, do Distrito Federal e de Territórios, é estabelecido por lei
complementar, proporcionalmente à população sendo que nenhuma das unidades da Federação terá menos
de 8 ou mais de 70 Deputados eleitos para um mandato de 4 anos. No Senado Federal, são 81 senadores,
eleitos pelo sistema majoritário, três para cada Estado e Distrito Federal, com mandato de oito anos,
renováveis de quatro em quatro anos, alternadamente por um e dois terços. Nas eleições de 1998 foram
eleitos 27 e na de 2002, 54. Na Câmara dos Deputados há dezesseis Comissões Permanentes em
funcionamento e no Senado Federal, sete. Câmara e Senado funcionam como casas revisoras mútuas, de
modo que todas as matérias tramitam igualmente em ambas, prevalecendo, se necessário, o posicionamento
final da casa em que a matéria se originou.

Além de formular, aprovar ou reprovar Leis, o Poder Legislativo (Senado e Câmara) tem a função de fiscalizar
os trabalhos do Poder Executivo (Presidente + Ministros) e, quando necessário, tomar medidas cabíveis, como
processar membros do Executivo e abrir CPI´s. (Comissões Parlamentares de Inquérito).

3.3. Poder Judiciário

O Poder Judiciário tem a função de fiscalizar a implementação e o cumprimento das Leis aprovadas pelo
Poder Legislativo. É formado por diversas órgãos, sendo o mais importante, o Supremo Tribunal Federal
(STF), formado por 12 magistrados, com status de ministros.

No final do ano passado, foi aprovado um projeto de Lei que altera pontos centrais do funcionamento do Poder
Judiciário, visando torná-lo mais ágil e transparente. Veja o artigo abaixo, publicado no Jornal Folha de São
Paulo, em 13/12/2004.

Congresso Nacional promulga reforma do Judiciário

Após 13 anos de tramitação no Congresso Nacional, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da reforma
do Judiciário foi promulgada hoje em sessão solene na Câmara dos Deputados.

Entre os principais pontos da reforma estão a súmula vinculante (mecanismo pelo qual os juízes das
instâncias inferiores ficam, em tese, obrigados a seguir as orientações firmadas pelo STF por meio das
súmulas, o que reduz o número de recursos) e a possibilidade de o Supremo poder deixar de julgar causas
que só interessem às partes diretamente envolvidas, como briga entre vizinhos.

Além disso, os conflitos dos quais façam parte órgãos públicos poderão ser resolvidos por um juízo arbitral
(sem a interferência da Justiça) e a quarentena, pela qual o juiz, depois de se aposentar, fica três anos
impedido de advogar na esfera jurisdicional onde atuava.

A reforma cria também o polêmico Conselho Nacional de Justiça, que integrará o Poder Judiciário e será
responsável pelo chamado controle externo. O Ministério Público também terá um órgão semelhante: o
Conselho do Ministério Público.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), lembrou que diversos segmentos sociais exigiam a
democratização do acesso ao Judiciário e cobravam uma Justiça mais célere e próxima da população. "São
exatamente esses os objetivos perseguidos nos dispositivos da emenda hoje promulgada", disse.

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), afirmou que a reforma do Judiciário fará uma Justiça
moderna, ágil, soberana e isenta e destacou a criação da súmula vinculante.
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"O novo instituto, igualmente fruto de intenso debate, com diversos exemplos encontrados no Direito
Comparado, permitirá ao tribunal centrar sua atuação nos casos de maior interesse para a vida nacional,
proporcionando rápido e eficaz julgamento para temas que mereçam a mais pronta e ponderada solução",
disse.

Aprovação

A emenda constitucional que promove a reforma do Judiciário foi aprovada no Senado Federal no dia 17 de
novembro. O presidente do Senado afirmou que a aprovação da reforma é resultado do esforço comum dos
três Poderes da República, "que agiram sob o olhar atento e esperançoso da sociedade".

Sarney disse também que as propostas da emenda foram intensamente discutidas em ambas as Casas do
Congresso e que todos os partidos contribuíram para o aperfeiçoamento da emenda.

Segundo Sarney, as categorias profissionais diretamente envolvidas --entre elas a magistratura, o Ministério
Público, a advocacia pública e privada-- puderam manifestar as suas opiniões. "Por tais razões, tenho a
certeza de que essa reforma foi resultado de consenso sobre o papel do Judiciário no Estado brasileiro".

A promulgação no Congresso Nacional contou com as presenças do presidente interino, José Alencar, e do
ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

4. REFERÊNCIAS
Se programe para entrar nestes sites sempre que puder. Eles são muito interessantes e vão fazer com que
você realmente entenda como funciona a Política Brasileira e o que você pode fazer para melhorá-la.

Sites - Internet

Governo Federal www.brasil.gov.br


Câmara Federal www.camara.gov.br
Senado Federal www.senado.gov.br
Assembléia Legislativa de SP – entre em “Instituto do Legislativo”, há várias aulas e apostilas com
materiais sobre Democracia, Política e Cidadania. www.al.sp.gov.br
Site do Jornalista Gilberto Dimenstein http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/

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