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Teoria da Lei Penal 1ª Freqª correcção A e PL

Teoria da infracção penal (Universidade Lusíada de Lisboa)

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09/06/2016

GRELHADECORREÇÃO

Imagine que, certa noite, António se colocou num viaduto de uma autoestrada e, daí, utilizando um
potente foco de luz, o apontou a vários veículos em movimento, provocando o encadeamento de
alguns condutores e, consequentemente, o despiste de um deles. Será possível, sem ultrapassar os
limites da interpretação permitida em Direito Penal, punir António pela prática do crime previsto no
293º do Código Penal?

Pretendia-se que fossem apresentados e discutidos, a propósito do concreto exemplo prático constante
do enunciado, os limites à interpretação e analogia em Direito Penal. Em particular, pretendia-se que
fosse sublinhado que a punição de António nos termos do artigo 293º do Código Penal pressupunha
uma aplicação analógica ou uma interpretação extensiva de uma norma penal incriminadora, que já
não se contém no limite dos significados possíveis das palavras (no caso da expressão “arremessar
projétil”), pelo que é proibida pelo princípio da legalidade (artigo 29º, nºs 1 e 3 da CRP e artigo 1º,
nº 3, do Código Penal).

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I
II

Bruno, vendo sair fumo do apartamento do seu vizinho, Álvaro, desconfiou que havia incêndio.
Convencido de que o apartamento estaria deserto Bruno rebentou a porta para apagar o fogo. Já no
interior do apartamento reparou que tudo não passava de falso alarme. No interior do apartamento
encontrava-se, porém, Álvaro. Este, vendo Bruno encaminhar-se na sua direção - ainda com o
machado com que havia arrombado a porta na mão - temeu o pior (até porque mantinha relações
extraconjugais com a mulher de Bruno). Assim, tirou do bolso um revólver e disparou na direção de
Bruno. Contudo, quem acabou por ser atingida pelos disparos foi Carla, que se encontrava à porta
do apartamento. Carla acabou por falecer uma vez que, a caminho do hospital, a ambulância em que
seguia foi abarroada pelo carro de Duarte que conduzia em excesso de velocidade. Determine a

responsabilidade criminal dos intervenientes.

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Bruno preenche com o seu comportamento os tipos legais de crime de dano (212º) e de violação de
domicílio (190º). Age, porém, em erro sobre os pressupostos de facto de uma causa de justificação (o
direito de necessidade) que, nos termos conjugados dos nºs 1 e 2 do artigo 16º, exclui o dolo. Como
os tipos legais de crime em causa não admitem a forma negligente (artigo 13º do Código Penal),
Bruno não teria qualquer responsabilidade criminal.

Álvaro, ao disparar sobre Bruno e ao acertar em Carla, age em erro na execução, preenchendo com
o seu comportamento dois tipos legais de crime em concurso efetivo (tentativa de homicídio de
Bruno e ofensa à integridade física negligente de Carla). Relativamente à tentativa de homicídio
verifica-se, contudo, um erro sobre os pressupostos de facto da legítima defesa que, nos termos da
remissão do nº 2 para o nº 1 do artigo 16º do Código Penal, exclui o dolo. Como a tentativa não é
punível na forma negligente, Álvaro não tem, nesta parte, qualquer responsabilidade criminal. A
morte de Carla, por outro lado, também não lhe pode ser objetivamente imputada, pois dá-se uma
interrupção do processo causal aquando do acidente provocado por Duarte. É a este que a morte
deve ser objetivamente imputada, devendo ser punido por homicídio negligente.

Descarregado por Hugo E Paula Oliveira (aguasbravas_pwd@sapo.pt)

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