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1ª RODADA DE QUESTÕES – DELEGADO PCMG

Direito Penal e Direito Processual Penal

Renato Borelli
Juiz Federal do TRF1. Foi Juiz Federal do TRF5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público
e assessorou Desembargador Federal (TRF1) e Ministro (STJ). Atuou no CARF/Ministério da Fazenda como
Conselheiro (antigo Conselho de Contribuintes). É formado em Direito e Economia, com especialização em
Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica.

Disciplinas: Direito Penal e Direito Processual Penal


Cargo: Delegado de Polícia da PC-MG
Banca organizadora: FUMARC

DIREITO PENAL

1. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) De acordo com o


Artigo 129 do Código Penal Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima:
a. Aceleração de parto.
b. Debilidade permanente de membro, sentido ou função.
c. Deformidade permanente.
d. Perigo de vida.

2. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com relação ao erro


no Direito Penal, é CORRETO afirmar:
a. Quando, por erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse pra-
ticado o crime contra aquela, considerando-se as qualidades da vítima que almejava.
No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a
regra do concurso formal: estamos diante da figura conhecida como aberratio criminis.
b. O agente que, objetivando determinado resultado, termina atingindo resultado diverso
do pretendido, responde pelo resultado diverso do pretendido somente por culpa, se
for previsto como delito culposo. Quando o agente alcançar o resultado almejado e
também resultado diverso do pretendido, responderá pela regra do concurso formal,
restando configurada a aberratio causae.
c. Mãe que, a fim de cuidar do machucado de seu filho, aplica sobre o ferimento ácido,
pensando tratar-se de pomada cicatrizante, age em erro de proibição.
d. Fazendeiro que, para defender sua propriedade, mata posseiro que a invade, pen-
sando estar nos limites de seu direito, atua em erro de proibição indireto.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

3. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com relação ao iter


criminis, é CORRETO afirmar:
a. No crime falho ou na tentativa imperfeita, o processo de execução é integralmente rea-
lizado pelo agente e o resultado é atingido.
b. Não existe desistência voluntária no caso de agente que desiste de prosseguir com os
atos de execução por conselho de seu advogado, já que ausente a voluntariedade.
c. Com relação à tentativa, o Código Penal adota, como regra, a teoria objetiva e aplica
ao agente a pena correspondente ao crime consumado, reduzida de um a dois terços,
conforme maior ou menor tenha sido a proximidade do resultado almejado.
d. O arrependimento posterior tem natureza jurídica de causa de exclusão da tipicidade,
desde que restituída a coisa ou reparado o dano nos crimes praticados sem violência
ou grave ameaça até o recebimento da denúncia ou queixa.

4. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Analise os casos


hipotéticos abaixo e assinale a alternativa CORRETA:
a. Do alto de uma árvore, Joca atira uma fruta contra a cabeça de Maurício. Celso, per-
cebendo a intenção de Joca, assustado e com o fim de evitar a lesão contra Maurício,
empurra a vítima com força. Na queda, Maurício acaba por quebrar o braço. Nessa
hipótese, tendo Celso agido de forma excessiva, deve responder por lesão corpo-
ral dolosa.
b. O agente que provoca, de forma dolosa, várias lesões corporais, de natureza grave e
gravíssima contra a mesma vítima, em um mesmo contexto fático, responde por crime
continuado.
c. Policial Civil que, durante uma festa de casamento, confunde convidado com um “peri-
goso assaltante” foragido e, imediatamente, dá voz de prisão ao indivíduo que, assus-
tado, corre do policial, fazendo com que este efetue disparos de arma de fogo que
atingem mortalmente o convidado pelas costas, segundo a teoria limitada da culpabili-
dade, atua em descriminante putativa derivada de erro de tipo permissivo.
d. Semprônio entra em luta corporal contra Beltrano, seu desafeto e, após provocar-lhe
vários ferimentos, resolve matá-lo, desferindo contra ele dois disparos de arma de fogo
que não atingem a vítima. Preso em flagrante, Semprônio responderá por lesão corpo-
ral, tentativa de homicídio e disparo de arma de fogo, em concurso material de crimes.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

5. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Acerca dos princípios


que limitam e informam o Direito Penal, é CORRETO afirmar:
a. A responsabilidade pela indenização do prejuízo que foi causado pelo crime imputado
ao agente não pode ser estendida aos seus herdeiros sem que haja violação do prin-
cípio da personalidade da pena.
b. Conforme o princípio da culpabilidade, a responsabilidade penal é subjetiva, pelo que
nenhum resultado penalmente relevante pode ser atribuído a quem não o tenha pro-
duzido por dolo ou culpa, elementos finalisticamente localizados na culpabilidade.
c. O princípio da insignificância funciona como causa de exclusão da culpabilidade,
sendo requisitos de sua aplicação para o STF a ofensividade da conduta, a ausência
de periculosidade social da ação e a inexpressividade da lesão jurídica.
d. O princípio da legalidade, do qual decorre a reserva legal, veda o uso dos costumes e
da analogia para criar tipos penais incriminadores ou agravar as infrações existentes,
embora permita a interpretação analógica da norma penal.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre citação no pro-


cesso penal, é CORRETO afirmar:
a. O processo penal poderá prosseguir, mesmo que o acusado não tenha sido pessoal-
mente citado.
b. Sempre será o primeiro ato de comunicação do denunciado no processo penal.
c. Estando em lugar incerto e não sabido, será citado por hora certa.
d. Estando o acusado no estrangeiro, será citado por edital.

2. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Acerca da prova da


materialidade através de perícia (desconsiderando-se a possibilidade de prova da mate-
rialidade por exame de corpo de delito indireto ou prova testemunhal), relativamente
aos crimes de furto qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
da coisa (CP, art. 155, §4º, I), de furto qualificado pela escalada (CP, art. 155, §4º, II),
de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo
comum (CP, art. 155, §4º-A), de incêndio (CP, art. 250), e de explosão simples e privile-
giada (CP, art. 251, caput e §1º), é INCORRETO afirmar:
a. A materialidade do crime de furto qualificado pela destruição de obstáculo à subtração
da coisa se comprova nas hipóteses em que o laudo pericial, além de descrever os
vestígios, indique com que instrumentos, por que meios e em que época presume-se
ter sido o fato praticado.
b. A legislação processual penal não exige a realização de perícia para a comprovação
da materialidade do crime de furto qualificado pela escalada.
c. Para comprovar a materialidade do crime de incêndio, os peritos verificarão a causa
e o lugar em que este houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida
ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor, bem como as demais
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
d. Para que incida a circunstância qualificadora prevista no art. 155, §4º-A, do CP (crime
de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo
comum), os peritos devem analisar a natureza e a eficiência dos instrumentos empre-
gados para a prática da infração.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

3. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Em matéria de provas


no processo penal, é CORRETO afirmar:
a. A absolvição independe de o acusado provar o alegado.
b. A declaração de ilicitude de uma prova necessariamente implica nulidade absoluta de
todo o processo.
c. A prova testemunhal não poderá ser determinada de ofício pelo juiz.
d. Não há contaminação da prova quando ficar evidenciado seu nexo causal com a prova
originária.

4. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre o regime jurí-


dico da liberdade provisória, é CORRETO afirmar:
a. A cassação da fiança poderá ocorrer com a inovação da classificação do delito tido,
inicialmente, como afiançável.
b. Não poderá haver reforço da fiança mediante inovação da classificação do delito.
c. O pagamento da fiança poderá ser dispensado pela autoridade policial, em face da
situação econômica do preso.
d. O quebramento injustificado da fiança importará na perda da totalidade do seu valor.

5. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre o ato de indi-


ciamento realizado no âmbito de investigação criminal conduzida por delegado de polí-
cia, é CORRETO afirmar:
a. É realizado mediante o mesmo grau de certeza de autoria que a situação de suspeito.
b. Não é ato exclusivo do delegado de polícia que conduz a investigação.
c. Não poderá o delegado de polícia retratar sua posição e “desindiciar” o investigado.
d. Resulta de um juízo de probabilidade e não de mera possibilidade sobre a auto-
ria delitiva.

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GABARITO
DIREITO PENAL

1. C
2. E
3. C
4. C
5. D

DIREITO PROCESSO PENAL

1. A
2. B
3. A
4. A
5. D

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GABARITO COMENTADO

DIREITO PENAL

1. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) De acordo com o


Artigo 129 do Código Penal Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima:
a. Aceleração de parto.
b. Debilidade permanente de membro, sentido ou função.
c. Deformidade permanente.
d. Perigo de vida.

Letra c.
A lesão corporal está tipificada no art. 129 do Código Penal, podendo ser leve, grave ou
gravíssima, como se vê:

Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I – incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I – incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incuravel;
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto:
Pena – reclusão, de dois a oito anos.

A partir da leitura do dispositivo legal, vamos julgar as alternativas:


a. Errada! Aceleração de parto configura lesão corporal de natureza grave (art. 129,
§_1º, IV, CP).
b. Errada! A debilidade permanente de membro, sentido ou função é causa de lesão corpo-
ral grave (art. 129, § 1º, III, CP).

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c. CERTA! A deformidade permanente constitui lesão corporal de natureza gravíssima (art.


129, § 2º, IV, CP).
d. Errada! Perigo de vida é tido como lesão corporal de natureza grave (art. 129, § 1º, II, CP).

2. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com relação ao erro


no Direito Penal, é CORRETO afirmar:
a. Quando, por erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse pra-
ticado o crime contra aquela, considerando-se as qualidades da vítima que almejava.
No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a
regra do concurso formal: estamos diante da figura conhecida como aberratio criminis.
b. O agente que, objetivando determinado resultado, termina atingindo resultado diverso
do pretendido, responde pelo resultado diverso do pretendido somente por culpa, se
for previsto como delito culposo. Quando o agente alcançar o resultado almejado e
também resultado diverso do pretendido, responderá pela regra do concurso formal,
restando configurada a aberratio causae.
c. Mãe que, a fim de cuidar do machucado de seu filho, aplica sobre o ferimento ácido,
pensando tratar-se de pomada cicatrizante, age em erro de proibição.
d. Fazendeiro que, para defender sua propriedade, mata posseiro que a invade, pen-
sando estar nos limites de seu direito, atua em erro de proibição indireto.

Letra e.
a. Errada! Na verdade, trata-se da figura conhecida como aberratio ictus, contemplada no
art. 73 do Código Penal:

Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés
de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se ti-
vesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-
-se a regra do art. 70 deste Código. 
Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do
crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra
do art. 70 deste Código.  

b. Errada! Trata-se da figura conhecida como aberratio criminis ou resultado diverso do


pretendido, prevista no art. 74 do Código Penal:

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Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do
crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra
do art. 70 deste Código.  

c. Errada! A mãe não age em erro de proibição, mas em erro de tipo, porque se equivoca
sobre um elemento que constitui um tipo penal.
d. CERTA! No erro de proibição indireto, o agente sabe que a sua conduta é típica, mas
supõe presente uma norma permissiva, ora supondo existir uma causa excludente da ilici-
tude, ora supondo estar agindo nos limites da descriminante. O erro de proibição indireto é
previsto no art. 20, § 1º, do CP:

Descriminantes putativas
§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quan-
do o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

3. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Com relação ao iter


criminis, é CORRETO afirmar:
a. No crime falho ou na tentativa imperfeita, o processo de execução é integralmente rea-
lizado pelo agente e o resultado é atingido.
b. Não existe desistência voluntária no caso de agente que desiste de prosseguir com os
atos de execução por conselho de seu advogado, já que ausente a voluntariedade.
c. Com relação à tentativa, o Código Penal adota, como regra, a teoria objetiva e aplica
ao agente a pena correspondente ao crime consumado, reduzida de um a dois terços,
conforme maior ou menor tenha sido a proximidade do resultado almejado.
d. O arrependimento posterior tem natureza jurídica de causa de exclusão da tipicidade,
desde que restituída a coisa ou reparado o dano nos crimes praticados sem violência
ou grave ameaça até o recebimento da denúncia ou queixa.

Letra c.
a. Errada! Inicialmente, crime falho e tentativa imperfeita não são sinônimos. Crime falho
(ou tentativa perfeita) ocorre quando o agente esgota todos os meios de execução ao seu
alcance e, mesmo assim, a consumação do crime não ocorre por circunstâncias alheias
à sua vontade. De outra sorte, na tentativa imperfeita (ou inacabada), o processo exe-
cutório é interrompido e o agente não consegue esgotar os meios de execução que lhe
estão disponíveis. Aqui, o agente é impedido de prosseguir na execução por circunstâncias
alheias à sua vontade.

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b. Errada! Na desistência voluntária, embora se exija voluntariedade, não se exige es-


pontaneidade. No caso de o agente desistir de prosseguir na execução por conselho de
seu advogado, a decisão do agente é voluntária, mas não espontânea. Será espontânea
quando a ideia da desistência partir do próprio agente. Por outro lado, será voluntária quan-
do a desistência não resultar de coação moral ou física, ainda que a sua ideia tenha partido
de outrem.
Logo, existe, sim, desistência voluntária no caso de agente que desiste de prosseguir com
os atos de execução por conselho de seu advogado.
c. CERTA! Pela teoria objetiva, consagrada no art. 14, II, do Código Penal, a punição pela
tentativa se atém ao perigo efetivo que o bem jurídico corre, o que somente se configura
quando os atos executórios, de caráter unívoco, têm início, com idoneidade, para atingi-lo.
d. Errada! O arrependimento posterior não exclui a tipicidade do crime, apenas funciona
como causa de redução de pena.
Sobre o arrependimento posterior, façamos a leitura do art. 16 do Código Penal:

Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 

4. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Analise os casos


hipotéticos abaixo e assinale a alternativa CORRETA:
a. Do alto de uma árvore, Joca atira uma fruta contra a cabeça de Maurício. Celso, per-
cebendo a intenção de Joca, assustado e com o fim de evitar a lesão contra Maurício,
empurra a vítima com força. Na queda, Maurício acaba por quebrar o braço. Nessa
hipótese, tendo Celso agido de forma excessiva, deve responder por lesão corpo-
ral dolosa.
b. O agente que provoca, de forma dolosa, várias lesões corporais, de natureza grave e
gravíssima contra a mesma vítima, em um mesmo contexto fático, responde por crime
continuado.
c. Policial Civil que, durante uma festa de casamento, confunde convidado com um “peri-
goso assaltante” foragido e, imediatamente, dá voz de prisão ao indivíduo que, assus-
tado, corre do policial, fazendo com que este efetue disparos de arma de fogo que
atingem mortalmente o convidado pelas costas, segundo a teoria limitada da culpabili-
dade, atua em descriminante putativa derivada de erro de tipo permissivo.
d. Semprônio entra em luta corporal contra Beltrano, seu desafeto e, após provocar-lhe
vários ferimentos, resolve matá-lo, desferindo contra ele dois disparos de arma de fogo
que não atingem a vítima. Preso em flagrante, Semprônio responderá por lesão corpo-
ral, tentativa de homicídio e disparo de arma de fogo, em concurso material de crimes.

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Letra c.
a. Errada! Celso, ao empurrar Maurício para evitar que a fruta lançada por Joca lhe atin-
gisse, age em legítima defesa de terceiro com excesso exculpante ou, no máximo, com
excesso culposo. O excesso exculpante busca eliminar a culpabilidade do indivíduo por não
poder ser exigível dele outra conduta diante das circunstâncias do caso concreto. Já se se
considerar tratar-se de excesso culposo, Celso responderá apenas pelos atos que excedeu
ao necessário para afastar a injusta agressão.
b. Errada! Se, no mesmo contexto fático, o agente causa lesões corporais de natureza gra-
ve e gravíssima contra a mesma vítima, praticará crime único, com a aplicação da pena re-
lativa à lesão gravíssima. Trata-se da aplicação do princípio da consunção, quando o autor
do delito pratica dois ou mais crimes e um deles é meio necessário para a prática de outro,
caso em que o primeiro delito será absorvido pelo segundo.
c. CERTA! O erro de tipo permissivo está previsto no art. 20, § 1º, do Código Penal, segundo
o qual: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”. O Código Penal adotou a Teo-
ria Limitada da Culpabilidade, pela qual o erro sobre os pressupostos fáticos de uma causa
de justificação constitui um erro de tipo permissivo, gerando os mesmos efeitos penais do
erro de tipo: exclusão do dolo e permissão da punição como crime culposo, se houver pre-
visão legal.
d. Errada! Cuida-se de uma progressão criminosa, quando o agente inicialmente pretendia
executar uma conduta menos grave, mas, durante o iter criminis, altera o seu intento ini-
cial, deflagrando a execução de crime mais grave, que pressupõe o primeiro. Nesse caso,
então, o agente responderá apenas pelo crime mais grave, que, no caso, é a tentativa de
homicídio.

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5. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Acerca dos princípios


que limitam e informam o Direito Penal, é CORRETO afirmar:
a. A responsabilidade pela indenização do prejuízo que foi causado pelo crime imputado
ao agente não pode ser estendida aos seus herdeiros sem que haja violação do prin-
cípio da personalidade da pena.
b. Conforme o princípio da culpabilidade, a responsabilidade penal é subjetiva, pelo que
nenhum resultado penalmente relevante pode ser atribuído a quem não o tenha pro-
duzido por dolo ou culpa, elementos finalisticamente localizados na culpabilidade.
c. O princípio da insignificância funciona como causa de exclusão da culpabilidade,
sendo requisitos de sua aplicação para o STF a ofensividade da conduta, a ausência
de periculosidade social da ação e a inexpressividade da lesão jurídica.
d. O princípio da legalidade, do qual decorre a reserva legal, veda o uso dos costumes e
da analogia para criar tipos penais incriminadores ou agravar as infrações existentes,
embora permita a interpretação analógica da norma penal.

Letra d.
a. Errada! O princípio da personalidade da pena, pelo qual a pena não pode ultrapassar a
pessoa do condenado, já abriga a possibilidade de os herdeiros responderem por eventual
reparação do dano, desde que tal reparação não supere o valor da herança transferida.
Nesse sentido é o inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal:

Art. 5º (...)
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos su-
cessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

b. Errada! O erro da assertiva está no final da sua redação, ao dizer que dolo e culpa são
elementos da culpabilidade, quando, na verdade, são elementos averiguados quando da
análise da tipicidade do fato, conforme a teoria finalista adotada pelo Código Penal.
c. Errada! O princípio da insignificância atua como excludente de tipicidade material e, con-
forme jurisprudência do STF, tem como vetores para a sua aplicação: a) a mínima ofensi-
vidade da conduta; b) a ausência de periculosidade social da ação; c) o reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento; e d) a inexpressividade da lesão jurídica.
d. CERTA! De fato, o princípio da legalidade, especificamente na vertente da reserva legal,
impede que costumes e a analogia sejam utilizadas para criminalizar condutas, já que, para
tanto, deve haver lei formal pretérita. No entanto, o Direito Penal admite a interpretação
analógica, método de interpretação que retira o sentido da norma a partir de uma sequência
casuística oferecida pela própria norma, seguida de uma fórmula genérica.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre citação no pro-


cesso penal, é CORRETO afirmar:
a. O processo penal poderá prosseguir, mesmo que o acusado não tenha sido pessoal-
mente citado.
b. Sempre será o primeiro ato de comunicação do denunciado no processo penal.
c. Estando em lugar incerto e não sabido, será citado por hora certa.
d. Estando o acusado no estrangeiro, será citado por edital.

Letra a.
a. CERTA! Se a citação ocorrer por hora certa, ou, ainda, se o acusado for citado por edital
e constituir advogado, o processo seguirá seu trâmite normalmente. Nesse sentido são os
arts. 362 e 366 do CPP:

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará
a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a
229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer,
ser-lhe-á nomeado defensor dativo.

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, fica-
rão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.  

b. Errada! Nem sempre a citação será o primeiro ato de comunicação do denunciado no


processo penal. No processo e julgamento de crimes de responsabilidade do funcionário
público, por exemplo, o réu será inicialmente notificado para responder à denúncia ou quei-
xa (art. 514, caput, do CPP). Apenas após o recebimento desta é que haverá a citação do
acusado (art. 517 do CPP).

Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro
do prazo de quinze dias.

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Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma estabelecida
no Capítulo I do Título X do Livro I.

c. Errada! A citação por hora certa só tem lugar se o réu se oculta para não ser citado (art.
362 do CPP). Caso o réu esteja em local incerto e não sabido, far-se-á a citação por edital,
nos termos do § 1º do art. 363 do CPP:

§ 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital.

d. Errada! Se o acusado estiver no estrangeiro, em lugar sabido, ele será citado por carta
rogatória, como prevê o art. 368 do CPP:

Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta
rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. 

2. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Acerca da prova da


materialidade através de perícia (desconsiderando-se a possibilidade de prova da mate-
rialidade por exame de corpo de delito indireto ou prova testemunhal), relativamente
aos crimes de furto qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
da coisa (CP, art. 155, § 4º, I), de furto qualificado pela escalada (CP, art. 155, § 4º, II),
de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo
comum (CP, art. 155, § 4º-A), de incêndio (CP, art. 250), e de explosão simples e privile-
giada (CP, art. 251, caput e § 1º), é INCORRETO afirmar:
a. A materialidade do crime de furto qualificado pela destruição de obstáculo à subtração
da coisa se comprova nas hipóteses em que o laudo pericial, além de descrever os
vestígios, indique com que instrumentos, por que meios e em que época presume-se
ter sido o fato praticado.
b. A legislação processual penal não exige a realização de perícia para a comprovação
da materialidade do crime de furto qualificado pela escalada.
c. Para comprovar a materialidade do crime de incêndio, os peritos verificarão a causa
e o lugar em que este houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida
ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor, bem como as demais
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
d. Para que incida a circunstância qualificadora prevista no art. 155, §4º-A, do CP (crime
de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo
comum), os peritos devem analisar a natureza e a eficiência dos instrumentos empre-
gados para a prática da infração.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

Letra b.
a. Correta! Essa é a previsão do art. 171 do CPP:

Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração
da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão
com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.

b. INCORRETA! Como se trata de crime que deixa vestígio, é indispensável o exame peri-
cial, nos termos do art. 158 do CPP, reforçado pelo art. 171 do mesmo Diploma Processual.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração
da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão
com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.

c. Correta! É esse o teor do art. 173 do CPP:

Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver
começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a
extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucida-
ção do fato.

d. Correta! Essa é uma exigência do art. 175 do CPP:

Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração,
a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

3. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Em matéria de provas


no processo penal, é CORRETO afirmar:
a. A absolvição independe de o acusado provar o alegado.
b. A declaração de ilicitude de uma prova necessariamente implica nulidade absoluta de
todo o processo.
c. A prova testemunhal não poderá ser determinada de ofício pelo juiz.
d. Não há contaminação da prova quando ficar evidenciado seu nexo causal com a prova
originária.

Letra a.
a. CERTA! O acusado tem a favor de si o princípio da presunção de inocência, que trans-
porta o ônus da prova para a acusação. Sendo assim, ainda que o acusado não prove sua
inocência, se a acusação não se desincumbir do encargo de provar a culpa do réu, ou não
afastar a dúvida razoável sobre sua inocência, se imporá a absolvição.
b. Errada! A prova ilícita só eivará de ilicitude as provas que dela derivarem; não torna nulo
todo o processo.

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não eviden-
ciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser
obtidas por uma fonte independente das primeiras. 

c. Errada! A despeito do sistema acusatório, o juiz pode determinar, de ofício, a oitiva de


testemunhas, conforme estabelece o art. 209 do CPP:

Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das
indicadas pelas partes.

d. Errada! Pelo contrário, se há vínculo causal entre determinada prova e a prova tida como
ilícita, aquela também deverá ser desconsiderada, porque também eivada pelo vício da
ilicitude. Trata-se da teoria da árvore dos frutos envenenados, pela qual toda prova que de-
rive de uma prova ilícita também será tida por ilícita. A prova derivada da ilícita só não será
ilegítima quando não for evidenciado o nexo de causalidade entre elas ou a prova derivada
puder ser obtida por uma fonte independente. Nesse sentido:

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Direito Penal e Direito Processual Penal

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não eviden-
ciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser
obtidas por uma fonte independente das primeiras.
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e
de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato
objeto da prova.

4. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre o regime jurí-


dico da liberdade provisória, é CORRETO afirmar:
a. A cassação da fiança poderá ocorrer com a inovação da classificação do delito tido,
inicialmente, como afiançável.
b. Não poderá haver reforço da fiança mediante inovação da classificação do delito.
c. O pagamento da fiança poderá ser dispensado pela autoridade policial, em face da
situação econômica do preso.
d. O quebramento injustificado da fiança importará na perda da totalidade do seu valor.

Letra a.
a. CERTA! É essa a previsão do art. 399 do CPP:

Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito ina-
fiançável, no caso de inovação na classificação do delito.

b. Errada! No caso de inovação da classificação do delito, será exigido o reforço da fian-


ça, a teor do art. 340, III, do CPP:

Art. 340. Será exigido o reforço da fiança: (...)


III – quando for inovada a classificação do delito.

c. Errada! A dispensa da fiança é ato que compete ao juiz, e não ao delegado, conforme
se extrai do art. 325, § 1º, I, c/c art. 350 do CPP:

Art. 325. (...)


§ 1º Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser:
I – dispensada, na forma do art. 350 deste Código; 

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Direito Penal e Direito Processual Penal

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do
preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes
dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. 

d. Errada! O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu


valor, segundo art. 343 do CPP:

Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu


valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for
o caso, a decretação da prisão preventiva.  

5. (PC-MG/2018/FUMARC/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) Sobre o ato de indi-


ciamento realizado no âmbito de investigação criminal conduzida por delegado de polí-
cia, é CORRETO afirmar:
a. É realizado mediante o mesmo grau de certeza de autoria que a situação de suspeito.
b. Não é ato exclusivo do delegado de polícia que conduz a investigação.
c. Não poderá o delegado de polícia retratar sua posição e “desindiciar” o investigado.
d. Resulta de um juízo de probabilidade e não de mera possibilidade sobre a auto-
ria delitiva.

Letra d.
a. Errada! Indiciar é apontar uma pessoa como provável autora ou partícipe de um delito,
centralizando sobre ela os atos investigatórios.
Conforme leciona Renato Brasileiro, “o indiciado não se confunde com um mero suspeito
(ou investigado), nem tampouco com o acusado. Suspeito ou investigado é aquele em rela-
ção ao qual há frágeis indícios, ou seja, há mero juízo de possibilidade de autoria; indiciado
é aquele que tem contra si indícios convergentes que o apontam como provável autor da
infração penal, isto é, há juízo de probabilidade de autoria; recebida a peça acusatória pelo
magistrado, surge a figura do acusado.”  1
Item errado, portanto, pois além de o indiciado não se confundir com o suspeito, em nenhum
dos casos está correto afirmar existir um juízo de certeza de autoria. Como visto acima, em
relação ao suspeito há um juízo de possibilidade de autoria, ao passo que em relação ao
autor fala-se em juízo de probabilidade de autoria.
b. Errada! O indiciamento é sim ato exclusivo do delegado de polícia que conduz a investi-
gação, nos termos do art. 2º, § 6º, da Lei n. 12.830/2013:

1 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 8. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2020, p. 223.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, me-


diante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias.

c. Errada! Explica Nestor Távora que “Nada impede que a autoridade policial, ao entender,
no transcurso das investigações, que a pessoa indiciada não está vinculada ao fato, pro-
mova o desindiciamento, seja na evolução do inquérito, ou no relatório de encerramento do
procedimento”. 2 
Ademais, na jurisprudência dos Tribunais Superiores vem se admitindo a impetração de
habeas corpus visando o desindiciamento quando o indiciamento tiver ocorrido apesar da
ausência de elementos de informação quanto à autoria ou materialidade: “O indiciamento
configura constrangimento quando a autoridade policial, sem elementos mínimos de mate-
rialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o direito de ser ouvido e de
apresentar documentos”. 3
d. CORRETA! Foi o que estudamos na análise da alternativa A.

2 TÁVORA, Nestor. Curso de direito processual penal / Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar – 13. Ed. rev. e atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2018.
3 STJ, 6ª Turma, HC 43.599/SP, Rel. Paulo Medina, j. 09/12/2005, DJe 04/08/2008.

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