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As glórias de Srila Prabhupada

Gurudas: Prabhupada estava participando de um show ao vivo realizado por um


homem que tinha a reputação de ser grosseiro com seus convidados. Jayananda,
Mukunda, talvez Hayagriva e eu fomos juntos. Gargamuni ficou atrás para
fazer algumas perguntas.

O anfitrião começou, “Bem-vindo aos Estados Unidos, Swamiji,” e um de nós


deu uma pequena introdução sobre a filosofia da consciência de Krishna. Em
seguida,Gargamuni indagou, “Qual é o significado da vida, Swamiji?”
Prabhupada explicou, “O significado da vida é ser um servo de Deus,” por
aproximadamente vinte minutos. A próxima pergunta foi, “Por que estamos no
planeta terra?” Novamente, Prabhupada deu uma longa resposta. O anfitrião
disse, “Queremos perguntas de pessoas fora do seu grupo.” A terceira
pergunta foi tremenda, “Por que estamos aqui? Qual é o propósito de estarmos
aqui?” Mais uma vez, Prabhupada levou de quinze a vinte minutos para
responder. O anfitrião estava ansioso para obter um outro ponto de vista.
Finalmente uma mulher com um sotaque anasalado do meio-oeste perguntou, “Por
que seu templo fica em Haight-Ashbury?” Prabhupada disse, “Os aluguéis são
baratos.” Ela indagou, “Por que você está ensinando hippies?” Prabhupada
respondeu, “Eles não são hippies, eles são felizes. [trocadilho de palavras:
hippies e happies (felizes) na língua inglesa]. Ela perguntou, “Como você
chegou até aqui da Índia?” Ele replicou, “Recebi três passagens de graça da
minha amiga, Sumati Morarji, da empresa Scindia Steamship.” Ela continou,
“Quem pagou?” Ele respondeu, “Passagem gratuita significa que na existe
pagamento.” Ela estava ficando frustrada e disse, “Você é um `parasita`?”
Prabhupada nunca ouvira aquela palavra antes, mas ele respondeu, “Sim.”
Pudemos ouvir praticamente ela cair no chão da cozinha. Pareceu que ela
tinha desmaiado. O anfitrião afirmou, “Não gosto das perguntas dela. Vou
expulsá-la daqui.” Logo, em seguida, ele começou a fazer perguntas, como, “O
que esta marca em sua cabeça?”, e o programa terminou.

Nara Narayan: Em 1969, eu estava esculpindo as murtis de Kartamasha e


Govinda dasi estava pintando-As. Fiz dezoito dElas, porque este era o número
de templos que tínhamos naquela época. Eu disse, “Minha tarefa terminou,
Srila Prabhupada. Fiz tantas Deidades quantos templos existem.” Srila
Prabhupada disse, “Não. Você deve continuar.” Eu não podia continuar porque
a forma já tinha sido levada, eu não podia produzir outro molde. Eu disse,
“É mesmo? Para quem nós As venderemos? Se As vendermos para karmis, talvez
eles As coloquem em seus jardins como algum tipo de ornamento como
flamingos.” Srila Prabhupada disse, “Se um karmi comprar uma murti e
colocá-La em seu jardim, nosso movimento será um glorioso sucesso.” Pensei,
“Wow! Isto é diferente da idéia central que víamos buscando.” A idéia dele
era que qualquer contato com Krishna é um bom contato com Krishna.

A partir dali, ele incentivou a produção caseira. Ele disse que a produção
caseira mantém a família unida em torno do lar. Ele era contra a idéia dos
membros familiares terem que viajar longas distâncias para trabalhar, e
mencionou como os trens “vão rapidamente numa direção para simplesmente
depois voltarem na direção oposta,” e como os passageiros vêem pouco suas
famílias.

As pessoas devem morar e trabalhar na mesma casa em união com sua família.
Ele afirmou, “A avó, o filho, as crianças, o marido e a esposa trabalham.
Juntos eles desenvolvem algum produto como as pinturas de Puri ou Rajastan.
É um esforço de grupo realizado por pessoas que sabem como executar uma
parte do trabalho com experiência. Eles vendem seus produtos e permanecem
juntos como uma família e praticam a consciência de Deus.”

Gurudas: Quando Achyutananda estava conversando com Prabhupada em Vrndavan,


ele disse, “Gurudas está hospedado em Vrindavana, mas seria bom se ele
pudesse vir pregando por toda a Índia.” Eu disse a Prabhupada, “Estou feliz
em Vrindavana, mas gostaria de pregar também. O que devo fazer?” Ele disse,
pregue para os devotos. Eles precisam de pregação.” E é verdade. Via que
após alguém se unir ao movimento, o cuidado especial cessava, e nos
tornávamos complacentes, esquecendo que aquelas pessoas eram únicas.
Portanto, levei a sério sua instrução e comecei a pregar mais. Foi
extraordinário. Todo mundo gostou.

Em Londres, quando os devotos voltavam do sankirtana, Yamuna servia leite


para eles, e eu contava estórias para eles ou lia o Livro de Krishna. Os
devotos diziam que era como se eu fosse o pai deles e Yamuna sua mãe.
Prabhupada nos encorajava dizendo, “Homens e mulheres estão neste templo de
Bury Place. Separados apenas por um pavimento, porém não há associação
ilícita. Isto ocorre porque formam uma família. Você é como o pai, e Yamuna
como a mãe. Não é artificial.” É como uma família.
Quando estava para tomar sannyasa, disse que minha pregação para os devotos
diminuiria porque as pessoas tratam os sannyasis de uma forma diferente, e
porque os casais deixariam de vir para o aconselhamento. Prabhupada disse,
“Sim, é exatamente assim.” No entanto, como um sannyasi você poderá pregar
para o mundo de uma forma mais ampla.”

Nara Narayan: Em Londres em 1970, quando eu era um chefe de família vivendo


como um brahmacari, comecei a pensar, “Como chegarei a algum lugar?”
Certamente, Prabhupada é uma prova positiva de que a consciência de Krishna
não é fantasia, mas uma condição prática e normal de existência. As pessoas
normalmente são devotas, e existem mais deles do que de nós. Elas são
felizes, pessoas reais que são perfeitamente fixas no estado puro de
atmarama, amor imaculado por Deus. “E eu? Conseguirei chegar lá?” Estava
cantando japa no pequeno templo do Bury Place em Londres. Acabara de
re-decorar todo o lugar, e estava passando em frente ao quarto de Srila
Prabhupada quando fui fortemente impelido a bater na porta e perguntar
Prabhupada, “Serei capaz de fazer algum progresso?”

Bati na porta de Prabhupada, e imediatamente depois, me arrependi. Srila


Prabhupada disse, “Sim? Entre.” Abri a porta. Agora estava duas vezes mais
assustado que no começo. Arrastei os pés para dentro do quarto, e lá estava
ele, caminhando para lá e para cá, com seu saquinho de japa na mão, naquela
maravilhosa atmosfera que ele criara para si mesmo. “Hare Krishna Hare
Krishna...” Entrei e disse, “Oh, não. Estou aqui. Tenho que fazer uma
pergunta.” Fechei a porta atrás de mim e me enfiei num canto do quarto como
um rato. Prabhupada olhou para mim e exclamou, “Sim?” Eu disse, “Srila
Prabhupada, estou cantando. Estou seguindo o programa. Continuou a pensar,
será possível que algum dia eu me torne um devoto puro? Vejo que você é um
devoto puro, mas será que poderei me tornar um devoto puro?”

Srila Prabhupada olhou para mim de uma maneira inquisitiva e caminhou para
lá e para cá por algumas vezes, murmurando durante todo o tempo, “Hare
Krishna Hare Krishna” para si mesmo. Fiquei cada vez mais nervoso porque
estava imaginando sobre a resposta. Ele olhou para mim e disse, “Por que
não? Você está no processo.” Fiquei tão feliz que pareci derreter numa mecha
de ghee. Ele cantou mais algumas vezes, girou pelo quarto, olhou para mim
com um brilho em seus olhos e afirmou, “Mas poderá levar algum tempo”.
- Textos extraídos do livro “Memories – Anecdotes of a Modern Day Saint –
Volume I”.

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