Você está na página 1de 43

HISTORIOGRAFIA

BRASILEIRA

Ana Carolina Machado de Souza

E-book 3
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO����������������������������������������������������������� 3
HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA – A
CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE BRASIL NO
SÉCULO 19������������������������������������������������������������������ 4
A construção da nacionalidade e o Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro (IHGB)����������������������������������������������������4
Von Martius e o manual da escrita da História���������������������11
Varnhagen e a “História Geral do Brasil” (1854-1857,
reeditada em 1877)�����������������������������������������������������������������16
Capistrano de Abreu e a nova forma de se escrever o
Brasil����������������������������������������������������������������������������������������22
Oliveira Vianna e uma interpretação do Brasil����������������������30

CONSIDERAÇÕES FINAIS����������������������������������� 35
SÍNTESE��������������������������������������������������������������������36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS &
CONSULTADAS������������������������������������������������������� 37

2
INTRODUÇÃO
Neste e-book você aprenderá sobre o desenvolvimen-
to historiográfico brasileiro na época do Modernismo
e do surgimento das vanguardas. A República Velha
(1889-1930) se caracterizou por ser um período con-
flituoso na História brasileira, ao mesmo tempo em
que foi muito fértil.

Para ilustrar melhor a ruptura com a forma de se es-


crever História feita até então, o foco residirá nos três
maiores intelectuais das ciências humanas no Brasil:
Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio
Prado Júnior. Como cada um deles, você aprenderá
sobre a construção da ideia de Brasil que foi muito
difundida nos materiais escolares a partir da década
de 1960 e, mesmo com a mudança na década de
1980, alguns desses conceitos permaneceram.

3
A IDENTIDADE BRASILEIRA:
OS INTÉRPRETES DO
BRASIL
Com a Proclamação da República, em 1889, o Brasil
começou um novo regime político que, mesmo com
pouca participação popular, teve que se consolidar.
Isso ocorreu por meio da construção do “imaginário
da República”, como argumenta o historiador José
Murilo de Carvalho. A identidade nacional é um pro-
cesso sistematizado por diferentes agentes, isto é,
construído a partir de um ideal.

O Modernismo e a identidade
nacional brasileira – a influência
no fazer historiográfico

No início do século 20, com a instituição da república


civil, oligárquica – conhecida como República Velha
– o debate sobre o Brasil do presente e do futuro per-
meava os estudos da época. Porém, vale ressaltar-se
a dificuldade de se definir o que é identidade nacio-
nal. Alguns argumentam que corresponde à junção
de uma série de ideias e símbolos, outros que vem
da elite para a população. Pode ter origem individual
ou coletiva. Contudo, é um debate infindável e a cada
nova era ressurge com diferentes perspectivas.

No caso do Brasil, a discussão sobre o “nacional”


ganhou espaço desde o século 19. A chegada da
Família Real em 1808 mudou o status da colônia,

4
pavimentando o caminho para a autonomia política
que ocorreu em 1822. Com o advento da República,
a disputa em relação ao controle da narrativa acerca
do passado e do presente se manteve. A busca era
por educar a população sobre o novo regime, por isso
que foi caracterizado a partir de símbolos, rituais e
mitos. A historiografia teve um grande papel nesse
momento de mudanças.

Primeiro, é necessário lembrarmos que nenhum pro-


cesso é estanque, então o pensamento histórico de-
senvolvido nos primeiros anos da República deve às
intensas transformações ocorridas nas últimas três
décadas do século 19. Desde 1850, a lei brasileira se
preparou para a transição paulatina de uma socieda-
de escravocrata para uma que valorizasse a mão de
obra livre. A escravidão foi um tópico determinante
para a Geração Modernista de 1930.

Na década de 1870, a situação do Segundo Reinado


se deteriorou rapidamente. Em 1871, a Lei do Ventre
Livre declarava que as crianças nascidas de negras
escravizadas eram livres. Em 1870 acabara a Guerra
do Paraguai, conflito que durou seis anos e expôs os
atritos políticos e militares, o que impactou negativa-
mente o governo. Até a abolição de 1888, uma série
de medidas foram tomadas para que o dano aos
senhores de escravizados fosse o menor possível.

O movimento abolicionista ganhou força na segunda


metade do século 19. Em 1880, Joaquim Nabuco
(1849-1910) criou, junto de outros simpatizantes, a
Sociedade Brasileira contra a escravidão, que organi-

5
zava ações pragmáticas contra a escravidão, como a
compra de cartas de alforria, por exemplo. O mesmo
Nabuco apresentou à Câmara dos Deputados, em
1879, um projeto para a abolição. Além disso, novas
correntes políticas surgiram questionando o poder
monárquico.

O movimento republicano era diverso em seu cerne,


com liberais, jacobinos e positivistas, mas que se uni-
ram por um objetivo em comum. Rio de Janeiro e São
Paulo se tornaram o centro político do país, sendo o
primeiro a sede do governo e o último a região onde
o café se desenvolveu, além de se industrializarem
antes do que outros locais.

Em relação à historiografia, o Instituto Histórico


Geográfico Brasileiro (IHGB) ainda possuía a legi-
timidade de um instituto científico e que, apesar da
visão tradicionalista, também mudou ao longo do
tempo. Sílvio Romero (1851-1914), por exemplo,
foi um historiador e crítico literário que escreveu a
História da literatura brasileira em cinco volumes.
Neles, discutiu temas nacionais ao dar luz a textos
populares do país. Autores como Sérgio Buarque
de Holanda (1902-1982) e Antônio Cândido (1918-
2017) destacaram o seu valor para os estudos sobre
o Brasil da época. A escrita patriótica demonstra
os tópicos que intelectuais da época gostariam de
enfatizar.

6
FIQUE ATENTO
É fundamental você compreender que identidade
nacional, o próprio conceito de nação e as narrati-
vas patrióticas são uma construção do momento.
Por isso que o uso de literatura, por exemplo, é
fundamental para se estudar a História de qualquer
país. A dica para se aprofundar no Brasil Imperial e
no contexto do início da República é buscar os ex-
poentes do Naturalismo (como Aluísio de Azevedo)
e do Realismo (como Machado de Assis). Depois
de lê-los (indico O Cortiço, de 1890, e Memórias
Póstumas de Brás Cubas, de 1881), compare-os
com o movimento Parnasiano, que surgiu na dé-
cada de 1880. Esse exercício é ótimo para a sala
de aula e a interdisciplinaridade com a disciplina
de Português e Literatura Brasileira.

Romero dedicou várias páginas de sua obra a dis-


cutir assuntos relacionados à sociedade brasileira,
como a questão racial, a língua e os costumes popu-
lares, entre outros. Ele tateava a memória presente
do país para entender – e escolher – os elementos
que “transformavam o Brasil em Brasil”. Esse tipo
de comportamento fez parte de um momento de
explicações sobre as condições do país, que saíra
de uma monarquia escravista para se tornar uma
República Militar e, posteriormente, civil-oligárquica.
Porém, como foi dito antes, havia divergências ide-
ológicas. Alguns queriam a volta do Império, outros
uma República jacobinista. Tinha a ala liberal que se

7
espelhava nos Estados Unidos, enquanto os positivis-
tas mantinham o ideal progressista e causal. Dessa
forma, apesar do esforço da época de construir uma
narrativa conciliatória, a realidade era a do confronto.
Os primeiros presidentes enfrentaram problemas
constantes com a população e as elites provinciais.

Retomando o exemplo de Romero, a literatura foi uma


das expressões artísticas apropriadas no contexto
de formação da identidade nacional. Mesmo que os
estilos fossem “importados”, como o Romantismo, o
Naturalismo e o Realismo, eram desenvolvidos aqui
a partir das características próprias. A formação da
mitologia nacional começou de maneira mais siste-
mática na metade do século 19. Alguns historiadores,
como José Murilo de Carvalho, discutem que a preo-
cupação latente, até o momento, era a sobrevivência
política da unidade federativa.

O início do Segundo Reinado foi tumultuado pelo


Golpe da Maioridade e com os ecos das rebeliões
regenciais. Carvalho destaca a publicação de O
Guarani, de José de Alencar (1829-1877), em 1857,
como um marco da construção da identidade na-
cional. Ele conectava o branco e o indígena através
do amor impossível entre Ceci (filha de um fidalgo
português) e Peri (herói indígena).

A temática indígena – porque nessa narrativa o indí-


gena é mais um personagem idealizado do que uma
realidade – se tornou o principal tópico da identida-
de nacional em diversos países da América Latina.
No México e no Peru, por exemplo, a exaltação do

8
passado pré-colombiano, das civilizações, como as-
tecas, incas e maias, foi o norte argumentativo da
historiografia oitocentista. Dentre tantos pormenores,
a “grandeza” de determinados grupos foi escolhida
para representar o país. Se um povo era louvado,
outro era silenciado. Outro ponto importante é que
o indígena valorizado era o do passado e não o do
presente, pois as condições dessa população não
eram debatidas no século 19, apesar de seus ante-
passados serem exaltados nas páginas dos roman-
ces e dos textos historiográficos.

No caso do Brasil, durante muito tempo, os indígenas


foram definidos como incapazes e bárbaros, não só
em comparação aos europeus, mas em relação aos
próprios indígenas mexicanos e peruanos. Aqui, os
portugueses não se depararam com construções
monumentais e adornos em ouro e prata. Desde o
início da colonização, não enxergavam essa popu-
lação como parte da nova sociedade em formação.
O processo de escravização não deu certo e a culpa
residia tanto nos próprios indígenas quanto na Igreja,
que proibiu tal empreitada. Então, por que escolhê-los
como parte da origem brasileira?

Primeiro, a condição do indígena, apesar de subalter-


na, ainda era melhor do que a do negro escravizado.
Este não era considerado parte da sociedade colonial
além da função serviçal. Já os nativos tinham algum
aparato legal, direito à terra – quando aldeados –, di-
reito à cristianização, entre outros. Isso sem falar da
mestiçagem, muito presente na sociedade colonial.

9
Von Martius (1794-1868) mencionara a assimilação
das raças para se estudar a História brasileira. A in-
tegração dos indígenas à sociedade civilizada foi a
tônica do século 19, e parte desse esforço foi feito
pela literatura e pela historiografia. Assim, eles se
viam como “reabilitadores” da condição indígena.
Percebe-se, portanto, que os ecos de Von Martius
e do direcionamento do IHGB ainda se faziam pre-
sentes no início do século 20, no início do período
republicano.

O Brasil, dessa maneira, se inseria na “rota progres-


sista europeia” ao mesmo tempo em que “descobria”
suas particularidades. Foi nesse contexto comentado
até aqui que os intelectuais estavam imersos. Por
isso que vários historiadores classificam a produção
historiográfica desse momento como “eclética”. Ou
seja, não possuíam um direcionamento teórico bem
definido, já que as escolas da Europa ainda tinham
muita influência. Não é um período considerado me-
morável para a historiografia brasileira. Os anos 1920
e 1930 apresentaram rupturas importantes, portanto,
o século 19, em relação à historiografia brasileira,
estendeu-se por duas décadas.

O ecletismo se relacionava mais com a estética do


que com a narrativa e o conteúdo. A origem do país
ainda era temática, mas a forma de interpretá-la pou-
co diferia. Os intelectuais ainda se baseavam no po-
sitivismo, no darwinismo social, no evolucionismo.
Além disso, os limites entre a literatura e a História
também ficaram pouco definidos. Essa “salada” ana-
lítica deu o tom da época. Portanto, até aqui, você

10
aprendeu que a identidade nacional é um processo
construtivo e estudar as especificidades da narrativa
é entender a historicidade da escrita da História.

SAIBA MAIS
Continuando as dicas literárias: Machado de
Assis (1839-1908) é considerado o maior escri-
tor brasileiro por vários motivos. Para a História,
sua descrição da época se torna um valioso docu-
mento acerca da sociedade imperial. Em todos os
seus romances existem personagens que se rela-
cionam às atividades comuns, sejam advogados,
confeiteiros, caixeiros viajantes etc. Para entender
melhor o papel de Machado como um “observador
do seu tempo”, confira a obra Machado de Assis,
historiador, de Sidney Chalhoub.

Capistrano de Abreu (1853-1927) introduziu no-


vas perspectivas em 1907, com seus Capítulos de
História Colonial. Ele desenvolveu uma análise crítica
a partir de uma incansável incursão pelas fontes. No
primeiro capítulo, ao destacar o passado indígena,
ele continua a tradição que exaltava os nativos. Ao
mesmo tempo, não produzira uma grande obra sobre
a História do Brasil como seus contemporâneos.
Além disso, abordou temas ainda pouco explorados,
como o interior da colônia, suas especificidades des-
de a formação, o povoamento e o desenvolvimento
econômico.

11
O movimento Modernista e
os contextos históricos das
décadas de 1920 e 1930

Anos depois de Capistrano, o movimento Modernista


se difundiu entre os intelectuais brasileiros. O seu
caráter diverso indica que atuou em várias frentes. É
comum aprender sobre o viés artístico, que teve seu
apogeu a Semana de Arte Moderna de 1922.

Podcast 1

Entre os historiadores, Paulo da Silva Prado (1869-


1943) simbolizou o caráter moderno e, sobretudo
em seu caso, ousado da nova abordagem. Sua obra
Retratos do Brasil foi um ensaio publicado em 1927
e explorou um lado pouco comum da sociedade bra-
sileira. Os quatro capítulos – Luxúria, Cobiça, Tristeza
e Romantismo – interpelam a origem social, econô-
mica e política do país pelo prisma dos seus vícios
e decadências. Apesar de manter a visão racializada
da explicação cientificista e eugenista comum à épo-
ca, ele rompe com a tradição romântica e ufanista
acerca do país.

Sua escrita é permeada de adjetivos e expressões


que chocam o leitor. Confira esse trecho sobre os
colonos brasileiros:

12
Grande número dessas confissões, 45 em 120, refe-
rem-se ao pecado sexual. Na população relativamente
escassa da cidade do Salvador e do seu recôncavo, a
repetição dos casos de anormalidade patológica põe
claramente em evidência em que ambiente de dissolu-
ção e aberração viviam os habitantes da colônia. São
reinóis, franceses, gregos, e a turba mesclada da mes-
tiçagem – mamelucos, curibocas e mulatos – trazendo
ao tribunal da Inquisição os depoimentos dos seus
vícios: sodomía, tribadismo, pedofilia erótica, produtos
da hiperestesia sexual a mais desbragada, só própria
em geral dos grandes centros de população acumulada
(PRADO, 1981, p. 37).

Dentre as aspas já mostradas nesta disciplina, ne-


nhuma foi tão contundente em sua retórica. Prado
questiona o papel de portugueses, negros e indíge-
nas, não criando nenhum “herói”, nem exaltando uma
figura em particular. Sua obra se torna um exemplo
claro da mudança de perspectiva histórica sobre a
cultura brasileira.

Vale destacar-se que, nascido em uma família abas-


tada, Prado apoiou financeiramente a semana de
1922. Frequentava os grupos vanguardistas, mas
se dizia conectado a Capistrano de Abreu em rela-
ção à forma como encarava a História e a produção
historiográfica. Ambos, apesar da grande diferença,
buscaram uma visão que desvelassem aspectos
até então silenciados sobre o Brasil. Dessa forma,
observa-se que, para romper com a tradição, é ne-
cessário conhecê-la profundamente.

13
A década de 1920 foi um momento de transforma-
ções. O café já não gerava o mesmo lucro que anti-
gamente, tanto pela diminuição da demanda quan-
to pelo aumento da concorrência. A urbanização e
o crescimento das cidades também marcaram o
período. O Modernismo inspirava a crítica, o ques-
tionamento, mas propunha novos caminhos para a
política, a economia, a sociedade e a cultura. Para a
emergência de uma nova sociedade, uma nova visão
deveria se estabelecer.

A identidade nacional fazia parte desse balaio de


temas que foram revisitados. Quando há uma trans-
formação importante, a nação e a ideia de nacional é
um dos principais conceitos discutidos. Qual direcio-
namento deveriam tomar? Para responder à questão,
precisavam contestar o que era senso comum, o
que era aceito sem reflexão, e contribuir com uma
nova abordagem. A República Velha oscilou entre
momentos mais tranquilos e conflituosos, sobretudo
internamente. A década de 1920 se caracterizou pelo
último. Com a mostra artística de 1922, ficou clara a
reivindicação pela “redescoberta” do Brasil.

Os governos oligárquicos se fortaleceram, o que abriu


espaço para contestações frequentes. A classe mé-
dia urbana ganhou mais destaque após a Primeira
Guerra Mundial e queriam aumentar a representa-
tividade política além de hastearem a bandeira do
liberalismo. A industrialização crescia, trazendo ainda
mais mudanças. Em 1917, as Greves Gerais impacta-
ram a economia e a forma de se enxergar os direitos
trabalhistas. Assim como na Europa, o movimento

14
deu início aos confrontos diretos entre patrões e
operários, além de elucidar o processo de regula-
mentação do trabalho. O mesmo ocorreu no Brasil.
O ano de 1922 ficou marcado não só pela Semana de
Arte, mas também pela criação do Partido Comunista
Brasileiro, que trouxe uma nova face ideológica para
o cenário político. Para finalizar os exemplos, em
1924 surgiu a Academia Brasileira de Educação, um
local de debate sobre o desenvolvimento educacional
do país. Ou seja, um novo Estado era debatido desde
suas bases. A produção historiográfica foi atingida
por essa movimentação.

A década de 1930 se mostrou uma das mais pro-


líficas para a escrita da História brasileira. Alguns
historiadores, como José Carlos Reis, definem a
época como de “redescobrimento do Brasil”. O ter-
reno sedimentado pelos modernistas – de ruptu-
ras e questionamentos – serviu de base para que a
Geração de 30 apresentasse obras que se tornaram
seminais para a análise histórica e cultural do país.
Vale destacar-se minimamente o contexto da época.

O ano de 1930 foi marcado por uma Revolução que


rompeu com o pacto oligárquico que dominara a
República até então. Muitos advogam que a quebra
aconteceu mais entre os políticos do que no siste-
ma, haja vista que muitos mantiveram cargos, mas
é inegável que existiu uma mudança na constitui-
ção dos poderes. Além da destituição da Política de
Governadores, esse período sofreu as consequências
de todo o conflito político dos anos 1910. Como na
Europa, grupos nacionalistas, ufanistas e autoritários

15
ganharam força, ditando a tendência da centralização
política até o estabelecimento de um estado sem
direitos políticos. O Brasil experimentou isso com
a Ação Integralista Brasileira, que foi fundada em
1932 e se baseou nas premissas fascistas. A partir
de 1937, o país experimentou uma ditadura.

A configuração da elite brasileira, apesar de mais


diversa que anteriormente, ainda mostrava que as
grandes famílias oligárquicas se mantinham no po-
der. A centralização do poder no Executivo e a auto-
nomia da União eram as principais características
desse novo momento político.

Além desses pontos, foi nesse período que os es-


tudos sobre o Brasil real, aquele vivido no dia a dia,
ganharam o interesse dos intelectuais e do próprio
debate político. Desde os anos 1920, a identidade
brasileira passou a ser discutida com maior frequên-
cia. O país era visto como atrasado em comparação
à Europa e aos Estados Unidos, com pouquíssimo
desenvolvimento econômico. A industrialização, por
exemplo, presente nesses outros locais, ainda era
intermitente e primária no Brasil. Dessa forma, não
compartilhava os mesmos traços de modernidade.
As análises sobre a sociedade, sobre o homem e
sobre a História floresceram nesse contexto. O foco
era entender a origem desse atraso, o porquê de ele
ocorrer e como mudar.

Essa ênfase nos estudos mais aprofundados sobre


o país também teve apoio estatal. Censos e pesqui-
sas sobre o “Brasil profundo” foram encomendados.

16
Centros investigativos, como a Universidade de São
Paulo, foram formados, abrangendo a premissa das
ciências humanas, inclusive a História. Você viu até
aqui como a produção historiográfica ficava nas
mãos do IHGB, que representava a maneira tradi-
cional de fazer História, exaltando o documento e a
objetividade do historiador.

Com o desenvolvimento teórico das universidades,


chegaram ao Brasil novas abordagens metodológi-
cas. Tanto Gilberto Freyre (1900-1987) quanto Sérgio
Buarque de Holanda (1902-1982) e Caio Prado Júnior
(1907-1990) são exemplos da mudança no campo
científico brasileiro. Interpretações baseadas na
Escola dos Annales, no marxismo estrutural, no we-
berianismo e na escola alemã de História ajudaram
esses intelectuais a estabelecerem o novo cenário
para a intepretação do Brasil.

O povo, mais diverso do que o mostrado pela História


burocrática, branca e elitizada de então, passou a ser
o objeto de pesquisa dos novos estudos. A realidade
brasileira se relacionava, naquele momento, à transi-
ção do sistema puramente agrário-exportador para
o da modernidade industrial, o do desenvolvimento
urbano e o da burguesia nascente. Além disso, o
autoritarismo político foram alguns dos novos temas
a serem discutidos. Assim, os três grandes nomes
da História e da intelectualidade brasileira – Freyre,
Holanda e Prado Júnior – serão aqui estudados e
são exemplos da transformação argumentativa so-
bre o Brasil.

17
Gilberto Freyre: o patriarcalismo,
a questão das raças e a
“democracia racial”

Gilberto Freyre é considerado um dos principais no-


mes das ciências humanas no século 20. Sua obra
mais conhecida é Casa Grande e Senzala, de 1933,
que, junto de Sobrados e Mucambos e de Ordem e
Progresso, analisa o desenvolvimento da sociedade
brasileira, utilizando elementos da Sociologia, da
Antropologia e da História.

Estudou Sociologia nos Estados Unidos e fez parte


da geração que construiu seu aparato teórico a partir
de autores de outras nacionalidades, como espa-
nhóis, franceses e norte-americanos. Outra novidade
foram as fontes documentais, já que ampliou o es-
copo analítico ao aderir documentos de foro íntimo
como cartas e depoimentos. Assim, distanciou-se
da historiografia tradicional galgada na leitura de
documentos oficiais. Fez o embrião da “História da
vida privada”.

Segundo Elide Rugai Bastos, a argumentação de


Freyre se equilibra em três pilares: o patriarcado, as
etnias e culturas e o trópico. Dentro desses pilares,
você aprenderá um pouco sobre dois eixos explica-
tivos importantes: a questão racial, sobretudo em
relação à herança da escravidão, e seu papel na dis-
criminação, e os ciclos econômicos – sobretudo o
açúcar – na construção social. O sistema monocultor
da cana-de-açúcar ajudou no estabelecimento do

18
patriarcado, que nada mais é do que a dominação do
homem tanto no âmbito cultural como social, político
e econômico. Além disso, Freyre destaca que a falta
de mulheres brancas ajudou no processo de miscige-
nação e manteve a hierarquia – é a “Casa Grande” – e
os filhos de escravas com seus senhores significa a
conexão com a “Senzala”. A dominação e a subordi-
nação foram as raízes da sociedade brasileira.

O contexto da escrita se relaciona com o período


Modernista brasileiro e de mudança na perspectiva
das ciências humanas. O governo Getúlio Vargas e
a instabilidade política foram combustíveis para o
questionamento da ideia de nacional. Vale desta-
car-se, contudo, que os mitos surgidos no início da
República, da criação da origem do Brasil, pouco mu-
daram. O ponto importante foi o aprofundamento das
análises sobre a formação da sociedade brasileira.

Quem era o povo brasileiro? Essa indagação per-


meou os estudos sobre o Brasil, sobretudo em um
período de centralização política e de mudanças
trabalhistas. Em 1932, por exemplo, as mulheres
alcançaram o direito ao voto, o que foi assegurado
na constituição de 1934. Isso foi uma mudança im-
portante no que se refere aos direitos do cidadão
brasileiro.

Freyre, ao discutir a sociedade colonial pernambu-


cana, faz uma espécie de genealogia do país, consi-
derando a realidade colonial para a compreensão do
mundo naquele momento. Logo no primeiro capítulo
ele estabelece sua argumentação, que será desen-

19
volvida mais adiante. Em 1532 começou de fato a
colonização brasileira e, com ela, a monocultura e a
mão de obra escrava, daí entende-se sua base para
a construção do patriarcalismo.

Você já estudou a questão do passado-presente-


-futuro dentro da historiografia. Estabelecer que o
período da Colônia é crucial para entender o presente
foi uma novidade, já que a linguagem era mais ana-
lítica do que de exaltação. Freyre, porém, deu seu
toque original, como será mostrado abaixo e na sua
genealogia, a origem é a Casa Grande. Veja o trecho
abaixo:

Quando em 1532 se organizou econômica e civilmente


a sociedade brasileira, já foi depois de um século inteiro
de contato dos portugueses com os trópicos; de de-
monstrada na Índia e na África sua aptidão para a vida
tropical. Mudado em São Vicente e em Pernambuco o
rumo da colonização portuguesa do fácil, mercantil,
para o agrícola; organizada a sociedade colonial sobre
base mais sólida e em condições mais estáveis que
na Índia ou nas feitorias africanas, no Brasil é que se
realizaria a prova definitiva daquela aptidão [...].
Formou-se na América tropical uma sociedade agrária
na estrutura escravocrata na técnica da exploração
econômica, híbrida de indígena – e mais tarde de ne-
gro – na composição. Sociedade que se desenvolve-
ria defendida menos pela consciência de raça, quase
nenhuma no português cosmopolita e plástico, do que
pelo exclusivismo religioso desdobrado em sistema de
profilaxia social e política (FREYRE, 2003, p. 65)

Com sua escrita cheia de adjetivos e figuras de lin-


guagem, foi muito criticado pela falta de rigor cien-

20
tífico, por deixar suas elucubrações falarem mais
alto do que as fontes, por exemplo. Contudo, sua
contribuição para os estudos brasileiros é inegável.
Sua obra se tornou um clássico por, entre outros pon-
tos, expor o patriarcalismo no Brasil. Sua abordagem
foi considerada original por destacar características
brasileiras, próprias do país, sem adaptar conceitos
internacionais.

Citada anteriormente, a questão racial foi um ponto


fundamental na sua teoria. A formação da sociedade
brasileira estava conectada às três raças: indíge-
nas, negros e brancos. O hibridismo deu o tom da
sua argumentação e percorreu a análise de cada um
dos povos. Os portugueses, por exemplo, eram uma
“mistura” de ceutas, mouros e ibéricos, entre outros,
já estavam preparados para o tipo de viagem e pro-
cesso que viria. A posição geográfica de Portugal,
um pequeno pedaço de terra banhado pelo Oceano
Atlântico, favoreceu a mobilidade do português, que
sobrevivia aos diferentes locais. A proximidade com
a África também auxiliou na mestiçagem, já que o
contato prévio com os africanos favoreceu o conhe-
cimento sobre os diferentes povos daquele conti-
nente. Freyre destaca que o português já era mais
miscigenado do que um europeu do norte, como foi
estabelecido acima. Então, o que aconteceu no Brasil
tinha raízes.

Esse é o ponto que distancia Freyre dos estudos


eugênicos comuns da época. Porém, a adaptação
no Brasil só foi possível devido aos indígenas e afri-
canos, colocando a miscigenação como o diferen-

21
cial na sociedade brasileira. Foram os colonos, as
pessoas que vieram à América que mudaram seus
hábitos e construíram uma vida que deu espaço para
a colonização. Ele enfatiza, dessa forma, as relações
pessoais, o dia a dia, o laço entre senhores, empre-
gados e escravos.

Hoje em dia, após muitas discussões, é sabido o


quanto que o papel do Estado foi crucial para o es-
tabelecimento do sistema colonial. Os territórios
foram doados e as condições de exploração e plantio
foram outorgadas pela Coroa. Foi apenas a partir da
implantação das Capitanias Hereditárias, em 1534,
e, posteriormente, o Governo Geral, em 1548, que o
projeto colonial português começou a ganhar forma.

O negro influenciou a sociedade, como parte dessa


tríade, em vários aspectos. Observe:

Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na


alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente
de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a som-
bra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No
litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas
Gerais, principalmente do negro. A influência direta,
ou vaga e remota, do africano [...]. Não nos interessa,
senão indiretamente, nesse ensaio, a importância do
negro na vida estética, muito menos no puro progresso
econômico, do Brasil. Devemos, entretanto, recordar
que foi imensa. No litoral agrário, muito maior, ao nosso
ver, que a do indígena. Maior, em certo sentido, que a
do português (FREYRE, 2003, pp. 366-368).

Primeiro, o destaque dado por Freyre contraria muitos


textos da época. Você aprendeu sobre o autor Oliveira

22
Vianna, que escreveu o livro Raça e assimilação em,
1932, no qual abordava a figura do negro e a misci-
genação como danosas ao desenvolvimento do país.
Ele pode ser classificado como parte dos estudos
eugenistas sobre as diferentes raças, perspectiva
que surgiu na Europa no século 19.

Podcast 2

Freyre colocava a figura do africano como adaptável


ao clima tropical e aos diferentes tipos de trabalho,
demonstrando sua “força racial”. A contribuição
cultural, porém, foi mais importante do que a pró-
pria miscigenação, por exemplo. A sua atuação na
formação da sociedade brasileira foi mais ativa do
que passiva. Ao colocá-lo no mesmo patamar do
português e do indígena, o autor criou o chamado
mito da democracia racial. Isto é, o brasileiro é um
amálgama de cada uma das três principais raças, que
se misturaram ao longo do processo colonial. Essa
é a nossa herança cultural e social, esse é o ponto
que nos diferencia dos outros países.

Enquanto pessoas como Oliveira Viana defendiam


que a miscigenação enfraquecia o brasileiro e que
o atraso tecnológico e político poderia ser explicado
por esse fato, a argumentação de Freyre residia no
espectro contrário. Contudo, quando estabeleceu
a ideia de cordialidade entre senhores, negros es-
cravizados e nativos, Freyre atenua a violência das
relações coloniais. A visão da democracia racial au-
xiliou o sentimento de tolerância racial, como se no

23
Brasil não existisse a mesma brutalidade de outros
locais, como os Estados Unidos.

É importante destacar-se essa comparação. Você


aprenderá, em outro momento do nosso percurso,
um pouco mais sobre os brasilianistas, estrangeiros
que dedicaram sua vida a estudar a História brasilei-
ra. Muitos eram americanos e o fascínio deles em
relação à nossa sociedade, sobretudo na década de
1950 e 1960, residia no fato da não existência de leis
segregacionistas.

FIQUE ATENTO
Entre 1861 e 1865 os Estados Unidos viveram sua
única Guerra Civil. Nesse processo, Norte e Sul
entraram em conflito por diversos motivos, sendo
a escravidão um deles. O questionamento evoluiu
e, em nome da democracia e da liberdade, o pre-
sidente Abraham Lincoln (1809-1865) proclamou
a Emancipação dos escravizados. Porém, isso só
foi outorgado a partir de muita discussão em 1865
com a inserção da 13ª emenda na Constituição
Federal. Para entender as consequências da emen-
da e dos movimentos tomados posteriormente,
confira o documentário 13th, na Netflix.

Insatisfeitos com os rumos do país, os antigos es-


tados escravocratas passaram a aprovar leis que
segregavam brancos e negros já em 1870. O primeiro
local foi o Tennessee, dando início à “tradição” das
leis “Jim Crow”. A situação foi questionada e criti-

24
cada por décadas, mas apenas em 1964 a Lei dos
Direitos Civis foi assinada pelo presidente Lyndon
B. Johnson (1908-1973). Nesse período de conflitos
diretos pelo fim da segregação, o interesse sobre a
situação racial no Brasil cresceu entre os intelectuais
americanos. Aqui, uma antiga colônia escravocrata,
teria conseguido sair do sistema sem instituir uma
legislação da diferença. Porém, essa visão partia da
premissa legalista. Havia (e há) segregação no Brasil.
Em 2019, o IBGE divulgou algumas pesquisas que
solidificam as consequências de três séculos de es-
cravidão agravadas com a ideia de democracia racial.
Primeiro, 54% da população do Brasil se declara preta
ou parda, ao mesmo tempo que 68,6% dos cargos
de gerência são ocupados atualmente por brancos
e apenas 24,4% dos representantes políticos eleitos
em 2018 são pretos ou pardos.

Alguns eventos históricos também ilustram essa situ-


ação. Em 1903, o prefeito do Rio de Janeiro, Francisco
Pereira Passos (1836-1913), começou uma grande
reforma urbana inspirada nas realizadas em Paris
entre 1853 e 1870 por Georges-Eugène Haussmann
(1809-1891). Os motivos eram semelhantes: a moder-
nização da capital brasileira e melhorias sanitárias,
já que passava por uma epidemia de febre amarela.
Os maiores afetados foram os moradores de corti-
ços no centro da cidade, que, com a demolição de
suas casas, foram obrigados a se deslocarem para
outros locais. A geografia carioca não facilitava o
transporte das regiões Norte e Oeste para o centro,
portanto, a população começou a povoar os morros.

25
Em suma, assim se deu o surgimento das favelas,
e quem se destinou para esses locais eram, em sua
maioria, pretos e pardos (ou mestiços, como falavam
na época).

Mesmo que no Brasil não existissem leis segrega-


cionistas, a segregação é uma realidade de classe.
A teoria de Freyre, mesmo que bem-intencionada,
relativizou a violência de séculos e teve um pa-
pel importante no enraizamento da desigualdade
social. Apesar disso, sua obra é um dos maio-
res clássicos sobre a formação da sociedade
brasileira.

Sérgio Buarque de Holanda:


a cultura brasileira e o
“homem cordial”

Sérgio Buarque de Holanda foi um dos principais


intelectuais do país e ocupou cargos importantes
em instituições de renome, além de ter participa-
do do Movimento Modernista. Ele se envolveu na
construção, produção e propaganda da primeira
revista modernista, a Klaxon. Além disso, criou
sua própria revista, com Prudente de Morais Neto
(1904-1977) e Graça Aranha (1868-1931), chama-
da Estética. Isso foi crucial para o seu desenvol-
vimento como intelectual e historiador, haja vista
que rompeu com os modernistas posteriormente e
passou a criticá-los.

Na Klaxon é interessante observar que todo o cor-


po editorial foi composto por ávidos membros da

26
vanguarda modernista, como Menotti del Picchia
(1892-1988) e Guilherme de Andrade de Almeida
(1890-1969). A intenção da publicação, como está
explícito no primeiro volume, era de ser atual, ela
mesma e a cara do novo país. Nas primeiras páginas
os editores explicitam que buscavam expandir e cor-
rigir conceitos expostos na Semana de Arte Moderna.

Holanda, além de articulador, contribuiu com um


texto, publicado no quarto número. A peça ficcional
Antinous contava a história de um Imperador que ain-
da se mantinha parte da vida dos cidadãos. Alguns
intérpretes analisam essa ideia como a presença de
um passado monárquico, ainda que pouco distante,
na sociedade moderna daquele momento.

A crítica literária fez parte da sua vida como intelectu-


al. Pensador plural, discutia diversos assuntos, mas
a origem do país e a reverberação no presente era a
temática mais frequente em seus textos. A Klaxon
não teve longa duração. Era mais um conceito do
que um projeto viável, já que não havia uma homo-
geneização temática que interessasse ao público.
Os seus participantes se comprometeram em outros
projetos, como o próprio Holanda, que se voltou para
a sua nova revista, a Estética.

Em 1936, ele escreveu Raízes do Brasil, obra que con-


tribuiu para a construção da ideia de nação e sobre a
História brasileira. Assim como seu contemporâneo
Gilberto Freyre, o cosmopolitismo acadêmico, as via-
gens e as pesquisas em diversos países marcaram
sua abordagem. Em 1958, ele publicou Visões do

27
Paraíso, sua principal tese, e se tornou professor da
Universidade de São Paulo.

Em ambas as obras – mas aqui você verá com mais


destaque o Raízes – ele discorre sobre a formação
cultural brasileira e, assim, discute sobre a sociedade
e a política. Ele debate diretamente com a historio-
grafia tradicionalista do país ao contrapor a visão
de que a colonização deixara uma boa herança. O
legado, de uma forma geral, foi uma economia em
frangalhos e uma sociedade deficitária.

Em Raízes, não produziu uma narrativa cronológica e


linear. Saiba que Holanda foi profundamente influen-
ciado pelo pensamento alemão de Wilhelm Dilthey
(1833-1911) e Max Weber (1864-1920). Desloca seu
olhar dos grandes centros e dos grandes feitos para
analisar o interior do Brasil, na tentativa de explicar
e de conceituar a sociedade do presente. Isso não
quer dizer, porém, que exaltava o campo ao invés da
cidade, pelo contrário. Apesar de ter a experiência
do interior, seu trabalho basicamente ocorreu nas
grandes cidades e fora do país.

O contraste entre o urbano e o rural, entre o moderno


e o tradicional, permeou seus estudos. O passado
colonial agrário e escravocrata se chocava com a
modernização burguesa, mas, além das soluções
e respostas sobre o presente, a “falta de História”
assombrava o Brasil. Para ele, era necessário criar
obras que observassem as especificidades do caso
colonial brasileiro, suas causas e consequências que
se manifestavam no presente. O campo, ao seu ver,

28
não era mais tão atrasado, mas havia um abismo
cultural que só era entendido por meio da História.

Logo no índice de Raízes observam-se dicas de como


o seu argumento seria conduzido. Os capítulos dois
– “Trabalho e Aventura” – e quatro – “O semeador e
o ladrilhador” – demonstram seu estilo de conceituar
tipos diferentes, compará-los e, então, apresentar
um “meio termo”. É o que foi dito acima, o embate
entre a tradição e o moderno trilhava o seu caminho.

Assim como Freyre, Holanda reitera a complexidade


da sociedade colonial, que surgiu no campo. A he-
rança agrária-exportadora deixada pelos portugue-
ses era um fato, e o ruralismo permanecia ainda no
século 20. Para ele, contudo, a mudança começara
em 1888, quando houve o fim da escravidão. Esse
sistema hipertrofiou a potência dos latifúndios, não
deixando espaço para o desenvolvimento de ati-
vidades secundárias. Perceba, havia a pecuária, o
plantio de ervas medicinais, de tabaco e o cultivo de
produtos de subsistência. Porém, não faziam parte
do esquema de Estado, além de que aprofundava o
caráter agrário do país. As manufaturas de pequeno
porte só chegaram no Brasil a partir de 1808, com a
chegada da Família Real. A industrialização, ainda
que muito inicial, ganhou força apenas na década
de 1860 e em poucos locais. É essa falta de diversi-
ficação que o autor relata.

Um dos pontos principais na obra, e que até hoje é


discutido, corresponde ao conteúdo do capítulo cinco
– “O homem cordial”. Nele, observa-se o eco da sua

29
ideia sobre a herança colonial. Neste caso, as rela-
ções entre público e provado são tão próximas que
o Estado não se distancia do homem e vice-versa.
O patriarcalismo da sociedade brasileira se funde
ao Estado burocrático, embaralhando as funções e
desequilibrando a relação. Isso significa que as ques-
tões de foro privado se tornam públicas porque essa
é a característica do cidadão brasileiro. O problema
se aprofunda quando as vontades particulares se
tornam a baliza para a esfera pública. O autor diz:

Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista


da vida do que o brasileiro. Nossa forma ordinária de
convívio social é, no fundo, justamente o contrário da
polidez [...]. No “homem cordial”, a vida em sociedade é,
de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que
ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre
si próprio em todas as circunstâncias da existência.
Sua maneira de expansão para com os outros reduz
o indivíduo, cada vez mais, à parcela social, periférica,
que no brasileiro – como bom americano – tende a ser
a que mais importa. Ela é antes um viver nos outros
(HOLANDA, 1995, p. 147).

A individualidade está à mercê do comportamento


social, é a chamada “cultura do personalismo”, que re-
cusa obedecer às regras, à hierarquia. As relações so-
ciais são ditadas por esse costume de origem ibérica,
que leva ao questionamento do trabalho, à valoriza-
ção do ócio e de buscar a submissão do outro. Essa
“cordialidade” tão destacada é o “disfarce” social
devido à inaptidão de separar o pessoal do público,
é o desejo de estabelecer intimidade, que Holanda
diz. No seu livro ele define que – o que é reforçado

30
inclusive no prefácio feito por Antonio Cândido – o
brasileiro aparenta ser gentil e bondoso, mas isso
se relaciona mais com o desequilíbrio emocional do
que com um traço de caráter. A grande consequên-
cia, para o autor, é a incapacidade do brasileiro de
desenvolver uma sociedade democrática, pois esta
pressupõe estipular e seguir regras.

A sociedade de engenho constituía seu próprio “uni-


verso”, com regulamentos e costumes, com punições
e recompensas. Essa “falha” no fio condutor da re-
lação entre Estado e o círculo familiar era uma das
principais características da colonização portuguesa.
Essa tradição agrária, segundo Holanda, foi imposta
pelo governo, pois queriam enriquecer rapidamen-
te e logo voltar para Portugal. Nesse ponto dele se
difere de Freyre, que acreditava no determinismo
geográfico como resposta para o estabelecimento
da colonização.

Sérgio Buarque de Holanda apostava, por sua vez, na


possibilidade de mudança da sociedade brasileira,
numa espécie de evolução dos seus próprios peca-
dos. Os traços portugueses, a forma como impuse-
ram suas tradições, pesou como uma âncora para
o desenvolvimento, e isso poderia ser modificado.
A resposta era finalizar com os vínculos elitistas,
patriarcais e personalistas e buscar uma nova orga-
nização social que estivesse em prol do Brasil e não
de Portugal. No caso da década de 1930, o problema
era o autoritarismo fascista, que crescia.

31
Caio Prado Júnior: a História e a
visão econômica sobre o Brasil

Caio Prado Júnior (1907-1990) foi um político, ba-


charel em Direito e historiador paulista que contribuiu
profundamente para a análise da História brasileira.
Em 1933, publicou a Evolução política do Brasil, em
1942, a Formação do Brasil Contemporâneo e, em
1945, a História Econômica do Brasil, formando a
trilogia clássica da sua abordagem política e eco-
nômica sobre o país.

Assim como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de


Holanda, olhou para o passado na intenção de en-
tender as especificidades da situação brasileira. Sua
obra impactou os intelectuais de esquerda, sobretudo
após o Golpe Militar de 1964. Seu ponto de vista tam-
bém confrontava a ideia de que o Brasil havia sido
formado pelas elites brancas. Colocou em evidência
a diversidade social, como os negros, os indígenas e
os pobres, que faziam parte da construção histórica.
Sua metodologia teórica se baseava no marxismo,
o que lhe fez construir uma argumentação a partir
das ideias do materialismo histórico e do modo de
produção capitalista.

A obra de Karl Marx (1818-1883), numa perspecti-


va geral, pode ser considerada “otimista”, pois ele
descreveu a situação europeia do século 19 após
as consequências da Revolução Industrial, utilizou
a História para corroborar seus conceitos, demons-
trando como a luta de classes ocorria desde tempos

32
imemoriais, porém, entregou uma “solução”. O comu-
nismo, levado depois de uma revolução que quebrava
com o modo de produção capitalista, seria o estado
no qual o povo governaria sem ser explorado pelos
detentores dos meios de produção. Mesmo que sua
teoria já tenha sido debatida profundamente, ela bus-
cava solucionar o problema vivido naquele presente.

O mesmo se pode dizer sobre os escritos de Caio


Prado Júnior, que analisou historicamente as ca-
racterísticas da sociedade brasileira, a política e o
sistema econômico aqui impostos, mas acreditava
na possibilidade de mudança. Assim, mesmo que
com abordagens divergentes, tanto Prado Júnior
quanto Holanda adjudicavam a favor da evolução
do país, para que os ciclos de dominação e sub-
missão não se mantivessem.

Formação do Brasil Contemporâneo é conside-


rada uma obra basilar para a historiografia brasi-
leira. Sua argumentação é dividida em três partes:
“Povoamento”, “Vida Material” e “Vida Social”. Com
essa estrutura, fica clara a relação causal da for-
mação do país, que também deveria ser superada.
Ao falar da colônia, expõe sua interpretação acer-
ca da história brasileira, que foi responsável pelo
que era vivenciado no seu tempo. Antes da divisão
temática, ele elabora um ensaio intitulado “Sentido
da Colonização”, no qual demonstra sua perspecti-
va histórica. Observe:

33
Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um
certo “sentido”. Êste se percebe não nos pormenores
de sua história, mas no conjunto dos fatos e acon-
tecimentos essenciais que a constituem num largo
período de tempo [...]. Se forma de uma linha mestra
e ininterrupta de acontecimentos que se sucedem em
ordem rigorosa, e dirigida sempre numa determinada
orientação (PRADO JÚNIOR, 1961, p. 13).

No trecho, o autor discorre sobre uma “longa dura-


ção” temporal, o que se mostra como uma orientação
do modo de análise. Assim, quando se estuda um
povo, o todo deve ser o foco do historiador, pois é
a partir dele que se compreende a sociedade, inclu-
sive suas especificidades. Isso não significa que o
caminho seja único, pois Prado Júnior afirma que o
sentido da evolução pode mudar e transformações
são legítimas.

Portugal passara por uma mudança no século 15,


com o desenvolvimento das Grandes Navegações,
tornando-se um país voltado ao mar para além da
sua geografia. Sua posição no mapa ajudou a con-
solidar essa característica, que o diferenciava dos
outros países europeus. Dessa forma, sua “evolução”
se tornou compreensível e explicável. Isso é o que
o autor acreditava ser necessário no Brasil, o ma-
peamento dos rumos do país desde seu início, para
que esse “sentido” fosse apropriado, entendido e,
possivelmente, superado.

A colonização foi um processo integrador, que uniu


Ásia, África e América em um mesmo direcionamen-
to, mas cada local, cada colônia, tinha sua especifi-

34
cidade, ainda que fosse impactada por um todo. No
Brasil, a colonização foi a propulsora da exploração
agrária e da escravidão, duas atividades econômicas
que sustentavam o Antigo Regime português. Ou
seja, o autor aponta que o empreendimento portu-
guês não foi isolado ou um “golpe de sorte”.

Um ponto interessante é que a ideia de “colônia de


exploração” x “colônia de povoamento” (tão ensi-
nada nas escolas, mas já debatida e ultrapassada)
surgiu a partir da análise historiográfica dos autores
das décadas de 1930 e 1940. Tanto Prado Júnior
quanto Freyre defendiam que a necessidade levou os
portugueses a estabelecerem a exploração da terra,
enquanto em outros locais, o povoamento era o foco.

FIQUE ATENTO
A matriz explicativa que contrapunha o tipo de co-
lonização exploratória e de povoamento foi contes-
tada por vários autores, sendo um deles Leandro
Karnal na compilação de textos encontrada em
História dos Estados Unidos. Ele discute como
a construção dos Estados Unidos se relaciona à
ideia de prosperidade e riqueza por mérito, o que se
refletiu nos estudos historiográficos. Vale a pena
ler os capítulos iniciais para entender tanto o caso
americano quanto o brasileiro, por comparação.

35
A escravidão, outra parte da sua argumentação,
foi a principal característica na formação social do
Brasil. Seu uso está inserido no contexto da alta lu-
cratividade dos grandes latifúndios monocultores.
Novamente, o materialismo e a economia são as
bases da formação brasileira, expressa por ser es-
cravista. Um dos impactos dessa relação foi a falta
de trabalhos de médio porte, manuais, na colônia, já
que a maioria dos esforços se voltavam para a mo-
nocultura – principalmente do açúcar –, a atividade
lucrativa. Porém, a sociedade era diversa, com indí-
genas, mestiços, sertanejos e boa parte não tinham
função ali. As profissões liberais, como advogados
e médicos, eram ocupadas por uma minoria.

Esse vácuo na escala social compunha a maioria


e Prado Júnior dividiu entre: os agregados aos en-
genhos ou aos latifúndios, precisando de auxílio ou
prestando um serviço quase de vassalo; a população
vegetativa, os que não têm lugar, os degradados,
como os indígenas amazônicos, caboclos e quilom-
bolas, e, por fim, os vadios, que ocupavam o campo
e a cidade, e que eram ociosos, uma das grandes
preocupações da época.

Ainda sobre a escravidão, o autor diz:

Na América, [...] a que assistimos? Ao recrutamento


de povos bárbaros e semibárbaros, arrancados do seu
habitat natural e incluídos, sem transição, numa civi-
lização inteiramente estranha. E aí que os esperava?
A escravidão no seu pior caráter, o homem reduzido à
mais simples expressão, pouco se não nada mais que
o irracional. “Instrumento vivo de trabalho” [...]. Nada

36
mais se queria dele, e nada mais se pediu e obteve que
a sua fôrça bruta, material. Esfôrço muscular primá-
rio, sob a direção e açoite do feitor. Da mulher, mais a
passividade da fêmea na cópula. Num e noutro caso,
o ato físico apenas, com exclusão de qualquer outro
elemento ou concurso moral. A “animalidade” do ho-
mem, não a sua “humanidade” [grifo do texto] (PRADO
JÚNIOR, 1961, p. 270).

A escravidão foi uma forma cruel de dominação que


prejudicou a evolução da sociedade em vários níveis.
Um deles era o silêncio imposto aos africanos escra-
vizados que não partilhavam seus costumes e sua
cultura no mesmo nível com os brancos. Ele apon-
tava a violência do empreendimento escravista que
transformava a população africana em propriedade
ao ser sequestrada, transladada para outro continen-
te e barbarizada. A desumanização dos negros os
colocava em patamares diferentes em relação aos
brancos e aos nativos, mas eram parte fundamental
da sociedade.

A visão do autor sobre a História brasileira influen-


ciou gerações de historiadores. Sua perspectiva se
baseou no Mundo Atlântico e na ideia de se encontrar
o sentido macro apesar das especificidades, o que
faz com que seus escritos sejam leitura obrigatória
até hoje.

37
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Movimento Modernista da década de 1920 pavi-
mentou o caminho da contestação, do questiona-
mento e das soluções para um Brasil em transfor-
mação. Os grandes intelectuais da década de 1930
assumiram a partir desse processo de transição.
Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio
Prado Júnior formam a tríade das ciências humanas
que abordou a História e debateu raça, sociedade,
economia e cultura. Freyre ficou conhecido por sua
ideia de democracia racial. O conceito determinou
a forma como o brasileiro lidou com a questão das
diferenças raciais, como elas se estendem às classes
sociais e afetam o desenvolvimento do país.

Holanda, por sua vez, criou o conceito de homem


cordial, imagem pela qual o brasileiro vive. A fachada
gentil esconde o cerne violento e pouco aberto à con-
testação. O autor foi um dos maiores intelectuais do
país e suas contribuições ecoam até hoje em vários
níveis. Por fim, Prado Júnior abriu as portas para a
popularização da análise marxista e materialista para
compreender a formação da sociedade brasileira.
Observa os detalhes da nossa história, mas sob o
prisma econômico, criando um sistema explicativo
muito difundido nas décadas de 1960 e 1970.

38
SÍNTESE

HISTORIOGRAFIA
BRASILEIRA
A IDENTIDADE BRASILEIRA:
OS INTÉRPRETES DO BRASIL

O Modernismo e a identidade nacional brasileira

• “Redescobrimento do Brasil”
• Identidade Nacional: construção de uma ideia de Brasil�
• Geração Modernista de 1930: Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado
Júnior

Gilberto Freyre (1900-1987): o patriarcalismo, a questão das raças e a “democracia racial”

• Casa Grande e Senzala (1933) – equilibra-se em três pilares: o patriarcado, as etnias e


culturas e o trópico
• “Genealogia do país”
• Questão racial: conceito de democracia racial – silenciou a violência do processo
escravocrata

Sérgio Buarque de Holanda: a cultura brasileira e o “homem cordial”

• Raízes do Brasil (1936) – ensaio sobre a formação da sociedade brasileira


• O homem cordial – “disfarce” social – inaptidão de separar o pessoal do público�

Caio Prado Júnior (1907-1990): a História e a visão econômica sobre o Brasil

• Formação do Brasil Contemporâneo (1942)


• Materialismo histórico e modo de produção
• Sistematização da História brasileira
• Acreditava na “mudança” – superação da dominação secular
Referências Bibliográficas
& Consultadas
ARAÚJO, V. L. Historiografia, nação e os regimes de
autonomia na vida letrada no Império do Brasil. Varia
hist., v. 31, n. 56, pp.365-400, ago. 2015. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-87752015000200365&lng=pt&nr
m=iso. Acesso em: 20 fev. 2020.

BASTOS, E. R. Gilberto Freyre: Casa Grande e Senzala.


In MOTA, L. D. (org.). Introdução ao Brasil: um ban-
quete no trópico. São Paulo: Ed. Senac SP, 1990.

CAPELATO, M. H. R.; GLEZER, R.; FERLINI, V. L. A.


Escola uspiana de História. Estud. av., v. 8, n. 22,
pp. 349-358, dez. 1994. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
-40141994000300044&lng=pt&nrm=iso. Acesso em:
20 fev. 2020.

CARDOSO, E. W. Uma nação para ser vista: desve-


lando o tempo e o espaço nacionais por meio da
cor local na historiografia oitocentista. Topoi, Rio de
Janeiro, v. 16, n. 31, pp. 491-514, dez. 2015. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S2237-101X2015000200491&lng=pt&nr
m=iso. Acesso em: 20 fev. 2020.
CARVALHO, J. M. de. A formação das almas: o imagi-
nário da República no Brasil. São Paulo: Companhia
das Letras, 2017.

CARVALHO, J. M. de. Os bestializados: o Rio de


Janeiro e a República que não foi. São Paulo:
Companhia das Letras, 1987.

FONTOURA, A. Teoria da História. Curitiba:


Intersaberes, 2016. [Biblioteca Virtual].

FREITAS, M. C. (org.). Historiografia brasileira em


perspectiva. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2014.
[Biblioteca Virtual].

FREYRE, G. Casa Grande e Senzala: a formação da


família brasileira sob o regime da economia patriar-
cal. São Paulo: Ed Global, 2003.

GOMES, A. M. de C.; FERREIRA, M. de M. Primeira


República: um balanço historiográfico. Revista
Estudos Históricos, v. 2, n. 4, 1989.

HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo:


Companhia das Letras, 1995.

LAPA, J. R. do A. Caio Prado Júnior: formação


do Brasil contemporâneo. In MOTA, L. D. (org.).
Introdução ao Brasil: um banquete no trópico. São
Paulo: Ed. Senac SP, 1990.
LIM A, H.S.; LIM A, J.S.D.; CARVALHO, R.G.
Historiografia brasileira: uma breve história no Brasil.
Curitiba: Intersaberes, 2018. [Biblioteca Virtual].

LIMA, M. H. G. de. Gilberto Freyre. Recife: Fundação


Joaquim Nabuco; Ed. Massangana, 2010.

PINSKY, C. (Org.) Fontes Históricas. São Paulo:


Contexto, 2010. [Biblioteca Virtual].

PINSKY, C. B.; LUCA, T. R. de. O Historiador e suas


fontes. São Paulo: Contexto, 2009. [Biblioteca Virtual].

PRADO JÚNIOR, C. Formação do Brasil


Contemporâneo: colônia. São Paulo: Ed. Brasiliense,
1961.

SALLUM JÚNIOR, B. Sérgio Buarque de Holanda:


Raízes do Brasil. In MOTA, L. D. (org.). Introdução
ao Brasil: um banquete no trópico. São Paulo: Ed.
Senac SP, 1990.

SILVA, R. P. da. Modernismo, historiografia e socia-


bilidade intelectual: apontamentos sobre o quinto
volume da coleção Biblioteca História Brasileira.
História (São Paulo), v. 31, n. 2, 2012.

Você também pode gostar