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A Lei

Inicialmente é primordial contextualizar a obra: vemos governantes promovendo a


desordem, a perversão da lei em favor do Estado e atuando na violação dos direitos
individuais. Além disso, princípios constitucionais e morais sendo jogados morro abaixo
sem o menor pudor. Assustadoramente há uma gigante semelhança entre o Brasil do
século XXI e a França do século XIX, embora estejamos falando de mais de um século
e meio atrás. A Lei foi publicado na França no ano de 1850, mesmo ano da morte de
seu escritor, Claude Frédéric Bastiat, um economista e jornalista francês.

Logo então, sua obra foi escrita na mesma época da segunda república francesa.
Sabe-se que acima de tudo o economista era um visionário, já naquela época ele nos
alertou sobre o risco de grupos de interesses se organizarem para roubar por meio da
lei quem realmente gera riquezas. Consoante isso, propôs a discussão sobre como
ocorre a perversão da lei em favor do Estado e quão nocivo este pode se tornar
quando a individualidade é sobreposta, e as vontades do indivíduo são priorizadas.

Segundo o autor, a existência humana está sustentada por três principais pilares: a
vida, a liberdade e a propriedade. A Lei, na definição de Bastiat, é a organização do
direito individual de legítima defesa. Em outras palavras, o direito de defender os
direitos naturais. Sabemos que seria um grande sonho e avanço se a sociedade fosse
limitada a isso, segundo Bastiat, as pessoas não teriam o porquê reclamar do governo
já que teriam a sua individualidade respeitada, seu trabalho livre e os frutos de seu
labor.

As leis constantemente passaram a ser corrompidas por aqueles que buscam um


caminho fácil, na maior parte das vezes não fazendo juízo de valor da moralidade do
seu ato, mascarado por um discurso de falsa caridade e ajuda aos mais necessitados
da sociedade para que assim possam violar os princípios da lei, dos direitos individuais
e atingir suas beneficies, resultando o sucesso e riqueza. Isto é, a lei se perverteu por
influência da ambição estupida e da falsa filantropia.

Ao meu ver, o ponto que mais chamou atenção da obra de Bastiat é sua definição do
que seria uma Lei, que representaria em seu nível mais básico e elementar um
instrumento de organização coletiva do direito individual de legítima defesa. Ao trazer
para a nossa realidade do Brasil de 2021 eu me questiono: se a lei é o direito individual
da legitima defesa, por que isso parece tão utópico para nós? Devemos ir atrás deste
sonho.

Como o próprio Bastiat argumenta, uma organização coletiva centrada na defesa


natural das propriedades privadas e não corrompida, se tornaria uma sociedade regida
de acordo com as leis de mercado. O mérito é de cada indivíduo, ou seja, o que cada
um foi capaz de produzir com o uso de suas faculdades humanas. Os únicos deveres
do Estado seriam os relacionados a proporcionar a garantia do direito do indivíduo e o
de não intervenção em negócios privados, garantindo que as leis mercadológicas
funcionassem apropriadamente.

Na sequência o economista alerta sobre o espólio legalizado, ou seja, quando há


fraude, mas esta é garantida ou permitida aos que a realizam por uma lei corrompida.
Com o passar dos anos e a evolução dos governos essa situação agravou, uma vez
que as pessoas se familiarizaram cada vez mais com a ideia de um Estado corrompido.
Não é muito difícil ouvirmos pessoas usando a seguinte frase: roubou, mas fez. Com
isso observamos que não só as leis foram corrompidas, mas também o indivíduo, que
se acostumou com a ideia do espólio legal e hoje procura algum meio de se beneficiar.

Por fim, Bastiat nos deixa um grande legado: os direitos naturais antecedem qualquer
lei e que o Estado não deve reger as nossas vontades, sentimentos e nem muito
menos interferir nas trocas entre pessoas pacíficas. Ou seja, as leis devem ter um
alcance limitado, sendo utilizados apenas para proteger a vida, a liberdade e a
propriedade do indivíduo.

Mateus Oliveira

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