Você está na página 1de 4

Prefácio

O livro afirma que, de um lado há um avanço das ciências que faz com
que haja uma visão positivista sobre a sociedade atual, mas por outro lado, há
uma denúncia de que esse avanço nos possibilitou uma guerra nuclear que
pode pôr em xeque a sociedade como conhecemos. Vivemos nessa
ambiguidade

Daí surge o questionamento de Rousseau de que será que “o progresso


das ciências e das artes contribuirá para purificar ou para corromper os nossos
costumes? ”. Ainda não se sabe se todo esse conhecimento científico ajuda ou
não em nossas vidas

O paradigma dominante

O modelo de racionalidade da ciência moderna é desenvolvido no século


XVI, baseado na observação, descrição e sistematização das informações da
natureza.

A nova racionalidade é também tida como totalitária, pois nega o caráter


racional a todas as formas de conhecimento. Essa sua característica é tida
como um ponto novo entre os paradigmas atuais e anteriores. Esse novo
paradigma conduz a uma “luta apaixonada contra todas as formas de
dogmatismo e autoridade”

Outro ponto é que essa nova ciência, tida como moderna, desconfia
da experiência imediata, tida como ilusória. Ela caminha para uma
apropriação e certa dominação da natureza, elucidada por Bacon ao dizer que
a ciência fará da pessoa humana “o senhor e possuidor da natureza”.

Esse paradigma estaria pautado na matemática, no qual esta forneceria


subsídios para análise e quantificação dos dados da natureza, oferecendo um
conhecimento mais profundo e com uma lógica de investigação. Assim,
“conhecer significa quantificar”. Em segundo lugar, é posto que os fenômenos
devem ser reduzidos em termo de complexidade, para uma posterior análise
deste, indo de encontro, primeiramente, com o item de maior relevância,
procurando as casualidades distinguidas por Aristóteles.
Esse mesmo determinismo que afeta a natureza estaria, para Vico,
influenciando a sociedade, podendo ser possível até a previsão das ações
coletivas. E no lado do direito, Montesquieu foi o responsável por estabelecer
relação entre as leis do sistema judiciário e as leis da natureza.

No período do positivismo de 1800, só havia duas formas de conhecer a


natureza: através da lógica e da matemática e as ciências empíricas
possuidoras da visão mecanicista de natureza. As ciências sociais tiveram que
nascer para serem empíricas, havendo primeiramente uma adoção da visão
mecanicista do século XVI (física social) e, posteriormente e mais aceita
atualmente, as ciências sociais buscou reivindicar um modelo metodológico
próprio, com a clara distinção entre humanidade e natureza.

Assim, para a física social, para estudar o fenômeno social, haveria de


“reduzi-lo às suas dimensões externas, observáveis e mensuráveis.”. Contudo,
essa redução nem sempre é satisfatória, e a ciência social tem um longo
percurso para se adaptar ao modelo mecanicista. Dessa maneira, fica vedado
a ciência social ações como: a elaboração de leis universais, uma vez que o
fenômeno está correlacionado e determinado pela cultura; ou a previsão fiável,
uma vez que o ser humano muda seu comportamento de acordo com o
conhecimento adquirido sobre ele. Contudo, em contraposição a essa ideia,
Nagel afirma que essas diferenças entre a ciência social e a da natureza são
aptas a superação, mas que aquela, a ciência social, ainda está atrasada em
relação a esta, ciência da natureza.

Para a segunda vertente, a que reivindica um modelo metodológico


próprio, é afirmado que a ciência natural nunca alcançará a objetividade da
ciência da natureza, uma vez que o fenômeno observado será sempre
determinado pela subjetividade de quem observa, sendo necessário o uso de
métodos qualitativos, invés dos quantitativos, e tendo uma natureza mais
descritiva e compreensiva. Assim, essa vertente é tida como antipositivista e
baseada na fenomenologia.

A crise do paradigma dominante

Essa crise é tido como profunda e irreversível, iniciada com Einstein,


quando pôs fim a simultaneidade universal, e a mecânica quântica, quando
afirma que não se pode medir um determinado fenômeno/objeto sem que isso
acarrete em uma interferência neste objeto, descrito no princípio de incerteza
de Heisenberg.

É descrito ainda mais duas condições teóricas da crise do paradigma:


Godel afirmando que há um teorema da incompletude na matemática, visto que
é possível fazer proposições que não se podem demonstrar e nem se refutar
(indecidíveis). A última condição é tida com o avanço nos domínios da
microfísica, química e biologia.

É trazido como condições sociais da crise, a incapacidade da


autorregulação da ciência, devido ao fenômeno da industrialização desta. Outro
ponto é a refutação do conceito de casualidade.

O paradigma emergente

O paradigma a emergir desta nova revolução científica é não só um


paradigma científico, mas também social.

É afirmado, nesse capítulo, que todo conhecimento científico-natural é


um conhecimento científico-social, no qual a dicotomia entre ciência e natureza
é superada, bem como qualquer conhecimento dualista como natureza/cultura,
natural/artificial e outras dualidades conhecidas. Essa superação tende a
revalorizar os estudos humanísticos, e essa concepção humanista funciona
como um agente catalisador da fusão entre ciências naturais e sociais, pondo a
pessoa no centro do conhecimento, ou melhor dizendo, a natureza no centro
da pessoa.

A segunda característica do conhecimento científico é que todo


conhecimento é local e total. Na ciência moderna, o conhecimento científico é
desenvolvido através das especialidades e delimitações de fronteiras de
objetos de estudo. Nesse paradigma emergente, o conhecimento é local pois
abordará temas importantes para grupos sociais e será assumida como
analógica.

A terceira característica afirma que todo o conhecimento científico é um


autoconhecimento. A ciência moderna, devido ao critério de objetividade, tirou
o homem do centro do conhecimento, para evitar as interferências subjetivas
deste, havendo, pois, uma distanciação do sujeito e objeto dos estudos. Para
esse novo paradigma, o objeto é a continuação do sujeito, por isso, o
conhecimento científico é um autoconhecimento.

A quarta característica do novo paradigma é que todo o conhecimento


científico visa constituir-se em senso comum. Assim, a ciência do novo
paradigma sabe que todo o conhecimento não é, em si mesmo, racional,
somente sua estrutura é. Ao contrário do conhecimento científico moderno,
que vai de desencontro com o senso comum, esse conhecimento pós-moderno
está em constante diálogo com outras formas de conhecimentos,
principalmente o senso comum.

A ciência pós-moderna afirma que o desenvolvimento tecnológico deve


traduzir-se em sabedoria de vida.

Você também pode gostar